A FÁBRICA

Março 16 2006

O ex-presidente iraquiano Saddam Hussein começou a sua defesa no julgamento em que é acusado por crimes contra a humanidade dizendo que o tribunal é “uma comédia” e prosseguiu afirmando-se Presidente do Iraque e apelando aos iraquianos para que resistam às forças da ocupação, afirmações que levaram o juiz presidente, Rauf Abdel Rahamn, a ordenar que a sessão continuasse à porta fechada.
Saddam Hussein, que juntamente com sete dos seus colaboradores esta a ser julgado pelo massacre de 148 xiitas na aldeia de Dujail em 1982, exortou ainda os iraquianos a deixarem «de se matar entre si».
O julgamento de Saddam Hussein prossegue a 5 de Abril, depois da audiência de hoje em que mais uma vez Saddam Hussein desafiou os juízes apresentando-se como o presidente legítimo do Iraque e que por isso mesmo, nem devia ser julgado. O julgamento do ex-presidente do Iraque Saddam Hussein, corre o risco de se tornar o”reality show do ano” caso o tribunal não zele para evitar isso.
Já na primeira sessão do julgamento, em Julho de 2005, Saddam Hussein tinha recorrido ao teatro para classificar o julgamento. “Eu não quero fazer com que vocês fiquem desconfortáveis, mas vocês sabem que isto é tudo um teatro montado por Bush”.

Saddam Hussein parece bem preparado para fazer o papel principal nesta peça, adoptando a táctica de Slobodan Milosevic, para fazer estender o julgamento de forma interminável.
Os ventos que sopram no Iraque, parecem estar à feição de Saddam Hussein, com a continuada ocupação estrangeira e uma iminente guerra civil a dar-lhe argumentos, não hesitará em representar o seu dramático papel, para desacreditar a forma como este julgamento foi e está, a ser realizado.
O julgamento de crimes de guerra normalmente ocorrem no fim de um período de trauma quando a sociedade está pronta a enfrentar os seus fantasmas, após um período de ausência de violência e de retribuição extrajudicial. O julgamento do ex. ditador iraquiano não cumpre nenhum destes requisitos.
Cabe ao Tribunal Especial Iraquiano trabalhar duro para dar credibilidade ao julgamento, correndo o risco se isso não acontecer, do julgamento vir a ser desacreditado pelas instâncias internacionais e este julgamento, precisa e muito, da força legitimadora das instâncias internacionais. Este julgamento será recordado ou como o maior julgamento da história recente ou como um espectáculo que desacreditou as novas autoridades iraquianas e toda a Administração Bush, pondo em risco os alicerces de um Estado de direito no Iraque.
publicado por armando ésse às 09:05

Março 16 2006

O ex-presidente iraquiano Saddam Hussein começou a sua defesa no julgamento em que é acusado por crimes contra a humanidade dizendo que o tribunal é “uma comédia” e prosseguiu afirmando-se Presidente do Iraque e apelando aos iraquianos para que resistam às forças da ocupação, afirmações que levaram o juiz presidente, Rauf Abdel Rahamn, a ordenar que a sessão continuasse à porta fechada.
Saddam Hussein, que juntamente com sete dos seus colaboradores esta a ser julgado pelo massacre de 148 xiitas na aldeia de Dujail em 1982, exortou ainda os iraquianos a deixarem «de se matar entre si».
O julgamento de Saddam Hussein prossegue a 5 de Abril, depois da audiência de hoje em que mais uma vez Saddam Hussein desafiou os juízes apresentando-se como o presidente legítimo do Iraque e que por isso mesmo, nem devia ser julgado. O julgamento do ex-presidente do Iraque Saddam Hussein, corre o risco de se tornar o”reality show do ano” caso o tribunal não zele para evitar isso.
Já na primeira sessão do julgamento, em Julho de 2005, Saddam Hussein tinha recorrido ao teatro para classificar o julgamento. “Eu não quero fazer com que vocês fiquem desconfortáveis, mas vocês sabem que isto é tudo um teatro montado por Bush”.

Saddam Hussein parece bem preparado para fazer o papel principal nesta peça, adoptando a táctica de Slobodan Milosevic, para fazer estender o julgamento de forma interminável.
Os ventos que sopram no Iraque, parecem estar à feição de Saddam Hussein, com a continuada ocupação estrangeira e uma iminente guerra civil a dar-lhe argumentos, não hesitará em representar o seu dramático papel, para desacreditar a forma como este julgamento foi e está, a ser realizado.
O julgamento de crimes de guerra normalmente ocorrem no fim de um período de trauma quando a sociedade está pronta a enfrentar os seus fantasmas, após um período de ausência de violência e de retribuição extrajudicial. O julgamento do ex. ditador iraquiano não cumpre nenhum destes requisitos.
Cabe ao Tribunal Especial Iraquiano trabalhar duro para dar credibilidade ao julgamento, correndo o risco se isso não acontecer, do julgamento vir a ser desacreditado pelas instâncias internacionais e este julgamento, precisa e muito, da força legitimadora das instâncias internacionais. Este julgamento será recordado ou como o maior julgamento da história recente ou como um espectáculo que desacreditou as novas autoridades iraquianas e toda a Administração Bush, pondo em risco os alicerces de um Estado de direito no Iraque.
publicado por armando ésse às 09:05

