A FÁBRICA

Março 03 2006


Antes de iniciar a leitura deste texto e para melhor se enquadrar aquilo que pretendo dizer com estas humildes palavras sugiro uma leitura da frase de abertura deste Blog, essa sim de uma profundidade só ao alcance dos imortais. E John Stuart Mill é de facto um imortal. Considerado em alguns círculos como o ser humano mais inteligente que já alguma vez viveu, deixa-nos este brilhante pensamento que deveria ser um dos lemas do desenvolvimento humanitário. Curvo-me perante a grandeza.
Na semana passada aconteceu algo que nos deveria levar a questionar a forma como são educadas algumas crianças, nomeadamente, as que o são nas instituições e, neste caso, de dirigentes com ligações à Igreja Católica. Um homem que era homossexual, transsexual, toxicodependente e sem-abrigo, atributos marcadamente estigmatizadas pela sociedade em que vivemos, foi abominavelmente assassinado por um grupo de jovens. A maldade do acto é de uma dimensão impensável. As sovas. A tortura sádica. O abandono. O regresso para a estocada final.
É importante discutir agora algumas das possíveis causas para este actos. Partindo do princípio que o nosso pensamento gravita em torno do bem e do mal, o que diferencia as pessoas é a sua consciência. É elucidativo disto mesmo que os grandes escritores, ao conceberem as suas personagens, consigam por em evidência as características e as acções de quem está num e noutro campo, sem maniqueísmos, uma vez que são arquétipos do mundo real.
Shakespeare, expoente máximo da literatura e drama do século XVI, descreveu a alma humana em todas as suas cambiantes e, numa das adaptações das suas peças ao cinema (Titus Andronicus com Anthony Hopkins), fiquei manifestamente perturbado com uma das cenas. O enredo é uma sucessão de vinganças em que, a determinada altura, a filha do herói é raptada. Quando o pai a encontra, esta está prostrada no que restava de um tronco de uma árvore cortada, com ramos no lugar das mãos decepadas.
É fácil, por isso, inferir que a maldade não exclusiva de quem a pratica mas é transversal ao pensamento de todos e a diferença reside no desenvolvimento de uma consciência, pelas referências que nos vão surgindo no nosso percurso de vida e nos levam num ou noutro caminho. Além disso, o ser humano tende a desenvolver estratégias de auto-desculpabilização para os actos que comete como se estes fossem apenas e só uma consequência de uma qualquer influência externa.
Estes jovens encaixam perfeitamente no perfil traçado anteriormente. Se concordarmos que as referências fazem toda a diferença vejamos então o mundo em que a sua mentalidade, a sua personalidade se vai formando no que a este assunto diz respeito. É a politica vigente e o pensamento dominante na Igreja Católica relativamente a este assunto, traduzida pela voz de alguns dos seus mais proeminentes representantes, que se comenta seguidamente:
A homossexualidade é uma doença – Nuno Serras Pereira – Padre Franciscano, na revista Sábado.
Não me sinto com competência técnica para avaliar a validade desta afirmação. Todavia, merece algumas considerações, até pelo contexto em que ela o foi proferida. É claro que esta minha análise, como qualquer outra opinião, tem o direito de ser expressada. E, também, contestada. A utilização da palavra doença é um desrespeito pelos que estão efectivamente doentes, e que querem deixar de o estar, atribuindo à palavra mesmo uma conotação pejorativa, como se estes fossem os leprosos da era moderna.

