A FÁBRICA

Dezembro 13 2006
Quinze mil é um número como outro qualquer, mas para este blog é especial.É o número de visitas recebidas nos últimos onze meses provenientes do Brasil.
A todos os amigos brasileiros, um abraço e obrigado.
A todos os visitantes portugueses e de outras nacionalidades, envio também os meus agradecimentos com um abraço e peço desculpa pela discriminação positiva.
publicado por armando ésse às 11:10

Dezembro 13 2006
Quinze mil é um número como outro qualquer, mas para este blog é especial.É o número de visitas recebidas nos últimos onze meses provenientes do Brasil.
A todos os amigos brasileiros, um abraço e obrigado.
A todos os visitantes portugueses e de outras nacionalidades, envio também os meus agradecimentos com um abraço e peço desculpa pela discriminação positiva.
publicado por armando ésse às 11:10

Dezembro 12 2006
O título do post foi descaradamente retirado do álbum dos Pink Floyd, “Momentary Lapse Of Reason”, mas está excelentemente adequado ao texto.
É incrível ler afirmações de pessoas inteligentes e bem sucedidas que não são mais que as profecias do bruxo de uma tribo remota.
Alguns destes ilustres profetas devem ter pesadelos quando alguém lhe recorda as tolices por eles defendidas. Outros devem dar voltas no túmulo…eternamente.
Uns e outros, com os seus erros, fizeram bons momentos de humor.
Talvez a sabedoria popular encerre toda a razão quando diz que o futuro a Deus pertence.


“Tudo o que podia ter sido inventado já foi inventado”
Charles Duel
, director do Patent Office Americano (1899).

“Não há razão para que alguém queira um computador em casa”
Ken Olson
, fundador da Digital, na altura, rival da IBM (1977).

“O mundo só terá espaço para cinco computadores”
Thomas Watson
, fundador da IBM (1943).

“Daqui a seis meses a televisão vai ser abandonada. As pessoas vão cansar-se de ficar sentadas a olhar para uma caixa de madeira”
Darryl Zanuck
, presidente da 20th Centuy Fox (1946).

“O telefone é uma inovação maravilhosa, mas é um brinquedo sem valor comercial”
Gardiner Hubbard
, sogro de Graham Bell inventor do telefone (1946).

“Os videoclips não servem para nada e vão fazer com que as crianças deixem de ver desenhos animados”
Bruce Springsteen, O “Boss” da música americana (1980).

Ainda há mais algumas citações mas chega de anedotas por hoje.
publicado por armando ésse às 11:28

Dezembro 12 2006
O título do post foi descaradamente retirado do álbum dos Pink Floyd, “Momentary Lapse Of Reason”, mas está excelentemente adequado ao texto.
É incrível ler afirmações de pessoas inteligentes e bem sucedidas que não são mais que as profecias do bruxo de uma tribo remota.
Alguns destes ilustres profetas devem ter pesadelos quando alguém lhe recorda as tolices por eles defendidas. Outros devem dar voltas no túmulo…eternamente.
Uns e outros, com os seus erros, fizeram bons momentos de humor.
Talvez a sabedoria popular encerre toda a razão quando diz que o futuro a Deus pertence.


“Tudo o que podia ter sido inventado já foi inventado”
Charles Duel
, director do Patent Office Americano (1899).

“Não há razão para que alguém queira um computador em casa”
Ken Olson
, fundador da Digital, na altura, rival da IBM (1977).

“O mundo só terá espaço para cinco computadores”
Thomas Watson
, fundador da IBM (1943).

“Daqui a seis meses a televisão vai ser abandonada. As pessoas vão cansar-se de ficar sentadas a olhar para uma caixa de madeira”
Darryl Zanuck
, presidente da 20th Centuy Fox (1946).

“O telefone é uma inovação maravilhosa, mas é um brinquedo sem valor comercial”
Gardiner Hubbard
, sogro de Graham Bell inventor do telefone (1946).

“Os videoclips não servem para nada e vão fazer com que as crianças deixem de ver desenhos animados”
Bruce Springsteen, O “Boss” da música americana (1980).

Ainda há mais algumas citações mas chega de anedotas por hoje.
publicado por armando ésse às 11:28

