A FÁBRICA

Dezembro 20 2007

John Steinbeck nasceu em Salinas, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, em 27 de Fevereiro 1902. De uma família de classe baixa, John Steinbeck testemunhou desde cedo a vida dos trabalhadores urbanos e rurais. Terminou o curso secundário no Salinas High School, em 1919, ingressando nesse ano na Universidade de Stanford. Para poder pagar os seus estudos, teve diversas profissões. No entanto, abandonou os estudos universitários em 1925, partindo para Nova Iorque, onde trabalhou como operário da construção civil, pouco tempo antes de conseguir um lugar de repórter no New York American, no intuito de seguir carreira literária. Regressou à Califórnia para ser caseiro de uma propriedade, aceitando trabalhos como servente, aprendiz de pintor ou apanhador de fruta, ocupações que foram indispensáveis à construção de algumas das suas personagens.
O seu primeiro romance, Cup of Gold (1929), uma narrativa histórica sobre um pirata jamaicano, antecedeu aquela que, segundo os críticos, seria a sua década de criação mais produtiva. A um Deus Desconhecido (1933) é o primeiro grande um romance de Steinbeck. Um romance quase místico, que tem por tema central "o modo como os homens tentam controlar as forças da natureza, e ao mesmo tempo compreender a sua relação com Deus e com o inconsciente".
Em 1935, publicou Tortilla Flat, o primeiro sucesso popular, um estudo humorístico da vida dos agricultores de Monterey. Seguiu-se, em 1936, Batalha Incerta, em 1937, Ratos e Homens.
Neste livro John Steinbeck, conta-nos a história de dois amigos inseparáveis, George e Lennie, mas completamente diferentes entre si. George é baixo, franzino e astuto, Lennie é um gigante, com uma força bruta impossível de calcular, mas com a inteligência de uma criança. O que os une é a simples amizade e a marginalização imposta pelo sistema. O livro passa-se numa quinta da Califórnia, onde ambos trabalham como contratados da quinta, ganhando pouco mais que a comida e a dormida. Durante o seu árduo trabalho na quinta, encontram outros pobres e explorados, mas também, outras personagens, o filho do patrão e a sua fogosa mulher, que colocam em risco a sua miserável e humilde existência. Ambos têm o sonho de ter um espaço de terra só para eles, situação que nunca se concretizará. Em Ratos e homens, Steinbeck, demonstrou a sua capacidade de criar personagens realistas e cativantes e também de, falar de sentimentos comuns a todos seres humanos, como a solidão e a ânsia por uma vida digna. Ratos e Homens é um dos primeiros grandes clássicos sobre o doloroso período da Grande Depressão americana.
Em 1939 edita As Vinhas da Ira, livro aclamado pela crítica popular mas que suscitou controvérsia, tendo alguns exemplares sido queimados publicamente como forma de protesto e a obra banida nas bibliotecas públicas do Kansas City e de Oklahoma, enquanto se tornava leitura obrigatória nos colégios de Nova Iorque. A obra foi mais tarde galardoada com os prémios Pullitzer e National Book Award.
As Vinhas da Ira, um dos melhores clássicos da literatura do século XX, dá a conhecer os Joad, uma família rural e pobre do Oklahoma que tenta uma nova vida, tendo por pano de fundo os horrores da Grande Depressão. Esta família vê-se obrigada a abandonar as suas terras e partir para um novo mundo, a Califórnia, em busca de melhores condições de vida melhores. Ao seu lado estão milhares de migrantes que se deslocam pelos mesmos motivos, em velhos camiões, em direcção a um futuro incerto. Durante a viagem passam por diversos tipos de provações e quando chegam à Terra Prometida descobrem que era um lugar bem pior do que aquele que tinham deixado.Ludibriados por falsas promessas, a família toda parte num velho camião pela famosa estrada 66 numa jornada em que nada pode ser previsto.
Na maioria das suas obras, marcadas pela paisagem e o quotidiano californianos, o autor explora as duras condições de vida das populações rurais, obrigadas a sobreviver no limiar da pobreza ou forçadas a longas e miseráveis migrações. Procurando tornar evidente que cada ser humano deve ser analisado no ambiente em que se insere, o autor dedicou-se, sobretudo, ao retrato de personagens inadaptadas. A Leste do Paraíso (1952), adaptado ao cinema por Elia Kazan e protagonizado por James Dean, é um dos melhores exemplos, com homens e mulheres no limite das suas forças, prestes a renunciar aos valores morais que a América proclamava.
Em 1941, publicou Sea of Cortez em colaboração com Edward Ricketts. No ano seguinte, Noite Sem Lua, foi adaptado ao teatro, tendo-se seguido Bombs Away. Em 1943, foi correspondente de guerra do New York Herald Tribune nas frentes de combate da Europa e da África do Norte. Em 1945, publicou Bairro da Lata e A Pérola, em 1947. A Pérola é baseada num conto popular mexicano, conta-nos a história de Kino, e da sua família. Kino um pobre pescador encontrou a maior pérola do mundo, que desperta nele e nas pessoas que vivem numa pequena povoação do litoral mexicano sentimentos e desejos vis. Um livro a ler e a reler.
Em 1948, John Steinbeck foi eleito para a Academia Americana das Artes e das Letras. Em 1950, publicou Burning Bright, adaptado mais tarde, ao teatro. Dois anos depois, colaborou no filme Viva Zapata. Em 1953, o livro Os Náufragos do Autocarro foi incluído na listas dos livros desaconselhados pela comissão Gathings.
De 1954 a 1960, publicou Sweet Thursday, O Breve Reinado de Pepino IV e O Inverno do Nosso Descontentamento. No livro O Inverno do Nosso Descontentamento, John Steinbeck, conta-nos a história de Ethan Hawley, descendente de uma família muito rica mas que ficou na ruína financeira. Ethan foi forçado a aceitar a humilde posição de empregado de balcão num armazém de um emigrante italiano com um passado desconhecido. Ethan fica constantemente dividido entre a sua vontade de ser íntegro e o deslumbramento da riqueza e da glória que tiveram os seus antepassados. John Steinbeck faz-nos penetrar na amargura e na infelicidade de Ethan Hawley, que questiona a sua relação com a mulher, filhos, patrão, clientes e amigos. Ethan começando por apresentar uma moralidade a toda a prova, que se vai transformando gradualmente, acabando por alcançar o sucesso financeiro à custa de golpes de moralidade duvidosa.
Afastando-se dos círculos intelectuais e académicos, John Steinbeck foi frequentemente repudiado na América, principalmente nos últimos anos, não merecendo a atenção de outros autores contemporâneos, como Hemingway ou Faulkner.
Em 1962, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura. Dois anos depois, recebeu a Medalha da Liberdade dos EUA e em 1966, publicou America and Americans, um conjunto de reflexões sobre a América contemporânea.
Morreu em 20 de Dezembro de 1968, em Nova Iorque.
publicado por armando ésse às 13:27
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Dezembro 20 2007

