A FÁBRICA

Setembro 28 2006
Se eu escrevesse o que sinto quando ouço o hino da República Portuguesa ou quando vislumbro a bandeira dos lusitanos a flutuar ao vento, provavelmente seria preso. Historicamente é uma falácia que se diga que Portugal é a “pátria lusitana”, sabendo nós que os Lusitanos nunca habitaram a norte do rio Douro (essa secção do território esteve grande parte do tempo sob domínio dos Suevos).
Portugal está recheado de alucinações mitológicas, de lendários devaneios. A impossibilidade que este país tem em se desquitar é um mal histórico. Vejamos: Um dos episódios maiores da história da República Portuguesa relata uma padeira que, farta de fazer roscas (sabe-se lá a quem), decide com uma pá(!!!!!) o resultado final de uma batalha! Que histórias de bravura serão contadas no futuro? Um pescador da Póvoa do Varzim que violentamente afundou a totalidade da armada americana somente com um anzol? Um portuense que, numa noite de S. João dizimou o exército indiano com um alho-porro? Um lisboeta que cilindrou o défice enquanto encomendava um bolo-rei? Uma possível explicação para este delírio colectivo seria o facto de todos os automóveis funcionarem a cannabis e não a derivados do petróleo. Mas nesse cenário teríamos nas ruas gente sorridente, o que não é o caso. O povo português só fica alegre quando ejacula ou quando recebe a devolução do IRS.
Os “Lusíadas” são outra obra de infausto título e embaraçoso conteúdo. A questão do título está relacionada com o facto, já anteriormente por mim descrito, do domínio territorial Suevo no norte do país. O conteúdo é um conjunto de embaraços mais ou menos evidentes. Recomendo a leitura do “achamento” da Ilha dos Amores. De súbito, tudo faz sentido: a incompetência dos portugueses é um facto histórico, pois já naquele tempo a ilha teve que se deslocar para poder ser alcançada pelas naus.
Em tempo idos, se já Internet existisse, provavelmente os “achadores” portugueses teriam “surfado” na onda digital e não nos mares do mundo para expandir território. A página online para conquistas e afins teria, mais ou menos, o seguinte aspecto.

Olá! Sejais vós bem-vindos à página de expansão do Reino Português. Ao preço de cada opção acresce a taxa de 20% (como se faz na Phinlândia).

Seleccione a opção que deseja:

- Chacinar povos selvagens

- Assinar um tratado para o empossar como dono de metade de um mundo que é de todos

- Enviar uma mensagem para o phuturo para um primeiro-ministro que teima em castigar constantemente os que menos têm

- Encomendar uma francesinha

Tudo isto é triste, mas não é fado. Na realidade, a música popular portuguesa é somente uma desculpa para se beber mau vinho.
A pátria não é coisa que se possa impor. Aquilo que o homem hoje separa com fronteiras foi, outrora, um campo livre. Então que filiação é esta? Que sentido faz a palavra pátria se nos incita a marchar contra os canhões? O mundo é um só, a minha casa. As barreiras fronteiriças somente separam aquilo que é de todos. Deixemo-nos de bandeiras tingidas de sangue. Foi-se a padeira, mas a padaria, retrógrada e atrasada, sobrevive. Este país é como um campo estrumado: parece lindo ao longe, mas o odor a esterco aumenta à medida que nos aproximamos. Acabaram-se as férias. Bem-vindos.

Hugo Machado
publicado por armando ésse às 06:04

Setembro 28 2006
Se eu escrevesse o que sinto quando ouço o hino da República Portuguesa ou quando vislumbro a bandeira dos lusitanos a flutuar ao vento, provavelmente seria preso. Historicamente é uma falácia que se diga que Portugal é a “pátria lusitana”, sabendo nós que os Lusitanos nunca habitaram a norte do rio Douro (essa secção do território esteve grande parte do tempo sob domínio dos Suevos).
Portugal está recheado de alucinações mitológicas, de lendários devaneios. A impossibilidade que este país tem em se desquitar é um mal histórico. Vejamos: Um dos episódios maiores da história da República Portuguesa relata uma padeira que, farta de fazer roscas (sabe-se lá a quem), decide com uma pá(!!!!!) o resultado final de uma batalha! Que histórias de bravura serão contadas no futuro? Um pescador da Póvoa do Varzim que violentamente afundou a totalidade da armada americana somente com um anzol? Um portuense que, numa noite de S. João dizimou o exército indiano com um alho-porro? Um lisboeta que cilindrou o défice enquanto encomendava um bolo-rei? Uma possível explicação para este delírio colectivo seria o facto de todos os automóveis funcionarem a cannabis e não a derivados do petróleo. Mas nesse cenário teríamos nas ruas gente sorridente, o que não é o caso. O povo português só fica alegre quando ejacula ou quando recebe a devolução do IRS.
Os “Lusíadas” são outra obra de infausto título e embaraçoso conteúdo. A questão do título está relacionada com o facto, já anteriormente por mim descrito, do domínio territorial Suevo no norte do país. O conteúdo é um conjunto de embaraços mais ou menos evidentes. Recomendo a leitura do “achamento” da Ilha dos Amores. De súbito, tudo faz sentido: a incompetência dos portugueses é um facto histórico, pois já naquele tempo a ilha teve que se deslocar para poder ser alcançada pelas naus.
Em tempo idos, se já Internet existisse, provavelmente os “achadores” portugueses teriam “surfado” na onda digital e não nos mares do mundo para expandir território. A página online para conquistas e afins teria, mais ou menos, o seguinte aspecto.

Olá! Sejais vós bem-vindos à página de expansão do Reino Português. Ao preço de cada opção acresce a taxa de 20% (como se faz na Phinlândia).