Não é necessário grande esforço de memória para demonstrar que, sendo homossexuais, existiram seres humanos que foram, são e serão faróis da humanidade (para se compreender mais facilmente, evoco o nome de Leonardo da Vinci), cujo brilhantismo e criatividade são os único e verdadeiros milagres à face da Terra. Não necessitam de ter uma vida austera, auto flagelante, de sacrifico inútil para depois uma qualquer comissão científica nada independente os elevar ao estatuto de santos ou beatos. Ao contrário, durante muitos séculos, os homens da religião foram os buracos negros da humanidade, sorvendo tudo o que os rodeava e impedindo a sua evolução.
Por outro lado, na mesma medida, o celibato pode ser considerado uma doença. Uma negação dos instintos humanos da mesma forma que um homossexual negaria os seus. Mas, sendo uma opção de vida, não é susceptível de julgamento, sendo a frase anterior completamente desprovida de propósito, a menos que os celibatários (se é que os há) considerem a sua situação imbuída de alguma espécie de supremacia moral.
E já que falamos em algumas contradições, o apelo contínuo à elevação espiritual em simultâneo com a redução do ser humano ao ser biológico, cuja função sexual deveria servir apenas para a reprodução, sempre imbuída numa aura pecaminosa, quando é, indiscutivelmente, uma das componentes mais importante do equilíbrio emocional. Continuam a defender esta posição mesmo sabendo a grande maioria dos católicos não tem esta perspectiva de vida, nem esta redutora concepção de ser humano.
É pior o Aborto do que a violação de uma criança. – Não me lembro do nome de quem fez esta afirmação, mas estava num Jornal.
Pior que a quantificação dos actos, vota quem foi vítima de abuso sexual a um caso de somenos importância. Nem sequer consigo começar a imaginar como estas pessoas estão afectadas psicologicamente, como estão condicionadas durante toda a sua existência por feridas que nunca cicatrizam. A redução da dimensão de uma agressão à inocência infantil, que tem dolorosos e castrantes efeitos, é inqualificável.
O cardeal D. José saraiva Martins, perfeito para a congregação da causa dos santos, em entrevista às televisões, sobre o casamento de homossexuais e a adopção de crianças por parte destes casais:
È uma aberração. – diz ele
Apesar de envolvido em algumas beatificações e canonizações controversas, de pessoas de santidade controversa e de milagres ainda mais controversos, teceu esta “notável” consideração. Se em relação à adopção partilho da essência mas nunca da forma, uma vez que, atendendo ao ambiente da sociedade actual, a homossexualidade é um estigma social pesado dos potenciais candidatos à adopção, que seria transferido para o adoptado, não tendo este último nem escolha nem defesas.
No entanto, eu acredito na espécie humana, e a morte é rejuvenescedora das mentalidades, as gerações sucedem-se e a esperança reside na possibilidade de que as seguintes façam melhor que as anteriores. Quanto ao casamento, chamem-lhe outra coisa, mas permitam-lhes os mesmos direitos, já que os deveres também são os mesmos. O caminho para a felicidade é traçado individualmente.
Em jeito de conclusão, estas opiniões, que mais não são que ideologias atávicas, por si só, não têm o poder suficiente para manipular as pessoas, mas constituem parte integrante da matriz educacional destes jovens, já de si problemáticos. Conjugado com a sua juventude e a fase de desenvolvimento em que se encontram, a adolescência, onde qualquer coisa assume uma dimensão a maior parte das vezes despropositada, obtemos uma combinação explosiva. Quando se formam grupos, este mal-estar existencial latente, mais facilmente se liberta sob a forma de violência. A agravar tudo isto, a psicologia dos comportamentos de multidões diz-nos que tudo se torna incontrolável, sucedendo-se coisas que individualmente seriam impensáveis.