John Steinbeck nasceu em Salinas, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, em 27 de Fevereiro 1902. De uma família de classe baixa, John Steinbeck testemunhou desde cedo a vida dos trabalhadores urbanos e rurais. Terminou o curso secundário no Salinas High School, em 1919, ingressando nesse ano na Universidade de Stanford. Para poder pagar os seus estudos, teve diversas profissões. No entanto, abandonou os estudos universitários em 1925, partindo para Nova Iorque, onde trabalhou como operário da construção civil, pouco tempo antes de conseguir um lugar de repórter no New York American, no intuito de seguir carreira literária. Regressou à Califórnia para ser caseiro de uma propriedade, aceitando trabalhos como servente, aprendiz de pintor ou apanhador de fruta, ocupações que foram indispensáveis à construção de algumas das suas personagens.
O seu primeiro romance, Cup of Gold (1929), uma narrativa histórica sobre um pirata jamaicano, antecedeu aquela que, segundo os críticos, seria a sua década de criação mais produtiva. A um Deus Desconhecido (1933) é o primeiro grande um romance de Steinbeck. Um romance quase místico, que tem por tema central "o modo como os homens tentam controlar as forças da natureza, e ao mesmo tempo compreender a sua relação com Deus e com o inconsciente".
Em 1935, publicou Tortilla Flat, o primeiro sucesso popular, um estudo humorístico da vida dos agricultores de Monterey. Seguiu-se, em 1936, Batalha Incerta, em 1937, Ratos e Homens.
Neste livro John Steinbeck, conta-nos a história de dois amigos inseparáveis, George e Lennie, mas completamente diferentes entre si. George é baixo, franzino e astuto, Lennie é um gigante, com uma força bruta impossível de calcular, mas com a inteligência de uma criança. O que os une é a simples amizade e a marginalização imposta pelo sistema. O livro passa-se numa quinta da Califórnia, onde ambos trabalham como contratados da quinta, ganhando pouco mais que a comida e a dormida. Durante o seu árduo trabalho na quinta, encontram outros pobres e explorados, mas também, outras personagens, o filho do patrão e a sua fogosa mulher, que colocam em risco a sua miserável e humilde existência. Ambos têm o sonho de ter um espaço de terra só para eles, situação que nunca se concretizará. Em Ratos e homens, Steinbeck, demonstrou a sua capacidade de criar personagens realistas e cativantes e também de, falar de sentimentos comuns a todos seres humanos, como a solidão e a ânsia por uma vida digna. Ratos e Homens é um dos primeiros grandes clássicos sobre o doloroso período da Grande Depressão americana.
Em 1939 edita As Vinhas da Ira, livro aclamado pela crítica popular mas que suscitou controvérsia, tendo alguns exemplares sido queimados publicamente como forma de protesto e a obra banida nas bibliotecas públicas do Kansas City e de Oklahoma, enquanto se tornava leitura obrigatória nos colégios de Nova Iorque. A obra foi mais tarde galardoada com os prémios Pullitzer e National Book Award.
As Vinhas da Ira, um dos melhores clássicos da literatura do século XX, dá a conhecer os Joad, uma família rural e pobre do Oklahoma que tenta uma nova vida, tendo por pano de fundo os horrores da Grande Depressão. Esta família vê-se obrigada a abandonar as suas terras e partir para um novo mundo, a Califórnia, em busca de melhores condições de vida melhores. Ao seu lado estão milhares de migrantes que se deslocam pelos mesmos motivos, em velhos camiões, em direcção a um futuro incerto. Durante a viagem passam por diversos tipos de provações e quando chegam à Terra Prometida descobrem que era um lugar bem pior do que aquele que tinham deixado.Ludibriados por falsas promessas, a família toda parte num velho camião pela famosa estrada 66 numa jornada em que nada pode ser previsto.
Na maioria das suas obras, marcadas pela paisagem e o quotidiano californianos, o autor explora as duras condições de vida das populações rurais, obrigadas a sobreviver no limiar da pobreza ou forçadas a longas e miseráveis migrações. Procurando tornar evidente que cada ser humano deve ser analisado no ambiente em que se insere, o autor dedicou-se, sobretudo, ao retrato de personagens inadaptadas. A Leste do Paraíso (1952), adaptado ao cinema por Elia Kazan e protagonizado por James Dean, é um dos melhores exemplos, com homens e mulheres no limite das suas forças, prestes a renunciar aos valores morais que a América proclamava.
Em 1941, publicou Sea of Cortez em colaboração com Edward Ricketts. No ano seguinte, Noite Sem Lua, foi adaptado ao teatro, tendo-se seguido Bombs Away. Em 1943, foi correspondente de guerra do New York Herald Tribune nas frentes de combate da Europa e da África do Norte. Em 1945, publicou Bairro da Lata e A Pérola, em 1947. A Pérola é baseada num conto popular mexicano, conta-nos a história de Kino, e da sua família. Kino um pobre pescador encontrou a maior pérola do mundo, que desperta nele e nas pessoas que vivem numa pequena povoação do litoral mexicano sentimentos e desejos vis. Um livro a ler e a reler.
Em 1948, John Steinbeck foi eleito para a Academia Americana das Artes e das Letras. Em 1950, publicou Burning Bright, adaptado mais tarde, ao teatro. Dois anos depois, colaborou no filme Viva Zapata. Em 1953, o livro Os Náufragos do Autocarro foi incluído na listas dos livros desaconselhados pela comissão Gathings.
De 1954 a 1960, publicou Sweet Thursday, O Breve Reinado de Pepino IV e O Inverno do Nosso Descontentamento. No livro O Inverno do Nosso Descontentamento, John Steinbeck, conta-nos a história de Ethan Hawley, descendente de uma família muito rica mas que ficou na ruína financeira. Ethan foi forçado a aceitar a humilde posição de empregado de balcão num armazém de um emigrante italiano com um passado desconhecido. Ethan fica constantemente dividido entre a sua vontade de ser íntegro e o deslumbramento da riqueza e da glória que tiveram os seus antepassados. John Steinbeck faz-nos penetrar na amargura e na infelicidade de Ethan Hawley, que questiona a sua relação com a mulher, filhos, patrão, clientes e amigos. Ethan começando por apresentar uma moralidade a toda a prova, que se vai transformando gradualmente, acabando por alcançar o sucesso financeiro à custa de golpes de moralidade duvidosa.
Afastando-se dos círculos intelectuais e académicos, John Steinbeck foi frequentemente repudiado na América, principalmente nos últimos anos, não merecendo a atenção de outros autores contemporâneos, como Hemingway ou Faulkner.
Em 1962, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura. Dois anos depois, recebeu a Medalha da Liberdade dos EUA e em 1966, publicou America and Americans, um conjunto de reflexões sobre a América contemporânea.
Morreu em 20 de Dezembro de 1968, em Nova Iorque.
publicado por armando ésse às 13:27
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Dezembro 20 2007