Dezembro 11 2006

Se pensarmos bem, a dimensão do impacto de uma imagem resulta em grande parte da infinidade de tons que as cores podem adquirir nas suas mais ténues cambiantes. Os contrastes que surgem definem a perfeição das formas e realçam os pormenores, que são a diferença entre o banal e o grandioso, o que nos permite não só apreciar os efeitos da acção da luz do ponto de vista físico sobre os nossos olhos, mas também assimilar o valor metafísico do que é observado e que é responsável quer pelo deslumbramento quer pelo desencanto.
Cada uma das cores da palete divina possui, como diz o poeta, uma face negra, se estão associadas a acontecimentos perturbadores, sobretudo se a tragédia humana for marcante. É o acontecimento em si que pode introduzir esta carga negativa. Cada imagem deste tipo tem uma força sedutoramente incómoda e, por isso mesmo, são decalcadas até ao mais ínfimo pormenor para a nossa memória.
Na designada primeira guerra em directo a cor que dominava os ecrãs na noite era o verde, que tantas vezes foi associado à nobreza da alma humana, e se transformou nesse instante na cor da ignomínia. Nestas transmissões, por vezes, vislumbrava-se um rasto de luminoso a aproximar-se das casas, qual cavalo de fogo onde a Morte vinha montada, que nas suas vestes pretas se preparava para mais uma colheita oferecida pela iniquidade da humanidade. O zumbido inicial transformava-se num ruído enlouquecedor à medida que os potenciais alvos se reduziam em número mas aumentava a dor resultante da progressiva definição do local de embate, onde as pessoas, dominadas por um pânico incomensurável, desesperavam pela incerteza do último segundo.
Montanhas de cimento e ferro, corpos esventrados, corpos retalhados em fragmentos sem a possibilidade de identificar que pedaço pertence a quem. O sangue de um vermelho vivo, espalha-se erraticamente, tentando dissolver-se no chão, sem o conseguir. A mancha gerada, de um castanho outonal, como o das folhas que terminam o seu ciclo de vida, não desaparece. A Terra, entidade viva, como que por pudor evidencia deste modo a indignidade que é perder vidas de forma tão ignóbil.
Lavam-se as calçadas e a água, vermelha de sangue, some-se nas sarjetas como um vulgar esgoto, escondendo a nossa auto humilhação. O fumo dissipa-se nos seus tons cinzas e negros para o céu azul, conspurcado na sua magnanimidade pela irresponsabilidade humana. Incompreensivelmente, o Homem continua a poluir o céu e os mares no seu azul eterno, fontes de inspiração de tantas obras de arte, que quase perdem o seu sentido por serem dedicadas por uma humanidade que os declarou seu património e os sujeito ás suas vontades mesquinhas.
Como se não bastasse, demonstra-se uma incoerência mórbida quando se testam as armas que criamos, e que podem significar a nossa aniquilação, nas entranhas do planeta, que se lamenta do alto dos cogumelos cor-de-laranja com as agressões sofridas.
Tudo isto provoca uma náusea que se faz notar na pele, a alma vomita uma dor que não consegue suportar, em resultado de um sentimento de nojo pela nossa própria inconsequência enquanto seres vivos pensantes, a fazer lembrar o induzido pelo escarro amarelo e gelatinosos que percorre a garganta e que alguém cospe no chão.
Filipe Pinto.
publicado por armando ésse às 08:18

Dezembro 11 2006

Se pensarmos bem, a dimensão do impacto de uma imagem resulta em grande parte da infinidade de tons que as cores podem adquirir nas suas mais ténues cambiantes. Os contrastes que surgem definem a perfeição das formas e realçam os pormenores, que são a diferença entre o banal e o grandioso, o que nos permite não só apreciar os efeitos da acção da luz do ponto de vista físico sobre os nossos olhos, mas também assimilar o valor metafísico do que é observado e que é responsável quer pelo deslumbramento quer pelo desencanto.
Cada uma das cores da palete divina possui, como diz o poeta, uma face negra, se estão associadas a acontecimentos perturbadores, sobretudo se a tragédia humana for marcante. É o acontecimento em si que pode introduzir esta carga negativa. Cada imagem deste tipo tem uma força sedutoramente incómoda e, por isso mesmo, são decalcadas até ao mais ínfimo pormenor para a nossa memória.
Na designada primeira guerra em directo a cor que dominava os ecrãs na noite era o verde, que tantas vezes foi associado à nobreza da alma humana, e se transformou nesse instante na cor da ignomínia. Nestas transmissões, por vezes, vislumbrava-se um rasto de luminoso a aproximar-se das casas, qual cavalo de fogo onde a Morte vinha montada, que nas suas vestes pretas se preparava para mais uma colheita oferecida pela iniquidade da humanidade. O zumbido inicial transformava-se num ruído enlouquecedor à medida que os potenciais alvos se reduziam em número mas aumentava a dor resultante da progressiva definição do local de embate, onde as pessoas, dominadas por um pânico incomensurável, desesperavam pela incerteza do último segundo.
Montanhas de cimento e ferro, corpos esventrados, corpos retalhados em fragmentos sem a possibilidade de identificar que pedaço pertence a quem. O sangue de um vermelho vivo, espalha-se erraticamente, tentando dissolver-se no chão, sem o conseguir. A mancha gerada, de um castanho outonal, como o das folhas que terminam o seu ciclo de vida, não desaparece. A Terra, entidade viva, como que por pudor evidencia deste modo a indignidade que é perder vidas de forma tão ignóbil.
Lavam-se as calçadas e a água, vermelha de sangue, some-se nas sarjetas como um vulgar esgoto, escondendo a nossa auto humilhação. O fumo dissipa-se nos seus tons cinzas e negros para o céu azul, conspurcado na sua magnanimidade pela irresponsabilidade humana. Incompreensivelmente, o Homem continua a poluir o céu e os mares no seu azul eterno, fontes de inspiração de tantas obras de arte, que quase perdem o seu sentido por serem dedicadas por uma humanidade que os declarou seu património e os sujeito ás suas vontades mesquinhas.
Como se não bastasse, demonstra-se uma incoerência mórbida quando se testam as armas que criamos, e que podem significar a nossa aniquilação, nas entranhas do planeta, que se lamenta do alto dos cogumelos cor-de-laranja com as agressões sofridas.
Tudo isto provoca uma náusea que se faz notar na pele, a alma vomita uma dor que não consegue suportar, em resultado de um sentimento de nojo pela nossa própria inconsequência enquanto seres vivos pensantes, a fazer lembrar o induzido pelo escarro amarelo e gelatinosos que percorre a garganta e que alguém cospe no chão.
Filipe Pinto.
publicado por armando ésse às 08:18

