A FÁBRICA

Janeiro 09 2006

Quando o Presidente francês François Mitterrand, deixou a presidência da República francesa, em 1995, no meio de numerosos escândalos que eclipsaram os últimos anos da sua presidência e detestado por uma grande maioria dos franceses, nada faria prever que em, apenas, dez anos e passando o crivo da história nos 14 anos do seu “reinado”, os franceses o considerariam o melhor presidente da República Francesa dos últimos 60 anos. A dimensão de François Mitterrand ofusca a do herói da Segunda Guerra Mundial, o general Charles de Gaulle, que até à semana passada, era sempre em todas as sondagens o Presidente mais querido entre os presidentes da V República.
François Mitterrand
nasceu em Jarnac, Charente em 26 de Outubro de 1916. Casou com Danielle Gouze, de quem teve dois filhos.Teve uma filha de uma relação adúltera.
Durante a Segunda Guerra Mundial foi ferido e capturado em Junho de 1940, evadindo-se em Dezembro de 1941, da prisão de Kassel.

Fundador do Movimento Nacional dos Prisioneiros, foi condecorado pelo regime de Vichy, acreditando que o General Pétain deteria os alemães. Aderiu à Resistência em 1944, integrando posteriormente o governo do general De Gaulle .
Deputado desde de 1946, participou em 11 governos entre 1947 e 1958, tornando-se no mais no mais jovem ministro francês, no governo socialista de Paul Ramadier.
Ao longo destes onze anos, foi titular das pastas dos Combatentes, Informação, Ultramar, Justiça e Interior. Em 1954, defendeu a causa da Argélia francesa. Candiadato à Presidência da República em 1965, onde obteve 45% dos votos. Foi nomeado secretário-geral do Partido Socialista Francês em 1970. Em 1974 recandidatou-se ao cargo de Presidente da República, onde obteve com o apoio dos comunistas, 49% dos votos, mas só em 1981 consegue vencer, com 51,75% dos votos e tornar-se o primeiro presidente socialista.
Uma das suas primeiras medidas foi abolir a pena de morte. Nesse mesmo ano descobre que têm cancro na próstata, mas só divulgará a sua existência em 1992.Um dos muitos segredos guardados anos a fio, pela enigmática figura que foi François Mitterrand.
Este primeiro mandato foi o do relançamento geoestratégico da França, em termos políticos e culturais.

A nível externo, o reatamento das ligações com o seu inimigo de sempre, a Alemanha, para criar as bases da União Europeia. Internamente, protagonizou a construção de grandes obras de Estado - Pirâmide no Louvre,Cidade da Ciência e da Música de Villete, Ópera Bastilha, Instituto do Mundo Árabe e a Biblioteca Nacional.
Tudo isso a par de inúmeras medidas sociais- a semana de 39 horas e a reforma aos 60 anos-, nacionalização de bancos, criação das rádios locais privadas, imposto sobre as grandes fortunas, quinta semana de férias pagas.
Esta semana o jornal “Le Monde”, desvenda mais um dos muitos segredos de Mitterrand, ao afirmar que, François Mitterrand, autorizou a sabotagem do Rainbow Warrior, em 1985, barco do Greenpeace onde morreu o fotógrafo português Fernando Pereira. Em 1988 foi reeleito.
No segundo mandato, Mitterrand acabou por ser confrontado por protestos sociais, diversos escândalos com negócios controversos, os suicídios do seu ex-primeiro-ministro, Pierre Bérégovoy, em 1993, e do seu braço-direito, François Gorussouvre, no Eliseu, em 1994. Decidido europeísta, apesar dos seus receios perante a reunificação alemã, apoia a unificação da Alemanha e a sua amizade e sintonia com Helmut Kohl foram decisivos para impulsionar o processo que levou à assinatura do Acto Único e do Tratado da União Europeia.
Morreu em 8 de Janeiro de 1996, em Paris, vítima de cancro da próstata.
No seu funeral, pela primeira, reúniram-se a mulher, os dois filhos, a sua filha Mazarine, nascida em 1974, e a sua mãe.
Político astuto e controverso, cultivou um estilo distante e um gosto pela monumentalidade que revela a vontade de deixar o país marcado com a sua personalidade. A sua herança política foi, principalmente, a de ter mostrado que era possível existir alternância e coabitação política sem rupturas e de ter conciliado a esquerda com certos valores do capitalismo.
publicado por armando ésse às 04:32
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Janeiro 09 2006