Regressando à frase de abertura, de John Stuart Mill. Encerra toda a sabedoria da humanidade. Dado o seu nível intelectual, intocável, são homens como este que criaram sugestões de normas de conduta pelas quais nos deveríamos gerir. Resta a nós termos a capacidade para o fazer. Parece que não temos.

Filipe Pinto.

publicado por armando ésse às 07:52

Março 03 2006


Antes de iniciar a leitura deste texto e para melhor se enquadrar aquilo que pretendo dizer com estas humildes palavras sugiro uma leitura da frase de abertura deste Blog, essa sim de uma profundidade só ao alcance dos imortais. E John Stuart Mill é de facto um imortal. Considerado em alguns círculos como o ser humano mais inteligente que já alguma vez viveu, deixa-nos este brilhante pensamento que deveria ser um dos lemas do desenvolvimento humanitário. Curvo-me perante a grandeza.
Na semana passada aconteceu algo que nos deveria levar a questionar a forma como são educadas algumas crianças, nomeadamente, as que o são nas instituições e, neste caso, de dirigentes com ligações à Igreja Católica. Um homem que era homossexual, transsexual, toxicodependente e sem-abrigo, atributos marcadamente estigmatizadas pela sociedade em que vivemos, foi abominavelmente assassinado por um grupo de jovens. A maldade do acto é de uma dimensão impensável. As sovas. A tortura sádica. O abandono. O regresso para a estocada final.
É importante discutir agora algumas das possíveis causas para este actos. Partindo do princípio que o nosso pensamento gravita em torno do bem e do mal, o que diferencia as pessoas é a sua consciência. É elucidativo disto mesmo que os grandes escritores, ao conceberem as suas personagens, consigam por em evidência as características e as acções de quem está num e noutro campo, sem maniqueísmos, uma vez que são arquétipos do mundo real.
Shakespeare, expoente máximo da literatura e drama do século XVI, descreveu a alma humana em todas as suas cambiantes e, numa das adaptações das suas peças ao cinema (Titus Andronicus com Anthony Hopkins), fiquei manifestamente perturbado com uma das cenas. O enredo é uma sucessão de vinganças em que, a determinada altura, a filha do herói é raptada. Quando o pai a encontra, esta está prostrada no que restava de um tronco de uma árvore cortada, com ramos no lugar das mãos decepadas.
É fácil, por isso, inferir que a maldade não exclusiva de quem a pratica mas é transversal ao pensamento de todos e a diferença reside no desenvolvimento de uma consciência, pelas referências que nos vão surgindo no nosso percurso de vida e nos levam num ou noutro caminho. Além disso, o ser humano tende a desenvolver estratégias de auto-desculpabilização para os actos que comete como se estes fossem apenas e só uma consequência de uma qualquer influência externa.
Estes jovens encaixam perfeitamente no perfil traçado anteriormente. Se concordarmos que as referências fazem toda a diferença vejamos então o mundo em que a sua mentalidade, a sua personalidade se vai formando no que a este assunto diz respeito. É a politica vigente e o pensamento dominante na Igreja Católica relativamente a este assunto, traduzida pela voz de alguns dos seus mais proeminentes representantes, que se comenta seguidamente:
A homossexualidade é uma doença – Nuno Serras Pereira – Padre Franciscano, na revista Sábado.
Não me sinto com competência técnica para avaliar a validade desta afirmação. Todavia, merece algumas considerações, até pelo contexto em que ela o foi proferida. É claro que esta minha análise, como qualquer outra opinião, tem o direito de ser expressada. E, também, contestada. A utilização da palavra doença é um desrespeito pelos que estão efectivamente doentes, e que querem deixar de o estar, atribuindo à palavra mesmo uma conotação pejorativa, como se estes fossem os leprosos da era moderna.