Seleccione a opção que deseja:

- Chacinar povos selvagens

- Assinar um tratado para o empossar como dono de metade de um mundo que é de todos

- Enviar uma mensagem para o phuturo para um primeiro-ministro que teima em castigar constantemente os que menos têm

- Encomendar uma francesinha

Tudo isto é triste, mas não é fado. Na realidade, a música popular portuguesa é somente uma desculpa para se beber mau vinho.
A pátria não é coisa que se possa impor. Aquilo que o homem hoje separa com fronteiras foi, outrora, um campo livre. Então que filiação é esta? Que sentido faz a palavra pátria se nos incita a marchar contra os canhões? O mundo é um só, a minha casa. As barreiras fronteiriças somente separam aquilo que é de todos. Deixemo-nos de bandeiras tingidas de sangue. Foi-se a padeira, mas a padaria, retrógrada e atrasada, sobrevive. Este país é como um campo estrumado: parece lindo ao longe, mas o odor a esterco aumenta à medida que nos aproximamos. Acabaram-se as férias. Bem-vindos.

Hugo Machado
publicado por armando ésse às 06:04

Setembro 27 2006

Banksy é uma lenda no meio dos artistas rua. Faz grafites um pouco por todo mundo, com um radical sentido de humor, que visa a sociedade, a política e o quotidiano.
É também conhecido por introduzir clandestinamente, em reputados museus, obras suas, como se fosse parte do acervo original, esperando para ver quanto tempo demora, até descobrirem a falsificação. Em alguns casos os trabalhos de Bansky, acabaram por serem comprados pelo museu, que sofreu o ataque de vandalismo.
A verdadeira identidade de Banksy é desconhecida. De acordo com o jornal The Guardian, ( que o entrevistou, no fim do post existe um link para esta entrevista) o seu verdadeiro nome é Robert Banks, está na casa dos 30 anos e é natural da cidade de Bristol. O secretismo à sua volta é tão grande, que Banksy afirma, que nem os seus pais sabem o que ele faz.
A sua arte (como é óbvio, para lá da obra de arte em si) tem como objectivo chocar o observador e choca mesmo!

Há muitas organizações que consideram o trabalho de Banksy puro vandalismo, mas o artista adquiriu projecção internacional quando fez a ilustração da capa do disco Think Tank, da famosa banda britânica, Blur, editado em 2003.
Uma das intervenções mais conhecidas de Banksy, foi um plano coordenado para infiltrar obras suas, nos quatro mais importantes museus de Nova Iorque no mesmo dia.
E conseguiu, no dia 13 de Março de 2005!
Primeiro colocou um dos seus trabalhos, um quadro de uma lata de sopa, ao estilo de Andy Warhol, no MoMa, onde permaneceu três dias sem ser notado. Seguiu-se o Museu Brooklyn. Neste museu, o quadro colocado, mostrava um almirante da era colonial, com uma lata de spray na mão e frases anti-guerra. Os outros dois museus "vandalizados" foram o Metropolitan Museum of Art e o Museu Americano de História Natural. No Metropolitan Museum, Banksy colocou uma tela de uma mulher usando uma máscara de gás e no Museu Americano de História Natural, Banksy colocou, por trás de um vidro, um besouro com asas de caça-bombardeiro e mísseis presos ao corpo.
Uma das suas obras mais polémicas é uma montagem com a célebre foto de Nick Ut, que simboliza toda a tragédia que foi a Guerra do Vietname. A fotografia retrata a pequena Kim Phuc, e outras crianças, a correrem momentos depois da sua aldeia ter sido bombardeada pelos americanos com bombas de Napalm. Na montagem de Bansky, primeira fotografia do post, Kim Phuc aparece ao lado do Mickey e de Ronald McDonald, numa implícita crítica ao capitalismo.
Numa outra pintura, que causou muita polémica em Inglaterra, Banksy mostra a rainha Vitória, símbolo do puritanismo e do Império Britânico, a fazer sexo oral com uma outra mulher.
A sua primeira e única exposição em Londres, em 2005, trouxe versões de pinturas tradicionais com detalhes da vida contemporânea. Nela, os visitantes eram obrigados a dividir o pequeno espaço da galeria com centenas de ratos, que circulavam livremente.

No ano passado, fez uma série de grafites no muro que separa Israel da Cisjordânia. São paisagens idílicas, que contrastam com a dura vida dos palestinianos. Com estas imagens, para além de protestar contra a construção do Muro por parte de Israel, foi intenção de Bransky transformar o horrendo em belo.
Também no ano passado, o artista deixou o Museu Britânico numa situação desagradável ao infiltrar na colecção do museu uma imitação de pintura rupestre, que mostrava um homem pré-histórico a empurrar um carrinho de supermercado. De acordo com Banksy, a obra passou despercebida durante três dias. A direcção do museu reagiu com bom humor. Comprou a obra.
No princípio deste mês, o artista britânico conseguiu substituir 500 CDs de Paris Hilton por versões adulteradas em lojas espalhadas pela Grã-Bretanha. Banksy trocou as músicas de Paris Hilton por versões suas, que receberam nomes como “Por que sou famosa?”, “O que fiz?” e “Para que sirvo?”.

O artista plástico também substituiu as fotos dos CD’s por imagens em que Paris Hilton aparece em topless com frases provocantes e na contra capa substituiu a fotografia da socialite, por uma fotografia em que esta aparece com uma cabeça de cadela.
Na semana passada, Banksy conseguiu colocar uma réplica em tamanho natural de um prisioneiro da base americana na Baía de Guantánamo na Disneyland, sem que os responsáveis pelo parque percebessem. A figura, vestida com o uniforme laranja que caracteriza os presos de Guantánamo, foi colocada no fim de semana dentro da área ocupada pela atracção Rocky Mountain Railroad. A réplica permaneceu no local por 90 minutos até que esta parte do parque para a figura ser removida. Um porta-voz de Banksy disse que a ideia era chamar atenção para a situação dos suspeitos de terrorismo presos no ignóbil centro de detenção americano em Cuba.