Março 14 2006

Albert Einstein nasceu em Ulm (Württemberg, sul da Alemanha) no dia 14 de Março de 1879.O seu pai, Hermann Einstein, possuía uma oficina electrotécnica e tinha um grande interesse por tudo que se relacionasse com invenções eléctricas.Foi em Munique que Albert recebeu a sua educação primária e secundária. Quando criança, não apresentava nenhum sinal de genialidade; muito pelo contrário, o seu desenvolvimento deu-se de modo bastante moroso até a idade de nove anos. No entanto, a sua paixão em contemplar os mistérios da Natureza começou muito cedo - aos quatro anos - quando ficou maravilhado com uma bússola que ganhara de presente do pai. "Como é que uma agulha pode se movimentar, flutuando no espaço, sem auxílio de nenhum mecanismo?" - perguntava a si mesmo.Na escola, Albert sentia grande dificuldade para se adaptar às norma rígidas do estudo.
Os professores eram muito autoritários e exigiam que os alunos soubessem tudo de cor. Geografia, História e Francês era os seus grandes suplícios; preferia mais as matérias que exigiam compreensão e raciocínio, tal como a matemática.Fez seus estudos superiores na Escola Politécnica de Zurique e, em 1900, graduou-se em Matemática e em Física. Durante esse período, não chegou a ser um excelente aluno - sobretudo pelo facto de já estar fascinado por algumas questões que o absorviam completamente enquanto que o curso exigia um estudo mais superficial devido ao grande número de matérias que eram ministradas.Nas suas notas autobiográficas, Einstein conta que nessa época ficou tão enfastiado das questões científicas que, logo depois de se formar, passou um ano inteiro sem ler nenhuma das revista especializadas que eram publicadas.
Depois de se formar, Einstein procurou emprego durante muito tempo. Enquanto isso, dedicava algumas horas do dia leccionando numa escola secundária. O emprego que mais queria, o de professor-assistente na sua Universidade, havia-se malogrado.Então, em 1902, Grossmann, um colega de faculdade, consegue-lhe um emprego como técnico especializado no Departamento Oficial de Registro de Patentes de Berna, onde Einstein permaneceu até 1909, quando a Universidade de Zurique convida-o para o cargo de professor.
Em 1907, Einstein tenta obter a Venia Legendi (direito para leccionar em faculdades) na Universidade de Berna. Como dissertação inaugural, apresentou o artigo de 1905 intitulado "Electrodinâmica dos Corpos em Movimento", trabalho que o professor de física experimental recusou e criticou violentamente. Einstein ressentiu-se com o facto que adiava novamente seu ingresso no magistério universitário. No entanto, meses mais tarde, por insistência de seus amigos, tenta novamente e, desta vez é admitido.
Como professor, não era eloquente nas suas exposições, em parte porque não dispunha de tempo para se preparar, e em parte porque não apreciava desempenhar o papel de dono da sabedoria. Alguns alunos sentiam-se atraídos pela sua figura, devido à extrema simplicidade e modéstia que possuía.
Em 1913, o grande físico Max Planck e o celebre físico-químico Walter Nernst visitaram-no pessoalmente, convidando-o para cargo de director de Física do Kaiser Wilhelm Institute, em Berlim. Einstein aceitou! Começa então uma nova fase de realizações na vida de Einstein. A proximidade com Planck, Laue, Rubens e Nernst teve efeito electrizante. As suas pesquisas sobre os fenómenos gravitacionais, puderam ser finalizadas e apresentadas à Academia prussiana de Ciências em 4 de Novembro de 1915, sob o título de Teoria da Relatividade Geral.
Einstein solucionara o problema da harmonia celeste. Segundo ele, todas as tentativas anteriores para esclarecer a estrutura do Universo tinham-se baseado numa suposição falsa: os cientistas julgavam que o que lhes parecia verdadeiro, quando observavam o Universo de sua posição relativa, devia ser verdadeiro para todos os que observam o Universo de todos os outros pontos de vista. Para Einstein, não existia essa verdade absoluta. A mesma paisagem podia ser uma coisa para o transeunte, outra coisa totalmente diferente para o motorista, e ainda outra coisa para o aviador.
A verdade absoluta somente podia ser determinada pela soma de todas as observações relativas.Em oposição à doutrina Newtoniana, Einstein declarava que tudo se achava em movimento (e não que tendem a permanecer em repouso). E explicava que as velocidades dos diversos corpos em movimento no Universo são relativas umas às outras. A única excepção a essa relatividade do movimento, era a velocidade da luz, a maior que conhecemos, constituindo o factor imutável de todas as equações da velocidade relativa dos corpos em movimento.
Além da velocidade a lei da relatividade aplicava-se também à direcção de um corpo em movimento. Por exemplo, ao deixar cair uma pedra do alto de uma torre ao solo, para nós parecerá que caiu em linha recta; para um observador hipotético (pessoa ou instrumento registador) situado no espaço a pedra descreveria uma linha curva, porquanto se registaria não só o movimento da pedra sobre o nosso planeta em redor do eixo; e para um terceiro observador; em outro planeta sujeito a um movimento diferente do da Terra, a pedra descreveria outra linha diferente.
Todas as trajectórias, ou direcções, de um corpo em movimento eram, pois, relativas aos pontos de onde se observava o deslocamento desse corpo. Ainda havia um terceiro factor na relatividade: o tamanho do corpo em movimento. Todos os corpos se contraem ao mover-se: para um observador num comboio em grande velocidade, o comboio é mais comprido que para um observador que o vê da margem férrea; a contracção de um objecto em movimento aumentaria proporcionalmente à velocidade. O espaço, pois, era relativo. E o mesmo se podia dizer do tempo: o passado, o presente e o futuro não passariam de três pontos no tempo, como os três pontos do espaço ocupados, por exemplo, por três cidades.
Segundo Einstein, cientificamente falando, era tão lógico viajar de amanhã para ontem como viajar de Boston para Washington. Se um homem pudesse deslocar-se com uma velocidade superior à da luz, alcançaria o passado e teria data do seu nascimento relegada para o futuro; veria os efeitos antes das causas, e presenciaria os acontecimentos antes que eles sucedessem realmente. Cada planeta possui o seu sistema cronométrico próprio, diferente de todos os outros.
O sistema da Terra, longe de constituir uma medida absoluta do tempo para toda a parte, não passa de uma tabela de movimento do nosso planeta ao redor do Sol. O dia é uma medida de movimento através do espaço. A nossa posição no tempo depende inteiramente da nossa situação no espaço. A luz que nos traz a imagem de uma estrela distante, pode ser a estrela de milhões de anos atrás; um acontecimento ocorrido na Terra há milhares de anos só agora poderia estar sendo presenciado por um observador em outro planeta, que, por conseguinte, o considera como um episódio actual.
O que é hoje no nosso planeta, pode ser ontem num outro planeta, e amanhã em um terceiro, pois o tempo é uma dimensão do espaço, e o espaço é uma dimensão do tempo. Para Einstein, o Universo era uma continuidade espaço-tempo; um dependia do outro. Ambos deviam ser encarados como aspectos coordenados da concepção matemática da realidade.
O mundo não era tridimensional - consistia nas três dimensões do espaço e numa quarta dimensão adicional: o tempo.Mais tarde, concluiu ainda Einstein, sobre os fenómenos gravitacionais, que não existe em baixo nem em cima no Universo, no sentido de que os objectos caíam por serem puxados para baixo na direcção de um centro de gravitação. "O movimento de um corpo deve-se unicamente à tendência da matéria para seguir o caminho de menor resistência".
Os corpos, no espaço escolheriam os caminhos mais fáceis e evitariam os mais difíceis; não havia mais motivo para admitir a existência de uma força de gravitação absoluta. Einstein provou, por meio de uma série de fórmulas matemáticas, a curvatura do espaço, cujo ponto principal da teoria é: a distância mais curta entre dois pontos não é uma linha recta, mas uma, linha curva, pois que o Universo consiste numa série de colinas curvas, e todos os corpos do Universo caminham em redor das ladeiras curvas dessas colinas. Na verdade, não existe movimento em linha recta em nosso Universo.
Um raio de luz, que viaje de uma estrela remota em direcção à Terra, é desviado ao passar pela ladeira do espaço que rodeia o Sol. Einstein calculou matematicamente o ângulo recto desse desvio, que foi revelado correcto no eclipse de 1919. Esse trabalho, fruto de anos intensos de pesquisas, acabou por reafirmar o seu reconhecimento por parte da comunidade científica de mundo todo. A sua influência fez-se sentir em praticamente todos os campos da Física.
Nessa mesma época começavam a se organizar na Alemanha grupos nacionalistas extremistas. O facto de Einstein ser judeu, somado à sua posição contrária à toda forma de nacionalismo e militarismo, e ainda à sua fama mundial, aumentaram a inveja e o ódio dos nazistas, que se organizaram contra ele, sob a égide do físico ultra nacionalista Phillip von Lenard. E as acções desse grupo tornaram-se ainda mais ofensivas após 1921, quando Einstein recebeu o prémio Nobel.
Ele foi ficando cada vez mais alarmado, principalmente após o assassinato de Walter Rathenau, ministro das Relações Exteriores da Alemanha e seu amigo íntimo.Apesar de ter possibilidades de mudar para qualquer outro lugar fora da Alemanha, decidiu permanecer em Berlim para não se afastar do excelente clima científico que lá existia. No entanto, a vitória do partido nazista em 1933, compeliu-o a desistir de continuar em seu país natal. Demitiu-se da Academia Prussiana de Ciências através de carta datada de 28 de Março de 1933. Os seus bens foram confiscados e a cidadania alemã (da qual ele já havia renunciado voluntariamente) foi-lhe retirada.
Durante o ano de 1921, Einstein viajara aos Estados Unidos, onde foi recebido com inigualável entusiasmo. Nenhum monarca reinante havia sido recebido com tão pompa. Milhares de pessoas tinham comparecido às ruas de Nova Iorque para saudá-lo, enquanto desfila num carro aberto, pelas ruas de Nova Iorque. Dez anos mais tarde, as mesmas cenas repetiram-se em Los Angeles, quando Charles Chaplin foi à estação fazer-lhe a recepção e levá-lo através das ruas de Hollywood.
Entre 1925 e 1928, Einstein foi presidente da Universidade Hebraica de Jerusalém. Depois da chegada de Hitler ao poder em 1933, Einstein instala-se definitivamente nos Estados Unidos e aceitou uma posição no Instituto de Estudos Avançados de Princeton. Foi professor de física teórica. Nunca voltaria a viver na Europa.Tornou-se cidadão americano em 1940.
A sua participação no projecto Manhattan foi inteiramente acidental e muito lamentada mais tarde, se bem que o projecto se teria concretizado mesmo sem a sua participação. Em 1939, foi persuadido a escrever uma carta ao presidente Roosevelt, recomendando a aceleração das pesquisas que levariam à criação da bomba atómica. O contexto histórico praticamente o obrigou a tal atitude: os alemães estavam também desenvolvendo idêntico projecto e, se viessem a produzir a bomba antes, os efeitos poderiam ser ainda mais trágicos, do que aquilo que foram. A destruição de Hiroshima pela bomba atómica, porém, constituiu-se no pior dia de sua vida. Em 1945, Einstein reforma-se da carreira universitária.
Em 1952, Ben Gurion, então o primeiro-ministro de Israel, convida Albert Einstein para Presidente do estado de Israel. Einstein agradece mas recusa, alegando que não está à altura do cargo. Uma semana antes da sua morte assinou uma carta, endereçada a Bertrand Russel concordando que o seu nome fosse incluído numa petição exortando todas as nações a abandonar as armas nucleares. Uma posição totalmente diferente da que possuía em 1939, quando defendeu o desenvolvimento da bomba atómica.Einstein sempre pareceu mais velho do que realmente era. A efervescência intelectual esgotou prematuramente suas reservas físicas.
Em 1954, o rápido declínio de suas forças físicas manifestaram-se de forma alarmante. Quando, em Abril de 1955, ele foi transferido para o hospital de Princeton, sentiu que o fim havia chegado. Na manhã de 18 de Abril de 1955, a sua vida extinguiu-se. O seu corpo foi cremado e o seu cérebro (roubado?) doado ao cientista Thomas Harvey, patologista do Hospital de Priceton.
publicado por armando ésse às 12:43
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Março 14 2006

