A FÁBRICA

Janeiro 12 2005
Faz este mês 400 anos que saiu pela primeira vez, em Madrid o mais famoso romance da literatura espanhola, o D. Quixote de la Mancha de Miguel Cervantes (1547-1616).

Incentivado pela leitura de velhos romances de cavalaria, o nobre latifundiário espanhol, Don Quijano, adopta o nome romântico D. Quixote, enverga a armadura enferrujada dos seus antepassados, arrasta do estábulo um vestoso corcel que contempla com o nome de Rocinante, rebaptiza uma jovem filha de camponeses, Dulcineia de Toboso que elege para a senhora do seu coração. Numa taberna de aldeia,que ele toma por castelo, o taberneiro arma-o cavaleiro da ordem dos cavaleiros andantes e aconselha-o a arranjar um escudeiro.Depois de os seus amigos terem empreendido uma vã tentativa de terapia, que passou por deitar fogo à sua biblioteca, escolhe para escudeiro o camponês Sancho Pança, e ambos percorrem Espanha a fim de ajudarem os pobres e combaterem os opressores - o cavaleiro da triste figura montado no seu rocim e o gordo Sancho Pança, no seu burro, um par arquetípico e um contraste vivo entre o idealista visionário e o realista com a sua esperteza saloia.

Para poder ir desempenhando o seu papel de salvador do mundo, D. Quixote descobre a opressão por onde passa:confunde criminosos com fidalgos aprisionados, uma manada de carneiros com um exército inimigo, e moinhos de vento com gigantes.O facto de Sancho Pança confudir os gigantes com moinhos de vento, para D. Quixote não passa de um resultado da sua inoculação ideológica por parte do inimigo.

Num dos episódios subsequentes, os dois são convidados de um duque que, a fim de se divertir à sua custa, faz de conta entrar, juntamente com toda a sua corte, no mundo alucinado de D. Quixote, até que se sente envergonhado pela ingenuidade e pelo idealismo do cavaleiro. Finalmente, um cavaleiro desafia D. Quixote para um duelo exigindo-lhe a promessa de renunciar à sua condição de cavaleiro por um ano no caso de perder.Depois da derrota, D. Quixote cumpre a promessa e, num doloroso exame de consciência, vê os seus ideais transformarem-se em motivos de profunda vergonha:por fim, apercebe-se das suas ilusões e, depois de viver um momento de lucidez, morre.

In Cultura de Dietrich Schwanitz.

publicado por armando ésse às 08:57

Janeiro 12 2005
Faz este mês 400 anos que saiu pela primeira vez, em Madrid o mais famoso romance da literatura espanhola, o D. Quixote de la Mancha de Miguel Cervantes (1547-1616).

Incentivado pela leitura de velhos romances de cavalaria, o nobre latifundiário espanhol, Don Quijano, adopta o nome romântico D. Quixote, enverga a armadura enferrujada dos seus antepassados, arrasta do estábulo um vestoso corcel que contempla com o nome de Rocinante, rebaptiza uma jovem filha de camponeses, Dulcineia de Toboso que elege para a senhora do seu coração. Numa taberna de aldeia,que ele toma por castelo, o taberneiro arma-o cavaleiro da ordem dos cavaleiros andantes e aconselha-o a arranjar um escudeiro.Depois de os seus amigos terem empreendido uma vã tentativa de terapia, que passou por deitar fogo à sua biblioteca, escolhe para escudeiro o camponês Sancho Pança, e ambos percorrem Espanha a fim de ajudarem os pobres e combaterem os opressores - o cavaleiro da triste figura montado no seu rocim e o gordo Sancho Pança, no seu burro, um par arquetípico e um contraste vivo entre o idealista visionário e o realista com a sua esperteza saloia.

Para poder ir desempenhando o seu papel de salvador do mundo, D. Quixote descobre a opressão por onde passa:confunde criminosos com fidalgos aprisionados, uma manada de carneiros com um exército inimigo, e moinhos de vento com gigantes.O facto de Sancho Pança confudir os gigantes com moinhos de vento, para D. Quixote não passa de um resultado da sua inoculação ideológica por parte do inimigo.

Num dos episódios subsequentes, os dois são convidados de um duque que, a fim de se divertir à sua custa, faz de conta entrar, juntamente com toda a sua corte, no mundo alucinado de D. Quixote, até que se sente envergonhado pela ingenuidade e pelo idealismo do cavaleiro. Finalmente, um cavaleiro desafia D. Quixote para um duelo exigindo-lhe a promessa de renunciar à sua condição de cavaleiro por um ano no caso de perder.Depois da derrota, D. Quixote cumpre a promessa e, num doloroso exame de consciência, vê os seus ideais transformarem-se em motivos de profunda vergonha:por fim, apercebe-se das suas ilusões e, depois de viver um momento de lucidez, morre.

In Cultura de Dietrich Schwanitz.

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