Dezembro 10 2006

O general Augusto Pinochet, o ex-ditador que governou o Chile com mão-de-ferro entre 1973 e 1990, morreu aos 91 anos devido a complicações cardíacas, anunciou o Hospital Militar de Santiago.
O breve comunicado do hospital refere que o Estado de saúde de Pinochet piorou subitamente e que o ex-ditador foi levado de imediato para os cuidados i ntensivos, mas morreu às 14:15 (17:15 em Lisboa).
Pinochet entrou no hospital há uma semana na sequência de um ataque car díaco. O general foi submetido a uma angioplastia para desobstruir uma artéria e permitir a circulação de sangue para o coração.
A vida de Augusto Pinochet Ugarte, ou pelo menos a parte importante para a história do Chile, começou a 11 de Setembro de 1973.
Nesse dia, o então chefe do Estado-Maior das Forças Armadas aderiu ao golpe militar contra o eleito Presidente Salvador Allende, para se transformar, posteriormente, em ditador.
Ao contrário dos outros países da América Latina, o Chile tinha uma longa tradição democrática de Governos eleitos. O golpe de Estado contra um Presidente que conseguira a maioria do apoio popular nas urnas marcava um ponto de inflexão histórico.
Ponto de inflexão que terá apanhado desprevenido Allende e os seus colaboradores, apesar do “tanquetazo” de 29 de Julho de 1973, a tentativa frustrada de sublevação protagonizada pelo coronel Roberto Souper com o seu regimento blindado n2.
Nessa altura, Pinochet, adjunto do general Carlos Prats, o seu antecessor no cargo de chefe dos três ramos das forças armadas, ajudou ao insucesso do golpe militar.
De trato simples e afável, Pinochet sempre usou de prudência na revelação dos seus pensamentos, foi esta característica que convenceu o general Carlos Prats a recomendá-lo como seu sucessor para a chefia das forças armadas.
Para Prats, Pinochet era um militar apolítico apesar de católico anti-marxista, característica comum à maioria dos altos responsáveis do corpo castrense na América Latina.
Escolhido por Allende, o general Pinochet hesitou muito quando foi colocado ao corrente do golpe que estava a ser preparado para 11 de Setembro. Não tanto por lealdade, mais por prudência.
Quando aceitou liderar os insurrectos fê-lo com empenho e dureza. O golpe tinha de triunfar, corresse o sangue que corresse, Pinochet não admitia pôr em risco a sua impoluta carreira militar de outra forma.
Carreira que quase não chegou a existir.
A Augusto José Ramón Pinochet Ugarte custou-lhe ingressar na vida militar. A primeira vez que tentou inscrever-se na Escola de Infantaria, rejeitaram-no pela tenra idade; a segunda, disseram-lhe que não cumpria os requisitos.
Só à terceira, a força de carácter daquele jovem de 17 anos, nascido em Valparaíso a 25 de Novembro de 1915, o mais velho dos seis filhos de Augusto Pinochet Vera e Avelina Ugarte Martínez, conseguiu convencer os responsáveis da Escola de que poderia dar um bom militar.
Segundo o próprio general, um episódio da infância transformou- o num fervoroso católico. Atropelado por um automóvel, esteve quase a perder a perna esquerda que os médicos chegaram a pensar amputar do joelho para baixo.
A mãe rezou por um milagre e, aceitando o conselho de um médico alemão para expor a perna do filho ao Sol, conseguiu evitar que o seu primogénito se transformasse num inválido.
Tal não aconteceu e Pinochet pôde seguir a sua carreira militar, casar em 1943 (com Lucía Hiriart) e constituir família: tem cinco filhos.
Apesar da fé católica, o general Pinochet não teve complacência com os seus inimigos em 1973.
Não só no dia do golpe, com o bombardeio do palácio presidencial de La Moneda, a morte de Salvador Allende (que se suicidou para não morrer à mão dos golpistas) e as detenções de milhares de pessoas, mas nas semanas, meses, anos posteriores, onde a ditadura usou de todos os meios para depurar a sociedade chilena de qualquer pensamento de esquerda.
Admirador do ditador espanhol Francisco Franco, Pinochet, líder da Junta Militar de Governo e Presidente do Chile a partir de 17 de Dezembro de 1974, usou de mão dura no Governo do país.
Segundo a Comissão de Verdade e Reconciliação, conhecida por Comissão Rettig, a ditadura matou 2.095 pessoas, enquanto 1.102 foram consideradas “detidas desaparecidas” (calcula-se que tenham sido mortas pela polícia ou militares, mas cujos restos mortais continuam em paradeiro incerto). Muitos milhares abandonaram o país como puderam em direcção ao exílio.
A ditadura estendeu mesmo os seus tentáculos para lá das fronteiras chilenas.
A “Operação Condor” envolveu os serviços de segurança dos países do Sul da América (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Bolívia) numa cooperação para perseguir e prender os seus opositores políticos. A ideia partiu de Manuel Contreras, o chefe da DINA, a polícia política chilena.
A DINA que conseguiu assassinar o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Allende, Orlando Letelier, junto com a secretária, num atentado em Washington; e o antecessor de Pinochet como chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Carlos Prats, em Buenos Aires.
