A FÁBRICA

Abril 08 2006

Uma das consequências da selecção natural, a famosa e mais que comprovada teoria de Darwin, foi o surgimento de um ser com capacidades intelectuais, que se foram aprimorando ao longo dos milénios, e que lhe atribuíram vantagens competitivas suficientemente importantes para poder ser a espécie dominante do planeta.
Este ser tornou-se tão tecnologicamente avançado que as suas actividades trouxeram graves desequilíbrios na dinâmica planetária tendo, segundo numerosos estudos, colocado alguns condicionamentos graves à qualidade de vida ambiental, factor de enorme importância se atentarmos por exemplo às consequências que as alterações climáticas poderão acarretar.
A evolução da vida na Terra ocorreu num intervalo de tempo de cerca de 4600 milhões de anos e, portanto, o tempo de existência do ser humano é quase irrelevante à escala do tempo universal. Os estragos provocados, todavia, não são proporcionais mas claramente exponenciais. Existe uma famosa comparação que estabelece uma regra para permite uma melhor compreensão. Se fizermos corresponder a uma dia os 4600 milhões de ano, o período de existência dos seres humanos é o último segundo.
As condições naturais oferecidas pelo Planeta são suficientes para garantir a vida à totalidade dos seres vivos, se não existisse a espécie humana, uma vez que durante muitos milhões de anos, como se sabe, coexistiram muitas espécies de seres altamente complexos.
Perante esta descrição pode pensar-se que são apenas as condições naturais que tornam alguns lugares do mundo complicados para se nascer quando se avaliam as condições de vida que se oferecem aos seres humanos. Todavia, o observa é uma gritante diferença entre os países ricos e os países pobres, e as imagens da fome que são recorrentemente utilizadas nos meios de comunicação social, são bem elucidativas.
Sempre que se vê uma reportagem sobre África, por exemplo, é incontornável a utilização deste instrumento de choque para impressionar as pessoas. O resultado é invariavelmente o mesmo. Durante cerca de cinco minutos ficamos imbuídos num espírito de solidariedade e desejámos fazer alguma coisa mas, logo a seguir, alguém nos chama para jantar, onde se inicia o desperdício, à primeira garfada tudo se esquece (há mais comida em alguns caixotes do lixo na Europa do que em alguns locais com milhares de pessoas por esse mundo dos miseráveis). Olhámos, um esgar de choque, uma possível lágrima no olho, muda a notícia e o nosso cérebro, como que treinado para o efeito, envia para a sua reciclagem aquele ficheiro.
As mortes sucedem-se em catadupa. As valas comuns são aos milhares, de gente que também merecia uma lápide, para pelo menos alguém chorar a sua morte, sentir a sua falta, amar ou ser amado, por mais pequeno que seja o tempo que cá se esteve. Só que, nesses locais, as mortes são tantas que já nem sentem. O pensamento dominante não andará longe deste – é apenas mais um, amanhã, certamente será outro – e quem pensa é porque sobreviveu mais um dia. As causas para o sofrimento são tantas que é impossível atribuir a importância devida à morte de uma pessoa. Tudo é relativizado em função da sobrevivência.
Em contraste com os milhares que morrem de fome, alguns daqueles das imagens, com apenas pele e osso na verdadeira acepção das palavras, coexiste a tão propalada geração de obesos do mundo ocidental. Esta condição não é apenas resultado dos maus hábitos alimentares e sedentarismos, é da abundância e, em certa medida, do pecado da gula tão bem explorado pela publicidade. Enquanto estes são sedentários por opção e, pelos motivos já mencionados, tornam-se obesos, os outros são sedentários por obrigação uma vez que nem se conseguem suster de pé, de tão grande que é a sua debilidade física.
Tudo isto é, talvez, o resultado de uma estupidificação generalizada de quem se habituou de tal forma a um determinado nível de vida, do qual não consegue prescindir. Por exemplo, se em todo o planeta o nível de vida fosse igual ao inglês, seriam necessários os recursos de três planetas iguais aos nossos para o manter.
É como se a Terra e a humanidade fossem a presa e um grupo de leões. As leoas caçam e o primeiro a servir-se é o leão que, normalmente, quando saciado, deixa comer os outros. Só que estes leões comem sempre para lá da saciedade, as suas vidas gravitam em torno de uma necessidade compulsiva. Acumular bens. Este comportamento dificilmente será alterado.
Além disso, a incapacidade até ao momento demonstrada para a aplicação de uma simples operação aritmética como a divisão de quem tem em excesso com quem não tem nenhum, nem sequer é de quem tem apenas para si mas de quem tem em excesso, não se vislumbra qualquer vontade de redenção. Os mortos vão continuar sem lápides.