Fotografia de Dorothea Lange (1936).
A fotografia retrata Florence Thompson, uma trabalhadora agrícola da Califórnia e os seus filhos, durante a época da Grande Depressão nos Estados Unidos da América. Florence Thompson, que na época tinha 32 anos, está, com um bebé adormecido ao colo, contemplando o vazio, enquanto que, as outras crianças, com o cabelo desgrenhado e as roupas sujas, escondem o rosto por detrás dos seus ombros. A família vivia num acampamento de apanhadores de ervilhas no Vale do Nipomo, na Califórnia, nesse dia, tinha ficado sem trabalho, depois de as ervilhas que iam colher terem congelado.
Momentos antes de ser apanhada pela objectiva de Lange, Florence Thompson, tinha vendido a sua tenda e os pneus do seu carro para comprar comida, para os seus sete filhos. Dorothea Lange, que trabalhava para o governo dos Estados Unidos, tirou esta e outras fotos destinadas a documentar os efeitos da Grande Depressão, na sociedade americana. As fotos de Lange, ajudaram o governo a dar maior apoio aos trabalhadores agrícolas. Florence Thompson morreu pobre em 1983, apesar desta fotografia, ter sido publicada em milhares de jornais e revistas, e reproduzida em selos dos correios americanos.
publicado por armando ésse às 11:28