Entregando o manejo da economia aos denominados “Chicago Boys”, tecnocratas ultraliberais formados na Universidade de Chicago e influenciados por Milton Friedman, Pinochet guardava para si o resto.
Ilegalizou os partidos políticos, dissolveu o Congresso, impôs o recolher obrigatório por mais de uma década.
O facto de se vangloriar do poder absoluto de que gozava (“No Chile, não se move uma folha sem que eu saiba”), acabaria mais tarde por se voltar contra ele, ao permitir que fosse acusado (apesar de se desculpar que não sabia) da autoria moral de crimes como os da “Caravana da Morte” - em Outubro de 1973, um grupo de oficiais percorreu os vários campos de detenção executando opositores com o saldo de 75 mortos.
Em 1986, voltou a ter a mesma sorte de infância, ao escapar ileso a um atentado onde morreram cinco dos seus guarda-costas. O lança-granadas do guerrilheiro da Frente Patriótica Manuel Rodríguez encravou impedindo-o de fazer explodir o carro blindado onde seguia o ditador.
Dois anos depois, ao perder o plebiscito que convocara para continuar a perpetuar-se no poder, Pinochet encontrou-se num beco sem saída e teve de aceitar o regresso da democracia, embora negociando a transição nos seus próprios moldes.
Abdicou de ser Presidente, mantendo-se, no entanto, como chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e com aviso em jeito de ameaça: “Vou continuar como comandante em chefe para manter a minha gente protegida. Acabará o Estado de direito se se perseguir algum dos meus homens”.
Dez anos antes já garantira, com uma lei de amnistia, que ninguém seria julgado pelos crimes cometidos depois do golpe militar.
Durante a década de 90, a democracia chilena manteve-se tutelada pelo velho regime. Por duas vezes, o general usou os seus soldados para ameaçar a democracia, colocando em causa as instituições políticas e cerceando o poder civil.
Só em 1998, depois de longas negociações, aceitaria abandonar o cargo em troca de um lugar como senador vitalício. Desta maneira, acreditava, garantia os foros que impediriam a democracia de alguma vez o processar.
Essa crença de ser intocável levou-o a ignorar as advertências para não viajar a Londres para operar-se de uma hérnia discal.
O juiz espanhol Baltasar Garzón emitiu um mandado de captura internacional para a sua detenção e o general Augusto Pinochet teria de passar mais de 500 dias no Reino Unido em prisão domiciliária, até ser libertado por razões de saúde.
Era o fim do ditador. A humilhação de ter de recorrer à doença para fugir aos processos judiciais garantiu a sua retirada da cena política chilena. Ao regressar a Santiago, o Chile deixara de ser o mesmo, livrara-se da trela do general.
A ponto das principais forças da direita aproveitarem a deixa para enterrar o passado e assumir programas políticos sem referências a Pinochet ou ao seu legado.
Também a justiça chilena se sentiu fortalecida (e moralmente comprometida) a agir.
Várias queixas-crime contra Pinochet prosperaram, nomeadamente as da Caravana da Morte e as de enriquecimento ilícito (o antigo ditador tinha os bens congelados por ordem do juiz Sergio Muoz, que investigava as contas secretas que Pinochet tinha no estrangeiro e que ascendiam a 17 milhões de dólares).
Além disso, como forma de contornar a amnistia de 1978, que impedia de processar os militares envolvidos em crimes contra a humanidade, a justiça chilena, tal como tinha feito antes a justiça argentina, estabeleceu que os crimes envolvendo “detidos/desaparecidos” seriam considerados como sequestros permanentes, ainda hoje vigentes e, portanto, permitindo aos tribunais julgá-los.
Para Pinochet, o regresso ao Chile tornar-se-ia penoso, obrigado a uma farsa permanente, a um jogo eterno com a justiça, perdeu qualquer contorno de referência simbólica, para se transformar apenas num homem velho a fugir dos tribunais.
A anos-luz desse Pinochet arrogante de meados da década de 90, assumindo o legado do regime como serviço público a um Chile salvo da ameaça comunista, amarrando a democracia no colete-de-forças castrense, a defesa do ex-ditador só conseguiu encenar repetidamente o episódio da doença frágil, dos micro-acidentes vasculares cerebrais nas vésperas das audiências em tribunal, explorando a imagem do seu corpo conduzido na cadeira de rodas.
Se o ajudou enquanto vivo a livrar-se da prisão, terá garantido, depois de morto, que o pinochetismo seja apenas um depositário de ideias moribundas à espera que morram os poucos saudosistas que ainda têm coragem de as defender em público.
A única coisa a lamentar na morte de Pinochet, é que a Justiça tenha sido demasiado lenta, para julgar todas as atrocidades cometidas durante a sua ditadura.
Com o desaparecimento do ditador chileno a Humanidade ficou um pouco menos intoxicada. Como disse o escritor chileno Luís Sepúlveda, " Devemos sempre alegrar-nos quando morre um hijo de puta. Então no caso de um filho da puta tão importante, dá-nos mais optimismo".
publicado por armando ésse às 07:58
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Dezembro 10 2006