Não é necessário grande esforço de memória para demonstrar que, sendo homossexuais, existiram seres humanos que foram, são e serão faróis da humanidade (para se compreender mais facilmente, evoco o nome de Leonardo da Vinci), cujo brilhantismo e criatividade são os único e verdadeiros milagres à face da Terra. Não necessitam de ter uma vida austera, auto flagelante, de sacrifico inútil para depois uma qualquer comissão científica nada independente os elevar ao estatuto de santos ou beatos. Ao contrário, durante muitos séculos, os homens da religião foram os buracos negros da humanidade, sorvendo tudo o que os rodeava e impedindo a sua evolução.
Por outro lado, na mesma medida, o celibato pode ser considerado uma doença. Uma negação dos instintos humanos da mesma forma que um homossexual negaria os seus. Mas, sendo uma opção de vida, não é susceptível de julgamento, sendo a frase anterior completamente desprovida de propósito, a menos que os celibatários (se é que os há) considerem a sua situação imbuída de alguma espécie de supremacia moral.
E já que falamos em algumas contradições, o apelo contínuo à elevação espiritual em simultâneo com a redução do ser humano ao ser biológico, cuja função sexual deveria servir apenas para a reprodução, sempre imbuída numa aura pecaminosa, quando é, indiscutivelmente, uma das componentes mais importante do equilíbrio emocional. Continuam a defender esta posição mesmo sabendo a grande maioria dos católicos não tem esta perspectiva de vida, nem esta redutora concepção de ser humano.
É pior o Aborto do que a violação de uma criança. – Não me lembro do nome de quem fez esta afirmação, mas estava num Jornal.
Pior que a quantificação dos actos, vota quem foi vítima de abuso sexual a um caso de somenos importância. Nem sequer consigo começar a imaginar como estas pessoas estão afectadas psicologicamente, como estão condicionadas durante toda a sua existência por feridas que nunca cicatrizam. A redução da dimensão de uma agressão à inocência infantil, que tem dolorosos e castrantes efeitos, é inqualificável.
O cardeal D. José saraiva Martins, perfeito para a congregação da causa dos santos, em entrevista às televisões, sobre o casamento de homossexuais e a adopção de crianças por parte destes casais:
È uma aberração. – diz ele
Apesar de envolvido em algumas beatificações e canonizações controversas, de pessoas de santidade controversa e de milagres ainda mais controversos, teceu esta “notável” consideração. Se em relação à adopção partilho da essência mas nunca da forma, uma vez que, atendendo ao ambiente da sociedade actual, a homossexualidade é um estigma social pesado dos potenciais candidatos à adopção, que seria transferido para o adoptado, não tendo este último nem escolha nem defesas.
No entanto, eu acredito na espécie humana, e a morte é rejuvenescedora das mentalidades, as gerações sucedem-se e a esperança reside na possibilidade de que as seguintes façam melhor que as anteriores. Quanto ao casamento, chamem-lhe outra coisa, mas permitam-lhes os mesmos direitos, já que os deveres também são os mesmos. O caminho para a felicidade é traçado individualmente.
Em jeito de conclusão, estas opiniões, que mais não são que ideologias atávicas, por si só, não têm o poder suficiente para manipular as pessoas, mas constituem parte integrante da matriz educacional destes jovens, já de si problemáticos. Conjugado com a sua juventude e a fase de desenvolvimento em que se encontram, a adolescência, onde qualquer coisa assume uma dimensão a maior parte das vezes despropositada, obtemos uma combinação explosiva. Quando se formam grupos, este mal-estar existencial latente, mais facilmente se liberta sob a forma de violência. A agravar tudo isto, a psicologia dos comportamentos de multidões diz-nos que tudo se torna incontrolável, sucedendo-se coisas que individualmente seriam impensáveis.
Regressando à frase de abertura, de John Stuart Mill. Encerra toda a sabedoria da humanidade. Dado o seu nível intelectual, intocável, são homens como este que criaram sugestões de normas de conduta pelas quais nos deveríamos gerir. Resta a nós termos a capacidade para o fazer. Parece que não temos.