Albert Einstein nasceu em Ulm (Württemberg, sul da Alemanha) no dia 14 de Março de 1879.O seu pai, Hermann Einstein, possuía uma oficina electrotécnica e tinha um grande interesse por tudo que se relacionasse com invenções eléctricas.Foi em Munique que Albert recebeu a sua educação primária e secundária. Quando criança, não apresentava nenhum sinal de genialidade; muito pelo contrário, o seu desenvolvimento deu-se de modo bastante moroso até a idade de nove anos. No entanto, a sua paixão em contemplar os mistérios da Natureza começou muito cedo - aos quatro anos - quando ficou maravilhado com uma bússola que ganhara de presente do pai. "Como é que uma agulha pode se movimentar, flutuando no espaço, sem auxílio de nenhum mecanismo?" - perguntava a si mesmo.Na escola, Albert sentia grande dificuldade para se adaptar às norma rígidas do estudo.
Os professores eram muito autoritários e exigiam que os alunos soubessem tudo de cor. Geografia, História e Francês era os seus grandes suplícios; preferia mais as matérias que exigiam compreensão e raciocínio, tal como a matemática.Fez seus estudos superiores na Escola Politécnica de Zurique e, em 1900, graduou-se em Matemática e em Física. Durante esse período, não chegou a ser um excelente aluno - sobretudo pelo facto de já estar fascinado por algumas questões que o absorviam completamente enquanto que o curso exigia um estudo mais superficial devido ao grande número de matérias que eram ministradas.Nas suas notas autobiográficas, Einstein conta que nessa época ficou tão enfastiado das questões científicas que, logo depois de se formar, passou um ano inteiro sem ler nenhuma das revista especializadas que eram publicadas.
Depois de se formar, Einstein procurou emprego durante muito tempo. Enquanto isso, dedicava algumas horas do dia leccionando numa escola secundária. O emprego que mais queria, o de professor-assistente na sua Universidade, havia-se malogrado.Então, em 1902, Grossmann, um colega de faculdade, consegue-lhe um emprego como técnico especializado no Departamento Oficial de Registro de Patentes de Berna, onde Einstein permaneceu até 1909, quando a Universidade de Zurique convida-o para o cargo de professor.
Em 1907, Einstein tenta obter a Venia Legendi (direito para leccionar em faculdades) na Universidade de Berna. Como dissertação inaugural, apresentou o artigo de 1905 intitulado "Electrodinâmica dos Corpos em Movimento", trabalho que o professor de física experimental recusou e criticou violentamente. Einstein ressentiu-se com o facto que adiava novamente seu ingresso no magistério universitário. No entanto, meses mais tarde, por insistência de seus amigos, tenta novamente e, desta vez é admitido.
Como professor, não era eloquente nas suas exposições, em parte porque não dispunha de tempo para se preparar, e em parte porque não apreciava desempenhar o papel de dono da sabedoria. Alguns alunos sentiam-se atraídos pela sua figura, devido à extrema simplicidade e modéstia que possuía.
Em 1913, o grande físico Max Planck e o celebre físico-químico Walter Nernst visitaram-no pessoalmente, convidando-o para cargo de director de Física do Kaiser Wilhelm Institute, em Berlim. Einstein aceitou! Começa então uma nova fase de realizações na vida de Einstein. A proximidade com Planck, Laue, Rubens e Nernst teve efeito electrizante. As suas pesquisas sobre os fenómenos gravitacionais, puderam ser finalizadas e apresentadas à Academia prussiana de Ciências em 4 de Novembro de 1915, sob o título de Teoria da Relatividade Geral.
Einstein solucionara o problema da harmonia celeste. Segundo ele, todas as tentativas anteriores para esclarecer a estrutura do Universo tinham-se baseado numa suposição falsa: os cientistas julgavam que o que lhes parecia verdadeiro, quando observavam o Universo de sua posição relativa, devia ser verdadeiro para todos os que observam o Universo de todos os outros pontos de vista. Para Einstein, não existia essa verdade absoluta. A mesma paisagem podia ser uma coisa para o transeunte, outra coisa totalmente diferente para o motorista, e ainda outra coisa para o aviador.
A verdade absoluta somente podia ser determinada pela soma de todas as observações relativas.Em oposição à doutrina Newtoniana, Einstein declarava que tudo se achava em movimento (e não que tendem a permanecer em repouso). E explicava que as velocidades dos diversos corpos em movimento no Universo são relativas umas às outras. A única excepção a essa relatividade do movimento, era a velocidade da luz, a maior que conhecemos, constituindo o factor imutável de todas as equações da velocidade relativa dos corpos em movimento.
Além da velocidade a lei da relatividade aplicava-se também à direcção de um corpo em movimento. Por exemplo, ao deixar cair uma pedra do alto de uma torre ao solo, para nós parecerá que caiu em linha recta; para um observador hipotético (pessoa ou instrumento registador) situado no espaço a pedra descreveria uma linha curva, porquanto se registaria não só o movimento da pedra sobre o nosso planeta em redor do eixo; e para um terceiro observador; em outro planeta sujeito a um movimento diferente do da Terra, a pedra descreveria outra linha diferente.
Todas as trajectórias, ou direcções, de um corpo em movimento eram, pois, relativas aos pontos de onde se observava o deslocamento desse corpo. Ainda havia um terceiro factor na relatividade: o tamanho do corpo em movimento. Todos os corpos se contraem ao mover-se: para um observador num comboio em grande velocidade, o comboio é mais comprido que para um observador que o vê da margem férrea; a contracção de um objecto em movimento aumentaria proporcionalmente à velocidade. O espaço, pois, era relativo. E o mesmo se podia dizer do tempo: o passado, o presente e o futuro não passariam de três pontos no tempo, como os três pontos do espaço ocupados, por exemplo, por três cidades.
Segundo Einstein, cientificamente falando, era tão lógico viajar de amanhã para ontem como viajar de Boston para Washington. Se um homem pudesse deslocar-se com uma velocidade superior à da luz, alcançaria o passado e teria data do seu nascimento relegada para o futuro; veria os efeitos antes das causas, e presenciaria os acontecimentos antes que eles sucedessem realmente. Cada planeta possui o seu sistema cronométrico próprio, diferente de todos os outros.
O sistema da Terra, longe de constituir uma medida absoluta do tempo para toda a parte, não passa de uma tabela de movimento do nosso planeta ao redor do Sol. O dia é uma medida de movimento através do espaço. A nossa posição no tempo depende inteiramente da nossa situação no espaço. A luz que nos traz a imagem de uma estrela distante, pode ser a estrela de milhões de anos atrás; um acontecimento ocorrido na Terra há milhares de anos só agora poderia estar sendo presenciado por um observador em outro planeta, que, por conseguinte, o considera como um episódio actual.
O que é hoje no nosso planeta, pode ser ontem num outro planeta, e amanhã em um terceiro, pois o tempo é uma dimensão do espaço, e o espaço é uma dimensão do tempo. Para Einstein, o Universo era uma continuidade espaço-tempo; um dependia do outro. Ambos deviam ser encarados como aspectos coordenados da concepção matemática da realidade.
O mundo não era tridimensional - consistia nas três dimensões do espaço e numa quarta dimensão adicional: o tempo.Mais tarde, concluiu ainda Einstein, sobre os fenómenos gravitacionais, que não existe em baixo nem em cima no Universo, no sentido de que os objectos caíam por serem puxados para baixo na direcção de um centro de gravitação. "O movimento de um corpo deve-se unicamente à tendência da matéria para seguir o caminho de menor resistência".
Os corpos, no espaço escolheriam os caminhos mais fáceis e evitariam os mais difíceis; não havia mais motivo para admitir a existência de uma força de gravitação absoluta. Einstein provou, por meio de uma série de fórmulas matemáticas, a curvatura do espaço, cujo ponto principal da teoria é: a distância mais curta entre dois pontos não é uma linha recta, mas uma, linha curva, pois que o Universo consiste numa série de colinas curvas, e todos os corpos do Universo caminham em redor das ladeiras curvas dessas colinas. Na verdade, não existe movimento em linha recta em nosso Universo.
Um raio de luz, que viaje de uma estrela remota em direcção à Terra, é desviado ao passar pela ladeira do espaço que rodeia o Sol. Einstein calculou matematicamente o ângulo recto desse desvio, que foi revelado correcto no eclipse de 1919. Esse trabalho, fruto de anos intensos de pesquisas, acabou por reafirmar o seu reconhecimento por parte da comunidade científica de mundo todo. A sua influência fez-se sentir em praticamente todos os campos da Física.
Nessa mesma época começavam a se organizar na Alemanha grupos nacionalistas extremistas. O facto de Einstein ser judeu, somado à sua posição contrária à toda forma de nacionalismo e militarismo, e ainda à sua fama mundial, aumentaram a inveja e o ódio dos nazistas, que se organizaram contra ele, sob a égide do físico ultra nacionalista Phillip von Lenard. E as acções desse grupo tornaram-se ainda mais ofensivas após 1921, quando Einstein recebeu o prémio Nobel.
Ele foi ficando cada vez mais alarmado, principalmente após o assassinato de Walter Rathenau, ministro das Relações Exteriores da Alemanha e seu amigo íntimo.Apesar de ter possibilidades de mudar para qualquer outro lugar fora da Alemanha, decidiu permanecer em Berlim para não se afastar do excelente clima científico que lá existia. No entanto, a vitória do partido nazista em 1933, compeliu-o a desistir de continuar em seu país natal. Demitiu-se da Academia Prussiana de Ciências através de carta datada de 28 de Março de 1933. Os seus bens foram confiscados e a cidadania alemã (da qual ele já havia renunciado voluntariamente) foi-lhe retirada.
Durante o ano de 1921, Einstein viajara aos Estados Unidos, onde foi recebido com inigualável entusiasmo. Nenhum monarca reinante havia sido recebido com tão pompa. Milhares de pessoas tinham comparecido às ruas de Nova Iorque para saudá-lo, enquanto desfila num carro aberto, pelas ruas de Nova Iorque. Dez anos mais tarde, as mesmas cenas repetiram-se em Los Angeles, quando Charles Chaplin foi à estação fazer-lhe a recepção e levá-lo através das ruas de Hollywood.
Entre 1925 e 1928, Einstein foi presidente da Universidade Hebraica de Jerusalém. Depois da chegada de Hitler ao poder em 1933, Einstein instala-se definitivamente nos Estados Unidos e aceitou uma posição no Instituto de Estudos Avançados de Princeton. Foi professor de física teórica. Nunca voltaria a viver na Europa.Tornou-se cidadão americano em 1940.
A sua participação no projecto Manhattan foi inteiramente acidental e muito lamentada mais tarde, se bem que o projecto se teria concretizado mesmo sem a sua participação. Em 1939, foi persuadido a escrever uma carta ao presidente Roosevelt, recomendando a aceleração das pesquisas que levariam à criação da bomba atómica. O contexto histórico praticamente o obrigou a tal atitude: os alemães estavam também desenvolvendo idêntico projecto e, se viessem a produzir a bomba antes, os efeitos poderiam ser ainda mais trágicos, do que aquilo que foram. A destruição de Hiroshima pela bomba atómica, porém, constituiu-se no pior dia de sua vida. Em 1945, Einstein reforma-se da carreira universitária.
Em 1952, Ben Gurion, então o primeiro-ministro de Israel, convida Albert Einstein para Presidente do estado de Israel. Einstein agradece mas recusa, alegando que não está à altura do cargo. Uma semana antes da sua morte assinou uma carta, endereçada a Bertrand Russel concordando que o seu nome fosse incluído numa petição exortando todas as nações a abandonar as armas nucleares. Uma posição totalmente diferente da que possuía em 1939, quando defendeu o desenvolvimento da bomba atómica.Einstein sempre pareceu mais velho do que realmente era. A efervescência intelectual esgotou prematuramente suas reservas físicas.
Em 1954, o rápido declínio de suas forças físicas manifestaram-se de forma alarmante. Quando, em Abril de 1955, ele foi transferido para o hospital de Princeton, sentiu que o fim havia chegado. Na manhã de 18 de Abril de 1955, a sua vida extinguiu-se. O seu corpo foi cremado e o seu cérebro (roubado?) doado ao cientista Thomas Harvey, patologista do Hospital de Priceton.
publicado por armando ésse às 12:43
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Março 13 2006