Filipe Pinto.
publicado por armando ésse às 13:58

Abril 08 2006

Uma das consequências da selecção natural, a famosa e mais que comprovada teoria de Darwin, foi o surgimento de um ser com capacidades intelectuais, que se foram aprimorando ao longo dos milénios, e que lhe atribuíram vantagens competitivas suficientemente importantes para poder ser a espécie dominante do planeta.
Este ser tornou-se tão tecnologicamente avançado que as suas actividades trouxeram graves desequilíbrios na dinâmica planetária tendo, segundo numerosos estudos, colocado alguns condicionamentos graves à qualidade de vida ambiental, factor de enorme importância se atentarmos por exemplo às consequências que as alterações climáticas poderão acarretar.
A evolução da vida na Terra ocorreu num intervalo de tempo de cerca de 4600 milhões de anos e, portanto, o tempo de existência do ser humano é quase irrelevante à escala do tempo universal. Os estragos provocados, todavia, não são proporcionais mas claramente exponenciais. Existe uma famosa comparação que estabelece uma regra para permite uma melhor compreensão. Se fizermos corresponder a uma dia os 4600 milhões de ano, o período de existência dos seres humanos é o último segundo.
As condições naturais oferecidas pelo Planeta são suficientes para garantir a vida à totalidade dos seres vivos, se não existisse a espécie humana, uma vez que durante muitos milhões de anos, como se sabe, coexistiram muitas espécies de seres altamente complexos.
Perante esta descrição pode pensar-se que são apenas as condições naturais que tornam alguns lugares do mundo complicados para se nascer quando se avaliam as condições de vida que se oferecem aos seres humanos. Todavia, o observa é uma gritante diferença entre os países ricos e os países pobres, e as imagens da fome que são recorrentemente utilizadas nos meios de comunicação social, são bem elucidativas.
Sempre que se vê uma reportagem sobre África, por exemplo, é incontornável a utilização deste instrumento de choque para impressionar as pessoas. O resultado é invariavelmente o mesmo. Durante cerca de cinco minutos ficamos imbuídos num espírito de solidariedade e desejámos fazer alguma coisa mas, logo a seguir, alguém nos chama para jantar, onde se inicia o desperdício, à primeira garfada tudo se esquece (há mais comida em alguns caixotes do lixo na Europa do que em alguns locais com milhares de pessoas por esse mundo dos miseráveis). Olhámos, um esgar de choque, uma possível lágrima no olho, muda a notícia e o nosso cérebro, como que treinado para o efeito, envia para a sua reciclagem aquele ficheiro.
As mortes sucedem-se em catadupa. As valas comuns são aos milhares, de gente que também merecia uma lápide, para pelo menos alguém chorar a sua morte, sentir a sua falta, amar ou ser amado, por mais pequeno que seja o tempo que cá se esteve. Só que, nesses locais, as mortes são tantas que já nem sentem. O pensamento dominante não andará longe deste – é apenas mais um, amanhã, certamente será outro – e quem pensa é porque sobreviveu mais um dia. As causas para o sofrimento são tantas que é impossível atribuir a importância devida à morte de uma pessoa. Tudo é relativizado em função da sobrevivência.
Em contraste com os milhares que morrem de fome, alguns daqueles das imagens, com apenas pele e osso na verdadeira acepção das palavras, coexiste a tão propalada geração de obesos do mundo ocidental. Esta condição não é apenas resultado dos maus hábitos alimentares e sedentarismos, é da abundância e, em certa medida, do pecado da gula tão bem explorado pela publicidade. Enquanto estes são sedentários por opção e, pelos motivos já mencionados, tornam-se obesos, os outros são sedentários por obrigação uma vez que nem se conseguem suster de pé, de tão grande que é a sua debilidade física.
Tudo isto é, talvez, o resultado de uma estupidificação generalizada de quem se habituou de tal forma a um determinado nível de vida, do qual não consegue prescindir. Por exemplo, se em todo o planeta o nível de vida fosse igual ao inglês, seriam necessários os recursos de três planetas iguais aos nossos para o manter.
É como se a Terra e a humanidade fossem a presa e um grupo de leões. As leoas caçam e o primeiro a servir-se é o leão que, normalmente, quando saciado, deixa comer os outros. Só que estes leões comem sempre para lá da saciedade, as suas vidas gravitam em torno de uma necessidade compulsiva. Acumular bens. Este comportamento dificilmente será alterado.
Além disso, a incapacidade até ao momento demonstrada para a aplicação de uma simples operação aritmética como a divisão de quem tem em excesso com quem não tem nenhum, nem sequer é de quem tem apenas para si mas de quem tem em excesso, não se vislumbra qualquer vontade de redenção. Os mortos vão continuar sem lápides.

Filipe Pinto.
publicado por armando ésse às 13:58

Abril 07 2006

Joaquim Francisco Agostinho nasceu em 7 de Abril de 1943, em Brejenjas, freguesia de Silveira concelho de Torres Vedras. Era o quarto filho de uma família modesta de camponeses. Aos 18 anos foi chamado a combater na Guerra Colonial, em Moçambique, onde participou numa corrida de bicicletas em Vila Cabral que ganhou, no entanto, ele gostava era de jogar futebol. Uma vinda a Portugal para matar saudades da mulher, Ana Maria alteraria definitivamente a sua vida. Com a recordação da vitória em Vila Cabral viva na sua mente, Joaquim Agostinho pediu emprestado ao seu vizinho, João Roque, um equipamento para se treinar. João Roque, que tinha ganho a Volta a Portugal em 1963, acompanhou-o e ficou espantado com as qualidades de Joaquim Agostinho, sem perder tempo, levou-o a treinar ao Sporting. Estávamos em Fevereiro de 1968 e Joaquim Agostinho tinha 25 anos. Em Abril do mesmo ano entrou no Campeonato Regional de Fundo para Amadores. Venceu a primeira prova, classificou-se em 3º lugar na segunda e venceu a 3ª prova, conquistando o título de Campeão Regional.Em Agosto de 1968, participou pela primeira vez na Volta a Portugal. Embora não tenha vencido nenhuma etapa, os tempos realizados por este ciclista valeram-lhe o segundo lugar e a vitória por equipas. Após esta prova foi seleccionado para o Campeonato Mundial de Estrada, em Imola. Conseguiu a melhor classificação portuguesa de sempre, ao ficar em 16º lugar, e foi o único português a concluir a prova.Joaquim Agostinho venceu por cinco anos consecutivos (de 1969 a 1974) o Campeonato Nacional de Fundo Individual. Venceu a Volta a Portugal em três anos consecutivos (entre 1970 e 1972). Participou por 13 vezes na Volta à França e nos anos de 1978 e 1979 conseguiu a melhor posição de sempre, classificando-se em terceiro lugar. Em 1972, participou na Volta à Suíça e obteve o quinto lugar.Em 1971, Joaquim Agostinho correu pelo Sporting e pela “Hoover” de Gribaldy.O ciclista deixou o Sporting em 1972 e foi para França, para correr com a camisola da “Frimatic”. No ano de 1973 correu pela “Bic”, para regressar ao Sporting em 1975. Em 1978 ingressou na “Velda-Lano-Flandria”.
Em 1979, 10 anos após a sua estreia no Tour, Joaquim Agostinho, alcançaria o maior feito da sua carreira, ao vencer a mítica etapa de L’Alpe-Duez, foi no dia 15 de Julho. Joaquim Agostinho tornou-se um dos nomes históricos da Volta a França. Em homenagem à grande vitória de Joaquim Agostinho na mítica etapa a organização deu o nome de Agostinho à 17ª curva da subida do L’Alpe-Duez.
Correu ainda mais dois anos em França. Em 1980, dado como acabado para o ciclismo, alcança o quinto lugar, ao serviço da “Puch-Campagnolo”, posição que o deixou frustado. No ano seguinte correndo pelas cores da “Sem-France Loire”, desiste pela primeira e única vez, no Tour. A passar por dificuldades financeiras volta ao Tour pela última vez em 1983. Com 40 anos fez o feito, de terminar na 11ª posição.
Em 1984 decidiu regressar de vez a Portugal e acabar a carreira no seu Sporting. No dia 30 de Abril disputava-se a 5ª etapa da X Volta ao Algarve, quando Joaquim Agostinho sofreu uma fractura craniana, num acidente provocado por um cão que se atravessou no seu caminho. Com a camisola amarela vestida, voltou a montar a bicicleta e cortou a meta com a ajuda de dois colegas do Sporting. Pediu que o levassem à pensão para descansar. As dores de cabeça aumentaram e foi levado para o hospital de Loulé. A situação agrava-se drasticamente e é evacuado para o hospital da CUF, em Lisboa. Não é transportado por via aérea e acaba por fazer uma longa viagem de ambulância, chegando à capital em coma. Foi operado 10 horas depois do acidente e nos 10 dias seguintes, sempre em coma, luta contra a morte, que acaba por derrotá-lo a 10 de Maio de 1984.