O general Augusto Pinochet, o ex-ditador que governou o Chile com mão-de-ferro entre 1973 e 1990, morreu aos 91 anos devido a complicações cardíacas, anunciou o Hospital Militar de Santiago.
O breve comunicado do hospital refere que o Estado de saúde de Pinochet piorou subitamente e que o ex-ditador foi levado de imediato para os cuidados i ntensivos, mas morreu às 14:15 (17:15 em Lisboa).
Pinochet entrou no hospital há uma semana na sequência de um ataque car díaco. O general foi submetido a uma angioplastia para desobstruir uma artéria e permitir a circulação de sangue para o coração.
A vida de Augusto Pinochet Ugarte, ou pelo menos a parte importante para a história do Chile, começou a 11 de Setembro de 1973.
Nesse dia, o então chefe do Estado-Maior das Forças Armadas aderiu ao golpe militar contra o eleito Presidente Salvador Allende, para se transformar, posteriormente, em ditador.
Ao contrário dos outros países da América Latina, o Chile tinha uma longa tradição democrática de Governos eleitos. O golpe de Estado contra um Presidente que conseguira a maioria do apoio popular nas urnas marcava um ponto de inflexão histórico.
Ponto de inflexão que terá apanhado desprevenido Allende e os seus colaboradores, apesar do “tanquetazo” de 29 de Julho de 1973, a tentativa frustrada de sublevação protagonizada pelo coronel Roberto Souper com o seu regimento blindado n2.
Nessa altura, Pinochet, adjunto do general Carlos Prats, o seu antecessor no cargo de chefe dos três ramos das forças armadas, ajudou ao insucesso do golpe militar.
De trato simples e afável, Pinochet sempre usou de prudência na revelação dos seus pensamentos, foi esta característica que convenceu o general Carlos Prats a recomendá-lo como seu sucessor para a chefia das forças armadas.
Para Prats, Pinochet era um militar apolítico apesar de católico anti-marxista, característica comum à maioria dos altos responsáveis do corpo castrense na América Latina.
Escolhido por Allende, o general Pinochet hesitou muito quando foi colocado ao corrente do golpe que estava a ser preparado para 11 de Setembro. Não tanto por lealdade, mais por prudência.
Quando aceitou liderar os insurrectos fê-lo com empenho e dureza. O golpe tinha de triunfar, corresse o sangue que corresse, Pinochet não admitia pôr em risco a sua impoluta carreira militar de outra forma.
Carreira que quase não chegou a existir.
A Augusto José Ramón Pinochet Ugarte custou-lhe ingressar na vida militar. A primeira vez que tentou inscrever-se na Escola de Infantaria, rejeitaram-no pela tenra idade; a segunda, disseram-lhe que não cumpria os requisitos.
Só à terceira, a força de carácter daquele jovem de 17 anos, nascido em Valparaíso a 25 de Novembro de 1915, o mais velho dos seis filhos de Augusto Pinochet Vera e Avelina Ugarte Martínez, conseguiu convencer os responsáveis da Escola de que poderia dar um bom militar.
Segundo o próprio general, um episódio da infância transformou- o num fervoroso católico. Atropelado por um automóvel, esteve quase a perder a perna esquerda que os médicos chegaram a pensar amputar do joelho para baixo.
A mãe rezou por um milagre e, aceitando o conselho de um médico alemão para expor a perna do filho ao Sol, conseguiu evitar que o seu primogénito se transformasse num inválido.
Tal não aconteceu e Pinochet pôde seguir a sua carreira militar, casar em 1943 (com Lucía Hiriart) e constituir família: tem cinco filhos.
Apesar da fé católica, o general Pinochet não teve complacência com os seus inimigos em 1973.
Não só no dia do golpe, com o bombardeio do palácio presidencial de La Moneda, a morte de Salvador Allende (que se suicidou para não morrer à mão dos golpistas) e as detenções de milhares de pessoas, mas nas semanas, meses, anos posteriores, onde a ditadura usou de todos os meios para depurar a sociedade chilena de qualquer pensamento de esquerda.
Admirador do ditador espanhol Francisco Franco, Pinochet, líder da Junta Militar de Governo e Presidente do Chile a partir de 17 de Dezembro de 1974, usou de mão dura no Governo do país.
Segundo a Comissão de Verdade e Reconciliação, conhecida por Comissão Rettig, a ditadura matou 2.095 pessoas, enquanto 1.102 foram consideradas “detidas desaparecidas” (calcula-se que tenham sido mortas pela polícia ou militares, mas cujos restos mortais continuam em paradeiro incerto). Muitos milhares abandonaram o país como puderam em direcção ao exílio.
A ditadura estendeu mesmo os seus tentáculos para lá das fronteiras chilenas.
A “Operação Condor” envolveu os serviços de segurança dos países do Sul da América (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Bolívia) numa cooperação para perseguir e prender os seus opositores políticos. A ideia partiu de Manuel Contreras, o chefe da DINA, a polícia política chilena.
A DINA que conseguiu assassinar o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Allende, Orlando Letelier, junto com a secretária, num atentado em Washington; e o antecessor de Pinochet como chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Carlos Prats, em Buenos Aires.
Entregando o manejo da economia aos denominados “Chicago Boys”, tecnocratas ultraliberais formados na Universidade de Chicago e influenciados por Milton Friedman, Pinochet guardava para si o resto.
Ilegalizou os partidos políticos, dissolveu o Congresso, impôs o recolher obrigatório por mais de uma década.
O facto de se vangloriar do poder absoluto de que gozava (“No Chile, não se move uma folha sem que eu saiba”), acabaria mais tarde por se voltar contra ele, ao permitir que fosse acusado (apesar de se desculpar que não sabia) da autoria moral de crimes como os da “Caravana da Morte” - em Outubro de 1973, um grupo de oficiais percorreu os vários campos de detenção executando opositores com o saldo de 75 mortos.
Em 1986, voltou a ter a mesma sorte de infância, ao escapar ileso a um atentado onde morreram cinco dos seus guarda-costas. O lança-granadas do guerrilheiro da Frente Patriótica Manuel Rodríguez encravou impedindo-o de fazer explodir o carro blindado onde seguia o ditador.
