A FÁBRICA

Fevereiro 19 2005

"Hotel Ruanda", um dos filmes-sensação do ano cinematográfico, estreou em Portugal, a duas semanas da entrega dos Óscares, onde conseguiu quatro nomeações, entre as quais as de melhor actor (para Don Cheadle), melhor actriz secundária (Sophie Okonedo) e melhor argumento original.É em situações muito complicadas que por vezes nasce um herói, alguém que graças à sua coragem consegue salvar muitas pessoas.
''Hotel Ruanda'' recupera a história verídica de uma dessas pessoas. Paul Rusesabagina (Don Cheadle) é um gerente de hotel que conseguiu esconder milhares de refugiados tutsis, durante o genocídio de 1994, salvando-os de uma morte certa.
A acção deste thriller político situa-se no Ruanda, um país dividido pelos conflitos étnicos entre os Hutus e os Tutsi.
Quase 85% da população ruandesa pertence aos Hutus, um povo proveniente da bacia do rio Congo. Os Tutsis, pastores de grande estatura provenientes da Etiópia, chegaram a este território por volta do século XV e impuseram o seu domínio feudal aos Hutus, a etnia maioritária.Em 1885, na Conferência de Berlim, as potências europeias repartiram entre si a maior parte do continente africano.
O Ruanda ficou então sob o domínio alemão, mas depois de a Alemanha ter sido derrotada na I Guerra Mundial, os belgas ocupam o país e transformam os tutsis na elite económica, política e militar.Nos anos 50, há um retrocesso e os privilégios passam a pertencer aos Hutus. Mas mais importante do que detalhar a (longa) cronologia do conflito é dizer que até à década de 80, o poder foi pertencendo alternadamente a cada uma das etnias, com muito sangue derramado e muitos acordos falhados de permeio.Os eventos de ''Hotel Rwanda'' ilustram um desses momentos conturbados: o período imediatamente posterior ao assassinato do presidente que faz despoletar a violência entre ambas as facções. O Ruanda é então palco de uma das maiores atrocidades da história da humanidade onde, em apenas 100 dias, quase um milhão de tutsis são brutalmente assassinados por milícias de etnia hutu.
Paul Rusesabagina, uma espécie de Oskar Schindler africano, era um Hutu moderado, casado com uma Tutsi (Sophie Okonedo), que geria um luxuoso hotel em Kigali e que, perante este cenário, promete proteger a sua família. Mas quando as perseguições aos Tutsis e Hutus moderados invadem a cidade, Paul acaba por encontrar a força e a coragem necessárias para salvar mais de um milhar de refugiados que acolhe no seu Hotel.Muitas destas pessoas são trazidas até ali pelo Coronel Olivier (Nick Nolte), responsável pelas acções militares da ONU no território.
Joaquin Phoenix é o repórter de serviço que testemunha o massacre. Como quase sempre acontece neste tipo de conflitos, as Nações Unidas não conseguiram reagir a tempo e a sua acção no terreno foi manifestamente ineficaz. Realizado pelo irlandês Terry George, este filme revela-nos a forma engenhosa como um homem vulgar conseguiu salvar milhares de pessoas e manter o hotel a salvo.
Uma parte das receitas de bilheteira deste filme será entregue à AMI, contribuindo para a ajuda das vítimas do tsunami e para a recuperação da Ásia Central.
Texto estreia on line.
publicado por armando ésse às 18:39