Banksy, um "vândalo" muito dotado.
Link:
http://arts.guardian.co.uk/features/story/0,,999712,00.html
publicado por armando ésse às 10:21
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Setembro 27 2006

Banksy é uma lenda no meio dos artistas rua. Faz grafites um pouco por todo mundo, com um radical sentido de humor, que visa a sociedade, a política e o quotidiano.
É também conhecido por introduzir clandestinamente, em reputados museus, obras suas, como se fosse parte do acervo original, esperando para ver quanto tempo demora, até descobrirem a falsificação. Em alguns casos os trabalhos de Bansky, acabaram por serem comprados pelo museu, que sofreu o ataque de vandalismo.
A verdadeira identidade de Banksy é desconhecida. De acordo com o jornal The Guardian, ( que o entrevistou, no fim do post existe um link para esta entrevista) o seu verdadeiro nome é Robert Banks, está na casa dos 30 anos e é natural da cidade de Bristol. O secretismo à sua volta é tão grande, que Banksy afirma, que nem os seus pais sabem o que ele faz.
A sua arte (como é óbvio, para lá da obra de arte em si) tem como objectivo chocar o observador e choca mesmo!

Há muitas organizações que consideram o trabalho de Banksy puro vandalismo, mas o artista adquiriu projecção internacional quando fez a ilustração da capa do disco Think Tank, da famosa banda britânica, Blur, editado em 2003.
Uma das intervenções mais conhecidas de Banksy, foi um plano coordenado para infiltrar obras suas, nos quatro mais importantes museus de Nova Iorque no mesmo dia.
E conseguiu, no dia 13 de Março de 2005!
Primeiro colocou um dos seus trabalhos, um quadro de uma lata de sopa, ao estilo de Andy Warhol, no MoMa, onde permaneceu três dias sem ser notado. Seguiu-se o Museu Brooklyn. Neste museu, o quadro colocado, mostrava um almirante da era colonial, com uma lata de spray na mão e frases anti-guerra. Os outros dois museus "vandalizados" foram o Metropolitan Museum of Art e o Museu Americano de História Natural. No Metropolitan Museum, Banksy colocou uma tela de uma mulher usando uma máscara de gás e no Museu Americano de História Natural, Banksy colocou, por trás de um vidro, um besouro com asas de caça-bombardeiro e mísseis presos ao corpo.
Uma das suas obras mais polémicas é uma montagem com a célebre foto de Nick Ut, que simboliza toda a tragédia que foi a Guerra do Vietname. A fotografia retrata a pequena Kim Phuc, e outras crianças, a correrem momentos depois da sua aldeia ter sido bombardeada pelos americanos com bombas de Napalm. Na montagem de Bansky, primeira fotografia do post, Kim Phuc aparece ao lado do Mickey e de Ronald McDonald, numa implícita crítica ao capitalismo.
Numa outra pintura, que causou muita polémica em Inglaterra, Banksy mostra a rainha Vitória, símbolo do puritanismo e do Império Britânico, a fazer sexo oral com uma outra mulher.
A sua primeira e única exposição em Londres, em 2005, trouxe versões de pinturas tradicionais com detalhes da vida contemporânea. Nela, os visitantes eram obrigados a dividir o pequeno espaço da galeria com centenas de ratos, que circulavam livremente.

No ano passado, fez uma série de grafites no muro que separa Israel da Cisjordânia. São paisagens idílicas, que contrastam com a dura vida dos palestinianos. Com estas imagens, para além de protestar contra a construção do Muro por parte de Israel, foi intenção de Bransky transformar o horrendo em belo.
Também no ano passado, o artista deixou o Museu Britânico numa situação desagradável ao infiltrar na colecção do museu uma imitação de pintura rupestre, que mostrava um homem pré-histórico a empurrar um carrinho de supermercado. De acordo com Banksy, a obra passou despercebida durante três dias. A direcção do museu reagiu com bom humor. Comprou a obra.
No princípio deste mês, o artista britânico conseguiu substituir 500 CDs de Paris Hilton por versões adulteradas em lojas espalhadas pela Grã-Bretanha. Banksy trocou as músicas de Paris Hilton por versões suas, que receberam nomes como “Por que sou famosa?”, “O que fiz?” e “Para que sirvo?”.

O artista plástico também substituiu as fotos dos CD’s por imagens em que Paris Hilton aparece em topless com frases provocantes e na contra capa substituiu a fotografia da socialite, por uma fotografia em que esta aparece com uma cabeça de cadela.
Na semana passada, Banksy conseguiu colocar uma réplica em tamanho natural de um prisioneiro da base americana na Baía de Guantánamo na Disneyland, sem que os responsáveis pelo parque percebessem. A figura, vestida com o uniforme laranja que caracteriza os presos de Guantánamo, foi colocada no fim de semana dentro da área ocupada pela atracção Rocky Mountain Railroad. A réplica permaneceu no local por 90 minutos até que esta parte do parque para a figura ser removida. Um porta-voz de Banksy disse que a ideia era chamar atenção para a situação dos suspeitos de terrorismo presos no ignóbil centro de detenção americano em Cuba.

Banksy, um "vândalo" muito dotado.
Link:
http://arts.guardian.co.uk/features/story/0,,999712,00.html
publicado por armando ésse às 10:21
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Setembro 25 2006

A portuguesa Vanessa Fernandes, vice-campeã mundial de triatlo, igualou ontem o recorde de 12 vitórias consecutivas ao vencer a etapa chinesa da Taça do Mundo, assegurando um triunfo quase certo no circuito mundial. A benfiquista foi a atleta mais forte no percurso de Pequim, semelhante ao que será utilizado nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, terminando em 2.03,16 horas os 1500 metros de natação, 40 quilómetros de ciclismo e os 10 quilómetros de corrida da 14ª etapa do calendário de 2006.
Apesar da vitória, Vanessa Fernandes mostrou-se modesta no final da prova, considerando, em declarações à agência “Lusa”, que “o que fica na história é ser campeã do mundo e campeã olímpica”. Vanessa Fernandes deixou em segundo lugar a campeã mundial da modalidade, a australiana Emma Snowsill, com mais 1,07 minutos, tendo a atleta do Luxemburgo Elizabeth May chegado em terceiro lugar, com mais 1,56 minutos que a portuguesa. Com este triunfo, Vanessa Fernandes é a virtual vencedora do circuito mundial, mesmo sem participar nas duas últimas etapas, nas quais Emma Snowsill também já anunciou que não participa.
O recorde de 12 vitórias seguidas foi estabelecido por Emma Carney entre 1993 e 1995, quando apenas cerca de três dezenas de atletas femininas disputavam a Taça do Mundo.