Irreverentemente com a língua de fora, Einstein surge nesta fotografia a brincar com todos nós. Na altura, a 14 de Março de 1951, já ocupava o panteão dos famosíssimos e uma foto destas só podia estar destinada à galeria das mais célebres.
A história por trás desta imagem, tirada faz amanhã 55 anos, revela que não foi encenada. Einstein, tinha ido à noite comemorar os 72 anos ao Princeton Club, na cidade de Princeton, em Nova Jérsia, Estados Unidos da América.
No fim da festa, um amigo ofereceu-se para o levar a casa, à porta do clube, um batalhão de jornalistas esperava Einstein. “Para “bater uma última chapa”, Art Sasse, da International News Photos, deixou que os colegas passassem à sua frente e, quando Einstein já estava sentando no interior do automóvel, com a porta aberta, gritou: “Ei, professor, sorria para a sua foto de aniversário, sim?” “Num relâmpago, Einstein virou-se para ele - e mostrou-lhe a língua. A máquina disparou e o carro partiu...”
Os colegas de Art Sasse nunca pensaram que a foto fosse publicada. Na verdade, não foi nada pacífica a decisão de publicá-la. Publicar a foto da rebeldia inesperada do físico acabou por traduzir-se na expressão máxima de Einstein enquanto ícone Pop.
Einstein gostou tanto da foto que pediu nove provas para si e autografou outra, que ofereceu a Sasse. E todos puderam ver uma parte do génio que até aí não se tinha visto. Era divertido, simpático e tinha sentido de humor.
Adaptado da Pública.
publicado por armando ésse às 13:41
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Março 13 2006