Palmarés:

1968- 1º Na Volta ao Estado de São Paulo, 1 etapa, Campeão Nacional, 1º no contra-relógio do Campeonato Nacional, 2º no GP do Porto, 1 etapa, 1º no Circuito de Loures, 2º no Campeonato Nacional de Montanha, 2º na Volta a Portugal, 2º no GP do Sul, 16º no Mundial de Estrada.

1969- Campeão Nacional, 1º no contra-relógio do Campeonato Nacional, 1º no Campeonato Nacional de c/relógio por equipas, 1º do Trophée Baracchi (com H. Van Springel), 1º no GP Riopelle, 1 etapa, 1º no GP Robbialac, 2 etapas, 8º no Tour de France, 2 etapas, 7º na Volta a Portugal, 1 etapa, 1 etapa na Volta ao Luxemburgo, 5º no GP des Nations, 6º no GP Famel, 15º no Mundial de Estrada, 18º do Super Prestige Pernod.

1970- Campeão Nacional, 1º no contra-relógio do Campeonato Nacional, 1º Na Volta a Portugal, 4 etapas, 1 etapa na Semana Catalã, 3º Na Escalada de Montjuich, 14º no Tour de France.

1971- Campeão Nacional, 1º No contra-relógio do Campeonato Nacional, Campeão Nacional de Perseguição Individual, 1º na Volta a Portugal, 8 etapas, 1º no GP de Sintra, 2 etapas, 3º na Clássica Porto-Lisboa, 3º na corrida A Travers la Lausanne, 5º no Tour de France, 17º no Dauphiné Libere.

1972- Campeão Nacional, 1º No contra-relógio do Campeonato Nacional, 1º na Volta a Portugal, 6 etapas, 1º no GP de Sintra, 1 etapa, 2 etapas no GP de Torres Vedras, 1º no Prémio de Lisboa, 5º na Volta à Suíça, 2 etapas, 8º no Tour de France, 17º no Liège-Bastogne-Liège.

1973- Campeão Nacional, 1º No contra-relógio do Campeonato Nacional, 7 etapas na Volta a Portugal, 8º no Tour de France, 1 etapa, 1º no Prémio do Estoril, 1 etapa, 5º no Midi Libre, 6º na Vuelta a España, 13º no Dauphiné Liberé, 15º no Paris-Nice, 20º no Mundial de Estrada.

1974- 2º da Vuelta a España, 2 etapas, 1º no Prix de Serenac, 1º no Prix de Montastruc, 1º na Côte d’Allevard, 3º na Semana Catalã, 6º no Tour de France ,8º no Midi Libre, 10º do Super Prestige Pernod.

1975- 1º No GP Clock, 3 etapas, 1º no Circuito de Tavira, 1º no Prémio de São João das Lampas, 3º no Tour de l’Aude, 12º Na Vuelta ao País Basco, 15º no Tour de France, 15º No Paris-Nice, 19º no Dauphiné Libere.

1976- 7º na Vuelta a España, 1 etapa, 3º na Vuelta ao País Basco, 3º Na Vuelta a Levante, 6º na Semana Catalã.

1977- 2 Etapas Na Vuelta a Los Vales Mineros, 13º no Tour de France, 1 etapa, 4º no Dauphiné Liberé, 4º na Semana Catalã, 5º na Ronde de Seignelay, 5º no Prix de Carhaix, 6º na Vuelta a Levante, 15º na Vuelta a España.

1978- 1º no Prix de Monteron, 1º no Prix de Vailly, 3º no Tour de France, 2º no Prix d’Auzances, 3º na Volta à Córsega, 3º no Prix d’Oradour-sur-Glane, 4º no Prix de Roanne, 21º na Volta à Suíça, 23º no Dauphiné-Liberé.

1979- 3º no Tour de France, 1 etapa (Alpe d’Huez),1 etapa no Midi Libre , 1º no Prix de Jugon ,1º no Prix de Prayssac , 6º no Dauphiné Liberé.

1980- 1º no Prix de Lamballe, 1º no Prix d’Obernai, 1º na Ronde de Garancières-en-Beauce, 5º no Tour de France, 3º no Midi Libre, 3º no Bordeaux-Paris, 3º no Dauphiné Libere, 3º nos Quatro dias de Dunquerque, 3º na Volta à Córsega, 3º no Prix Bain-de-Bretagne, 5º no Tour de France, 19º no Critérium International, 7º do Super Prestige Pernod.

1981- 3º No Dauphiné Libere, 5º no Tour da Romandia.19831º no Prix du Castillon-la-Bataille, 2º no Bol d’Or des Monédières, 4º na Escalada Grabs-Voralp, 11º no Tour de France, 14º no Tour da Romandia, 24º na Volta à Suíça.

1984- 1 Etapa na Volta ao Algarve.

Total de Vitórias: 96

Maiores destaques:Volta a Portugal:1968 - 2º, 1969 – 7º, 1970 – 1º, 1971 – 1º, 1972 – 1º.Tour de France:1969 - 8º, 1970 – 14º, 1971 – 5º, 1972 – 8º, 1973 – 8º, 1974 – 6º, 1975 – 15º, 1977 – 3º, 1978 – 3º, 1979 – 3º, 1980 – 5º, 1983 – 11º.Vuelta a España:1973 - 6º, 1974 – 2º, 1976 – 7º, 1977 – 15º.Campeão Nacional 6 vezes consecutivas (1968 a 1973).

Vencedor das etapas míticas de:Alpe d’Huez (Tour) – 1979, Cangas de Oniz (Vuelta) – 1974, Torre – 1971, 1973, Penhas da Saúde – 1970, 1971, Solothurn Balmberg (V. Suíça) – 1972.

1º Nas Subidas de:Puerto del Léon (Vuelta) – 1972, Côte de Laffrey (Tour) – 1971, First plan (Tour) – 1969, Grammont (Tour) – 1971, Manse (Tour) – 1972, Lautaret (Tour) – 1972, Hundruck (Tour) – 1972, Oderen (Tour) – 1972, Lalouvesc (Tour) – 1977, Croix de Chabouret (Tour) – 1977.