Desde a sua participação nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, em que se qualificou em oitavo lugar, a filha do antigo ciclista Venceslau Fernandes ganhou todas as provas em que participou, excepto os campeonatos do Mundo. A série de 12 vitórias teve início em Madrid em 2004 até culminar na prova de Pequim. “O circuito obriga os atletas a ser fortes e inteligentes”, disse a atleta portuguesa, comentando o percurso da prova de ontem, que serviu de primeiro ensaio geral para o circuito dos Jogos Olímpicos de Pequim’2008. Vanessa Fernandes assumiu desde o início da prova um ritmo forte e atacante para desgastar as adversárias, tendo em especial cansado Emma Snowsill na prova de bicicleta, o que veio depois a ser vital nos 10 quilómetros finais de corrida.
Ontem, ao contrário de sempre, a vitória de Vanessa Fernandes, foi tema de abertura do telejornal da RTP. Já é tempo de dar valor a quem realmente o tem, e definitivamente olharem para outras modalidades e atletas, para além do futebol.Sem estágios de luxo,sem visitas presidenciais ou ministeriais, com muito treino, forçe de vontade e humildade, Vanessa Fernandes, vai levando bem alto o nome de Portugal, ainda por cima, numa modalidade recente e sem qualquer tradição em Portugal.

Perfil:
Nome Completo: Vanessa de Sousa Fernandes
Data de Nascimento: 14 de Setembro de 1985
Altura: 168 cm
Peso: 57 kg
Inicio na Modalidade: 1999
Equipa: Sport Lisboa e Benfica
Treinadores: Sérgio Santos
António Jourdan
Palmarés:
2006.
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Beijing (CHI);.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Hamburgo (GER);
.: Vice-Campeã nos Campeonatos do Mundo de Triatlo de Elite de Lausanne (SUI);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Corner Brook (CAN);
.: 5ª Classificada no Life Time Fitness Triathlon (USA);
.: Campeã da Europa de Triatlo Sub23 Feminina - Rijeka (CRT);
.: Campeã da Europa de Triatlo Elite Feminina - Autun (FRA);.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Madrid (ESP);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Mazatlán (MEX);
.: Vencedora da Taça da Europa de Triatlo do Estoril (POR);
.: 3º Lugar no Campeonato Nacional de Corta Mato Longo - Guimarães (POR);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Aqaba (JRD);
2005.
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de New Plymouth (NZL);
.: Campeã da Europa de Triatlo Elite Feminina - Lausanne (SUI);
.: Campeã da Europa de Triatlo Sub23 Feminina - Sófia (BUL);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Pequim (CHN);
.: 4ª Classificada nos Campeonatos do Mundo de Triatlo de Elite de Gamagori (JPN);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Madrid (ESP);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Mazatlán (MEX);
2004.
.: Campeã Nacional de Triatlo 2004;.: Vencedora da Taça do Mundo do Rio de Janeiro (BRA);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Madrid (ESP);
.: 8ª Classificada nos Jogos Olimpicos Atenas 2004;
.: Campeã da Europa de Triatlo Sub23 Feminina - Tiszaujvaros (HUN);

.: 5ª Classificada nos Campeonatos do Mundo de Triatlo de Elite - Funchal (POR);
.: Campeã da Europa de Triatlo Elite Feminina - Valência (ESP);
2003.
.: 9ª Classificada na Taça do Mundo de São Petersburgo (EUA);.: 10ª Classificada na Taça do Mundo de Ishigaki (JPN);
.: 9ª Classificada na Taça do Mundo do Funchal (POR);.
: 3ª Classificada na Taça do Mundo do Rio de Janeiro (BRA);
.: 3ª Classificada na Taça do Mundo de Cancun (MEX);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Madrid (ESP);
.: Vencedora do Triatlo Internacional do Estoril (POR);
.: 2ª Classificada no Triatlo Internacional da Praia da Vitória (POR);
.: 5ª Classificada nos Jogos Mundias de Verão - Santos (BRA);
.: Medalha de Prata no Campeonato da Europa por Equipas Juniores Femininos - Carlsbad (CZE);
.: Medalha de Bronze no Campeonato do Mundo de Triatlo Juniores Femininos - Queenstown (NZL);
.: Campeã do Mundo de Duatlo Juniores Femininas - Affoltern (SUI);.
: Campeã da Europa de Triatlo Juniores Femininas - Carlsbad (CZE);
2002.
.: 4º Lugar no Campeonato do Mundo de Triatlo (Cancun - MEX) - Juniores Femininos;
.: 34ª Classificada na Taça do Mundo de Tizjausvaros (HUN);
.: 29ª Classificada na Taça do Mundo de Nice (FRA);
.: 12ª Classificada na Taça do Mundo do Funchal (POR);.
: Medalha de Bronze no Campeonato da Europa de Triatlo (Gyor - HUN) - Juniores Femininos;
.: Medalha de Bronze no Campeonato da Europa de Duatlo (Zeitz - GER) - Juniores Femininos;
2001.
.: Medalha de Prata por equipas no Campeonato da Europa de Duatlo (Mafra - POR) - Juniores Femininos;
.: 18ª no Campeonato da Europa de Triatlo (Carlsbad - CZE) - Juniores Femininos;
publicado por armando ésse às 07:46
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Setembro 25 2006