Dois anos depois, ao perder o plebiscito que convocara para continuar a perpetuar-se no poder, Pinochet encontrou-se num beco sem saída e teve de aceitar o regresso da democracia, embora negociando a transição nos seus próprios moldes.
Abdicou de ser Presidente, mantendo-se, no entanto, como chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e com aviso em jeito de ameaça: “Vou continuar como comandante em chefe para manter a minha gente protegida. Acabará o Estado de direito se se perseguir algum dos meus homens”.
Dez anos antes já garantira, com uma lei de amnistia, que ninguém seria julgado pelos crimes cometidos depois do golpe militar.
Durante a década de 90, a democracia chilena manteve-se tutelada pelo velho regime. Por duas vezes, o general usou os seus soldados para ameaçar a democracia, colocando em causa as instituições políticas e cerceando o poder civil.
Só em 1998, depois de longas negociações, aceitaria abandonar o cargo em troca de um lugar como senador vitalício. Desta maneira, acreditava, garantia os foros que impediriam a democracia de alguma vez o processar.
Essa crença de ser intocável levou-o a ignorar as advertências para não viajar a Londres para operar-se de uma hérnia discal.
O juiz espanhol Baltasar Garzón emitiu um mandado de captura internacional para a sua detenção e o general Augusto Pinochet teria de passar mais de 500 dias no Reino Unido em prisão domiciliária, até ser libertado por razões de saúde.
Era o fim do ditador. A humilhação de ter de recorrer à doença para fugir aos processos judiciais garantiu a sua retirada da cena política chilena. Ao regressar a Santiago, o Chile deixara de ser o mesmo, livrara-se da trela do general.
A ponto das principais forças da direita aproveitarem a deixa para enterrar o passado e assumir programas políticos sem referências a Pinochet ou ao seu legado.
Também a justiça chilena se sentiu fortalecida (e moralmente comprometida) a agir.
Várias queixas-crime contra Pinochet prosperaram, nomeadamente as da Caravana da Morte e as de enriquecimento ilícito (o antigo ditador tinha os bens congelados por ordem do juiz Sergio Muoz, que investigava as contas secretas que Pinochet tinha no estrangeiro e que ascendiam a 17 milhões de dólares).
Além disso, como forma de contornar a amnistia de 1978, que impedia de processar os militares envolvidos em crimes contra a humanidade, a justiça chilena, tal como tinha feito antes a justiça argentina, estabeleceu que os crimes envolvendo “detidos/desaparecidos” seriam considerados como sequestros permanentes, ainda hoje vigentes e, portanto, permitindo aos tribunais julgá-los.
Para Pinochet, o regresso ao Chile tornar-se-ia penoso, obrigado a uma farsa permanente, a um jogo eterno com a justiça, perdeu qualquer contorno de referência simbólica, para se transformar apenas num homem velho a fugir dos tribunais.
A anos-luz desse Pinochet arrogante de meados da década de 90, assumindo o legado do regime como serviço público a um Chile salvo da ameaça comunista, amarrando a democracia no colete-de-forças castrense, a defesa do ex-ditador só conseguiu encenar repetidamente o episódio da doença frágil, dos micro-acidentes vasculares cerebrais nas vésperas das audiências em tribunal, explorando a imagem do seu corpo conduzido na cadeira de rodas.
Se o ajudou enquanto vivo a livrar-se da prisão, terá garantido, depois de morto, que o pinochetismo seja apenas um depositário de ideias moribundas à espera que morram os poucos saudosistas que ainda têm coragem de as defender em público.
A única coisa a lamentar na morte de Pinochet, é que a Justiça tenha sido demasiado lenta, para julgar todas as atrocidades cometidas durante a sua ditadura.
Com o desaparecimento do ditador chileno a Humanidade ficou um pouco menos intoxicada. Como disse o escritor chileno Luís Sepúlveda, " Devemos sempre alegrar-nos quando morre um hijo de puta. Então no caso de um filho da puta tão importante, dá-nos mais optimismo".
publicado por armando ésse às 07:58
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Dezembro 07 2006
O feminismo atingiu o seu auge no fim dos anos sessenta. A luta das mulheres pela sua emancipação, tinham mais um nome a juntar ao rol daquelas que paulatinamente vinham assegurando leis que as libertavam do jugo secular do domínio masculino. Essa mulher era uma anónima de Dallas: Norma McCorvey.
Era uma mulher de 22 anos, pobre, sem educação, sem qualificações, alcoólica, toxicodependente e já tinha dado dois filhos para adopção e, em 1970 ficou novamente grávida. Tudo o que ela queria era fazer um aborto.
Porém, no Texas, o aborto era ilegal. A causa desta mulher foi adoptada por pessoas mais poderosas do que ela e essas pessoas fizeram dela a litigante principal numa acção judicial que pretendia legalizar o aborto. O réu era Henry Wade, procurador do distrito de Dallas. O caso acabou por chegar ao Supremo Tribunal de Justiça dos Estados Unidos, tendo por essa altura o nome de Norma McCorvey sido escondido sob o pseudónimo de Jane Roe.
No dia 22 de Janeiro de 1973, o tribunal decidiu a favor de Roe, permitindo que o aborto fosse considerado legal em todo o país. O caso passou à História como o processo Roe Contra Wade.
O Supremo Tribunal deu voz ao que todas as mães, já sabem há muito: quando uma mulher não quer ter um filho, ela normalmente tem uma boa razão para isso.
Parece absurdo pensar que há uma correlação entre a legalização do aborto e a redução do crime violento.
Parecer um absurdo, pode parecer mas está muito longe de o ser!
Nada melhor que ler o livro “Freakonomics” de Steven Levitt, e Stephen Dubner ( (jornalista e co-autor do livro, responsável pela forma não pelo seu conteúdo), para dissipar quaisquer dúvidas e concluir de uma forma inequívoca, que estes dois factores são concominantes.
Num dos capítulos, (O Que é Feito de Todos os Criminosos?), Steven Levitt desenvolve a teoria sobre as causas da vertiginosa queda da criminalidade no Estados Unidos da América. durante os anos 90. Na altura o exército de peritos em criminologia enumerou uma imensidão de hipóteses para a drástica redução da criminalidade:

