A FÁBRICA

Fevereiro 16 2005

Nascido em Coimbra a 16 de Fevereiro de 1925, Carlos Paredes faria hoje 80 anos. Filho, neto e bisneto de guitarristas, o pai Artur Paredes, ensinou-o a tocar aos cinco anos. A mãe, Alice, ainda lhe arranjou professores de piano e violino, mas de nada serviu.Quando a família se mudou para Lisboa, o aprendiz de mestre tinha nove anos.Concluída a instrucção primária no Jardim Escola João de Deus, entrou para o Liceu Passos Manuel antes de rumar ao Instituto Superior Técnico e a uma licenciatura que ficaria por concluir. Entretanto casou e teve filhos. Tímido e introvertido, escudou-se na sombra tutelar do pai, com quem tocou em programas da Emissora Nacional e gravou um disco nos anos 50. Em 1958 é preso pela em Caxias, e a PIDE acusa-o de ser comunista. Saído da prisão, 18 meses depois, Carlos Paredes é expulso da função Pública, era funcionário administrativo, arquivista de radiografias do Hospital de São José, por pertencer ao PCP. Até ao 25 de Abril, altura que é reintegrado, exerce a profissão de delegado de propaganda médica. Durante os anos sessenta, uma década de muito trabalho para Carlos Paredes, compõe e interpreta a banda sonora do filme Verdes Anos , de Paulo Rocha, em 1962, seguindo-se a música para filmes, como Fado Corrido, de Brum Canto, em 1964, As Pinturas do Meu Irmão Júlio, de Manoel de Oliveira, em 1965 ou mudar de Vida, de Paulo Rocha em 1966.Durante esta fase inicia a composição de temas para peças de teatro e anima festas estudantis fazendo da sua guitarra a sua voz contra a ditadura de Salazar. O primeiro LP, Guitarra portuguesa gravou-o em 1967, tendo de seguida feito, um concerto memorável no Olympia de Paris. Quatro anos depois, em 1971 grava o dificílimo albúm Movimento Perpétuo, que o celebrizaria. Quando chegou o 25 de Abril, deixou para trás as promessas de uma carreira internacional e embarcou no sonho da Revolução levando o seu olhar de esperança e a guitarra a fábricas e colectividades. Nos anos oitenta grava, os albuns Invenções livres com António Vitorina d'Almeida, em 1986, Espelho de Sons em 1987. Em Julho de 1993 sai Inéditos, e em Outubro desse ano dá um concerto memorável na Aula Magna da Univerdisidade de Lisboa, onde partilhou o palco com Luísa Amaro, ex. aluna e companheira de música e de vida desde 1983. Depois dessa noite memorável, não mais voltaria a sentir o nervosismo dos concertos, pois durante o mês de Novembro é-lhe diagnosticado uma mielopatia crónica. Nunca mais poderá tocar. Em Janeiro, entra no lar da Nossa Senhora da Saúde, em Lisboa onde viveu até à sua morte. Nos anos seguintes ao seu internamento sucedem-se homenagens e é recordado num enorme concerto da Expo 98 e nas festas de Lisboa. Em Fevereiro de 2000, o Presidente Jorge Sampaio vai visitá-lo no dia do seu aniversário e a TSF faz uma emissão especial para o Rádio que tem no seu quarto.
Muito antes de falecer a 23 de Julho de 2004, o guitarrista já se havia tornado numa figura incortonável da cultura portuguesa. Deixou-nos a sua música, que era segundo ele, "Uma invenção ligada à vida simples, activa, ao dia-a-dia da gente simples de qualquer estrato social".
publicado por armando ésse às 08:44

Um grande Homem, um lutador... um verdadeiro estandarte da musica portuguesa.
polittikus a 16 de Fevereiro de 2005 às 11:27

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