A portuguesa Vanessa Fernandes, vice-campeã mundial de triatlo, igualou ontem o recorde de 12 vitórias consecutivas ao vencer a etapa chinesa da Taça do Mundo, assegurando um triunfo quase certo no circuito mundial. A benfiquista foi a atleta mais forte no percurso de Pequim, semelhante ao que será utilizado nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, terminando em 2.03,16 horas os 1500 metros de natação, 40 quilómetros de ciclismo e os 10 quilómetros de corrida da 14ª etapa do calendário de 2006.
Apesar da vitória, Vanessa Fernandes mostrou-se modesta no final da prova, considerando, em declarações à agência “Lusa”, que “o que fica na história é ser campeã do mundo e campeã olímpica”. Vanessa Fernandes deixou em segundo lugar a campeã mundial da modalidade, a australiana Emma Snowsill, com mais 1,07 minutos, tendo a atleta do Luxemburgo Elizabeth May chegado em terceiro lugar, com mais 1,56 minutos que a portuguesa. Com este triunfo, Vanessa Fernandes é a virtual vencedora do circuito mundial, mesmo sem participar nas duas últimas etapas, nas quais Emma Snowsill também já anunciou que não participa.
O recorde de 12 vitórias seguidas foi estabelecido por Emma Carney entre 1993 e 1995, quando apenas cerca de três dezenas de atletas femininas disputavam a Taça do Mundo.

Desde a sua participação nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004, em que se qualificou em oitavo lugar, a filha do antigo ciclista Venceslau Fernandes ganhou todas as provas em que participou, excepto os campeonatos do Mundo. A série de 12 vitórias teve início em Madrid em 2004 até culminar na prova de Pequim. “O circuito obriga os atletas a ser fortes e inteligentes”, disse a atleta portuguesa, comentando o percurso da prova de ontem, que serviu de primeiro ensaio geral para o circuito dos Jogos Olímpicos de Pequim’2008. Vanessa Fernandes assumiu desde o início da prova um ritmo forte e atacante para desgastar as adversárias, tendo em especial cansado Emma Snowsill na prova de bicicleta, o que veio depois a ser vital nos 10 quilómetros finais de corrida.
Ontem, ao contrário de sempre, a vitória de Vanessa Fernandes, foi tema de abertura do telejornal da RTP. Já é tempo de dar valor a quem realmente o tem, e definitivamente olharem para outras modalidades e atletas, para além do futebol.Sem estágios de luxo,sem visitas presidenciais ou ministeriais, com muito treino, forçe de vontade e humildade, Vanessa Fernandes, vai levando bem alto o nome de Portugal, ainda por cima, numa modalidade recente e sem qualquer tradição em Portugal.

Perfil:
Nome Completo: Vanessa de Sousa Fernandes
Data de Nascimento: 14 de Setembro de 1985
Altura: 168 cm
Peso: 57 kg
Inicio na Modalidade: 1999
Equipa: Sport Lisboa e Benfica
Treinadores: Sérgio Santos
António Jourdan
Palmarés:
2006.
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Beijing (CHI);.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Hamburgo (GER);
.: Vice-Campeã nos Campeonatos do Mundo de Triatlo de Elite de Lausanne (SUI);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Corner Brook (CAN);
.: 5ª Classificada no Life Time Fitness Triathlon (USA);
.: Campeã da Europa de Triatlo Sub23 Feminina - Rijeka (CRT);
.: Campeã da Europa de Triatlo Elite Feminina - Autun (FRA);.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Madrid (ESP);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Mazatlán (MEX);
.: Vencedora da Taça da Europa de Triatlo do Estoril (POR);
.: 3º Lugar no Campeonato Nacional de Corta Mato Longo - Guimarães (POR);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Aqaba (JRD);
2005.
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de New Plymouth (NZL);
.: Campeã da Europa de Triatlo Elite Feminina - Lausanne (SUI);
.: Campeã da Europa de Triatlo Sub23 Feminina - Sófia (BUL);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Pequim (CHN);
.: 4ª Classificada nos Campeonatos do Mundo de Triatlo de Elite de Gamagori (JPN);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Madrid (ESP);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Triatlo de Mazatlán (MEX);
2004.
.: Campeã Nacional de Triatlo 2004;.: Vencedora da Taça do Mundo do Rio de Janeiro (BRA);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Madrid (ESP);
.: 8ª Classificada nos Jogos Olimpicos Atenas 2004;
.: Campeã da Europa de Triatlo Sub23 Feminina - Tiszaujvaros (HUN);

.: 5ª Classificada nos Campeonatos do Mundo de Triatlo de Elite - Funchal (POR);
.: Campeã da Europa de Triatlo Elite Feminina - Valência (ESP);
2003.
.: 9ª Classificada na Taça do Mundo de São Petersburgo (EUA);.: 10ª Classificada na Taça do Mundo de Ishigaki (JPN);
.: 9ª Classificada na Taça do Mundo do Funchal (POR);.
: 3ª Classificada na Taça do Mundo do Rio de Janeiro (BRA);
.: 3ª Classificada na Taça do Mundo de Cancun (MEX);
.: Vencedora da Taça do Mundo de Madrid (ESP);
.: Vencedora do Triatlo Internacional do Estoril (POR);
.: 2ª Classificada no Triatlo Internacional da Praia da Vitória (POR);
.: 5ª Classificada nos Jogos Mundias de Verão - Santos (BRA);
.: Medalha de Prata no Campeonato da Europa por Equipas Juniores Femininos - Carlsbad (CZE);
.: Medalha de Bronze no Campeonato do Mundo de Triatlo Juniores Femininos - Queenstown (NZL);
.: Campeã do Mundo de Duatlo Juniores Femininas - Affoltern (SUI);.
: Campeã da Europa de Triatlo Juniores Femininas - Carlsbad (CZE);
2002.
.: 4º Lugar no Campeonato do Mundo de Triatlo (Cancun - MEX) - Juniores Femininos;
.: 34ª Classificada na Taça do Mundo de Tizjausvaros (HUN);
.: 29ª Classificada na Taça do Mundo de Nice (FRA);
.: 12ª Classificada na Taça do Mundo do Funchal (POR);.
: Medalha de Bronze no Campeonato da Europa de Triatlo (Gyor - HUN) - Juniores Femininos;
.: Medalha de Bronze no Campeonato da Europa de Duatlo (Zeitz - GER) - Juniores Femininos;
2001.
.: Medalha de Prata por equipas no Campeonato da Europa de Duatlo (Mafra - POR) - Juniores Femininos;
.: 18ª no Campeonato da Europa de Triatlo (Carlsbad - CZE) - Juniores Femininos;
publicado por armando ésse às 07:46
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Setembro 22 2006

