A FÁBRICA

Dezembro 04 2006
Corrida de Caixões nas Rias Baixas

Peixe clandestino com direito a cadeira, Luisa Mota atordoava-se com Anxo Pastor na parrilhada Abô Ramiro. Diante das bateias de Arousa, uma sequência de naipes funerários atravessou-lhe os dentes que lhe mordiam os entre-olhos. Vai haver uma corrida de caixões?

- Creio que sim, dixo Anxo, parece que a axência de Xeraz do Lima está entusiasmada.

Coberto por um manto bordeaux, o polvo era um cadáver tenro e disponível a uma transformação sem conflitos extremos. Luisa Mota disse:

-Que de bom! Carai! Nunca comi assim!

- A corrida ten reglas, nom?, questionou Anxo

Mónica de Pontevedra, que ainda não tinha freado o delírio, desorbitou-se num comovente lampejo de lucidez. Disse:

-O caixão que desaparecer em último é o que ganha!

O membro da Xunta, ao balcão, aproximou-se interessado:

-Isso vai trazer muito prestígio à galiza. Será a primeira corrida de caixões do mundo. E calhará optimamente no InterReg III.

Galaaz! Viva Galaaz
Que não sabe o que faz!

Embora lamentando a ausência de inúteis agonias, e carpindo o facto das bateais não darem azo a alabastros e balaústres, Camilo Pessanha concordou em escrever o Programa das Corridas, texto que intitulou: Sumidouro.
As famílias desataram a inscrever os seus mortos. A heráldica foi apontada como a novel indústria de sucesso. Reunidas todas as associações, organizações, deputações e quejandas, assentou-se a criação de uma nova ONG de providência ao evento. Por unanimidade extasiante, tal G-ONG recebeu o título solene de JACOMEO.

Luisa Mota, muito rodada nos 60 canais da tvcabo, colocou com pertinência, a seguinte questão científica:

-E
como se ordena a pole-position?
-De catro a catro - ouviu-se a voz do mar.
-Todos os caixões que chegarem pelo menos até Ponta Couso recebem uma menção honrosa- propôs a galego-holandesa Jacomina.
- O Isaak vai logo perguntar-me pelo prémio - bipolarizou Luisa Mota
- O prémio é fácil, um cesto de pimentos do Padrón, dixo Otilia
- E a taça?, arquejou ansiosa Luisa Mota
- A taça é de albariño, home, dixo Lois Gil Magariños

Estava tudo contente, tudofeliz!. Gente inebriada à chuva do Courel. Luisa Mota perguntou se podia trazer a mãe mais o Rui que gostava muito de bateias e mais o Ricardo de quem queria ter um cadáver. Anxo Pastor, que tinha acabado de ler um poema de Marcos Ana, foi invadido por uma estranha pulsão maníaco-depressiva:

-E a quem se vai entregar a Taça?

Fez-se pó. Era do jeep do Aurelino Costa saído da bruma sebastianista da estrada. Aurelino saltou do jeep com muito vermelho e disse:

-Ó Anxo, deixa lá isso! A Taça não é para se entregar. É para se beber!

Alberto Augusto Miranda.


".....Ora é poeta, ora é ficcionista, ora é pianista, ora é crítico e ensaísta , ora é docente, ora é actor, ora é simplesmente exímio conversador. Sempre indiferente às portas que poderiam ser abertas pelo seu Curso Superior de Literaturas Modernas, pelo seu Curso Superior do Conservatório de Música, pela sua capacidade de trabalho, pela sua inteligência apurada e isenta, pela sua bem assimilada cultura. Alberto Augusto Miranda é livre como o vento, um romântico, não na forma, nem no sentimentalismo, mas nos sentimentos e na liberdade insubmissa, no arrebatamento nos nacos de felicidade que procura, porque eles são a vida......."
Portanto, nada mais há a dizer...
Excepto, Bem vindo.
publicado por armando ésse às 11:24

Dezembro 04 2006
Corrida de Caixões nas Rias Baixas

Peixe clandestino com direito a cadeira, Luisa Mota atordoava-se com Anxo Pastor na parrilhada Abô Ramiro. Diante das bateias de Arousa, uma sequência de naipes funerários atravessou-lhe os dentes que lhe mordiam os entre-olhos. Vai haver uma corrida de caixões?

- Creio que sim, dixo Anxo, parece que a axência de Xeraz do Lima está entusiasmada.

Coberto por um manto bordeaux, o polvo era um cadáver tenro e disponível a uma transformação sem conflitos extremos. Luisa Mota disse:

-Que de bom! Carai! Nunca comi assim!

- A corrida ten reglas, nom?, questionou Anxo

Mónica de Pontevedra, que ainda não tinha freado o delírio, desorbitou-se num comovente lampejo de lucidez. Disse:

-O caixão que desaparecer em último é o que ganha!

O membro da Xunta, ao balcão, aproximou-se interessado:

-Isso vai trazer muito prestígio à galiza. Será a primeira corrida de caixões do mundo. E calhará optimamente no InterReg III.

Galaaz! Viva Galaaz
Que não sabe o que faz!

Embora lamentando a ausência de inúteis agonias, e carpindo o facto das bateais não darem azo a alabastros e balaústres, Camilo Pessanha concordou em escrever o Programa das Corridas, texto que intitulou: Sumidouro.
As famílias desataram a inscrever os seus mortos. A heráldica foi apontada como a novel indústria de sucesso. Reunidas todas as associações, organizações, deputações e quejandas, assentou-se a criação de uma nova ONG de providência ao evento. Por unanimidade extasiante, tal G-ONG recebeu o título solene de JACOMEO.