Dezembro 20 2007

Fotografia de Dorothea Lange (1936).
A fotografia retrata Florence Thompson, uma trabalhadora agrícola da Califórnia e os seus filhos, durante a época da Grande Depressão nos Estados Unidos da América. Florence Thompson, que na época tinha 32 anos, está, com um bebé adormecido ao colo, contemplando o vazio, enquanto que, as outras crianças, com o cabelo desgrenhado e as roupas sujas, escondem o rosto por detrás dos seus ombros. A família vivia num acampamento de apanhadores de ervilhas no Vale do Nipomo, na Califórnia, nesse dia, tinha ficado sem trabalho, depois de as ervilhas que iam colher terem congelado.
Momentos antes de ser apanhada pela objectiva de Lange, Florence Thompson, tinha vendido a sua tenda e os pneus do seu carro para comprar comida, para os seus sete filhos. Dorothea Lange, que trabalhava para o governo dos Estados Unidos, tirou esta e outras fotos destinadas a documentar os efeitos da Grande Depressão, na sociedade americana. As fotos de Lange, ajudaram o governo a dar maior apoio aos trabalhadores agrícolas. Florence Thompson morreu pobre em 1983, apesar desta fotografia, ter sido publicada em milhares de jornais e revistas, e reproduzida em selos dos correios americanos.
publicado por armando ésse às 11:28

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