Penso que foi Nietzsche quem disse que nós não gostámos das pessoas mas sim do efeito que o conjunto de reacções que elas suscitam tem, ou seja, é provocada uma espécie de descarga química e o bem-estar gerado no nosso corpo desta forma é o que induz a sensação física de contentamento. É, assim, desfeita a ilusão de que os sentimentos são uma manifestação metafísica, transcendente e espiritual, resumindo-se a uma vulgar reacção química cerebral. É, claramente uma visão redutora do ser humano esta noção de que todos os sentimentos são uma resposta fisiológica, uma simples reacção química a um qualquer estímulo.
É claro que esta teoria não explica os sentimentos de repulsa que temos quer com pessoas quer com objectos quer com acontecimentos e, se o interesse é puramente egoísta, porque é que são, normalmente, os momentos de sofrimento que nos empurram para um abismo emocional, abismo este que na maior parte das vezes se revela com uma intensidade de tal forma sufocante, que os comportamentos de índole egoísta não fazem qualquer sentido, a menos que o masoquismo demente imponha as suas regras, configurando assim um paradoxo.
Não interessa muito para a discussão a teoria, pois eu desconheço-a em absoluto. Reporto-me a uma citação. Interessa-me sobretudo enquadrar os sentimentos num espectro que vai desde a mais notável felicidade até ao mais vil sofrimento. Obviamente tudo resto se situa entre estas duas condições inatingíveis. As possibilidades são, por outro lado, infinitas e os acontecimentos que lhes dão origem são, também, infinitos. Muitos deles induzem contradições que são difíceis de gerir, existindo uma tendência natural para interiorizar as coisas pois, aquilo que esperamos é que as nossas reacções sejam passíveis de serem integradas sem culpas. Os sentimentos antagónicos não permitem que isto suceda. O isolamento é então a solução como resultado da estranha sensação de exclusividade. O desconhecimento da condição humana relativamente ao facto de que estas reacções são recorrentes e comuns, banais até, aumenta o sofrimento.
Para ilustrar esta situação nada é mais intenso que as emoções perante a morte. Quanto mais próxima mais marcante. A morte e sua inevitabilidade são conceitos para os quais é necessária uma resistência emocional elevada. Quando algo semelhante sucede, a alma é invadida pela consciência do nosso próprio fim, de quanto tudo é efémero e transitório.
A renovação das gerações implica, geralmente, a morte dos mais velhos nas famílias e estes acontecimentos são épocas de profundas contradições emocionais. O drama maior nestes casos será certamente a perda dos pais que vai para além da irreversibilidade da situação. A morte de um pai é uma espécie de princípio do fim. Para cada um de nós eles representam a primeira e a última barreira á fatalidade. Se os desígnios geracionais se cumprirem, os próximos na linha da continuidade para a morte são os filhos. Os pais têm, por isso mesmo, um papel que vai para além da paternidade. São pais e delimitam a nossa existência. É como se enquanto eles não morrerem, a morte fosse apenas um conceito com o qual convivemos numa perspectiva algo distante, como se estivéssemos rodeados por uma espécie de domo protector em que a matéria que constitui a sua estrutura fosse uma substância emanada pelos nossos progenitores onde a mortalidade inerente à vida luta por penetrar sem o conseguir até ao dia fatídico.
Esta conjectura faz as pessoas acordarem para se confrontarem com os seus próprios demónios, limites e para a sua condição humana. Assim, o sofrimento gerado por uma perda importante com o fim da ilusão da invulnerabilidade, o penoso quotidiano de contacto com doenças que se alimentam do que resta da vida até a sugarem completamente, o surgimento do sentimento de impotência perante a irreversibilidade, os apelos de quem tem de ficar sem resposta e que se lêem nos olhos de quem os faz com uma clareza desconcertante, são momentos que são responsáveis pelas mais perturbantes contradições.
O desejo da morte do ente querido e que seja rápida e o mais indolor possível, o sentimento de culpa que isto arrasta, torna-se uma espécie de sombra negra que se agarra parasitariamente a quem o sente. O desejo pelo desfecho de uma situação que imbui todos os envolvidos numa escuridão, é exactamente desejar a morte. Quando é alguém de quem gostamos imenso pensamos que este sentimento faz de nós um ser com a alma negra, porque ninguém deseja o mal a quem ama, a menos que o sentimento tenha sido desde sempre uma ilusão. E se o foi, porque a intensidade é semelhante, tudo o que sentimos pelos outros é também duvidoso. Sentimos um vazio tão intenso que é como se tudo se desmoronasse irremediavelmente e fosse necessário reaprender a viver. Se não formos capazes, o futuro insinua-se como um mero exercício de passar dos dias porque de repente perdemos a noção da realidade e do valor dos sentimentos.
Desejar a morte de alguém ao mesmo tempo desejar que viva é algo que aparenta ser inverosímil, mas que de facto não é. Tudo é uma resposta a diferentes estímulos, queremos que vivam porque o amor é real, e queremos que morram porque a razão e a percepção que temos dos acontecimentos nos dizem que a morte é inevitável e se o sofrimento e o definhamento exibidos perante os nossos olhos são tão profundamente desconcertantes então cada um dos sentimentos é igualmente profundo e perturbador.
A alma humana na sua mais exultante exteriorização, os infinitos paradoxos que os sentimentos arrastam consigo e que não temos a capacidade de encaixar porque a racionalização por vezes se revela impossível ou, por mais que tentemos, as nossas capacidades não permitem explora-los com a profundidade necessária. Ficamos a meio do caminho entre a raiz dos sentimentos que nos levam a saber viver com a nossa condição humana e a incapacidade para os verbalizar, incapacidade essa que traz consigo a culpa a cada recordação. Se tudo é uma resposta fisiológica, então uma vez que somos constituídos pela mesma matéria não podemos pensar que os nossos sentimentos são únicos. Este facto deveria servir de paliativo para o mal-estar gerado por algumas das coisas que sentimos. É esta capacidade de sentir que nos mantém vivos e nos diferencia da restante Criação.