Luisa Mota, muito rodada nos 60 canais da tvcabo, colocou com pertinência, a seguinte questão científica:

-E
como se ordena a pole-position?
-De catro a catro - ouviu-se a voz do mar.
-Todos os caixões que chegarem pelo menos até Ponta Couso recebem uma menção honrosa- propôs a galego-holandesa Jacomina.
- O Isaak vai logo perguntar-me pelo prémio - bipolarizou Luisa Mota
- O prémio é fácil, um cesto de pimentos do Padrón, dixo Otilia
- E a taça?, arquejou ansiosa Luisa Mota
- A taça é de albariño, home, dixo Lois Gil Magariños

Estava tudo contente, tudofeliz!. Gente inebriada à chuva do Courel. Luisa Mota perguntou se podia trazer a mãe mais o Rui que gostava muito de bateias e mais o Ricardo de quem queria ter um cadáver. Anxo Pastor, que tinha acabado de ler um poema de Marcos Ana, foi invadido por uma estranha pulsão maníaco-depressiva:

-E a quem se vai entregar a Taça?

Fez-se pó. Era do jeep do Aurelino Costa saído da bruma sebastianista da estrada. Aurelino saltou do jeep com muito vermelho e disse:

-Ó Anxo, deixa lá isso! A Taça não é para se entregar. É para se beber!

Alberto Augusto Miranda.


".....Ora é poeta, ora é ficcionista, ora é pianista, ora é crítico e ensaísta , ora é docente, ora é actor, ora é simplesmente exímio conversador. Sempre indiferente às portas que poderiam ser abertas pelo seu Curso Superior de Literaturas Modernas, pelo seu Curso Superior do Conservatório de Música, pela sua capacidade de trabalho, pela sua inteligência apurada e isenta, pela sua bem assimilada cultura. Alberto Augusto Miranda é livre como o vento, um romântico, não na forma, nem no sentimentalismo, mas nos sentimentos e na liberdade insubmissa, no arrebatamento nos nacos de felicidade que procura, porque eles são a vida......."
Portanto, nada mais há a dizer...
Excepto, Bem vindo.
publicado por armando ésse às 11:24

Dezembro 03 2006
O Jorge Gaspar escreveu neste espaço sete excelentes textos, mas não estava à espera que com a sua chegada a este blogue, arribasse também, uma ave rara para estas latitudes: um papagaio.
Todos os frequentadores deste espaço sabem a quem me estou a referir: a esse ignóbil anónimo, tal e qual um papagaio, que faz sempre a mesma estúpida pergunta, sobre as amigas do Gaspar.
Deve ser deveras triste, ser um frustrado, ainda por cima ao que tudo indica, invejoso e solitário, mas se, eventualmente, a ideia era fazer humor, deverá saber que contar a mesma piada um número infinito de vezes, deixa de ser engraçado para se tornar maçador.
Neste caso, além de estupidamente maçador, esconde-se atrás do anonimato para achincalhar as pessoas, parecendo-me esta atitude, um sintoma de uma qualquer doença neurológica, que Freud explicaria facilmente mas que, certamente, pode ser tratada por um qualquer psiquiatra.
Não é que os comentários, sejam de importância vital para quem escreve mas quem quer comentar com justiça os textos do Jorge Gaspar, sente-se defraudado, porque reconhece sem nenhum favor e unanimemente a qualidade dos textos por ele elaborados.
É pena que este cobarde não tenha a noção do ridículo e que não seja homem suficiente, para assumir a sua identidade. Mete dó, ver pessoas teoricamente civilizadas a menosprezar tanto o civismo.
Haja paciência, que é coisa que falta neste momento!
publicado por armando ésse às 15:55

Dezembro 03 2006
O Jorge Gaspar escreveu neste espaço sete excelentes textos, mas não estava à espera que com a sua chegada a este blogue, arribasse também, uma ave rara para estas latitudes: um papagaio.
Todos os frequentadores deste espaço sabem a quem me estou a referir: a esse ignóbil anónimo, tal e qual um papagaio, que faz sempre a mesma estúpida pergunta, sobre as amigas do Gaspar.
Deve ser deveras triste, ser um frustrado, ainda por cima ao que tudo indica, invejoso e solitário, mas se, eventualmente, a ideia era fazer humor, deverá saber que contar a mesma piada um número infinito de vezes, deixa de ser engraçado para se tornar maçador.
Neste caso, além de estupidamente maçador, esconde-se atrás do anonimato para achincalhar as pessoas, parecendo-me esta atitude, um sintoma de uma qualquer doença neurológica, que Freud explicaria facilmente mas que, certamente, pode ser tratada por um qualquer psiquiatra.
Não é que os comentários, sejam de importância vital para quem escreve mas quem quer comentar com justiça os textos do Jorge Gaspar, sente-se defraudado, porque reconhece sem nenhum favor e unanimemente a qualidade dos textos por ele elaborados.
É pena que este cobarde não tenha a noção do ridículo e que não seja homem suficiente, para assumir a sua identidade. Mete dó, ver pessoas teoricamente civilizadas a menosprezar tanto o civismo.
Haja paciência, que é coisa que falta neste momento!
publicado por armando ésse às 15:55

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