Irreverentemente com a língua de fora, Einstein surge nesta fotografia a brincar com todos nós. Na altura, a 14 de Março de 1951, já ocupava o panteão dos famosíssimos e uma foto destas só podia estar destinada à galeria das mais célebres.
A história por trás desta imagem, tirada faz amanhã 55 anos, revela que não foi encenada. Einstein, tinha ido à noite comemorar os 72 anos ao Princeton Club, na cidade de Princeton, em Nova Jérsia, Estados Unidos da América.
No fim da festa, um amigo ofereceu-se para o levar a casa, à porta do clube, um batalhão de jornalistas esperava Einstein. “Para “bater uma última chapa”, Art Sasse, da International News Photos, deixou que os colegas passassem à sua frente e, quando Einstein já estava sentando no interior do automóvel, com a porta aberta, gritou: “Ei, professor, sorria para a sua foto de aniversário, sim?” “Num relâmpago, Einstein virou-se para ele - e mostrou-lhe a língua. A máquina disparou e o carro partiu...”
Os colegas de Art Sasse nunca pensaram que a foto fosse publicada. Na verdade, não foi nada pacífica a decisão de publicá-la. Publicar a foto da rebeldia inesperada do físico acabou por traduzir-se na expressão máxima de Einstein enquanto ícone Pop.
Einstein gostou tanto da foto que pediu nove provas para si e autografou outra, que ofereceu a Sasse. E todos puderam ver uma parte do génio que até aí não se tinha visto. Era divertido, simpático e tinha sentido de humor.
Adaptado da Pública.
publicado por armando ésse às 13:41
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Março 11 2006

Slobodan Milosevic nasceu em Pozarevac, na Sérvia, no dia 20 de Agosto de 1941, filho de professores de Teologia. Advogado de formação, foi administrador da companhia nacional sérvia de gás e banqueiro nos EUA, antes de enveredar pela política.
Até Abril de 1987, Slobodan Milosevic não passava de um obscuro protegido de Ivan Stambolic, o ex. Presidente da República Sérvia. Mas quando a polícia de choque da província do Kosovo atacou uma série de Sérvios que se preparavam para participar num encontro político nesse dia de Abril, Milosevic assistiu a tudo numa varanda perto do local e declarou: "Ninguém tem o direito de vos bater. Ninguém vos vai voltar a bater; nunca mais!" As suas palavras transformaram - se num grito de batalha para os Sérvios, a nacionalidade maioritária nas duas repúblicas Jugoslavas. Cinco meses mais tarde, Milosevic derrubou Stambolic, o seu ex – amigo e mentor. Em 1989 assumiu as funções de presidente. Pouco tempo depois retirou ao Kosovo o seu estatuto de autonomia.
O seu objectivo aparente era a criação de uma Jugoslávia dominada pela Sérvia, consigo na liderança. Assumiu o controlo firme dos meios de comunicação social e assumiu uma posição intolerante relativamente às críticas que lhe são dirigidas. Mas à medida que o comunismo se enterrava em toda a Europa de Leste, as repúblicas Jugoslavas iniciaram os seus próprios processos independentistas.
Os esforços brutais de Milosevic de continuar a reinar sobre essas províncias agira independentes, acenderam conflitos sangrentos na Bósnia e na Croácia, e garantiram - lhe a alcunha de "O Carniceiro dos Balcãs". Muitos especialistas especulam que Milosevic- cujos pais e um tio cometeram suicídio - pode ter distúrbios mentais. A pressão internacional através da aviação da NATO e das sanções forçou Milosevic a aceitar as repúblicas, participando inclusivamente nas conversações de paz que, em 1995, puseram termo ao conflito.Mas durante os três anos sem guerra, o líder Sérvio viu que a sua base de apoio diminuía a olhos vistos. Diversos protestos estudantis tiveram início em Novembro de 1996, após Milosevic ter ordenado a anulação das eleições ganhas pela oposição.
Depois, em Fevereiro de 1998, nova guerra étnica explodiu no Kosovo, motivada pelo desejo dos Kosovares em retomarem a sua autonomia e à exigência de reformas diversas. Milosevic foi diversas vezes acusado de apoiar acções de "limpeza étnica", pelo menos 2000 pessoas foram mortas e mais de 400 mil obrigadas a abandonar as suas casas. Após a recusa de Milosevic em cumprir as exigências da NATO e dos Estados Unidos, as duas forças lançaram diversos ataques aéreos contra a Jugoslávia em Março de 1999. Extremamente popular entre os Sérvios, Milosevic parecia não ter qualquer intenção em alterar o seu modo de agir e muito menos de abandonar o poder.
Mas em Outubro de 2000, dá – se a reviravolta, na sequência da derrota eleitoral que Milosevic não quer aceitar, um levantamento popular provoca o afastamento de Milosevic do poder. O ex- presidente retira - se para a sua luxuosa "villa" em Belgrado. O Presidente Kostunica, que lhe sucede, recusa - se a entregar Milosevic ao Tribunal Internacional de Crimes de Guerra, em Haia. A 1 de Abril de 2001, Milosevic é detido pelas autoridades Sérvias, sob acusações de abuso do poder e peculato. Durante a noite, é entregue a militares Holandeses da ONU que o levaram para Haia, para ser julgado, sobre a acusação de ter praticado, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio pelo seu papel nas guerras na Croácia e Bósnia (1991-1995) e no Kosovo (1998-1999) e nomeadamente, o massacre de
Srebrenica*, considerado o pior massacre ocorrido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O julgamento de Milosevic no Tribunal Penal Internacional, começou em 12 de Fevereiro de 2002 e a sua conclusão vinha sofrendo vários atrasos por causa dos problemas de saúde do ex-presidente.
Morreu hoje, 11 de Março 2006, na prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia. O Tribunal afirmou que ele foi encontrado morto na sua cela na manhã deste sábado, não se sabendo ainda, qual foi a causa da morte.O TPI ordenou a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias da sua morte.