1.Estratégias policiais inovadoras.
2.Maior rigor no recurso à prisão.
3.Alteraçõesno mercado do crack e de outras drogas
4.Envelhecimento da população
5.Leis de controle de armas mais apertadas
6.Economia forte
7.Aumento de polícias
8. Aumento da aplicação da pena de morte, etc.

Ao longo do capítulo quatro do seu livro, Steven Levitt destrói todas estas hipóteses e chega a uma conclusão “sui generis”: Não foi, apesar de também ter contribuido, o controlo de armas, nem a economia forte, nem as novas estratégias policiais, nem o aumento do número de polícias, nem o envelhecimento da população ou o aumento da aplicação da pena de morte que, no fim de contas, travaram a onda de crime americana. Foi a realidade de que o conjunto de criminosos potenciais se tinha reduzido numericamente de uma forma espectacular.
Como se tinha reduzido drasticamente o número de criminosos?
“No que diz respeito ao crime, acontece que nem todas as crianças nascem iguais. Nem Sequer parecidas. Décadas de estudos mostraram que uma criança nascida num ambiente familiar adverso tem mais probabilidades do que outras crianças de vir a tornar-se um criminoso. E os milhões de mulheres com maiores probabilidades de abortar na sequência da sentença do processo Roe Contra Wade – mães pobres, solteiras e adolescentes para quem os abortos ilegais eram, antes, demasiado caros ou muito difíceis de conseguir - eram em geral, modelos de adversidade. Eram as mesmas mulheres cujos filhos, se tivessem nascido, teriam muito mais probabilidades do que a média de se tornarem criminosos. Contudo devido a Roe contra Wade, estas crianças não tinham nascido. Esta causa poderosa teria um efeito drástico a longo prazo: anos depois, exactamente na altura em que estas crianças atingiriam a idade de se iniciar no crime, a taxa de criminalidade começou a afundar-se.”
A sentença do processo Roe contra Wade desencadeou, uma geração depois, a maior queda de criminalidade registada na história americana.
Espero ver esta teoria confirmada na prática em Portugal, por volta do ano 2030.
Armando S. Sousa.
publicado por armando ésse às 10:44