Ciclista do Ano do CycloLusitano:1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1978, 1979, 1980.

publicado por armando ésse às 08:06
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Abril 07 2006

Joaquim Francisco Agostinho nasceu em 7 de Abril de 1943, em Brejenjas, freguesia de Silveira concelho de Torres Vedras. Era o quarto filho de uma família modesta de camponeses. Aos 18 anos foi chamado a combater na Guerra Colonial, em Moçambique, onde participou numa corrida de bicicletas em Vila Cabral que ganhou, no entanto, ele gostava era de jogar futebol. Uma vinda a Portugal para matar saudades da mulher, Ana Maria alteraria definitivamente a sua vida. Com a recordação da vitória em Vila Cabral viva na sua mente, Joaquim Agostinho pediu emprestado ao seu vizinho, João Roque, um equipamento para se treinar. João Roque, que tinha ganho a Volta a Portugal em 1963, acompanhou-o e ficou espantado com as qualidades de Joaquim Agostinho, sem perder tempo, levou-o a treinar ao Sporting. Estávamos em Fevereiro de 1968 e Joaquim Agostinho tinha 25 anos. Em Abril do mesmo ano entrou no Campeonato Regional de Fundo para Amadores. Venceu a primeira prova, classificou-se em 3º lugar na segunda e venceu a 3ª prova, conquistando o título de Campeão Regional.Em Agosto de 1968, participou pela primeira vez na Volta a Portugal. Embora não tenha vencido nenhuma etapa, os tempos realizados por este ciclista valeram-lhe o segundo lugar e a vitória por equipas. Após esta prova foi seleccionado para o Campeonato Mundial de Estrada, em Imola. Conseguiu a melhor classificação portuguesa de sempre, ao ficar em 16º lugar, e foi o único português a concluir a prova.Joaquim Agostinho venceu por cinco anos consecutivos (de 1969 a 1974) o Campeonato Nacional de Fundo Individual. Venceu a Volta a Portugal em três anos consecutivos (entre 1970 e 1972). Participou por 13 vezes na Volta à França e nos anos de 1978 e 1979 conseguiu a melhor posição de sempre, classificando-se em terceiro lugar. Em 1972, participou na Volta à Suíça e obteve o quinto lugar.Em 1971, Joaquim Agostinho correu pelo Sporting e pela “Hoover” de Gribaldy.O ciclista deixou o Sporting em 1972 e foi para França, para correr com a camisola da “Frimatic”. No ano de 1973 correu pela “Bic”, para regressar ao Sporting em 1975. Em 1978 ingressou na “Velda-Lano-Flandria”.
Em 1979, 10 anos após a sua estreia no Tour, Joaquim Agostinho, alcançaria o maior feito da sua carreira, ao vencer a mítica etapa de L’Alpe-Duez, foi no dia 15 de Julho. Joaquim Agostinho tornou-se um dos nomes históricos da Volta a França. Em homenagem à grande vitória de Joaquim Agostinho na mítica etapa a organização deu o nome de Agostinho à 17ª curva da subida do L’Alpe-Duez.
Correu ainda mais dois anos em França. Em 1980, dado como acabado para o ciclismo, alcança o quinto lugar, ao serviço da “Puch-Campagnolo”, posição que o deixou frustado. No ano seguinte correndo pelas cores da “Sem-France Loire”, desiste pela primeira e única vez, no Tour. A passar por dificuldades financeiras volta ao Tour pela última vez em 1983. Com 40 anos fez o feito, de terminar na 11ª posição.
Em 1984 decidiu regressar de vez a Portugal e acabar a carreira no seu Sporting. No dia 30 de Abril disputava-se a 5ª etapa da X Volta ao Algarve, quando Joaquim Agostinho sofreu uma fractura craniana, num acidente provocado por um cão que se atravessou no seu caminho. Com a camisola amarela vestida, voltou a montar a bicicleta e cortou a meta com a ajuda de dois colegas do Sporting. Pediu que o levassem à pensão para descansar. As dores de cabeça aumentaram e foi levado para o hospital de Loulé. A situação agrava-se drasticamente e é evacuado para o hospital da CUF, em Lisboa. Não é transportado por via aérea e acaba por fazer uma longa viagem de ambulância, chegando à capital em coma. Foi operado 10 horas depois do acidente e nos 10 dias seguintes, sempre em coma, luta contra a morte, que acaba por derrotá-lo a 10 de Maio de 1984.

Palmarés:

1968- 1º Na Volta ao Estado de São Paulo, 1 etapa, Campeão Nacional, 1º no contra-relógio do Campeonato Nacional, 2º no GP do Porto, 1 etapa, 1º no Circuito de Loures, 2º no Campeonato Nacional de Montanha, 2º na Volta a Portugal, 2º no GP do Sul, 16º no Mundial de Estrada.

1969- Campeão Nacional, 1º no contra-relógio do Campeonato Nacional, 1º no Campeonato Nacional de c/relógio por equipas, 1º do Trophée Baracchi (com H. Van Springel), 1º no GP Riopelle, 1 etapa, 1º no GP Robbialac, 2 etapas, 8º no Tour de France, 2 etapas, 7º na Volta a Portugal, 1 etapa, 1 etapa na Volta ao Luxemburgo, 5º no GP des Nations, 6º no GP Famel, 15º no Mundial de Estrada, 18º do Super Prestige Pernod.

1970- Campeão Nacional, 1º no contra-relógio do Campeonato Nacional, 1º Na Volta a Portugal, 4 etapas, 1 etapa na Semana Catalã, 3º Na Escalada de Montjuich, 14º no Tour de France.

1971- Campeão Nacional, 1º No contra-relógio do Campeonato Nacional, Campeão Nacional de Perseguição Individual, 1º na Volta a Portugal, 8 etapas, 1º no GP de Sintra, 2 etapas, 3º na Clássica Porto-Lisboa, 3º na corrida A Travers la Lausanne, 5º no Tour de France, 17º no Dauphiné Libere.

1972- Campeão Nacional, 1º No contra-relógio do Campeonato Nacional, 1º na Volta a Portugal, 6 etapas, 1º no GP de Sintra, 1 etapa, 2 etapas no GP de Torres Vedras, 1º no Prémio de Lisboa, 5º na Volta à Suíça, 2 etapas, 8º no Tour de France, 17º no Liège-Bastogne-Liège.

1973- Campeão Nacional, 1º No contra-relógio do Campeonato Nacional, 7 etapas na Volta a Portugal, 8º no Tour de France, 1 etapa, 1º no Prémio do Estoril, 1 etapa, 5º no Midi Libre, 6º na Vuelta a España, 13º no Dauphiné Liberé, 15º no Paris-Nice, 20º no Mundial de Estrada.

1974- 2º da Vuelta a España, 2 etapas, 1º no Prix de Serenac, 1º no Prix de Montastruc, 1º na Côte d’Allevard, 3º na Semana Catalã, 6º no Tour de France ,8º no Midi Libre, 10º do Super Prestige Pernod.

1975- 1º No GP Clock, 3 etapas, 1º no Circuito de Tavira, 1º no Prémio de São João das Lampas, 3º no Tour de l’Aude, 12º Na Vuelta ao País Basco, 15º no Tour de France, 15º No Paris-Nice, 19º no Dauphiné Libere.