*O Massacre de Srebrenica


Quando em 11 de Julho de 1995, Srebrenica foi conquistada pelas forças sérvias comandadas por Ratko Mladic (um dos mais procurados suspeitos do conflito na Bósnia, acusado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex. Jugoslávia de genocídio e outros crimes contra a humanidade), cerca de 15 mil muçulmanos conseguem fugir para as montanhas. Outros 25 mil tentam refugiar-se na base do contingente holandês, em Potocari. Cerca de cinco mil conseguem entrar, antes de os holandeses fecharem os portões. Os refugiados encontravam-se sob a protecção de 450 capacetes azuis holandeses naquela que foi decretada “zona de segurança” pelas Nações Unidas. O bombardeamento das posições sérvias, naquele dia, por parte da aviação holandesa, teve que ser suspenso, porque as forças comandadas por Ratko Mladic ameaçaram assassinar os 30 capacetes azuis que tinham sequestrado, deixando os soldados da ONU a assistir, impotentes, à separação dos refugiados por parte das forças sérvias. Mulheres e crianças para um lado, homens e rapazes para outro. As mulheres são metidas em autocarros e enviadas para território sob controlo muçulmano. Os outros, com idades entre os 12 e os 92 anos, sim, entre 12 e 92 anos, seguem para a morte. Cerca de oito mil muçulmanos foram executados sumariamente pelas forças sérvias nos dias seguintes, em Srebrenica, naquele que foi o pior massacre na Europa desde a II Guerra Mundial.
publicado por armando ésse às 11:59
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Março 11 2006

Slobodan Milosevic nasceu em Pozarevac, na Sérvia, no dia 20 de Agosto de 1941, filho de professores de Teologia. Advogado de formação, foi administrador da companhia nacional sérvia de gás e banqueiro nos EUA, antes de enveredar pela política.
Até Abril de 1987, Slobodan Milosevic não passava de um obscuro protegido de Ivan Stambolic, o ex. Presidente da República Sérvia. Mas quando a polícia de choque da província do Kosovo atacou uma série de Sérvios que se preparavam para participar num encontro político nesse dia de Abril, Milosevic assistiu a tudo numa varanda perto do local e declarou: "Ninguém tem o direito de vos bater. Ninguém vos vai voltar a bater; nunca mais!" As suas palavras transformaram - se num grito de batalha para os Sérvios, a nacionalidade maioritária nas duas repúblicas Jugoslavas. Cinco meses mais tarde, Milosevic derrubou Stambolic, o seu ex – amigo e mentor. Em 1989 assumiu as funções de presidente. Pouco tempo depois retirou ao Kosovo o seu estatuto de autonomia.
O seu objectivo aparente era a criação de uma Jugoslávia dominada pela Sérvia, consigo na liderança. Assumiu o controlo firme dos meios de comunicação social e assumiu uma posição intolerante relativamente às críticas que lhe são dirigidas. Mas à medida que o comunismo se enterrava em toda a Europa de Leste, as repúblicas Jugoslavas iniciaram os seus próprios processos independentistas.
Os esforços brutais de Milosevic de continuar a reinar sobre essas províncias agira independentes, acenderam conflitos sangrentos na Bósnia e na Croácia, e garantiram - lhe a alcunha de "O Carniceiro dos Balcãs". Muitos especialistas especulam que Milosevic- cujos pais e um tio cometeram suicídio - pode ter distúrbios mentais. A pressão internacional através da aviação da NATO e das sanções forçou Milosevic a aceitar as repúblicas, participando inclusivamente nas conversações de paz que, em 1995, puseram termo ao conflito.Mas durante os três anos sem guerra, o líder Sérvio viu que a sua base de apoio diminuía a olhos vistos. Diversos protestos estudantis tiveram início em Novembro de 1996, após Milosevic ter ordenado a anulação das eleições ganhas pela oposição.
Depois, em Fevereiro de 1998, nova guerra étnica explodiu no Kosovo, motivada pelo desejo dos Kosovares em retomarem a sua autonomia e à exigência de reformas diversas. Milosevic foi diversas vezes acusado de apoiar acções de "limpeza étnica", pelo menos 2000 pessoas foram mortas e mais de 400 mil obrigadas a abandonar as suas casas. Após a recusa de Milosevic em cumprir as exigências da NATO e dos Estados Unidos, as duas forças lançaram diversos ataques aéreos contra a Jugoslávia em Março de 1999. Extremamente popular entre os Sérvios, Milosevic parecia não ter qualquer intenção em alterar o seu modo de agir e muito menos de abandonar o poder.
Mas em Outubro de 2000, dá – se a reviravolta, na sequência da derrota eleitoral que Milosevic não quer aceitar, um levantamento popular provoca o afastamento de Milosevic do poder. O ex- presidente retira - se para a sua luxuosa "villa" em Belgrado. O Presidente Kostunica, que lhe sucede, recusa - se a entregar Milosevic ao Tribunal Internacional de Crimes de Guerra, em Haia. A 1 de Abril de 2001, Milosevic é detido pelas autoridades Sérvias, sob acusações de abuso do poder e peculato. Durante a noite, é entregue a militares Holandeses da ONU que o levaram para Haia, para ser julgado, sobre a acusação de ter praticado, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio pelo seu papel nas guerras na Croácia e Bósnia (1991-1995) e no Kosovo (1998-1999) e nomeadamente, o massacre de
Srebrenica*, considerado o pior massacre ocorrido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O julgamento de Milosevic no Tribunal Penal Internacional, começou em 12 de Fevereiro de 2002 e a sua conclusão vinha sofrendo vários atrasos por causa dos problemas de saúde do ex-presidente.
Morreu hoje, 11 de Março 2006, na prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia. O Tribunal afirmou que ele foi encontrado morto na sua cela na manhã deste sábado, não se sabendo ainda, qual foi a causa da morte.O TPI ordenou a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias da sua morte.