Filipe Pinto.
publicado por armando ésse às 22:23

Setembro 22 2006

Penso que foi Nietzsche quem disse que nós não gostámos das pessoas mas sim do efeito que o conjunto de reacções que elas suscitam tem, ou seja, é provocada uma espécie de descarga química e o bem-estar gerado no nosso corpo desta forma é o que induz a sensação física de contentamento. É, assim, desfeita a ilusão de que os sentimentos são uma manifestação metafísica, transcendente e espiritual, resumindo-se a uma vulgar reacção química cerebral. É, claramente uma visão redutora do ser humano esta noção de que todos os sentimentos são uma resposta fisiológica, uma simples reacção química a um qualquer estímulo.
É claro que esta teoria não explica os sentimentos de repulsa que temos quer com pessoas quer com objectos quer com acontecimentos e, se o interesse é puramente egoísta, porque é que são, normalmente, os momentos de sofrimento que nos empurram para um abismo emocional, abismo este que na maior parte das vezes se revela com uma intensidade de tal forma sufocante, que os comportamentos de índole egoísta não fazem qualquer sentido, a menos que o masoquismo demente imponha as suas regras, configurando assim um paradoxo.
Não interessa muito para a discussão a teoria, pois eu desconheço-a em absoluto. Reporto-me a uma citação. Interessa-me sobretudo enquadrar os sentimentos num espectro que vai desde a mais notável felicidade até ao mais vil sofrimento. Obviamente tudo resto se situa entre estas duas condições inatingíveis. As possibilidades são, por outro lado, infinitas e os acontecimentos que lhes dão origem são, também, infinitos. Muitos deles induzem contradições que são difíceis de gerir, existindo uma tendência natural para interiorizar as coisas pois, aquilo que esperamos é que as nossas reacções sejam passíveis de serem integradas sem culpas. Os sentimentos antagónicos não permitem que isto suceda. O isolamento é então a solução como resultado da estranha sensação de exclusividade. O desconhecimento da condição humana relativamente ao facto de que estas reacções são recorrentes e comuns, banais até, aumenta o sofrimento.
Para ilustrar esta situação nada é mais intenso que as emoções perante a morte. Quanto mais próxima mais marcante. A morte e sua inevitabilidade são conceitos para os quais é necessária uma resistência emocional elevada. Quando algo semelhante sucede, a alma é invadida pela consciência do nosso próprio fim, de quanto tudo é efémero e transitório.
A renovação das gerações implica, geralmente, a morte dos mais velhos nas famílias e estes acontecimentos são épocas de profundas contradições emocionais. O drama maior nestes casos será certamente a perda dos pais que vai para além da irreversibilidade da situação. A morte de um pai é uma espécie de princípio do fim. Para cada um de nós eles representam a primeira e a última barreira á fatalidade. Se os desígnios geracionais se cumprirem, os próximos na linha da continuidade para a morte são os filhos. Os pais têm, por isso mesmo, um papel que vai para além da paternidade. São pais e delimitam a nossa existência. É como se enquanto eles não morrerem, a morte fosse apenas um conceito com o qual convivemos numa perspectiva algo distante, como se estivéssemos rodeados por uma espécie de domo protector em que a matéria que constitui a sua estrutura fosse uma substância emanada pelos nossos progenitores onde a mortalidade inerente à vida luta por penetrar sem o conseguir até ao dia fatídico.
Esta conjectura faz as pessoas acordarem para se confrontarem com os seus próprios demónios, limites e para a sua condição humana. Assim, o sofrimento gerado por uma perda importante com o fim da ilusão da invulnerabilidade, o penoso quotidiano de contacto com doenças que se alimentam do que resta da vida até a sugarem completamente, o surgimento do sentimento de impotência perante a irreversibilidade, os apelos de quem tem de ficar sem resposta e que se lêem nos olhos de quem os faz com uma clareza desconcertante, são momentos que são responsáveis pelas mais perturbantes contradições.
O desejo da morte do ente querido e que seja rápida e o mais indolor possível, o sentimento de culpa que isto arrasta, torna-se uma espécie de sombra negra que se agarra parasitariamente a quem o sente. O desejo pelo desfecho de uma situação que imbui todos os envolvidos numa escuridão, é exactamente desejar a morte. Quando é alguém de quem gostamos imenso pensamos que este sentimento faz de nós um ser com a alma negra, porque ninguém deseja o mal a quem ama, a menos que o sentimento tenha sido desde sempre uma ilusão. E se o foi, porque a intensidade é semelhante, tudo o que sentimos pelos outros é também duvidoso. Sentimos um vazio tão intenso que é como se tudo se desmoronasse irremediavelmente e fosse necessário reaprender a viver. Se não formos capazes, o futuro insinua-se como um mero exercício de passar dos dias porque de repente perdemos a noção da realidade e do valor dos sentimentos.
Desejar a morte de alguém ao mesmo tempo desejar que viva é algo que aparenta ser inverosímil, mas que de facto não é. Tudo é uma resposta a diferentes estímulos, queremos que vivam porque o amor é real, e queremos que morram porque a razão e a percepção que temos dos acontecimentos nos dizem que a morte é inevitável e se o sofrimento e o definhamento exibidos perante os nossos olhos são tão profundamente desconcertantes então cada um dos sentimentos é igualmente profundo e perturbador.
A alma humana na sua mais exultante exteriorização, os infinitos paradoxos que os sentimentos arrastam consigo e que não temos a capacidade de encaixar porque a racionalização por vezes se revela impossível ou, por mais que tentemos, as nossas capacidades não permitem explora-los com a profundidade necessária. Ficamos a meio do caminho entre a raiz dos sentimentos que nos levam a saber viver com a nossa condição humana e a incapacidade para os verbalizar, incapacidade essa que traz consigo a culpa a cada recordação. Se tudo é uma resposta fisiológica, então uma vez que somos constituídos pela mesma matéria não podemos pensar que os nossos sentimentos são únicos. Este facto deveria servir de paliativo para o mal-estar gerado por algumas das coisas que sentimos. É esta capacidade de sentir que nos mantém vivos e nos diferencia da restante Criação.