Quando o Presidente francês François Mitterrand, deixou a presidência da República francesa, em 1995, no meio de numerosos escândalos que eclipsaram os últimos anos da sua presidência e detestado por uma grande maioria dos franceses, nada faria prever que em, apenas, dez anos e passando o crivo da história nos 14 anos do seu “reinado”, os franceses o considerariam o melhor presidente da República Francesa dos últimos 60 anos. A dimensão de François Mitterrand ofusca a do herói da Segunda Guerra Mundial, o general Charles de Gaulle, que até à semana passada, era sempre em todas as sondagens o Presidente mais querido entre os presidentes da V República.
François Mitterrand
nasceu em Jarnac, Charente em 26 de Outubro de 1916. Casou com Danielle Gouze, de quem teve dois filhos.Teve uma filha de uma relação adúltera.
Durante a Segunda Guerra Mundial foi ferido e capturado em Junho de 1940, evadindo-se em Dezembro de 1941, da prisão de Kassel.

Fundador do Movimento Nacional dos Prisioneiros, foi condecorado pelo regime de Vichy, acreditando que o General Pétain deteria os alemães. Aderiu à Resistência em 1944, integrando posteriormente o governo do general De Gaulle .
Deputado desde de 1946, participou em 11 governos entre 1947 e 1958, tornando-se no mais no mais jovem ministro francês, no governo socialista de Paul Ramadier.
Ao longo destes onze anos, foi titular das pastas dos Combatentes, Informação, Ultramar, Justiça e Interior. Em 1954, defendeu a causa da Argélia francesa. Candiadato à Presidência da República em 1965, onde obteve 45% dos votos. Foi nomeado secretário-geral do Partido Socialista Francês em 1970. Em 1974 recandidatou-se ao cargo de Presidente da República, onde obteve com o apoio dos comunistas, 49% dos votos, mas só em 1981 consegue vencer, com 51,75% dos votos e tornar-se o primeiro presidente socialista.
Uma das suas primeiras medidas foi abolir a pena de morte. Nesse mesmo ano descobre que têm cancro na próstata, mas só divulgará a sua existência em 1992.Um dos muitos segredos guardados anos a fio, pela enigmática figura que foi François Mitterrand.
Este primeiro mandato foi o do relançamento geoestratégico da França, em termos políticos e culturais.

A nível externo, o reatamento das ligações com o seu inimigo de sempre, a Alemanha, para criar as bases da União Europeia. Internamente, protagonizou a construção de grandes obras de Estado - Pirâmide no Louvre,Cidade da Ciência e da Música de Villete, Ópera Bastilha, Instituto do Mundo Árabe e a Biblioteca Nacional.
Tudo isso a par de inúmeras medidas sociais- a semana de 39 horas e a reforma aos 60 anos-, nacionalização de bancos, criação das rádios locais privadas, imposto sobre as grandes fortunas, quinta semana de férias pagas.
Esta semana o jornal “Le Monde”, desvenda mais um dos muitos segredos de Mitterrand, ao afirmar que, François Mitterrand, autorizou a sabotagem do Rainbow Warrior, em 1985, barco do Greenpeace onde morreu o fotógrafo português Fernando Pereira. Em 1988 foi reeleito.
No segundo mandato, Mitterrand acabou por ser confrontado por protestos sociais, diversos escândalos com negócios controversos, os suicídios do seu ex-primeiro-ministro, Pierre Bérégovoy, em 1993, e do seu braço-direito, François Gorussouvre, no Eliseu, em 1994. Decidido europeísta, apesar dos seus receios perante a reunificação alemã, apoia a unificação da Alemanha e a sua amizade e sintonia com Helmut Kohl foram decisivos para impulsionar o processo que levou à assinatura do Acto Único e do Tratado da União Europeia.
Morreu em 8 de Janeiro de 1996, em Paris, vítima de cancro da próstata.
No seu funeral, pela primeira, reúniram-se a mulher, os dois filhos, a sua filha Mazarine, nascida em 1974, e a sua mãe.
Político astuto e controverso, cultivou um estilo distante e um gosto pela monumentalidade que revela a vontade de deixar o país marcado com a sua personalidade. A sua herança política foi, principalmente, a de ter mostrado que era possível existir alternância e coabitação política sem rupturas e de ter conciliado a esquerda com certos valores do capitalismo.
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