Dezembro 07 2006
O feminismo atingiu o seu auge no fim dos anos sessenta. A luta das mulheres pela sua emancipação, tinham mais um nome a juntar ao rol daquelas que paulatinamente vinham assegurando leis que as libertavam do jugo secular do domínio masculino. Essa mulher era uma anónima de Dallas: Norma McCorvey.
Era uma mulher de 22 anos, pobre, sem educação, sem qualificações, alcoólica, toxicodependente e já tinha dado dois filhos para adopção e, em 1970 ficou novamente grávida. Tudo o que ela queria era fazer um aborto.
Porém, no Texas, o aborto era ilegal. A causa desta mulher foi adoptada por pessoas mais poderosas do que ela e essas pessoas fizeram dela a litigante principal numa acção judicial que pretendia legalizar o aborto. O réu era Henry Wade, procurador do distrito de Dallas. O caso acabou por chegar ao Supremo Tribunal de Justiça dos Estados Unidos, tendo por essa altura o nome de Norma McCorvey sido escondido sob o pseudónimo de Jane Roe.
No dia 22 de Janeiro de 1973, o tribunal decidiu a favor de Roe, permitindo que o aborto fosse considerado legal em todo o país. O caso passou à História como o processo Roe Contra Wade.
O Supremo Tribunal deu voz ao que todas as mães, já sabem há muito: quando uma mulher não quer ter um filho, ela normalmente tem uma boa razão para isso.
Parece absurdo pensar que há uma correlação entre a legalização do aborto e a redução do crime violento.
Parecer um absurdo, pode parecer mas está muito longe de o ser!
Nada melhor que ler o livro “Freakonomics” de Steven Levitt, e Stephen Dubner ( (jornalista e co-autor do livro, responsável pela forma não pelo seu conteúdo), para dissipar quaisquer dúvidas e concluir de uma forma inequívoca, que estes dois factores são concominantes.
Num dos capítulos, (O Que é Feito de Todos os Criminosos?), Steven Levitt desenvolve a teoria sobre as causas da vertiginosa queda da criminalidade no Estados Unidos da América. durante os anos 90. Na altura o exército de peritos em criminologia enumerou uma imensidão de hipóteses para a drástica redução da criminalidade:

1.Estratégias policiais inovadoras.
2.Maior rigor no recurso à prisão.
3.Alteraçõesno mercado do crack e de outras drogas
4.Envelhecimento da população
5.Leis de controle de armas mais apertadas
6.Economia forte
7.Aumento de polícias
8. Aumento da aplicação da pena de morte, etc.

Ao longo do capítulo quatro do seu livro, Steven Levitt destrói todas estas hipóteses e chega a uma conclusão “sui generis”: Não foi, apesar de também ter contribuido, o controlo de armas, nem a economia forte, nem as novas estratégias policiais, nem o aumento do número de polícias, nem o envelhecimento da população ou o aumento da aplicação da pena de morte que, no fim de contas, travaram a onda de crime americana. Foi a realidade de que o conjunto de criminosos potenciais se tinha reduzido numericamente de uma forma espectacular.
Como se tinha reduzido drasticamente o número de criminosos?
“No que diz respeito ao crime, acontece que nem todas as crianças nascem iguais. Nem Sequer parecidas. Décadas de estudos mostraram que uma criança nascida num ambiente familiar adverso tem mais probabilidades do que outras crianças de vir a tornar-se um criminoso. E os milhões de mulheres com maiores probabilidades de abortar na sequência da sentença do processo Roe Contra Wade – mães pobres, solteiras e adolescentes para quem os abortos ilegais eram, antes, demasiado caros ou muito difíceis de conseguir - eram em geral, modelos de adversidade. Eram as mesmas mulheres cujos filhos, se tivessem nascido, teriam muito mais probabilidades do que a média de se tornarem criminosos. Contudo devido a Roe contra Wade, estas crianças não tinham nascido. Esta causa poderosa teria um efeito drástico a longo prazo: anos depois, exactamente na altura em que estas crianças atingiriam a idade de se iniciar no crime, a taxa de criminalidade começou a afundar-se.”
A sentença do processo Roe contra Wade desencadeou, uma geração depois, a maior queda de criminalidade registada na história americana.
Espero ver esta teoria confirmada na prática em Portugal, por volta do ano 2030.
Armando S. Sousa.
publicado por armando ésse às 10:44

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