Fevereiro 19 2005

"Hotel Ruanda", um dos filmes-sensação do ano cinematográfico, estreou em Portugal, a duas semanas da entrega dos Óscares, onde conseguiu quatro nomeações, entre as quais as de melhor actor (para Don Cheadle), melhor actriz secundária (Sophie Okonedo) e melhor argumento original.É em situações muito complicadas que por vezes nasce um herói, alguém que graças à sua coragem consegue salvar muitas pessoas.
''Hotel Ruanda'' recupera a história verídica de uma dessas pessoas. Paul Rusesabagina (Don Cheadle) é um gerente de hotel que conseguiu esconder milhares de refugiados tutsis, durante o genocídio de 1994, salvando-os de uma morte certa.
A acção deste thriller político situa-se no Ruanda, um país dividido pelos conflitos étnicos entre os Hutus e os Tutsi.
Quase 85% da população ruandesa pertence aos Hutus, um povo proveniente da bacia do rio Congo. Os Tutsis, pastores de grande estatura provenientes da Etiópia, chegaram a este território por volta do século XV e impuseram o seu domínio feudal aos Hutus, a etnia maioritária.Em 1885, na Conferência de Berlim, as potências europeias repartiram entre si a maior parte do continente africano.
O Ruanda ficou então sob o domínio alemão, mas depois de a Alemanha ter sido derrotada na I Guerra Mundial, os belgas ocupam o país e transformam os tutsis na elite económica, política e militar.Nos anos 50, há um retrocesso e os privilégios passam a pertencer aos Hutus. Mas mais importante do que detalhar a (longa) cronologia do conflito é dizer que até à década de 80, o poder foi pertencendo alternadamente a cada uma das etnias, com muito sangue derramado e muitos acordos falhados de permeio.Os eventos de ''Hotel Rwanda'' ilustram um desses momentos conturbados: o período imediatamente posterior ao assassinato do presidente que faz despoletar a violência entre ambas as facções. O Ruanda é então palco de uma das maiores atrocidades da história da humanidade onde, em apenas 100 dias, quase um milhão de tutsis são brutalmente assassinados por milícias de etnia hutu.
Paul Rusesabagina, uma espécie de Oskar Schindler africano, era um Hutu moderado, casado com uma Tutsi (Sophie Okonedo), que geria um luxuoso hotel em Kigali e que, perante este cenário, promete proteger a sua família. Mas quando as perseguições aos Tutsis e Hutus moderados invadem a cidade, Paul acaba por encontrar a força e a coragem necessárias para salvar mais de um milhar de refugiados que acolhe no seu Hotel.Muitas destas pessoas são trazidas até ali pelo Coronel Olivier (Nick Nolte), responsável pelas acções militares da ONU no território.
Joaquin Phoenix é o repórter de serviço que testemunha o massacre. Como quase sempre acontece neste tipo de conflitos, as Nações Unidas não conseguiram reagir a tempo e a sua acção no terreno foi manifestamente ineficaz. Realizado pelo irlandês Terry George, este filme revela-nos a forma engenhosa como um homem vulgar conseguiu salvar milhares de pessoas e manter o hotel a salvo.
Uma parte das receitas de bilheteira deste filme será entregue à AMI, contribuindo para a ajuda das vítimas do tsunami e para a recuperação da Ásia Central.
Texto estreia on line.
publicado por armando ésse às 18:39

Fevereiro 19 2005

Skins decididos a matar

Matar um «não branco» é uma das condições do novo estatuto dos «skinheads»


