A FÁBRICA

Outubro 11 2005

Subir o monte Evereste, a montanha mais alta do mundo, foi um desafio para os alpinistas até 1953. Quando Edmund Hillary e Tenzing Norgay alcançaram finalmente o cume. Nas três décadas seguintes outras conquistas foram realizadas. A primeira escalada por uma mulher, a escalada de um alpinista por um lado da montanha, descida pelo outro, e a primeira descida em esqui. Um traço comum entre todas as façanhas realizadas foi o uso de oxigénio artificial.
Seria possível que o monte Evereste fosse conquistado sem o seu auxílio?
Desde 1920, alpinistas do mundo inteiro debatem sobre os prós e os contras do uso destas ajudas artificiais. Um deles, George Mallory, defendia a tese de que os alpinistas não se devem expor a ajudas artificiais, pois mesmo com estas, existe, a possibilidade de um colapso repentino, se o aparelho falhar. Esta filosofia de que nada deveria vir entre um alpinista e sua montanha continua a ter adeptos até hoje.
Em 1970, o alpinista Reinhold Messner alcançou notoriedade ao escalar uma série de rochas alpinas sem o uso do oxigénio. No ano de 1974, Messner junto com Peter Habeler -outro adepto da filosofia -continuaram as suas escaladas. Ligeiros e ágeis conquistaram o Matterhorm e o Eigerwand. Em 1975 fizeram uma notável escalada no Gasherbrum, a décima primeira montanha mais alta do mundo, sem o uso do oxigénio. A próxima meta era alcançar o Evereste. Messner e Habeler receberam muitas críticas da comunidade médica, que os chamaram de “lunáticos” por estarem colocando em risco a sua própria vida. Sem se importar com as críticas, os dois deram sequência aos seus objectivos.
Chegaram ao acampamento base do Evereste em Março de 1978. Iniciando a primeira tentativa no dia 21 de Abril. Alcançam o acampamento III no dia 23 daquele mês. Naquela noite Habeler passou mal devido a uma intoxicação alimentar. Na manhã seguinte, Messner decidiu prosseguir a subida, juntamente com dois sherpas. Ao alcançar o Colo Sul foram surpreendidos por uma violenta tempestade. Enfrentaram temperaturas de 40 graus negativos e ventos fortes durante dois dias seguidos. Exausto e com fome, Messner estava começando a acreditar que seria impossível alcançar o seu objectivo. Até que, finalmente, o tempo melhorou e ele pôde retornar ao acampamento base para se recuperar.
Messner e Habeler voltaram a discutir sobre a maneira de alcançar o cume. Habeler sugeriu o uso de oxigénio, mas Messner recusou a usá-lo. Dizendo que, mais importante do que conquistar o cume seria conseguir chegar no mais alto ponto possível sem o uso de oxigénio.
No dia seis de Maio eles iniciam outra tentativa. Alcançaram o acampamento III (7200m). Estando agora em altitudes onde poderiam sentir os efeitos da falta de oxigénio. Concordaram em carregar dois cilindros de oxigénio ao acampamento IV, em caso de uma emergência, e haviam feito também um pacto onde voltariam atrás se um ou outro se sentisse mal.
No dia seguinte demoraram três horas e meia para alcançar os 7986m do Colo Sul, onde acamparam a noite. Habeler queixou-se de uma forte dor de cabeça. Mas depois de descansar sentiu-se melhor.
No dia 8 de Maio, acordaram e iniciaram a tentativa de alcançar o cume. O tempo estava instável, e mesmo assim decidiram deixar o acampamento. A respiração tornava-se cada vez mais preciosa, e os dois passaram a comunicar por gestos. O progresso passou a ser lento, demorando quatro horas para alcançar o acampamento V (8500m), onde pararam para descansar cerca de 30 minutos. O tempo ainda ameaçava, mas decidiram continuar rumo ao cume, que estava a 260 metros acima.
Enfrentavam agora um cansaço jamais sentido até então. Os difíceis passos eram apoiados por machados de gelo e a respiração cada vez mais escassa. Messner disse mais tarde que se sentia como se fosse “estourar”. Alcançando o Pico Sul, o vento era muito forte, mas eles ainda tinham esperança de que o tempo melhorasse. Faltavam apenas 98 metros. Atravessaram o Passo de Hillary, descansando algumas vezes. Entre a uma e as duas horas da tarde de 8 de Maio de 1978, Messner e Habeler conquistaram o que até então parecia ser impossível – a primeira ascensão do Evereste sem oxigénio.
O sucesso desta expedição confundiu a comunidade médica, e causou uma reavaliação da Fisiologia da alta altitude. Em 1980, Messner volta ao monte Evereste para completar, desta vez sozinho, mais uma ascensão ao maior cume do mundo sem auxílios artificiais. Apenas cerca de 60 pessoas no mundo conquistaram essa façanha, sendo entre estas 4 mulheres.
Reinhold Messner, nasceu em 17 de Setembro de 1944 em Brixen, Áustria e a este feito tem ainda a juntar, outros dois feitos de monta na História do alpinismo: Foi o primeiro alpinista a escalar com êxito todas as 14 montanhas do mundo acima dos 8000 metros, sempre sem oxigénio.Com a escalada do Kanchenjunga em 1982, tornou-se o primeiro alpinista a escalar as três mais altas do mundo, tendo antes alcançado os picos do Evereste e do K2.
publicado por armando ésse às 09:09
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Outubro 11 2005