Filipe Pinto.

publicado por armando ésse às 07:52

Março 02 2006

Com o fim da Segunda Guerra Mundial acabou a hegemonia da Europa no mundo. Duas potências dividiram a herança: Estados Unidos da América e União Soviética. Tendo como base a disputa pela hegemonia mundial entre as duas potências, a guerra fria estenderar-se-á por mais de 40 anos. Com sistemas sociais e políticos opostos, armas nucleares e políticas de conquista da hegemonia mundial, Estados Unidos e União Soviética mantiveram o mundo sob a ameaça de uma guerra nuclear. O senhor de quem se fala, é o principal protagonista, juntamente com o homólogo americano, Ronald Reagan, pelo fim da mesma. Mikhail Sergeevich Gorbachev, nasceu a 2 de Março de 1931, filho de Sergei Andreevich e Maria Panteleyvna, foi o último secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética de 1985 a 1991. As suas tentativas de reforma terminaram com o poderio do Partido Comunista da União Soviética, levando, mesmo, à dissolução da União Soviética. Estudou direito na Universidade de Moscovo, onde em Junho de 1955 se forma em Direito. Entretanto tinha conhecido Raisa Maksimovna, com a qual se tinha casado em 25 de Setembro de 1953.Mikhail Gorbachev inscreveu-se no Partido Comunista em 1952 com 21 anos de idade. Entre 1955 e 1979 desempenha várias funções no Governo do seu Distrito natal, Stavropol. Em 1970 foi nomeado Primeiro Secretário da Agricultura e, no ano seguinte, foi eleito membro do Comité Central no XXIV Congresso do partido.. Em 1972, dirigiu uma delegação soviética à Bélgica e, dois anos mais tarde, em 1974, tornou-se representante do Soviete Supremo. No dia 1 de Março de 1978 recebe a Medalha da Revolução de Outubro e é promovido a Secretário do Comité Central, responsável pela agricultura. Entra para o Politburo em 17 de Novembro de 1979, onde recebeu a protecção de Yuri Andropov, o poderoso chefe do KGB e também natural de Stavropol. Com a morte de Brejhnev em 10 de Novembro de 1982, Yuri Andropov torna-se Secretário Geral do PCUS e promove Mikhail Gorbachev a seu delfim. Com a morte de Andropov em 9 de Fevereiro de 1984, sucede-lhe Chernenko e Mikhail Gorbachev torna-se o numero dois do Partido e é eleito Presidente do Soviete Supremo para a Comissão dos negócios estrangeiros. Com a morte a 10 de Março de Chernenko, Mikhail Gorbachev é eleito Secretário Geral do Comité Central do PCUS, nomeado por Gromyko. Tornando-se na prática o Presidente da União Soviética, tenta reformar o partido, que dava então mostras de decadência, ao apresentar o seu projecto que se resumia nas expressões glasnost (“abertura”) e perestroika (“reestruturação”) e que foi no apresentado no XXVII Congresso do Partido Comunista Soviético em Fevereiro de 1986. Entretanto neste ano de 1986, diversos acontecimentos levam Gorbachev, a separar-se das doutrinas de Brejhnev. Em 25 de Abril de 1986, dá-se a explosão de Chernobyl, que o levam às negociações na Islândia, para redução do arsenal nuclear, com Ronald Reagan. Em Dezembro desse ano liberta Sakharov, que estava exilado em Gorky desde os anos setenta. Em 1988, Gorbachev anuncia que a União Soviética abandonava oficialmente a Doutrina Brejhnev, ao admitir que a Europa de Leste adoptasse regimes democráticos, se desejassem. Isto levou à corrente de revoluções de 1989, nos países de Leste. Neste mesmo ano a União Soviética retira as suas tropas do Afeganistão e em Novembro dá-se a queda do muro de Berlim. Terminava assim a Guerra Fria, o que justificou a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Gorbachev em 15 de Outubro de 1990. Gorbachev foi eleito em 15 de Março de 1990, para um mandato de cinco anos como presidente executivo com mais poderes. Os seus planos de reforma económica no país não conseguiram evitar uma crise de produtos alimentares no Inverno de 1990-1991 e o seu desejo de preservar uma única URSS centralmente controlada deparou-se com a resistência das repúblicas soviéticas que pretendiam uma maior independência. Em 23 de Abril de 1991 assina um Tratado de União com 9 outras Repúblicas que não querem sair da URSS, criando a CEI, contudo, a democratização da URSS e dos países de Leste, ao levar à perda de poder do Partido Comunista, conduziu à situação que culminou com o Golpe de Agosto de 1991, como objectivo de o retirar do poder. Durante este tempo foi sequestrado durante três dias (de 19 a 21 De Agosto) na sua casa de férias na Crimeia, antes de ser libertado e reaver o poder. Na sequência desta tentativa falhada de golpe de estado levada a cabo por homens da linha dura, a aceitação internacional da independência dos estados bálticos e os avanços rápidos em direcção à independência verificados noutras repúblicas levaram a que a base de poder de Gorbachev como presidente soviético ficasse grandemente enfraquecida. Nessa altura, Boris Yeltsin começava a receber mais apoios em detrimento de Gorbachev. Este viu-se obrigado a demitir um grande número de membros do Politburo e, em vários casos, houve ordem de prisão. Pouco depois do seu regresso ao poder, Gorbachev foi obrigado a abandonar a liderança do partido, a renunciar ao comunismo como doutrina do estado, a suspender todas as actividades do partido comunista (incluindo os seus órgãos mais poderosos, o Politburo e o Secretariado) e a delegar muitos dos seus poderes centrais nos estados. Durante os meses seguintes, esforçou-se por obter um acordo sobre o tratado de união por ele proposto, na esperança de evitar a desintegração da União Soviética, mas não conseguiu manter o controlo da situação e, em 25 Dezembro 1991, demitiu-se da presidência e entregou o poder a Boris Ieltsin levando ao colapso da União Soviética. Criou a Fundação Gorbachev em 1992. Em 1993, fundou também a Cruz Verde Internacional. Foi um dos principais promotores da Carta da Terra, em 1994. Tornou-se, igualmente, membro do Clube de Roma. Em Novembro de 1999, Mikhail Gorbachev foi distinguido com uma alta condecoração alemã pelo seu contributo para a unificação da Alemanha. A 26 de Novembro de 2001, Gorbachev fundou, igualmente, o Partido Social Democrata Russo. Resignou como líder partidário em Maio de 2004 em consequência de desacordos com o presidente do partido em relação às posições tomadas durante as eleições de Dezembro de 2003, que elegeram Putin.
Faz hoje 75 anos. Nasdrovie, Tovarich!
publicado por armando ésse às 13:29
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Março 02 2006