1976- 7º na Vuelta a España, 1 etapa, 3º na Vuelta ao País Basco, 3º Na Vuelta a Levante, 6º na Semana Catalã.

1977- 2 Etapas Na Vuelta a Los Vales Mineros, 13º no Tour de France, 1 etapa, 4º no Dauphiné Liberé, 4º na Semana Catalã, 5º na Ronde de Seignelay, 5º no Prix de Carhaix, 6º na Vuelta a Levante, 15º na Vuelta a España.

1978- 1º no Prix de Monteron, 1º no Prix de Vailly, 3º no Tour de France, 2º no Prix d’Auzances, 3º na Volta à Córsega, 3º no Prix d’Oradour-sur-Glane, 4º no Prix de Roanne, 21º na Volta à Suíça, 23º no Dauphiné-Liberé.

1979- 3º no Tour de France, 1 etapa (Alpe d’Huez),1 etapa no Midi Libre , 1º no Prix de Jugon ,1º no Prix de Prayssac , 6º no Dauphiné Liberé.

1980- 1º no Prix de Lamballe, 1º no Prix d’Obernai, 1º na Ronde de Garancières-en-Beauce, 5º no Tour de France, 3º no Midi Libre, 3º no Bordeaux-Paris, 3º no Dauphiné Libere, 3º nos Quatro dias de Dunquerque, 3º na Volta à Córsega, 3º no Prix Bain-de-Bretagne, 5º no Tour de France, 19º no Critérium International, 7º do Super Prestige Pernod.

1981- 3º No Dauphiné Libere, 5º no Tour da Romandia.19831º no Prix du Castillon-la-Bataille, 2º no Bol d’Or des Monédières, 4º na Escalada Grabs-Voralp, 11º no Tour de France, 14º no Tour da Romandia, 24º na Volta à Suíça.

1984- 1 Etapa na Volta ao Algarve.

Total de Vitórias: 96

Maiores destaques:Volta a Portugal:1968 - 2º, 1969 – 7º, 1970 – 1º, 1971 – 1º, 1972 – 1º.Tour de France:1969 - 8º, 1970 – 14º, 1971 – 5º, 1972 – 8º, 1973 – 8º, 1974 – 6º, 1975 – 15º, 1977 – 3º, 1978 – 3º, 1979 – 3º, 1980 – 5º, 1983 – 11º.Vuelta a España:1973 - 6º, 1974 – 2º, 1976 – 7º, 1977 – 15º.Campeão Nacional 6 vezes consecutivas (1968 a 1973).

Vencedor das etapas míticas de:Alpe d’Huez (Tour) – 1979, Cangas de Oniz (Vuelta) – 1974, Torre – 1971, 1973, Penhas da Saúde – 1970, 1971, Solothurn Balmberg (V. Suíça) – 1972.

1º Nas Subidas de:Puerto del Léon (Vuelta) – 1972, Côte de Laffrey (Tour) – 1971, First plan (Tour) – 1969, Grammont (Tour) – 1971, Manse (Tour) – 1972, Lautaret (Tour) – 1972, Hundruck (Tour) – 1972, Oderen (Tour) – 1972, Lalouvesc (Tour) – 1977, Croix de Chabouret (Tour) – 1977.

Ciclista do Ano do CycloLusitano:1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1978, 1979, 1980.

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Abril 05 2006

As manifestações culturais surgidas nos Estados Unidos e na Europa na década de 1960, feitas por jovens da classe média na sua maioria, que tiveram contacto com teorias de cientistas sociais e estudiosos do comportamento humano nas universidades, expandiram-se graças à imprensa. A imprensa norte-americana criou o termo Contracultura, para designar este conjunto de manifestações de carácter intelectual e estético que se opunha ou se diferenciava das instituições e dos valores dominantes na sociedade. Surgida nos anos 50, a Geração Beat - “Beat Generation”- foi o primeiro movimento de contracultura com forte importância histórica e cultural a acontecer nos EUA. Os seus membros eram conhecidos como beatniks (rótulo que Jack Kerouac reivindica como seu): uma corrupção do nome do satélite russo Sputnik com o termo inglês beat, de vários significados, entre eles o ritmo e o aspecto depressivo, que torna essa uma geração maldita.
Os beatniks eram jovens que se conheceram dentro e fora da universidade, interessados em escritos não ortodoxos como Rimbaud, Willian Blake, Melville, Withman, Kafka, Nietzsche, alguns dos quais vieram depois a ser adoptados nas universidades, sendo inclusive os professores acusados de transmitirem valores subversivos aos estudantes. Inquietos, marginais, pretendiam mostrar o seu desgosto com o status quo do consumismo e da tecnocracia, contrapondo propostas alternativas de vida. Não queriam mudar o mundo, nem fazer a revolução, mas lutar pelo direito de ser diferente. Não tinham soluções para os males do mundo. Nem para os próprios. Apesar das principais contribuições desta geração terem se dado na literatura, não é difícil identificar traços seus noutras formas de arte.
A Beat Generation na literatura compreendia um número pequeno de escritores, dos quais Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William S. Burroughs são os mais conhecidos. Os três conheceram-se na Universidade Columbia, em Nova Iorque, no meio da década de 40, e tornaram-se grandes amigos, cada um encorajando o outro a escrever, até que as editoras começaram a levar o seu trabalho a sério no fim dos anos 50.
Allen Ginsberg é considerado o principal poeta da “Beat Generation”. Nascido a 3 de Junho de 1926, em New Jersey, Allen Ginsberg foi uma criança complicada e tímida, dominada pelos estranhos e assustadores episódios de sua mãe, uma mulher completamente paranóica, que acreditava que o mundo conspirava contra ela. Ao mesmo tempo, Allen teve que lutar para compreender o que estava acontecendo dentro dele, já que era consumido pela luxúria de outros meninos de sua idade. Na escola secundária, descobriu a poesia, mas logo ao ingressar na Universidade de Columbia, fez amizade com um grupo de jovens delinquentes, pensadores de almas selvagens, obcecados igualmente por drogas, sexo e literatura. Ao mesmo tempo em que ajudava os amigos a desenvolverem os seus talentos literários, Allen perdia de vez a sua ingenuidade, experimentando drogas e frequentando bares gays em Greenwich Village. Assumindo um estilo de vida bizarro, como se procurasse em si mesmo a face da loucura de sua mãe, Ginsberg acabou por se submeter a tratamento psiquiátrico. Aos 29 anos, já tinha escrito muita poesia, mas quase nada publicado. Allen Ginsberg ganhou popularidade a partir de 1956, com o seu poema/livro “Uivo”.