Subir o monte Evereste, a montanha mais alta do mundo, foi um desafio para os alpinistas até 1953. Quando Edmund Hillary e Tenzing Norgay alcançaram finalmente o cume. Nas três décadas seguintes outras conquistas foram realizadas. A primeira escalada por uma mulher, a escalada de um alpinista por um lado da montanha, descida pelo outro, e a primeira descida em esqui. Um traço comum entre todas as façanhas realizadas foi o uso de oxigénio artificial.
Seria possível que o monte Evereste fosse conquistado sem o seu auxílio?
Desde 1920, alpinistas do mundo inteiro debatem sobre os prós e os contras do uso destas ajudas artificiais. Um deles, George Mallory, defendia a tese de que os alpinistas não se devem expor a ajudas artificiais, pois mesmo com estas, existe, a possibilidade de um colapso repentino, se o aparelho falhar. Esta filosofia de que nada deveria vir entre um alpinista e sua montanha continua a ter adeptos até hoje.
Em 1970, o alpinista Reinhold Messner alcançou notoriedade ao escalar uma série de rochas alpinas sem o uso do oxigénio. No ano de 1974, Messner junto com Peter Habeler -outro adepto da filosofia -continuaram as suas escaladas. Ligeiros e ágeis conquistaram o Matterhorm e o Eigerwand. Em 1975 fizeram uma notável escalada no Gasherbrum, a décima primeira montanha mais alta do mundo, sem o uso do oxigénio. A próxima meta era alcançar o Evereste. Messner e Habeler receberam muitas críticas da comunidade médica, que os chamaram de “lunáticos” por estarem colocando em risco a sua própria vida. Sem se importar com as críticas, os dois deram sequência aos seus objectivos.
Chegaram ao acampamento base do Evereste em Março de 1978. Iniciando a primeira tentativa no dia 21 de Abril. Alcançam o acampamento III no dia 23 daquele mês. Naquela noite Habeler passou mal devido a uma intoxicação alimentar. Na manhã seguinte, Messner decidiu prosseguir a subida, juntamente com dois sherpas. Ao alcançar o Colo Sul foram surpreendidos por uma violenta tempestade. Enfrentaram temperaturas de 40 graus negativos e ventos fortes durante dois dias seguidos. Exausto e com fome, Messner estava começando a acreditar que seria impossível alcançar o seu objectivo. Até que, finalmente, o tempo melhorou e ele pôde retornar ao acampamento base para se recuperar.
Messner e Habeler voltaram a discutir sobre a maneira de alcançar o cume. Habeler sugeriu o uso de oxigénio, mas Messner recusou a usá-lo. Dizendo que, mais importante do que conquistar o cume seria conseguir chegar no mais alto ponto possível sem o uso de oxigénio.
No dia seis de Maio eles iniciam outra tentativa. Alcançaram o acampamento III (7200m). Estando agora em altitudes onde poderiam sentir os efeitos da falta de oxigénio. Concordaram em carregar dois cilindros de oxigénio ao acampamento IV, em caso de uma emergência, e haviam feito também um pacto onde voltariam atrás se um ou outro se sentisse mal.
No dia seguinte demoraram três horas e meia para alcançar os 7986m do Colo Sul, onde acamparam a noite. Habeler queixou-se de uma forte dor de cabeça. Mas depois de descansar sentiu-se melhor.
No dia 8 de Maio, acordaram e iniciaram a tentativa de alcançar o cume. O tempo estava instável, e mesmo assim decidiram deixar o acampamento. A respiração tornava-se cada vez mais preciosa, e os dois passaram a comunicar por gestos. O progresso passou a ser lento, demorando quatro horas para alcançar o acampamento V (8500m), onde pararam para descansar cerca de 30 minutos. O tempo ainda ameaçava, mas decidiram continuar rumo ao cume, que estava a 260 metros acima.
Enfrentavam agora um cansaço jamais sentido até então. Os difíceis passos eram apoiados por machados de gelo e a respiração cada vez mais escassa. Messner disse mais tarde que se sentia como se fosse “estourar”. Alcançando o Pico Sul, o vento era muito forte, mas eles ainda tinham esperança de que o tempo melhorasse. Faltavam apenas 98 metros. Atravessaram o Passo de Hillary, descansando algumas vezes. Entre a uma e as duas horas da tarde de 8 de Maio de 1978, Messner e Habeler conquistaram o que até então parecia ser impossível – a primeira ascensão do Evereste sem oxigénio.
O sucesso desta expedição confundiu a comunidade médica, e causou uma reavaliação da Fisiologia da alta altitude. Em 1980, Messner volta ao monte Evereste para completar, desta vez sozinho, mais uma ascensão ao maior cume do mundo sem auxílios artificiais. Apenas cerca de 60 pessoas no mundo conquistaram essa façanha, sendo entre estas 4 mulheres.
Reinhold Messner, nasceu em 17 de Setembro de 1944 em Brixen, Áustria e a este feito tem ainda a juntar, outros dois feitos de monta na História do alpinismo: Foi o primeiro alpinista a escalar com êxito todas as 14 montanhas do mundo acima dos 8000 metros, sempre sem oxigénio.Com a escalada do Kanchenjunga em 1982, tornou-se o primeiro alpinista a escalar as três mais altas do mundo, tendo antes alcançado os picos do Evereste e do K2.
publicado por armando ésse às 09:09
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