Com o fim da Segunda Guerra Mundial acabou a hegemonia da Europa no mundo. Duas potências dividiram a herança: Estados Unidos da América e União Soviética. Tendo como base a disputa pela hegemonia mundial entre as duas potências, a guerra fria estenderar-se-á por mais de 40 anos. Com sistemas sociais e políticos opostos, armas nucleares e políticas de conquista da hegemonia mundial, Estados Unidos e União Soviética mantiveram o mundo sob a ameaça de uma guerra nuclear. O senhor de quem se fala, é o principal protagonista, juntamente com o homólogo americano, Ronald Reagan, pelo fim da mesma. Mikhail Sergeevich Gorbachev, nasceu a 2 de Março de 1931, filho de Sergei Andreevich e Maria Panteleyvna, foi o último secretário-geral do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética de 1985 a 1991. As suas tentativas de reforma terminaram com o poderio do Partido Comunista da União Soviética, levando, mesmo, à dissolução da União Soviética. Estudou direito na Universidade de Moscovo, onde em Junho de 1955 se forma em Direito. Entretanto tinha conhecido Raisa Maksimovna, com a qual se tinha casado em 25 de Setembro de 1953.Mikhail Gorbachev inscreveu-se no Partido Comunista em 1952 com 21 anos de idade. Entre 1955 e 1979 desempenha várias funções no Governo do seu Distrito natal, Stavropol. Em 1970 foi nomeado Primeiro Secretário da Agricultura e, no ano seguinte, foi eleito membro do Comité Central no XXIV Congresso do partido.. Em 1972, dirigiu uma delegação soviética à Bélgica e, dois anos mais tarde, em 1974, tornou-se representante do Soviete Supremo. No dia 1 de Março de 1978 recebe a Medalha da Revolução de Outubro e é promovido a Secretário do Comité Central, responsável pela agricultura. Entra para o Politburo em 17 de Novembro de 1979, onde recebeu a protecção de Yuri Andropov, o poderoso chefe do KGB e também natural de Stavropol. Com a morte de Brejhnev em 10 de Novembro de 1982, Yuri Andropov torna-se Secretário Geral do PCUS e promove Mikhail Gorbachev a seu delfim. Com a morte de Andropov em 9 de Fevereiro de 1984, sucede-lhe Chernenko e Mikhail Gorbachev torna-se o numero dois do Partido e é eleito Presidente do Soviete Supremo para a Comissão dos negócios estrangeiros. Com a morte a 10 de Março de Chernenko, Mikhail Gorbachev é eleito Secretário Geral do Comité Central do PCUS, nomeado por Gromyko. Tornando-se na prática o Presidente da União Soviética, tenta reformar o partido, que dava então mostras de decadência, ao apresentar o seu projecto que se resumia nas expressões glasnost (“abertura”) e perestroika (“reestruturação”) e que foi no apresentado no XXVII Congresso do Partido Comunista Soviético em Fevereiro de 1986. Entretanto neste ano de 1986, diversos acontecimentos levam Gorbachev, a separar-se das doutrinas de Brejhnev. Em 25 de Abril de 1986, dá-se a explosão de Chernobyl, que o levam às negociações na Islândia, para redução do arsenal nuclear, com Ronald Reagan. Em Dezembro desse ano liberta Sakharov, que estava exilado em Gorky desde os anos setenta. Em 1988, Gorbachev anuncia que a União Soviética abandonava oficialmente a Doutrina Brejhnev, ao admitir que a Europa de Leste adoptasse regimes democráticos, se desejassem. Isto levou à corrente de revoluções de 1989, nos países de Leste. Neste mesmo ano a União Soviética retira as suas tropas do Afeganistão e em Novembro dá-se a queda do muro de Berlim. Terminava assim a Guerra Fria, o que justificou a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Gorbachev em 15 de Outubro de 1990. Gorbachev foi eleito em 15 de Março de 1990, para um mandato de cinco anos como presidente executivo com mais poderes. Os seus planos de reforma económica no país não conseguiram evitar uma crise de produtos alimentares no Inverno de 1990-1991 e o seu desejo de preservar uma única URSS centralmente controlada deparou-se com a resistência das repúblicas soviéticas que pretendiam uma maior independência. Em 23 de Abril de 1991 assina um Tratado de União com 9 outras Repúblicas que não querem sair da URSS, criando a CEI, contudo, a democratização da URSS e dos países de Leste, ao levar à perda de poder do Partido Comunista, conduziu à situação que culminou com o Golpe de Agosto de 1991, como objectivo de o retirar do poder. Durante este tempo foi sequestrado durante três dias (de 19 a 21 De Agosto) na sua casa de férias na Crimeia, antes de ser libertado e reaver o poder. Na sequência desta tentativa falhada de golpe de estado levada a cabo por homens da linha dura, a aceitação internacional da independência dos estados bálticos e os avanços rápidos em direcção à independência verificados noutras repúblicas levaram a que a base de poder de Gorbachev como presidente soviético ficasse grandemente enfraquecida. Nessa altura, Boris Yeltsin começava a receber mais apoios em detrimento de Gorbachev. Este viu-se obrigado a demitir um grande número de membros do Politburo e, em vários casos, houve ordem de prisão. Pouco depois do seu regresso ao poder, Gorbachev foi obrigado a abandonar a liderança do partido, a renunciar ao comunismo como doutrina do estado, a suspender todas as actividades do partido comunista (incluindo os seus órgãos mais poderosos, o Politburo e o Secretariado) e a delegar muitos dos seus poderes centrais nos estados. Durante os meses seguintes, esforçou-se por obter um acordo sobre o tratado de união por ele proposto, na esperança de evitar a desintegração da União Soviética, mas não conseguiu manter o controlo da situação e, em 25 Dezembro 1991, demitiu-se da presidência e entregou o poder a Boris Ieltsin levando ao colapso da União Soviética. Criou a Fundação Gorbachev em 1992. Em 1993, fundou também a Cruz Verde Internacional. Foi um dos principais promotores da Carta da Terra, em 1994. Tornou-se, igualmente, membro do Clube de Roma. Em Novembro de 1999, Mikhail Gorbachev foi distinguido com uma alta condecoração alemã pelo seu contributo para a unificação da Alemanha. A 26 de Novembro de 2001, Gorbachev fundou, igualmente, o Partido Social Democrata Russo. Resignou como líder partidário em Maio de 2004 em consequência de desacordos com o presidente do partido em relação às posições tomadas durante as eleições de Dezembro de 2003, que elegeram Putin.
Faz hoje 75 anos. Nasdrovie, Tovarich!
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Março 01 2006