"(…)Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa “hipsters” com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contrato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tectos das cidades contemplando jazz, que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cómodos, que passaram por universidades com olhos frios e radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos das universidades por serem loucos e publicarem odes obscenas nas janelas do crânio, que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestas de papel, escutando o Terror através da parede, que foram detidos em suas barbas púbicas voltando por Laredo, com um cinturão de marijuana para Nova York, que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam terebintina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram seus torsos noite após noite com sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília, álcool, caralhos e intermináveis orgias, (...) " .

Lançado no Outono de 1956, o longo "Uivo" foi apreendido pela polícia de San Francisco, sob a acusação de se tratar de uma obra obscena. Depois de um tumultuoso julgamento, semelhante ao que foi submetida a novela de William Burroughs, Naked Lunch, o Supremo Tribunal autorizou a publicação e vendeu milhões de exemplares. Por esse período, Ginsberg viaja pelo mundo, descobre o budismo e apaixona-se por Peter Orlovsky, que seria seu companheiro durante 30 anos, embora a sua relação não fosse monógama. No início dos anos 60, enquanto já era famoso, lança-se na cultura hippie, ajudando Thimoty Leary a divulgar o psicadélico LSD e participa num grande número de eventos, como o Human Be-In, em 1967, em San Francisco, onde é um dos que conduzem a multidão cantando o mantra OM. Ginsberg é também figura-chave nos protestos contra a guerra do Vietname na Convenção do Partido Democrático de Chicago, em 1968. Após conhecer o guru tibetano Rinpoche, Ginsberg aceita-o como seu guru pessoal. Depois, juntamente com a poeta Anne Waldman, cria uma escola de poesia. Sempre participando de eventos multiculturais, Ginsberg manteve a sua agenda social activa até a sua morte, em 5 de Abril de 1997, em Nova Iorque. As suas últimas palavras, foram “pensei que iria ter medo mas estou animado”.

publicado por armando ésse às 09:02
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Abril 05 2006

As manifestações culturais surgidas nos Estados Unidos e na Europa na década de 1960, feitas por jovens da classe média na sua maioria, que tiveram contacto com teorias de cientistas sociais e estudiosos do comportamento humano nas universidades, expandiram-se graças à imprensa. A imprensa norte-americana criou o termo Contracultura, para designar este conjunto de manifestações de carácter intelectual e estético que se opunha ou se diferenciava das instituições e dos valores dominantes na sociedade. Surgida nos anos 50, a Geração Beat - “Beat Generation”- foi o primeiro movimento de contracultura com forte importância histórica e cultural a acontecer nos EUA. Os seus membros eram conhecidos como beatniks (rótulo que Jack Kerouac reivindica como seu): uma corrupção do nome do satélite russo Sputnik com o termo inglês beat, de vários significados, entre eles o ritmo e o aspecto depressivo, que torna essa uma geração maldita.
Os beatniks eram jovens que se conheceram dentro e fora da universidade, interessados em escritos não ortodoxos como Rimbaud, Willian Blake, Melville, Withman, Kafka, Nietzsche, alguns dos quais vieram depois a ser adoptados nas universidades, sendo inclusive os professores acusados de transmitirem valores subversivos aos estudantes. Inquietos, marginais, pretendiam mostrar o seu desgosto com o status quo do consumismo e da tecnocracia, contrapondo propostas alternativas de vida. Não queriam mudar o mundo, nem fazer a revolução, mas lutar pelo direito de ser diferente. Não tinham soluções para os males do mundo. Nem para os próprios. Apesar das principais contribuições desta geração terem se dado na literatura, não é difícil identificar traços seus noutras formas de arte.
A Beat Generation na literatura compreendia um número pequeno de escritores, dos quais Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William S. Burroughs são os mais conhecidos. Os três conheceram-se na Universidade Columbia, em Nova Iorque, no meio da década de 40, e tornaram-se grandes amigos, cada um encorajando o outro a escrever, até que as editoras começaram a levar o seu trabalho a sério no fim dos anos 50.
Allen Ginsberg é considerado o principal poeta da “Beat Generation”. Nascido a 3 de Junho de 1926, em New Jersey, Allen Ginsberg foi uma criança complicada e tímida, dominada pelos estranhos e assustadores episódios de sua mãe, uma mulher completamente paranóica, que acreditava que o mundo conspirava contra ela. Ao mesmo tempo, Allen teve que lutar para compreender o que estava acontecendo dentro dele, já que era consumido pela luxúria de outros meninos de sua idade. Na escola secundária, descobriu a poesia, mas logo ao ingressar na Universidade de Columbia, fez amizade com um grupo de jovens delinquentes, pensadores de almas selvagens, obcecados igualmente por drogas, sexo e literatura. Ao mesmo tempo em que ajudava os amigos a desenvolverem os seus talentos literários, Allen perdia de vez a sua ingenuidade, experimentando drogas e frequentando bares gays em Greenwich Village. Assumindo um estilo de vida bizarro, como se procurasse em si mesmo a face da loucura de sua mãe, Ginsberg acabou por se submeter a tratamento psiquiátrico. Aos 29 anos, já tinha escrito muita poesia, mas quase nada publicado. Allen Ginsberg ganhou popularidade a partir de 1956, com o seu poema/livro “Uivo”.


"(…)Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa “hipsters” com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contrato celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite, que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tectos das cidades contemplando jazz, que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados das casas de cómodos, que passaram por universidades com olhos frios e radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos das universidades por serem loucos e publicarem odes obscenas nas janelas do crânio, que se refugiaram em quartos de paredes de pintura descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em cestas de papel, escutando o Terror através da parede, que foram detidos em suas barbas púbicas voltando por Laredo, com um cinturão de marijuana para Nova York, que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam terebintina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram seus torsos noite após noite com sonhos, com drogas, com pesadelos na vigília, álcool, caralhos e intermináveis orgias, (...) " .

Lançado no Outono de 1956, o longo "Uivo" foi apreendido pela polícia de San Francisco, sob a acusação de se tratar de uma obra obscena. Depois de um tumultuoso julgamento, semelhante ao que foi submetida a novela de William Burroughs, Naked Lunch, o Supremo Tribunal autorizou a publicação e vendeu milhões de exemplares. Por esse período, Ginsberg viaja pelo mundo, descobre o budismo e apaixona-se por Peter Orlovsky, que seria seu companheiro durante 30 anos, embora a sua relação não fosse monógama. No início dos anos 60, enquanto já era famoso, lança-se na cultura hippie, ajudando Thimoty Leary a divulgar o psicadélico LSD e participa num grande número de eventos, como o Human Be-In, em 1967, em San Francisco, onde é um dos que conduzem a multidão cantando o mantra OM. Ginsberg é também figura-chave nos protestos contra a guerra do Vietname na Convenção do Partido Democrático de Chicago, em 1968. Após conhecer o guru tibetano Rinpoche, Ginsberg aceita-o como seu guru pessoal. Depois, juntamente com a poeta Anne Waldman, cria uma escola de poesia. Sempre participando de eventos multiculturais, Ginsberg manteve a sua agenda social activa até a sua morte, em 5 de Abril de 1997, em Nova Iorque. As suas últimas palavras, foram “pensei que iria ter medo mas estou animado”.

