A FÁBRICA

Março 15 2008

Quem entrar hoje numa qualquer livraria, se estiver distraído pensa ter entrado num cinema, tal é a proliferação de livros com as capas dos respectivos filmes. É a última moda das editoras portuguesas: aproveitar a estreia do filme e toda a publicidade à sua volta, para editar os livros que deram origem ao filme.
É o caso do livro o Lado Selvagem de Jon Krakauer, que foi levado ao cinema pelo realizador, Sean Penn. É também o caso do envolvente livro de Cormac McCarthy, Este País Não é Para Velhos, editado em Novembro do ano passado, mas que teve de esperar que o filme dos irmãos Coen fosse multi-premiado para poder chegar ao top de vendas. É também o caso do excelente livro de Ian McEwan, que tinha passado despercebido quando da sua edição, mas que se tornou um sucesso comercial com a reedição com capa do filme de Joe Wright. Confesso que li estes três livros, no caso de Expiação, há quatro/cinco anos atrás.
Livros que passariam despercebidos no mercado editorial tornam-se um sucesso de vendas ou ganham novo impulso com as capas dos filmes, como é o caso de, P.S. Amo-te, de Cecelia Ahern, Duas Irmãs, Um Rei, de Philippa Gregory, ou Elizabeth - A Idade de Ouro, de Tasha Alexander e também o caso de Gone, Baby, Gone de Dennis Lehane. A lista é extensa, contei um total de 15 livros com capas de filmes.
Desde de sempre que o cinema tem adaptado livros e por vezes com grande acerto. É o percurso normal, do livro ao filme . O que não é normal é as editoras esperarem pelo sucesso do filme para depois editarem os livros, isto é, do filme ao livro. Exemplos de romances adaptados ao cinema não faltam: desde os clássicos “Anna Karenina” e “Guerra e Paz”, de Lev Tolstoi ou o “Dr Jivago”, de Boris Pasternak, passando por “Vinhas da Ira” de John Steinbeck, adaptado por John Ford numa versão inesquecível, ou “Ter e Não Ter” de Ernest Hemingway. Mais recentemente Bennett Miller, realizou o filme Capote, a partir do livro “A Sangue Frio” de Truman Capote. Francis Ford Coppola realizou o “Padrinho” a partir da obra de Mario Puzo, Stanley Kubrick realizou o filme de culto “Laranja Mecânica”, a partir da obra esquecida de Anthony Burgess, etc.
Um dos grandes paradoxos do cinema reside na dificuldade de obter bons filmes a partir de bons romances. Por vezes, um mau romance ou um romance sem grande projecção transforma-se num grande filme. Cada romance, se tiver necessária qualidade, possui qualquer coisa de comum à palavra e à imagem, que é o seu espírito, a sua capacidade de inventar e organizar um mundo imaginário, e basta por si só, para cada um que o lê, fazer um filme. É por isto, que é extremamente difícil, um filme superar a qualidade de um livro.
publicado por armando ésse às 15:50
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Março 15 2008

Quem entrar hoje numa qualquer livraria, se estiver distraído pensa ter entrado num cinema, tal é a proliferação de livros com as capas dos respectivos filmes. É a última moda das editoras portuguesas: aproveitar a estreia do filme e toda a publicidade à sua volta, para editar os livros que deram origem ao filme.
É o caso do livro o Lado Selvagem de Jon Krakauer, que foi levado ao cinema pelo realizador, Sean Penn. É também o caso do envolvente livro de Cormac McCarthy, Este País Não é Para Velhos, editado em Novembro do ano passado, mas que teve de esperar que o filme dos irmãos Coen fosse multi-premiado para poder chegar ao top de vendas. É também o caso do excelente livro de Ian McEwan, que tinha passado despercebido quando da sua edição, mas que se tornou um sucesso comercial com a reedição com capa do filme de Joe Wright. Confesso que li estes três livros, no caso de Expiação, há quatro/cinco anos atrás.
Livros que passariam despercebidos no mercado editorial tornam-se um sucesso de vendas ou ganham novo impulso com as capas dos filmes, como é o caso de, P.S. Amo-te, de Cecelia Ahern, Duas Irmãs, Um Rei, de Philippa Gregory, ou Elizabeth - A Idade de Ouro, de Tasha Alexander e também o caso de Gone, Baby, Gone de Dennis Lehane. A lista é extensa, contei um total de 15 livros com capas de filmes.
Desde de sempre que o cinema tem adaptado livros e por vezes com grande acerto. É o percurso normal, do livro ao filme . O que não é normal é as editoras esperarem pelo sucesso do filme para depois editarem os livros, isto é, do filme ao livro. Exemplos de romances adaptados ao cinema não faltam: desde os clássicos “Anna Karenina” e “Guerra e Paz”, de Lev Tolstoi ou o “Dr Jivago”, de Boris Pasternak, passando por “Vinhas da Ira” de John Steinbeck, adaptado por John Ford numa versão inesquecível, ou “Ter e Não Ter” de Ernest Hemingway. Mais recentemente Bennett Miller, realizou o filme Capote, a partir do livro “A Sangue Frio” de Truman Capote. Francis Ford Coppola realizou o “Padrinho” a partir da obra de Mario Puzo, Stanley Kubrick realizou o filme de culto “Laranja Mecânica”, a partir da obra esquecida de Anthony Burgess, etc.
Um dos grandes paradoxos do cinema reside na dificuldade de obter bons filmes a partir de bons romances. Por vezes, um mau romance ou um romance sem grande projecção transforma-se num grande filme. Cada romance, se tiver necessária qualidade, possui qualquer coisa de comum à palavra e à imagem, que é o seu espírito, a sua capacidade de inventar e organizar um mundo imaginário, e basta por si só, para cada um que o lê, fazer um filme. É por isto, que é extremamente difícil, um filme superar a qualidade de um livro.
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