Vergílio Ferreira escritor, professor ensaísta, morreu, faz hoje precisamente, dez anos.
Nasceu “ a 28 de Janeiro de 1916, às três horas da tarde de uma sexta-feira, dizia a minha mãe. É a hora de Cristo, dizia a minha mulher”.
Natural de uma pequena aldeia de Gouveia, a aldeia de Melo, com a Serra por companheira. De criança lhe ficou por aquela paisagem a certeza de que seria como ela:”duro, solitário, obstinadamente hostil”.
Passou a maior parte da sua infância com as tias maternas, devido à emigração dos pais para os Estados Unidos em 1920, que esperavam mandá-lo chamar, mas assim não quis o destino.
Aos dez anos de idade ingressou no seminário do Fundão, que abandonou em 1932, tempo cuja má recordação, segundo o próprio, só se desfez após a escrita de Manhã Submersa (1954).
Em casa tinham ficado o livro de poemas e o violino que tanto gostava de tocar. Fora o padre da terra que o ensinara, mas nas paredes nuas do dormitório já não o conseguia ouvir.
Depois de deixar o seminário, acabou o curso liceal no Liceu da Guarda e entrou, em 1936, para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se formou em Filologia Clássica, em 1940, tinha 24 anos.
Aí nasceu o seu interesse pela Literatura, “praticava-a desde há muito tempo em versos infantis”, mas foi nesses tempos de juventude que decidiu recomeçar a escrever. Dedicou-se inicialmente à poesia, que, embora nunca tenha publicado, nunca o abandonou, como o prova o lirismo da sua prosa.
Quando termina o curso decide optar por uma carreira no ensino, para mostrar como pode ser bela a nossa língua e o modo de a expressar. Depois de ter concluído o estágio no Liceu D. João III, em Coimbra, leccionou, até 1981, em diversos liceus do país: Faro (1942); Bragança (1944); Évora (1945-59), que deixou profundas marcas em vários romances, nomeadamente em Aparição (1959); Lisboa, no liceu Luís de Camões (a partir de 1959).
Em 1939 escreveu o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe, que publicou quatro anos mais tarde.Inicialmente ligado ao neo-realismo, acabou por se desligar deste movimento literário, evoluindo a sua obra no sentido de uma temática existencialista e de um humanismo trágico. A sua obra é atravessada por uma constante reflexão sobre a condição humana, um constante registo das grandes interrogações do homem, da procura de sentido para as razões essenciais da vida e da morte.
Esta orientação foi seguida a partir do romance Mudança (1950), ficando definitivamente associada às obras seguintes do escritor.A par desta interrogação filosófica sobre o destino do homem, os textos de Vergílio Ferreira, nomeadamente os ensaios, traduzem também uma reflexão sobre os problemas da arte e da civilização europeias.
Durante esta fase da sua vida, identificou-se ideologicamente com uma forma de estar muito próxima do comunismo. A clandestinidade do Partido e a afronta a um Poder repressivo de que não gostava, quase o fez tornar-se militante. Por muito pouco o não foi. Considerado um dos grandes escritores portugueses do século XX, Vergílio Ferreira manteve-se à margem de polémicas estritamente políticas e de grupos literários, o que lhe valeu algumas críticas por parte de outros nomes do mundo cultural português.
Durante os 40 anos foi professor dividiu os seus dias entre a carreira docente e a escrita, sem a qual não podia viver:”escrever é tão importante como respirar. Entrarei no paraíso a escrever”.
Vergílio Ferreira publicou as obras de ficção, O Caminho Fica Longe (1943), Onde Tudo Foi Morrendo (1944), Vagão J (1946), Mudança (1950), A Face Sangrenta (1953), Manhã Submersa (1954, obra adaptada ao cinema por Lauro António), Aparição (1959, Prémio Camilo Castelo Branco), Cântico Final (1960), Estrela Polar (1962), Apelo da Noite (1963), Alegria Breve (1965, Prémio da Casa da Imprensa), Nítido Nulo (1971), Apenas Homens (1972), Rápida A Sombra (1975), Contos (1979), Para Sempre (1983), Uma Esplanada Sobre o Mar (1986), Até ao Fim (1987, Grande Prémio de Novela e Romance da Associação Portuguesa de Escritores), Em Nome da Terra (1990), Na Tua Face (1993, Grande Prémio de Novela e Romance da APE) e, já após a sua morte, Cartas a Sandra (1996). É também autor dos ensaios Terá Camões Lido Platão? (1942), Sobre o Humorismo de Eça de Queirós (1943), Do Mundo Original (1957), Carta ao Futuro (1958), Da Fenomenologia a Sartre (1962), André Malraux: Interrogação ao Destino (1963), Espaço do Invisível 1 (1965), Invocação ao Meu Corpo (1969), Espaço do Invisível 2 (1976), Espaço do Invisível 3 (1977), Um Escritor Apresenta-se (1981), Espaço do Invisível 4 (1987), Arte Tempo (1988, ”Em Nome da Terra” (1990), ”Na Tua Face” (1993), e “Cartas a Sandra” (1996).
Foram-lhe atribuídos, entre outros, o Prémio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários (1985, pelo conjunto da sua obra), o Prémio Femina (1990), o Prémio Europália (1991) e o Prémio Camões (1992).
Várias obras suas foram adaptadas ao cinema: além de Manhã Submersa, já mencionada, Cântico Final, e os contos O Encontro, A Estrela e Mãe Genoveva. Algumas das suas obras encontram-se traduzidas em várias línguas.
Romancista de fina-flor da Literatura portuguesa, Vergílio Ferreira escreveu também um diário intitulado “Conta-Corrente”, Conta-Corrente I (1980), Conta-Corrente II ( 1981), Conta-Corrente III (1983), Conta-Corrente IV (1986), Conta-Corrente V (1987), Pensar (1992), Conta-Corrente Nova Série 1 (1993), Conta-Corrente Nova Série 2 (1993), Conta-Corrente Nova Série 3 (1994), Conta-Corrente Nova Série 4 (1994), onde se define, mas não na totalidade pois “a biografia de um autor é a sua bibliografia” e por isso nada melhor que ler os seus livros para descobrir a sua verdadeira dimensão.
publicado por armando ésse às 14:46
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Março 01 2006