publicado por armando ésse às 09:02
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Abril 04 2006

Martin Luther King nasceu em Atlanta, Georgia, em 15 de Janeiro de 1929 numa família de negros americanos de classe média. Filho de um pastor Baptista e de uma professora.
Aos 19 anos Luther King foi ordenado pastor Baptista. Mais tarde, formou-se no Seminário Teológico de Crozer e fez pós-graduação na Universidade de Boston.
Os seus estudos levaram-no a explorar as ideias Gandhi, que se tornaram o centro de sua filosofia de protesto não violento. Enquanto esteve em Boston casou-se e, em 1954, tornou-se pastor da igreja Baptista de Montgomery, Alabama. Como presidente da Associação de Melhoramento de Montgomery, organizou um boicote contra a segregação no transporte público. Durante este boicote, que durou um ano, Luther King, sofreu vários atentados e foi preso por diversas ocasiões. Apesar disso, o boicote obteve sucesso e terminou com um mandato do Supremo Tribunal dos EUA, proibindo toda e qualquer segregação no transporte público da cidade. Obtendo o respeito de todos, Martin Luther King tornou-se o líder dos negros americanos na sua luta por seus direitos civis.
Em 1963 liderou um movimento massivo pelos direitos civis no Alabama, organizando campanhas por eleitores negros, desagregação, melhores condições de habitação e educação por todo o sul. A não-violência tornou-se sua maneira de demonstrar resistência. Foi novamente preso diversas vezes. Neste mesmo ano liderou a histórica marcha de 200 mil pessoas sobre Washington onde proferiu seu famoso discurso “I have a dream”(“Eu tenho um sonho”). Foi como firme defensor da não violência que, em 1964, recebeu o Prémio Nobel da Paz.
Ardente e emotivo orador, King transformou-se no símbolo e na principal figura da campanha de integração e de igualdade de direitos do final da década de cinquenta e princípio da de sessenta. Em meados dos anos 60, a sua atitude moderada mereceu-lhe a critica de muitos activistas negros.
Em 1967 Luther King uniu-se ao Movimento pela Paz no Vietname, o que causou um impacto negativo entre os negros. Outros líderes negros não concordaram com esta mudança de prioridades dos direitos civis para o movimento pela paz.
Em 4 de Abril de 1968 Martin Luther King foi baleado por James Earl Ray, que foi condenado a 99 anos de prisão, mas poucas são as provas a indiciar que tenha sido ele o verdadeiro autor do crime. Várias teorias têm sido sugeridas, envolvendo conspirações do FBI, da CIA e da Máfia.
Em 1983, a terceira segunda-feira do mês de Janeiro foi decretada feriado nacional em homenagem ao aniversário de Martin Luther King.
publicado por armando ésse às 07:25
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Abril 04 2006

Martin Luther King nasceu em Atlanta, Georgia, em 15 de Janeiro de 1929 numa família de negros americanos de classe média. Filho de um pastor Baptista e de uma professora.
Aos 19 anos Luther King foi ordenado pastor Baptista. Mais tarde, formou-se no Seminário Teológico de Crozer e fez pós-graduação na Universidade de Boston.
Os seus estudos levaram-no a explorar as ideias Gandhi, que se tornaram o centro de sua filosofia de protesto não violento. Enquanto esteve em Boston casou-se e, em 1954, tornou-se pastor da igreja Baptista de Montgomery, Alabama. Como presidente da Associação de Melhoramento de Montgomery, organizou um boicote contra a segregação no transporte público. Durante este boicote, que durou um ano, Luther King, sofreu vários atentados e foi preso por diversas ocasiões. Apesar disso, o boicote obteve sucesso e terminou com um mandato do Supremo Tribunal dos EUA, proibindo toda e qualquer segregação no transporte público da cidade. Obtendo o respeito de todos, Martin Luther King tornou-se o líder dos negros americanos na sua luta por seus direitos civis.
Em 1963 liderou um movimento massivo pelos direitos civis no Alabama, organizando campanhas por eleitores negros, desagregação, melhores condições de habitação e educação por todo o sul. A não-violência tornou-se sua maneira de demonstrar resistência. Foi novamente preso diversas vezes. Neste mesmo ano liderou a histórica marcha de 200 mil pessoas sobre Washington onde proferiu seu famoso discurso “I have a dream”(“Eu tenho um sonho”). Foi como firme defensor da não violência que, em 1964, recebeu o Prémio Nobel da Paz.
Ardente e emotivo orador, King transformou-se no símbolo e na principal figura da campanha de integração e de igualdade de direitos do final da década de cinquenta e princípio da de sessenta. Em meados dos anos 60, a sua atitude moderada mereceu-lhe a critica de muitos activistas negros.
Em 1967 Luther King uniu-se ao Movimento pela Paz no Vietname, o que causou um impacto negativo entre os negros. Outros líderes negros não concordaram com esta mudança de prioridades dos direitos civis para o movimento pela paz.
Em 4 de Abril de 1968 Martin Luther King foi baleado por James Earl Ray, que foi condenado a 99 anos de prisão, mas poucas são as provas a indiciar que tenha sido ele o verdadeiro autor do crime. Várias teorias têm sido sugeridas, envolvendo conspirações do FBI, da CIA e da Máfia.
Em 1983, a terceira segunda-feira do mês de Janeiro foi decretada feriado nacional em homenagem ao aniversário de Martin Luther King.
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Abril 03 2006

Wangari Muta Maathai nasceu a 1 de Abril de 1940 em Nyeri, no Quénia. Licenciou-se em Biologia no Kansas, um feito raro para as raparigas oriundas das áreas rurais do Quénia. De regresso ao seu país trabalhou em investigação na medicina veterinária na Universidade de Nairobi. Apesar de todo o cepticismo e oposição alcançou a direcção da faculdade de veterinária. Em 1970, o seu marido concorreu ao Parlamento e Maathai envolveu-se num projecto de apoio aos pobres, tornando-se mais tarde numa organização de apoio ao ambiente. Este projecto tornou-se num significante avanço contra a desflorestação no Quénia.
Em 1989, fundou o Movimento Cinto Verde, com o qual mobilizou mulheres pobres a plantar 30 milhões de árvores. Esta campanha, viria a ser copiada por outros países, , tais como a Tanzânia, Uganda, Malawi, Lesoto, Etiópia, Zimbabwe, etc. O objectivo de Wangari era produzir, de forma sustentável, madeira para combustível e combater a erosão do solo. Em entrevista à BBC, a queniana disse que a campanha não contou com apoio popular quando foi lançada. “Levei muitos dias e noites para convencer as pessoas de que as mulheres poderiam melhorar o meio ambiente, mesmo sem muita tecnologia ou recursos financeiros”, disse.

