A cimeira extraordinária sobre o Iraque reuniu na base aérea das Lajes, nos Açores, o presidente norte-americano, George W. Bush, e os primeiros-ministros britânico, Tony Blair, e espanhol, Jose Maria Aznar, que lançaram um ultimato ao ditador iraquiano: 24 horas para se desarmar voluntariamente.
Apesar de ter sido ignorado pela maioria da imprensa internacional, o anfitrião José Manuel Durão Barroso, Primeiro-ministro de Portugal, debitou alguns sound bites, para consumo interno, quando questionado sobre se Portugal ao acolher a reunião ficaria com responsabilidades acrescidas numa eventual guerra, afirmou que: "A responsabilidade é inteiramente do ditador Saddam Hussein. É dele a responsabilidade de não ter respeitado durante anos o direito internacional e de ter violado repetidas vezes as resoluções das Nações Unidas".
Durão Barroso assinalou ainda, que a cimeira das Lajes oferecia "a última oportunidade para uma solução política" para a crise iraquiana.
Três anos depois, Durão Barroso declarou ter agido com base em informações que "não foram confirmadas: que havia armas de destruição maciça" no Iraque.
Os restantes dirigentes na cimeira teriam outro tipo de informação, segundo notícias divulgadas no último ano.
O New York Times cita um memorando secreto britânico sobre um encontro dos dois políticos a 31 de Janeiro na Casa Branca, revelando que Bush e Blair constataram que nenhuma arma de destruição maciça tinha sido encontrada no Iraque pelos inspectores da ONU e que o presidente norte-americano referiu a possibilidade de provocar um confronto sacrificando, por exemplo, um avião de vigilância norte-americano pintado com as cores da ONU.
De acordo com o New York Times, Bush informou Blair em Janeiro de 2003 que estava decidido a invadir o Iraque mesmo sem uma resolução da ONU e sem que alguma arma de destruição maciça tivesse sido encontrada.
Foi exactamente isso que aconteceu, os Estados Unidos da América e o Reino Unido, invadiram impunemente o Iraque a 20 de Março, à rebelia do direito internacional, sem que a ONU tivesse proferido qualquer nova resolução ou que os inspectores da Organização das Nações Unidas tivessem encontrado qualquer arma de destruição maciça.