Quatro dias após a “Cimeira da Guerra”, realizada nos Açores, a guerra chega a Bagdad ao amanhecer, às 05h35 (menos três horas em Lisboa), com três vagas de bombardeamentos – aéreos e com mísseis disparados de navios – alegadamente dirigidos a locais onde se encontrariam altos dirigentes do regime, nomeadamente, o próprio Saddam Hussein. Momentos depois, uma televisão iraquiana mostrava Saddam a falar ao país, reagindo ao ataque, e a prometer uma vitória sobre os americanos.
A guerra no Iraque, que marca profundamente os dois mandatos de George W. Bush e da sua Administração, à frente dos destinos dos EUA e terá custado, segundo o Professor Joseph Stiglitz, Premio Nobel da Economia (2001) e ex-economista chefe do Banco Mundial, cerca de três biliões de dólares aos cofres de Washington. No seu livro “The Three Trillion Dollar War”, afirma que o custa da Guerra do Golfo, poderá superar o custo da II Guerra Mundial se forem contados os gastos médicos e com pensões para soldados feridos. O Pentágono desmente estes números, calculando que foram gastos 500 mil milhões de dólares, apesar de o Congresso americano já ter disponibilizado directamente mais de 850 mil milhões de dólares.
A Guerra do Golfo, também tem elevados custos humanos, cem mil mortos confirmados e entre 500 mil e um milhão estimados, do lado iraquiano e perto de quatro mil baixas entre as forças norte-americanas e 30.000 feridos em combate..
A violência sectária, que durante 2006 ameaçou arrastar o país para uma guerra civil, diminui, principalmente em Bagdad mas a capital é ainda palco de atentados, que deixam dezenas de vítimas civis a cada ataque. O Exército norte-americano, que mantém um contingente de cerca de 160.000 soldados é frequentemente alvo de ataques audazes.
A relativa calma é atribuída ao envio de reforços norte-americanos em Fevereiro de 2007, e a uma estratégia de mobilização, por meio de financiamento, de grupos de insurgentes sunitas e a uma trégua unilateral da principal milícia xiita. A estabilidade é frágil e o número de civis iraquianos mortos, voltou a subir no início de 2008, após uma queda acentuada no final de 2007.
Mas, se a guerra pôs fim a 23 anos de uma brutal ditadura com a eliminação de Saddam Hussein, as promessas de estabilidade e prosperidade feitas aos iraquianos continuam longe de ser cumpridas. A economia, preocupação principal para os 25 milhões de iraquianos depois da segurança, não existe, excepto a produção e exportação de petróleo. O desemprego, atinge 65% da população activa. Os serviços públicos básicos, como o fornecimento de água e electricidade não foram restabelecidos, bairros inteiros de Bagdad continuam totalmente às escuras. Quanto à democracia, que os americanos queriam instaurar no Iraque, é demasiado cedo para podermos escrever, o que quer que seja, com o mínimo de certeza.
A guerra que o Secretário da Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld, falava que duraria de «seis dias a seis semanas», está ao fim de cinco anos, muito longe do seu fim.