Filipe Pinto.
publicado por armando ésse às 22:23

Setembro 16 2006
Terrance Stanley Fox, mais conhecido como Terry Fox nasceu no dia 28 de Julho de 1958, em Winnipeg, província de Manitoba, no Canadá. Quando era criança a sua família mudou-se para a cidade de Port Coquitlam, na Colúmbia Britânica, situada na costa oeste do Canadá.

Como adolescente, Terry Fox envolveu-se na prática de diversos desportos escolares. Em 1976 diagnosticaram-lhe um sarcoma ósseo (cancro nos ossos) na perna direita, que lhe seria amputada, (15 centímetros acima do joelho) no ano seguinte.Mas nem assim se vergou.Os sofrimentos dele próprio, mas sobretudo os dos restantes doentes seus companheiros de hospital, levaram-no a conceber uma longa corrida através do Canadá para angariar fundos para a luta contra o cancro.

Chamou-lhe a Maratona da Esperança.

Partiu de St. John’s, na costa leste do Canadá, em 12 de Abril 1980 para essa última prova de resistência e valentia. Correu 143 dias, percorrendo, apesar da prótese, cerca de 42 quilómetros diários. Pedia a cada canadiano um dólar para essa luta desesperada. Ganhou. Obteve mais de 24 milhões de dólares. No dia 1 de Setembro, ao fim, de 143 dias e 5300 quilómetros depois, Terry Fox foi obrigado a parar a sua longa maratona, em Thunder Bay, no Ontário, pois o cancro tinha-se expandido até aos pulmões.

Terry Fox acabaria por ser arrebatado pela morte alguns meses mais tarde. Foi no dia 28 Junho de 1981, tinha 22 anos anos. Foi proclamado herói nacional, tendo recebido várias honras. Foi escolhido, numa pesquisa de opinião pública no Canadá, como o canadiano mais famoso do século XX.

A morte arrebatou-o, mas não o derrotou.Porque hoje, a Fundação Terry Fox continua a mesma luta. Organiza maratonas um pouco por todo o Mundo para recolher fundos para a pesquisa e combate ao cancro. A Maratona da Esperança arrecadou um total de 400 milhões de dólares canadianos para a pesquisa e combate ao Cancro. No ano passado, realizaram-se cerca de 200 provas em países tão diferentes como Portugal, Bélgica, China, Austrália ou Cuba, etc. E claro, no Canadá.

No Canadá, como sempre, a corrida Terry Fox é realizada no segundo Domingo de Setembro, após o Dia do Trabalhador.A XXV Maratona da Esperança Terry Fox acontecerá amanhã, 17 de Setembro.

Terry Fox um canadiano que decidiu bater-se denodadamente contra a morte, contra o cancro que o vitimaria. Enfrentou, como só os verdadeiros homens o podem fazer, um destino impiedoso.Venceu.

publicado por armando ésse às 10:34
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Setembro 16 2006
Terrance Stanley Fox, mais conhecido como Terry Fox nasceu no dia 28 de Julho de 1958, em Winnipeg, província de Manitoba, no Canadá. Quando era criança a sua família mudou-se para a cidade de Port Coquitlam, na Colúmbia Britânica, situada na costa oeste do Canadá.

Como adolescente, Terry Fox envolveu-se na prática de diversos desportos escolares. Em 1976 diagnosticaram-lhe um sarcoma ósseo (cancro nos ossos) na perna direita, que lhe seria amputada, (15 centímetros acima do joelho) no ano seguinte.Mas nem assim se vergou.Os sofrimentos dele próprio, mas sobretudo os dos restantes doentes seus companheiros de hospital, levaram-no a conceber uma longa corrida através do Canadá para angariar fundos para a luta contra o cancro.

Chamou-lhe a Maratona da Esperança.

Partiu de St. John’s, na costa leste do Canadá, em 12 de Abril 1980 para essa última prova de resistência e valentia. Correu 143 dias, percorrendo, apesar da prótese, cerca de 42 quilómetros diários. Pedia a cada canadiano um dólar para essa luta desesperada. Ganhou. Obteve mais de 24 milhões de dólares. No dia 1 de Setembro, ao fim, de 143 dias e 5300 quilómetros depois, Terry Fox foi obrigado a parar a sua longa maratona, em Thunder Bay, no Ontário, pois o cancro tinha-se expandido até aos pulmões.

Terry Fox acabaria por ser arrebatado pela morte alguns meses mais tarde. Foi no dia 28 Junho de 1981, tinha 22 anos anos. Foi proclamado herói nacional, tendo recebido várias honras. Foi escolhido, numa pesquisa de opinião pública no Canadá, como o canadiano mais famoso do século XX.

A morte arrebatou-o, mas não o derrotou.Porque hoje, a Fundação Terry Fox continua a mesma luta. Organiza maratonas um pouco por todo o Mundo para recolher fundos para a pesquisa e combate ao cancro. A Maratona da Esperança arrecadou um total de 400 milhões de dólares canadianos para a pesquisa e combate ao Cancro. No ano passado, realizaram-se cerca de 200 provas em países tão diferentes como Portugal, Bélgica, China, Austrália ou Cuba, etc. E claro, no Canadá.

No Canadá, como sempre, a corrida Terry Fox é realizada no segundo Domingo de Setembro, após o Dia do Trabalhador.A XXV Maratona da Esperança Terry Fox acontecerá amanhã, 17 de Setembro.

Terry Fox um canadiano que decidiu bater-se denodadamente contra a morte, contra o cancro que o vitimaria. Enfrentou de frente, como só os verdadeiros homens o podem fazer, um destino impiedoso.Venceu.

publicado por armando ésse às 10:34
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