Na manifestação de Sábado passado, as autoridades confirmaram a associação do PNR e da Frente Nacional, liderada pelos «skins» mais radicais.
O movimento dos «skinheads» em Portugal registou, nos últimos meses, um recrudescimento que preocupa profundamente as autoridades. A constatação é comum ao SIS, PJ, GNR e PSP, que têm estado no terreno a acompanhar todos os passos deste grupo extremista.
Há duas semanas, foi atribuído à facção mais radical dos «skins» portugueses - o Prospect of the Nation - o título de HammerSkins, uma espécie de elite mundial dos cabeças-rapadas, que se destaca por um elevado grau de violência, pela capacidade organizativa e pela dedicação à defesa da supremacia da raça branca. A atribuição individual desta «distinção» depende de um conjunto de acções violentas praticadas pelo «candidato», entre as quais o assassínio de um não-branco.
Nos últimos relatórios, as forças de segurança registaram também uma associação entre o Partido Nacional Renovador (PNR) e um projecto designado Frente Nacional (a FN, inspirada na Front National Française de Jean-Marie Le Pen), constituída por neonazis já referenciados, pertencentes à Irmandade Ariana - uma designação global para as organizações extremistas. Recorde-se que estas foram alvo de uma operação da GNR em Junho de 2004, em Loures. Na ocasião, foram detidos 27 cabeças-rapadas e o tribunal mandou instaurar um inquérito por «crime contra a Humanidade».
Os investigadores da GNR estão convencidos de que a FN se prepara para se tornar no «braço armado» do PNR, aproveitando-se da existência legal deste para promover as suas ideias xenófobas. No sábado passado, uma manifestação do PNR em Lisboa, contra a entrada da Turquia na UE, serviu para as autoridades confirmarem esta aproximação.
Depois da operação na «skinhouse» de Loures - que está sob investigação da DCCB (Direcção Central de Combate ao Banditismo da Polícia Judiciária) - os cabeças-rapadas não desmobilizaram. Antes, aprumaram a sua organização com o objectivo de ascenderem à Hammerskin Nation (HSN).
Desde essa altura, as forças de segurança - principalmente a GNR, na zona de Loures, e a PSP, essencialmente junto às claques de futebol - reforçaram o controlo sobre o movimento e obtiveram provas de que a ambição de pertencer à elite mundial dos «skins» os estava a conduzir à violência contra pessoas.
Em Outubro, a PSP apreendeu, numa busca à casa de um «skinhead» de 24 anos, diverso material que indiciava a preparação de acções criminosas. Entre os objectos estava uma listagem de nomes e moradas, bem como mapas da localização das residências de pessoas que, presumivelmente, seriam alvo das acções do grupo. Na lista constavam os nomes de um elemento da direcção da Opus Gay, de duas pessoas ligadas à Sinagoga israelita de Lisboa e de dois activistas da associação SOS Racismo. Depois do primeiro interrogatório, o indivíduo foi colocado em prisão preventiva, situação que se mantém. Este caso está ainda sob investigação e, contactada pelo EXPRESSO, fonte oficial da PSP não quis comentar nem adiantar nada sobre o assunto.
O núcleo de investigação criminal da GNR de Loures, responsável pela operação de Junho sobre a «skinhouse», é quem tem acompanhado e aprofundado o conhecimento das movimentações dos extremistas. Foram esses agentes que confirmaram a atribuição do título HammerSkin aos portugueses a 29 de Janeiro e logo deram o alerta ao comando-geral sobre o impacto que esse facto teria no recrudescimento da violência do grupo.


Os mais violentos.

A HSN, fundada em Dallas, nos anos 80, é o mais violento e melhor organizado grupo de «skinheads» neonazis dos Estados Unidos e da Alemanha, chegando a constituir pequenos exércitos fortemente armados. É composto quase exclusivamente por homens brancos, jovens, que defendem a supremacia da raça branca. Têm sido identificados por ligação a actividades criminais, incluindo assassínios, «batidas» (caçadas a não-brancos e anti-racistas), extorsões, cobranças difíceis e tráfico de armas.
A GNR não duvida de que os portugueses agora reconhecidos como Hammers («martelos») vão endurecer as suas acções para mostrar «trabalho».
Há suspeitas de que todos os seus membros se fazem acompanhar diariamente por armas de fogo, soqueiras e bastões. Aliás, foi o que se verificou na operação de Junho: um dos líderes estava na posse de um revólver ilegal, que foi apreendido e entregue ao tribunal.
Em Outubro, na sequência de desacatos no centro comercial Alvaláxia (Lisboa), esse mesmo indivíduo, foi encontrado na posse de uma arma do mesmo calibre, mas desta vez com a respectiva licença, emitida em Setembro de 2004 pela Direcção Nacional da PSP - ou seja, apenas dois meses depois de lhe ter sido apreendida a outra, ilegal.
Valentina Marcelino/Expresso

publicado por armando ésse às 16:55

Fevereiro 19 2005

Skins decididos a matar

Matar um «não branco» é uma das condições do novo estatuto dos «skinheads»