O Movimento do Cinto Verde lutou (luta) também pela educação, contra a fome e outros assuntos importantes para as mulheres e para a sociedade no geral. No final da década de 80, tornou-se uma opositora famosa da construção de um arranha-céus planeado para ser erguido no meio do principal parque da capital do Quénia. Wangari tornou-se uma vilã para o governo queniano da época, mas a campanha foi bem-sucedida e o projecto, abandonado.
Em 1991, foi presa tendo sido libertada com a ajuda da Amnistia Internacional. Posteriormente foi novamente presa por diversas vezes pelo governo do presidente queniano Daniel Moi. Em 1997, concorreu às presidenciais do Quénia, apesar do seu partido ter retirado a sua candidatura alguns dias antes das eleições, sem o seu conhecimento. Em Dezembro de 2002, Mwai Kibaki, o principal candidato da oposição, ganhou as presidenciais no Quénia, pondo fim a 24 anos de liderança do presidente Daniel Arap Moi, permitindo a entrada de Maathai no Parlamento.
Em Dezembro de 2003, Kibaki nomeou-a assistente do ministro do Ambiente. Maathai permaneceu corajosamente contra o antigo regime opressivo no Quénia e serviu de inspiração a muitas pessoas na luta pelos direitos democráticos.
Em 2004 o Comité Nobel da Noruega decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz a Wangari Maathai pelo seu contributo para o desenvolvimento sustentável, a democracia e a paz. “A paz na terra depende da nossa habilidade em defender o nosso ambiente vivo. Maathai ergue-se na frente da luta para promover o desenvolvimento social, económico e cultural ecologicamente viáveis no Quénia e na África. Ela fez uma abordagem ao desenvolvimento sustentável que abraça a democracia, os direitos do homem e os direitos da mulher em particular. Pensa globalmente e age localmente”, lê-se na decisão do Comité Nobel da Noruega.
Maathai causou controvérsia na comunicação social internacional, quando numa conferência de imprensa, após o anúncio da conquista do Prémio Nobel da Paz, disse que o " vírus HIV era um produto criado pelo homem através de bio-engenharia, e foi introduzido em África por cientistas ocidentais não-identificados como uma arma de destruição em massa para “punir os negros”. Desde então tem fugido a tomar uma posição definitiva, alegando que “Eu não sei qual é a origem do vírus da SIDA, mas espero que um dia saibamos, porque isso é algo que obviamente todos queremos saber, de onde vem a doença”.
Wangari Maathai foi a primeira mulher africana a ser laureada com um Prémio Nobel.
publicado por armando ésse às 07:56
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Abril 03 2006

Wangari Muta Maathai nasceu a 1 de Abril de 1940 em Nyeri, no Quénia. Licenciou-se em Biologia no Kansas, um feito raro para as raparigas oriundas das áreas rurais do Quénia. De regresso ao seu país trabalhou em investigação na medicina veterinária na Universidade de Nairobi. Apesar de todo o cepticismo e oposição alcançou a direcção da faculdade de veterinária. Em 1970, o seu marido concorreu ao Parlamento e Maathai envolveu-se num projecto de apoio aos pobres, tornando-se mais tarde numa organização de apoio ao ambiente. Este projecto tornou-se num significante avanço contra a desflorestação no Quénia.
Em 1989, fundou o Movimento Cinto Verde, com o qual mobilizou mulheres pobres a plantar 30 milhões de árvores. Esta campanha, viria a ser copiada por outros países, , tais como a Tanzânia, Uganda, Malawi, Lesoto, Etiópia, Zimbabwe, etc. O objectivo de Wangari era produzir, de forma sustentável, madeira para combustível e combater a erosão do solo. Em entrevista à BBC, a queniana disse que a campanha não contou com apoio popular quando foi lançada. “Levei muitos dias e noites para convencer as pessoas de que as mulheres poderiam melhorar o meio ambiente, mesmo sem muita tecnologia ou recursos financeiros”, disse.

O Movimento do Cinto Verde lutou (luta) também pela educação, contra a fome e outros assuntos importantes para as mulheres e para a sociedade no geral. No final da década de 80, tornou-se uma opositora famosa da construção de um arranha-céus planeado para ser erguido no meio do principal parque da capital do Quénia. Wangari tornou-se uma vilã para o governo queniano da época, mas a campanha foi bem-sucedida e o projecto, abandonado.
Em 1991, foi presa tendo sido libertada com a ajuda da Amnistia Internacional. Posteriormente foi novamente presa por diversas vezes pelo governo do presidente queniano Daniel Moi. Em 1997, concorreu às presidenciais do Quénia, apesar do seu partido ter retirado a sua candidatura alguns dias antes das eleições, sem o seu conhecimento. Em Dezembro de 2002, Mwai Kibaki, o principal candidato da oposição, ganhou as presidenciais no Quénia, pondo fim a 24 anos de liderança do presidente Daniel Arap Moi, permitindo a entrada de Maathai no Parlamento.
Em Dezembro de 2003, Kibaki nomeou-a assistente do ministro do Ambiente. Maathai permaneceu corajosamente contra o antigo regime opressivo no Quénia e serviu de inspiração a muitas pessoas na luta pelos direitos democráticos.
Em 2004 o Comité Nobel da Noruega decidiu atribuir o Prémio Nobel da Paz a Wangari Maathai pelo seu contributo para o desenvolvimento sustentável, a democracia e a paz. “A paz na terra depende da nossa habilidade em defender o nosso ambiente vivo. Maathai ergue-se na frente da luta para promover o desenvolvimento social, económico e cultural ecologicamente viáveis no Quénia e na África. Ela fez uma abordagem ao desenvolvimento sustentável que abraça a democracia, os direitos do homem e os direitos da mulher em particular. Pensa globalmente e age localmente”, lê-se na decisão do Comité Nobel da Noruega.
Maathai causou controvérsia na comunicação social internacional, quando numa conferência de imprensa, após o anúncio da conquista do Prémio Nobel da Paz, disse que o " vírus HIV era um produto criado pelo homem através de bio-engenharia, e foi introduzido em África por cientistas ocidentais não-identificados como uma arma de destruição em massa para “punir os negros”. Desde então tem fugido a tomar uma posição definitiva, alegando que “Eu não sei qual é a origem do vírus da SIDA, mas espero que um dia saibamos, porque isso é algo que obviamente todos queremos saber, de onde vem a doença”.
Wangari Maathai foi a primeira mulher africana a ser laureada com um Prémio Nobel.
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