*O Massacre de Srebrenica


Quando em 11 de Julho de 1995, Srebrenica foi conquistada pelas forças sérvias comandadas por Ratko Mladic (um dos mais procurados suspeitos do conflito na Bósnia, acusado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex. Jugoslávia de genocídio e outros crimes contra a humanidade), cerca de 15 mil muçulmanos conseguem fugir para as montanhas. Outros 25 mil tentam refugiar-se na base do contingente holandês, em Potocari. Cerca de cinco mil conseguem entrar, antes de os holandeses fecharem os portões. Os refugiados encontravam-se sob a protecção de 450 capacetes azuis holandeses naquela que foi decretada “zona de segurança” pelas Nações Unidas. O bombardeamento das posições sérvias, naquele dia, por parte da aviação holandesa, teve que ser suspenso, porque as forças comandadas por Ratko Mladic ameaçaram assassinar os 30 capacetes azuis que tinham sequestrado, deixando os soldados da ONU a assistir, impotentes, à separação dos refugiados por parte das forças sérvias. Mulheres e crianças para um lado, homens e rapazes para outro. As mulheres são metidas em autocarros e enviadas para território sob controlo muçulmano. Os outros, com idades entre os 12 e os 92 anos, sim, entre 12 e 92 anos, seguem para a morte. Cerca de oito mil muçulmanos foram executados sumariamente pelas forças sérvias nos dias seguintes, em Srebrenica, naquele que foi o pior massacre na Europa desde a II Guerra Mundial.
publicado por armando ésse às 11:59
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Março 10 2006

Na recente visita à Finlândia, José Sócrates relançou o debate da Constituição Europeia com vista à colocação dos referendos na agenda política. Aproveitando a ocasião da tomada de posse do novo Presidente da República, que tem a responsabilidade de marcar as datas, é importante tecer algumas considerações que devem ser analisadas antes de o fazerem, nomeadamente avaliar o estado da Europa do ponto de vista social.
Na altura dos primeiros “nãos” (França e Holanda), que obrigaram a adiar os restantes referendos, a situação social não era muito favorável e, como contínua tudo na mesma (crises económicas e desemprego), é elucidativo que o caminho seguido não é aquele que mais defende as pessoas. Se mais nenhuma conclusão se retirasse destes resultados, claramente, não foi julgada a constituição mas sim as opções políticas adoptadas.
Os motivos estarão fundamentalmente relacionados com a forma desumanizada como decorre a globalização, entrada da China na organização mundial do comércio (OMC) e o alargamento da Europa, factos que levantam questões de importância vital e que impõe ás pessoas preocupações com o seu futuro imediato e, mais importante, no meu ponto de vista, com o das gerações vindouras. Nem todas as questões resultantes destes acontecimentos foram esclarecidas de maneira satisfatória por quem tem a obrigação de o fazer, cuja responsabilidade não termina na divulgação da sua própria opção e crença no ideal europeu.
Mais importante é garantir que aquilo que as sucessivas gerações lutaram para colocar a Europa na vanguarda dos direitos humanos, na equitativa distribuição da riqueza e nos sistemas de protecção social, ou seja, o nosso modelo civilizacional, não passou de momentos de radicalismo revolucionário condenado ao fracasso e ao retorno cíclico ao passado. Assim, tenho reservas sobre a constituição e o carácter de inevitabilidade atribuído ás causas, reservas que facilmente se enquadram ao articular o passado e o presente do nosso Continente.
Nos finais do século XIX princípio do século XX, os regimes oligárquicos e monarquias eram os sistemas sociais dominantes, absolutamente despóticos onde, distintamente, existiam dois tipos de pessoas, os todo-poderosos e os nada poderosos, conjugado com dois sistemas sociais em que uma maioria absolutamente esmagadora vivia na mais vil miséria e uma minoria no mais ostensivo luxo, que era o resultado da exploração, que durou séculos, dos mais fracos e oprimidos. Em estreita ligação coexistiam sistemas justiça, saúde e educação com igual distribuição e, principalmente no que à justiça diz respeito, quando se verificava algum insólito cruzamento de classes sociais, o regime vigente impunha, invariavelmente, aos mais fracos a lei do mais forte.
Estes comportamentos perduraram durante séculos até que as injustiças inerentes ao absoluto despotismo das oligarquias europeias foram de tal maneira insuportáveis, que o povo se revoltou. Este pensamento de liberdade e igualdade foi, progressivamente, transmitido ás pessoas por alguns visionários, até ter imbuído todos num espírito de comunhão. Depois disto nunca mais nada foi igual, os sistemas sociais foram progressivamente sendo mais justos, onde todos ou quase todos (também não sou totalmente ingénuo) têm a oportunidade de fazer chegar a sua voz a quem tem o poder de decidir.
No entanto, todas estas conquistas estão neste momento a ser barbaramente subvertidas e, com isto, os líderes europeus parecem-me, nesta fase, com problemas graves de memória. O mesmo povo que obteve pelas suas lutas os seus direitos e que os elegeu, (as eleições também são uma das consequências das revoluções) está a ver as suas expectativas defraudadas pelas opções políticas dos seus eleitos que, objectivamente, se esqueceram deles.
Aqui é que reside o busílis destas questões, a entrada da China na OMC põe em causa todos os direitos adquiridos, cujas lutas para os conseguir custaram tanto a tantas pessoas. A Europa vive neste momento o seu momento de maior hipocrisia. A deslocalização das empresas para países deste género, mais não é do que escravatura financiada por aqueles que um dia lutaram contra ela. Mais grave ainda é recordar a intoxicação da opinião pública de campanhas contra o trabalho infantil e os governantes europeus a não tomarem medidas para impedir a entrada de produtos fabricados por crianças escravas. Onde fica a autoridade moral?
Com efeito, em vez de todos vivermos cada vez melhor, todos viveremos cada vez pior, pois a deslocalização das empresas para locais com mão-de-obra escrava, eu sublinho, escrava criará, inevitavelmente, uma crise social nos locais onde ela não o é, fazendo ressurgir com toda a força o instinto de auto preservação nas pessoas, retirando-lhes todas a capacidade reivindicativa.
Claro que isto apenas se manterá até certo ponto, pois será inevitável o reaparecimento das revoluções que tornarão o mundo de tal forma caótico, numa espécie de ressaca da visão estritamente economicista dos actuais líderes mundiais. Significa isto que estamos neste momento a viver uma espécie de clima pré-revolucionário, pois é expectável o reaparecimento de estruturações socais em tudo igual ás que levaram ás anteriores revoluções.
O que se reconhece neste momento é que as ditaduras políticas da altura estão a ser substituídas pelas ditaduras do dinheiro e do lucro, o que constitui um factor de opressão que, como então, obrigará a levantamentos populares. Este ressurgimento implicará necessariamente grandes convulsões nos paradigmas sociais, para o bem ou para o mal. O mais espantoso de tudo disto é que o único argumento que ouvi dos que a defendem, foi que a globalização é inevitável, como se as decisões fossem tomadas por máquinas e não por seres humanos. Como se as coisas não pudessem ser feitas de outra maneira.
O que me parece é que os donos do dinheiro querem é estender os seus tentáculos até aos mercados ainda não explorados e ninguém tem força para os deter, ou seja, estando mais interessados e ávidos pelos lucros que se obterão com a escravatura e a exploração de outros seres humanos do que com a manutenção dos nossos direitos. É óbvio que estamos a competir com países onde não existem direitos. Assim, uma vez que a Europa tem, indiscutivelmente, o melhor sistema social, para se entrar no nosso mercado deveríamos obrigar os outros a dar aos seus trabalhadores os mesmos direitos e impor os restantes custos sociais da mesma forma.
A mesma trupe que promove esta cruzada pelo lucro a qualquer preço, não está absolutamente nada interessada nos restantes seres humanos, pois serão os mesmos que a, breve prazo, continuarão a viver principescamente rodeados pelo crescente número de indigentes, criminosos, em resumo, por todo tipo de pragas sociais, num incessante caminhar para as sociedades em tudo iguais à da América latina.
O exemplo mais evidente é o do nosso país. A ser verdade que resultarão mais quinhentos mil desempregados dos sectores dos têxteis e do calçado será, naturalmente, o caos social. Assim, estamos à beira de o nosso país se tornar um local onde o futuro é em cada minuto uma luta pela sobrevivência onde, progressivamente, caminharemos para uma inexorável desumanização própria dos primórdios da era moderna.
Tudo isto aparenta ser uma representação permanente e cínica, a julgar pela aceitação aparentemente tácita de tudo o que implicam estas modificações sociais. O resultado será, provavelmente, a destruição do modelo civilizacional da Europa.