Na manifestação de Sábado passado, as autoridades confirmaram a associação do PNR e da Frente Nacional, liderada pelos «skins» mais radicais.
O movimento dos «skinheads» em Portugal registou, nos últimos meses, um recrudescimento que preocupa profundamente as autoridades. A constatação é comum ao SIS, PJ, GNR e PSP, que têm estado no terreno a acompanhar todos os passos deste grupo extremista.
Há duas semanas, foi atribuído à facção mais radical dos «skins» portugueses - o Prospect of the Nation - o título de HammerSkins, uma espécie de elite mundial dos cabeças-rapadas, que se destaca por um elevado grau de violência, pela capacidade organizativa e pela dedicação à defesa da supremacia da raça branca. A atribuição individual desta «distinção» depende de um conjunto de acções violentas praticadas pelo «candidato», entre as quais o assassínio de um não-branco.
Nos últimos relatórios, as forças de segurança registaram também uma associação entre o Partido Nacional Renovador (PNR) e um projecto designado Frente Nacional (a FN, inspirada na Front National Française de Jean-Marie Le Pen), constituída por neonazis já referenciados, pertencentes à Irmandade Ariana - uma designação global para as organizações extremistas. Recorde-se que estas foram alvo de uma operação da GNR em Junho de 2004, em Loures. Na ocasião, foram detidos 27 cabeças-rapadas e o tribunal mandou instaurar um inquérito por «crime contra a Humanidade».
Os investigadores da GNR estão convencidos de que a FN se prepara para se tornar no «braço armado» do PNR, aproveitando-se da existência legal deste para promover as suas ideias xenófobas. No sábado passado, uma manifestação do PNR em Lisboa, contra a entrada da Turquia na UE, serviu para as autoridades confirmarem esta aproximação.
Depois da operação na «skinhouse» de Loures - que está sob investigação da DCCB (Direcção Central de Combate ao Banditismo da Polícia Judiciária) - os cabeças-rapadas não desmobilizaram. Antes, aprumaram a sua organização com o objectivo de ascenderem à Hammerskin Nation (HSN).
Desde essa altura, as forças de segurança - principalmente a GNR, na zona de Loures, e a PSP, essencialmente junto às claques de futebol - reforçaram o controlo sobre o movimento e obtiveram provas de que a ambição de pertencer à elite mundial dos «skins» os estava a conduzir à violência contra pessoas.
Em Outubro, a PSP apreendeu, numa busca à casa de um «skinhead» de 24 anos, diverso material que indiciava a preparação de acções criminosas. Entre os objectos estava uma listagem de nomes e moradas, bem como mapas da localização das residências de pessoas que, presumivelmente, seriam alvo das acções do grupo. Na lista constavam os nomes de um elemento da direcção da Opus Gay, de duas pessoas ligadas à Sinagoga israelita de Lisboa e de dois activistas da associação SOS Racismo. Depois do primeiro interrogatório, o indivíduo foi colocado em prisão preventiva, situação que se mantém. Este caso está ainda sob investigação e, contactada pelo EXPRESSO, fonte oficial da PSP não quis comentar nem adiantar nada sobre o assunto.
O núcleo de investigação criminal da GNR de Loures, responsável pela operação de Junho sobre a «skinhouse», é quem tem acompanhado e aprofundado o conhecimento das movimentações dos extremistas. Foram esses agentes que confirmaram a atribuição do título HammerSkin aos portugueses a 29 de Janeiro e logo deram o alerta ao comando-geral sobre o impacto que esse facto teria no recrudescimento da violência do grupo.


Os mais violentos.

A HSN, fundada em Dallas, nos anos 80, é o mais violento e melhor organizado grupo de «skinheads» neonazis dos Estados Unidos e da Alemanha, chegando a constituir pequenos exércitos fortemente armados. É composto quase exclusivamente por homens brancos, jovens, que defendem a supremacia da raça branca. Têm sido identificados por ligação a actividades criminais, incluindo assassínios, «batidas» (caçadas a não-brancos e anti-racistas), extorsões, cobranças difíceis e tráfico de armas.
A GNR não duvida de que os portugueses agora reconhecidos como Hammers («martelos») vão endurecer as suas acções para mostrar «trabalho».
Há suspeitas de que todos os seus membros se fazem acompanhar diariamente por armas de fogo, soqueiras e bastões. Aliás, foi o que se verificou na operação de Junho: um dos líderes estava na posse de um revólver ilegal, que foi apreendido e entregue ao tribunal.
Em Outubro, na sequência de desacatos no centro comercial Alvaláxia (Lisboa), esse mesmo indivíduo, foi encontrado na posse de uma arma do mesmo calibre, mas desta vez com a respectiva licença, emitida em Setembro de 2004 pela Direcção Nacional da PSP - ou seja, apenas dois meses depois de lhe ter sido apreendida a outra, ilegal.
Valentina Marcelino/Expresso

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