Vergílio Ferreira escritor, professor ensaísta, morreu, faz hoje precisamente, dez anos.
Nasceu “ a 28 de Janeiro de 1916, às três horas da tarde de uma sexta-feira, dizia a minha mãe. É a hora de Cristo, dizia a minha mulher”.
Natural de uma pequena aldeia de Gouveia, a aldeia de Melo, com a Serra por companheira. De criança lhe ficou por aquela paisagem a certeza de que seria como ela:”duro, solitário, obstinadamente hostil”.
Passou a maior parte da sua infância com as tias maternas, devido à emigração dos pais para os Estados Unidos em 1920, que esperavam mandá-lo chamar, mas assim não quis o destino.
Aos dez anos de idade ingressou no seminário do Fundão, que abandonou em 1932, tempo cuja má recordação, segundo o próprio, só se desfez após a escrita de Manhã Submersa (1954).
Em casa tinham ficado o livro de poemas e o violino que tanto gostava de tocar. Fora o padre da terra que o ensinara, mas nas paredes nuas do dormitório já não o conseguia ouvir.
Depois de deixar o seminário, acabou o curso liceal no Liceu da Guarda e entrou, em 1936, para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se formou em Filologia Clássica, em 1940, tinha 24 anos.
Aí nasceu o seu interesse pela Literatura, “praticava-a desde há muito tempo em versos infantis”, mas foi nesses tempos de juventude que decidiu recomeçar a escrever. Dedicou-se inicialmente à poesia, que, embora nunca tenha publicado, nunca o abandonou, como o prova o lirismo da sua prosa.
Quando termina o curso decide optar por uma carreira no ensino, para mostrar como pode ser bela a nossa língua e o modo de a expressar. Depois de ter concluído o estágio no Liceu D. João III, em Coimbra, leccionou, até 1981, em diversos liceus do país: Faro (1942); Bragança (1944); Évora (1945-59), que deixou profundas marcas em vários romances, nomeadamente em Aparição (1959); Lisboa, no liceu Luís de Camões (a partir de 1959).
Em 1939 escreveu o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe, que publicou quatro anos mais tarde.Inicialmente ligado ao neo-realismo, acabou por se desligar deste movimento literário, evoluindo a sua obra no sentido de uma temática existencialista e de um humanismo trágico. A sua obra é atravessada por uma constante reflexão sobre a condição humana, um constante registo das grandes interrogações do homem, da procura de sentido para as razões essenciais da vida e da morte.
Esta orientação foi seguida a partir do romance Mudança (1950), ficando definitivamente associada às obras seguintes do escritor.A par desta interrogação filosófica sobre o destino do homem, os textos de Vergílio Ferreira, nomeadamente os ensaios, traduzem também uma reflexão sobre os problemas da arte e da civilização europeias.
Durante esta fase da sua vida, identificou-se ideologicamente com uma forma de estar muito próxima do comunismo. A clandestinidade do Partido e a afronta a um Poder repressivo de que não gostava, quase o fez tornar-se militante. Por muito pouco o não foi. Considerado um dos grandes escritores portugueses do século XX, Vergílio Ferreira manteve-se à margem de polémicas estritamente políticas e de grupos literários, o que lhe valeu algumas críticas por parte de outros nomes do mundo cultural português.
Durante os 40 anos foi professor dividiu os seus dias entre a carreira docente e a escrita, sem a qual não podia viver:”escrever é tão importante como respirar. Entrarei no paraíso a escrever”.
Vergílio Ferreira publicou as obras de ficção, O Caminho Fica Longe (1943), Onde Tudo Foi Morrendo (1944), Vagão J (1946), Mudança (1950), A Face Sangrenta (1953), Manhã Submersa (1954, obra adaptada ao cinema por Lauro António), Aparição (1959, Prémio Camilo Castelo Branco), Cântico Final (1960), Estrela Polar (1962), Apelo da Noite (1963), Alegria Breve (1965, Prémio da Casa da Imprensa), Nítido Nulo (1971), Apenas Homens (1972), Rápida A Sombra (1975), Contos (1979), Para Sempre (1983), Uma Esplanada Sobre o Mar (1986), Até ao Fim (1987, Grande Prémio de Novela e Romance da Associação Portuguesa de Escritores), Em Nome da Terra (1990), Na Tua Face (1993, Grande Prémio de Novela e Romance da APE) e, já após a sua morte, Cartas a Sandra (1996). É também autor dos ensaios Terá Camões Lido Platão? (1942), Sobre o Humorismo de Eça de Queirós (1943), Do Mundo Original (1957), Carta ao Futuro (1958), Da Fenomenologia a Sartre (1962), André Malraux: Interrogação ao Destino (1963), Espaço do Invisível 1 (1965), Invocação ao Meu Corpo (1969), Espaço do Invisível 2 (1976), Espaço do Invisível 3 (1977), Um Escritor Apresenta-se (1981), Espaço do Invisível 4 (1987), Arte Tempo (1988, ”Em Nome da Terra” (1990), ”Na Tua Face” (1993), e “Cartas a Sandra” (1996).
Foram-lhe atribuídos, entre outros, o Prémio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários (1985, pelo conjunto da sua obra), o Prémio Femina (1990), o Prémio Europália (1991) e o Prémio Camões (1992).
Várias obras suas foram adaptadas ao cinema: além de Manhã Submersa, já mencionada, Cântico Final, e os contos O Encontro, A Estrela e Mãe Genoveva. Algumas das suas obras encontram-se traduzidas em várias línguas.
Romancista de fina-flor da Literatura portuguesa, Vergílio Ferreira escreveu também um diário intitulado “Conta-Corrente”, Conta-Corrente I (1980), Conta-Corrente II ( 1981), Conta-Corrente III (1983), Conta-Corrente IV (1986), Conta-Corrente V (1987), Pensar (1992), Conta-Corrente Nova Série 1 (1993), Conta-Corrente Nova Série 2 (1993), Conta-Corrente Nova Série 3 (1994), Conta-Corrente Nova Série 4 (1994), onde se define, mas não na totalidade pois “a biografia de um autor é a sua bibliografia” e por isso nada melhor que ler os seus livros para descobrir a sua verdadeira dimensão.
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