Filipe Pinto.
publicado por armando ésse às 09:02

Março 10 2006

Na recente visita à Finlândia, José Sócrates relançou o debate da Constituição Europeia com vista à colocação dos referendos na agenda política. Aproveitando a ocasião da tomada de posse do novo Presidente da República, que tem a responsabilidade de marcar as datas, é importante tecer algumas considerações que devem ser analisadas antes de o fazerem, nomeadamente avaliar o estado da Europa do ponto de vista social.
Na altura dos primeiros “nãos” (França e Holanda), que obrigaram a adiar os restantes referendos, a situação social não era muito favorável e, como contínua tudo na mesma (crises económicas e desemprego), é elucidativo que o caminho seguido não é aquele que mais defende as pessoas. Se mais nenhuma conclusão se retirasse destes resultados, claramente, não foi julgada a constituição mas sim as opções políticas adoptadas.
Os motivos estarão fundamentalmente relacionados com a forma desumanizada como decorre a globalização, entrada da China na organização mundial do comércio (OMC) e o alargamento da Europa, factos que levantam questões de importância vital e que impõe ás pessoas preocupações com o seu futuro imediato e, mais importante, no meu ponto de vista, com o das gerações vindouras. Nem todas as questões resultantes destes acontecimentos foram esclarecidas de maneira satisfatória por quem tem a obrigação de o fazer, cuja responsabilidade não termina na divulgação da sua própria opção e crença no ideal europeu.
Mais importante é garantir que aquilo que as sucessivas gerações lutaram para colocar a Europa na vanguarda dos direitos humanos, na equitativa distribuição da riqueza e nos sistemas de protecção social, ou seja, o nosso modelo civilizacional, não passou de momentos de radicalismo revolucionário condenado ao fracasso e ao retorno cíclico ao passado. Assim, tenho reservas sobre a constituição e o carácter de inevitabilidade atribuído ás causas, reservas que facilmente se enquadram ao articular o passado e o presente do nosso Continente.
Nos finais do século XIX princípio do século XX, os regimes oligárquicos e monarquias eram os sistemas sociais dominantes, absolutamente despóticos onde, distintamente, existiam dois tipos de pessoas, os todo-poderosos e os nada poderosos, conjugado com dois sistemas sociais em que uma maioria absolutamente esmagadora vivia na mais vil miséria e uma minoria no mais ostensivo luxo, que era o resultado da exploração, que durou séculos, dos mais fracos e oprimidos. Em estreita ligação coexistiam sistemas justiça, saúde e educação com igual distribuição e, principalmente no que à justiça diz respeito, quando se verificava algum insólito cruzamento de classes sociais, o regime vigente impunha, invariavelmente, aos mais fracos a lei do mais forte.
Estes comportamentos perduraram durante séculos até que as injustiças inerentes ao absoluto despotismo das oligarquias europeias foram de tal maneira insuportáveis, que o povo se revoltou. Este pensamento de liberdade e igualdade foi, progressivamente, transmitido ás pessoas por alguns visionários, até ter imbuído todos num espírito de comunhão. Depois disto nunca mais nada foi igual, os sistemas sociais foram progressivamente sendo mais justos, onde todos ou quase todos (também não sou totalmente ingénuo) têm a oportunidade de fazer chegar a sua voz a quem tem o poder de decidir.
No entanto, todas estas conquistas estão neste momento a ser barbaramente subvertidas e, com isto, os líderes europeus parecem-me, nesta fase, com problemas graves de memória. O mesmo povo que obteve pelas suas lutas os seus direitos e que os elegeu, (as eleições também são uma das consequências das revoluções) está a ver as suas expectativas defraudadas pelas opções políticas dos seus eleitos que, objectivamente, se esqueceram deles.
Aqui é que reside o busílis destas questões, a entrada da China na OMC põe em causa todos os direitos adquiridos, cujas lutas para os conseguir custaram tanto a tantas pessoas. A Europa vive neste momento o seu momento de maior hipocrisia. A deslocalização das empresas para países deste género, mais não é do que escravatura financiada por aqueles que um dia lutaram contra ela. Mais grave ainda é recordar a intoxicação da opinião pública de campanhas contra o trabalho infantil e os governantes europeus a não tomarem medidas para impedir a entrada de produtos fabricados por crianças escravas. Onde fica a autoridade moral?
Com efeito, em vez de todos vivermos cada vez melhor, todos viveremos cada vez pior, pois a deslocalização das empresas para locais com mão-de-obra escrava, eu sublinho, escrava criará, inevitavelmente, uma crise social nos locais onde ela não o é, fazendo ressurgir com toda a força o instinto de auto preservação nas pessoas, retirando-lhes todas a capacidade reivindicativa.
Claro que isto apenas se manterá até certo ponto, pois será inevitável o reaparecimento das revoluções que tornarão o mundo de tal forma caótico, numa espécie de ressaca da visão estritamente economicista dos actuais líderes mundiais. Significa isto que estamos neste momento a viver uma espécie de clima pré-revolucionário, pois é expectável o reaparecimento de estruturações socais em tudo igual ás que levaram ás anteriores revoluções.
O que se reconhece neste momento é que as ditaduras políticas da altura estão a ser substituídas pelas ditaduras do dinheiro e do lucro, o que constitui um factor de opressão que, como então, obrigará a levantamentos populares. Este ressurgimento implicará necessariamente grandes convulsões nos paradigmas sociais, para o bem ou para o mal. O mais espantoso de tudo disto é que o único argumento que ouvi dos que a defendem, foi que a globalização é inevitável, como se as decisões fossem tomadas por máquinas e não por seres humanos. Como se as coisas não pudessem ser feitas de outra maneira.
O que me parece é que os donos do dinheiro querem é estender os seus tentáculos até aos mercados ainda não explorados e ninguém tem força para os deter, ou seja, estando mais interessados e ávidos pelos lucros que se obterão com a escravatura e a exploração de outros seres humanos do que com a manutenção dos nossos direitos. É óbvio que estamos a competir com países onde não existem direitos. Assim, uma vez que a Europa tem, indiscutivelmente, o melhor sistema social, para se entrar no nosso mercado deveríamos obrigar os outros a dar aos seus trabalhadores os mesmos direitos e impor os restantes custos sociais da mesma forma.
A mesma trupe que promove esta cruzada pelo lucro a qualquer preço, não está absolutamente nada interessada nos restantes seres humanos, pois serão os mesmos que a, breve prazo, continuarão a viver principescamente rodeados pelo crescente número de indigentes, criminosos, em resumo, por todo tipo de pragas sociais, num incessante caminhar para as sociedades em tudo iguais à da América latina.
O exemplo mais evidente é o do nosso país. A ser verdade que resultarão mais quinhentos mil desempregados dos sectores dos têxteis e do calçado será, naturalmente, o caos social. Assim, estamos à beira de o nosso país se tornar um local onde o futuro é em cada minuto uma luta pela sobrevivência onde, progressivamente, caminharemos para uma inexorável desumanização própria dos primórdios da era moderna.
Tudo isto aparenta ser uma representação permanente e cínica, a julgar pela aceitação aparentemente tácita de tudo o que implicam estas modificações sociais. O resultado será, provavelmente, a destruição do modelo civilizacional da Europa.

Filipe Pinto.
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