A FÁBRICA

Abril 29 2008

Se realmente estão interessados nisto, a primeira coisa que desejarão saber é o local onde nasci, o modo como passei a minha estúpida infância, a ocupação de meus pais, o que faziam antes de eu nascer, e tudo o mais, como se se tratasse de David Copperfield. Mas eu não estou com disposição para isso, se, de facto, querem que vos conte a verdade.
Em primeiro lugar, essas coisas aborrecem-me, e, em segundo lugar, os meus pais teriam duas hemorragias cerebrais se eu revelasse qualquer facto pessoal que lhes dissesse respeito. São muito sensíveis quanto a essas coisas; especialmente o meu pai. Não digo que não sejam boas pessoas, mas são sensíveis como os diabos. Além disso, não vos vou fazer a minha autobiografia ou coisa semelhante. Só vos falarei do que se passou comigo durante o passado Natal, antes de ficar um pouco confuso e de ter de vir para aqui. Aliás, será tudo o que já contei a D.B. E ele é meu irmão. Vive em Hollywood, que não fica muito longe desta bodega, e vem visitar-me praticamente todas as semanas. É ele quem me levará quando eu for para casa, talvez para o mês que vem. Comprou um Jaguar há pouco tempo, um desses carros ingleses que conseguem fazer cento e cinquenta quilómetros por hora. Custou-lhe perto de quatro mil dólares. Mas ele agora tem massa. Antigamente não tinha. Quando vivia connosco não passava de um escritor vulgar. Escreveu um livro de contos terrível – O Peixe Secreto -, em que talvez nunca tenham ouvido falar. O melhor conto era exactamente O Peixe Secreto. Tratava-se de um rapaz que não permitia que ninguém contemplasse o seu peixe, porque o comprara com as suas economias. Esse conto ia-me matando. Agora o meu irmão, o D. B., está em Hollywood e é uma espécie de prostituta. Se há coisas que eu odeie, o cinema é uma delas. Será preferível nunca me falarem nele.
1º Página do livro, Uma Agulha No Palheiro, de J. D. Salinger, Livros Brasil.

Nota: Os tradutores sempre tiveram muita dificuldade em encontrarem uma "forma suficientemente alusiva" para traduzirem para português o título original, da obra de J. D. Salinger, The Catcher in the Rye.
Durante muitos anos, a tradução foi sempre, Uma Agulha no Palheiro, nomeadamente quando esta obra era referida no cinema. No entanto, isso não impediu a Difel de lançar em 2005, uma edição do livro de J.D. Salinger com o título em português, À Espera no Centeio. Não sei se a primeira página deste livro, é igual à do post.
publicado por armando ésse às 09:17

Abril 29 2008

Se realmente estão interessados nisto, a primeira coisa que desejarão saber é o local onde nasci, o modo como passei a minha estúpida infância, a ocupação de meus pais, o que faziam antes de eu nascer, e tudo o mais, como se se tratasse de David Copperfield. Mas eu não estou com disposição para isso, se, de facto, querem que vos conte a verdade.
Em primeiro lugar, essas coisas aborrecem-me, e, em segundo lugar, os meus pais teriam duas hemorragias cerebrais se eu revelasse qualquer facto pessoal que lhes dissesse respeito. São muito sensíveis quanto a essas coisas; especialmente o meu pai. Não digo que não sejam boas pessoas, mas são sensíveis como os diabos. Além disso, não vos vou fazer a minha autobiografia ou coisa semelhante. Só vos falarei do que se passou comigo durante o passado Natal, antes de ficar um pouco confuso e de ter de vir para aqui. Aliás, será tudo o que já contei a D.B. E ele é meu irmão. Vive em Hollywood, que não fica muito longe desta bodega, e vem visitar-me praticamente todas as semanas. É ele quem me levará quando eu for para casa, talvez para o mês que vem. Comprou um Jaguar há pouco tempo, um desses carros ingleses que conseguem fazer cento e cinquenta quilómetros por hora. Custou-lhe perto de quatro mil dólares. Mas ele agora tem massa. Antigamente não tinha. Quando vivia connosco não passava de um escritor vulgar. Escreveu um livro de contos terrível – O Peixe Secreto -, em que talvez nunca tenham ouvido falar. O melhor conto era exactamente O Peixe Secreto. Tratava-se de um rapaz que não permitia que ninguém contemplasse o seu peixe, porque o comprara com as suas economias. Esse conto ia-me matando. Agora o meu irmão, o D. B., está em Hollywood e é uma espécie de prostituta. Se há coisas que eu odeie, o cinema é uma delas. Será preferível nunca me falarem nele.
1º Página do livro, Uma Agulha No Palheiro, de J. D. Salinger, Livros Brasil.

Nota: Os tradutores sempre tiveram muita dificuldade em encontrarem uma "forma suficientemente alusiva" para traduzirem para português o título original, da obra de J. D. Salinger, The Catcher in the Rye.
Durante muitos anos, a tradução foi sempre, Uma Agulha no Palheiro, nomeadamente quando esta obra era referida no cinema. No entanto, isso não impediu a Difel de lançar em 2005, uma edição do livro de J.D. Salinger com o título em português, À Espera no Centeio. Não sei se a primeira página deste livro, é igual à do post.
publicado por armando ésse às 09:17

Abril 29 2008

AMAM - Association of Women Against Genital Mutilation: Plastic doll
.
More than 140 million women in the world are condemned to feel nothing.
.
Advertising Agency: Contrapunto BBDO, Barcelona, Spain
Creative Director: Tomas Oliva, Carlos De Javier
Art Director: Lucas Jatobá
Copywriter: Marta Caseny
Photographers: Corbis, Carles Nin, Eduardo Colesi
Post Production: Albert Fornos
.
Mais de 140 milhões de mulheres no mundo estão condenadas a não sentir nada.
publicado por armando ésse às 07:58

Abril 29 2008

AMAM - Association of Women Against Genital Mutilation: Plastic doll
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More than 140 million women in the world are condemned to feel nothing.
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Creative Director: Tomas Oliva, Carlos De Javier
Art Director: Lucas Jatobá
Copywriter: Marta Caseny
Photographers: Corbis, Carles Nin, Eduardo Colesi
Post Production: Albert Fornos
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Mais de 140 milhões de mulheres no mundo estão condenadas a não sentir nada.
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