A FÁBRICA

Abril 28 2008

Nos idos de setenta, estava eu com quinze anos, gastei tudo o que tinha no banco para atravessar o continente num jacto 747, até Brandon, Manitoba, no meio das pradarias canadianas, e assistir a um eclipse total do sol. Devo ter dado um estranho espectáculo, com a minha idade, fininho como um lápis e praticamente albino, a registar-me calmamente num motel TraveLodge para passar a noite sozinho, todo contente, a ver anúncios de banha da cobra num canal de televisão e a beber água por uns copos de vidro tão fartos de serem lavados e embrulhados em folhas de papel que parecia que lhes tinham dado lixa. Mas a noite passou-se depressa e, chegada a manhã do eclipse, evitei os autocarros de excursão e tomei um transporte público para o limite urbano. Lá, andei um pouco mais pela berma poeirenta de uma estrada e por um campo lavrado – um tipo qualquer de cereal verde-milho que dava pela altura do peito e fazia restolhada quando as folhas infligiam à minha pele pequenas queimaduras, como as das arestas do papel, enquanto caminha pelo meio delas. E nesse campo, chegada a hora, o minuto e o segundo da escuridão, deitei-me no solo, rodeado por hastes com grãos vigorosos e pelo ruído ténue dos insectos, sustendo a respiração, e senti uma coisa de que nunca viria a livrar-me por completo – uma sensação de escuro, e de inevitabilidade, e de fascínio – uma sensação que certamente todos os jovens tiveram desde a alvorada dos tempos sempre que torceram o pescoço a olhar o céu e o viram desaparecer.
1ª Página do livro Geração X, contos para uma cultura acelerada, de Douglas Coupland, Teorema, naõ tem a data da edição.
publicado por armando ésse às 09:38

Abril 28 2008

Nos idos de setenta, estava eu com quinze anos, gastei tudo o que tinha no banco para atravessar o continente num jacto 747, até Brandon, Manitoba, no meio das pradarias canadianas, e assistir a um eclipse total do sol. Devo ter dado um estranho espectáculo, com a minha idade, fininho como um lápis e praticamente albino, a registar-me calmamente num motel TraveLodge para passar a noite sozinho, todo contente, a ver anúncios de banha da cobra num canal de televisão e a beber água por uns copos de vidro tão fartos de serem lavados e embrulhados em folhas de papel que parecia que lhes tinham dado lixa. Mas a noite passou-se depressa e, chegada a manhã do eclipse, evitei os autocarros de excursão e tomei um transporte público para o limite urbano. Lá, andei um pouco mais pela berma poeirenta de uma estrada e por um campo lavrado – um tipo qualquer de cereal verde-milho que dava pela altura do peito e fazia restolhada quando as folhas infligiam à minha pele pequenas queimaduras, como as das arestas do papel, enquanto caminha pelo meio delas. E nesse campo, chegada a hora, o minuto e o segundo da escuridão, deitei-me no solo, rodeado por hastes com grãos vigorosos e pelo ruído ténue dos insectos, sustendo a respiração, e senti uma coisa de que nunca viria a livrar-me por completo – uma sensação de escuro, e de inevitabilidade, e de fascínio – uma sensação que certamente todos os jovens tiveram desde a alvorada dos tempos sempre que torceram o pescoço a olhar o céu e o viram desaparecer.
1ª Página do livro Geração X, contos para uma cultura acelerada, de Douglas Coupland, Teorema, naõ tem a data da edição.
publicado por armando ésse às 09:38

Abril 28 2008

No dia 28 de Abril de 1945, no dia em que as tropas alemãs capitularam na Itália, o líder fascista Benito Mussolini e a sua amante Clara Petacci foram executados.
O fim de Mussolini começou no Verão de 1943, quando os Aliados desembarcaram na Sicília. No dia 25 de Julho desse ano, o rei Vítor Emanuel rendeu-se aos Aliados e declarou guerra à Alemanha nazista, demitindo e mandando prender o “Duce”.
Em resposta, os alemães ocuparam a Itália e libertaram Mussolini da prisão, proclamando a República de Saló, um governo fantoche da Alemanha. Enquanto isso, a população italiana organizava a resistência e cooperava com as tropas aliadas, que avançavam para o norte.
No final de Março de 1945, os guerrilheiros antifascistas, “os partigiani”, conquistaram Milão, fechando o cerco a Mussolini, que ainda tentou, sem sucesso, negociar a sua rendição. No dia 28 de Abril de 1945, os alemães capitularam.
Amargurado e resignado, Mussolini tentou fugir para a Suíça com sua amante Clara Petacci, num comboio de soldados alemães. Mas era tarde demais para o “Duce”: os partigiani interceptaram o comboio, reconheceram o líder fascista e fuzilaram-no juntamente com a amante. Os corpos foram levados para Milão e expostos, pendurados de cabeça para baixo, na praça do Loreto.
publicado por armando ésse às 09:16

Abril 28 2008

No dia 28 de Abril de 1945, no dia em que as tropas alemãs capitularam na Itália, o líder fascista Benito Mussolini e a sua amante Clara Petacci foram executados.
O fim de Mussolini começou no Verão de 1943, quando os Aliados desembarcaram na Sicília. No dia 25 de Julho desse ano, o rei Vítor Emanuel rendeu-se aos Aliados e declarou guerra à Alemanha nazista, demitindo e mandando prender o “Duce”.
Em resposta, os alemães ocuparam a Itália e libertaram Mussolini da prisão, proclamando a República de Saló, um governo fantoche da Alemanha. Enquanto isso, a população italiana organizava a resistência e cooperava com as tropas aliadas, que avançavam para o norte.
No final de Março de 1945, os guerrilheiros antifascistas, “os partigiani”, conquistaram Milão, fechando o cerco a Mussolini, que ainda tentou, sem sucesso, negociar a sua rendição. No dia 28 de Abril de 1945, os alemães capitularam.
Amargurado e resignado, Mussolini tentou fugir para a Suíça com sua amante Clara Petacci, num comboio de soldados alemães. Mas era tarde demais para o “Duce”: os partigiani interceptaram o comboio, reconheceram o líder fascista e fuzilaram-no juntamente com a amante. Os corpos foram levados para Milão e expostos, pendurados de cabeça para baixo, na praça do Loreto.
publicado por armando ésse às 09:16

Abril 28 2008

O internacional português do Manchester United, Cristiano Ronaldo, venceu ontem, pelo segundo ano consecutivo o prémio de melhor jogador da Premiership, igualando o feito alcançado pelo francês Thierry Henry (2003 e 2004), no Arsenal.
Na galeria dos prémios instituídos pela Associação dos Futebolistas Profissionais (PFA), o espanhol Fabregas (Arsenal) foi eleito o melhor futebolista jovem a actuar em Inglaterra.«Sinto-me muito feliz. Quando se treina toda a época para jogar bem, para fazer algo pela equipa, e no final recebemos um prémio como este da PFA, é um grande momento, uma honra e um prazer», comentou Cristiano Ronaldo, o melhor marcador do campeonato inglês, com 28 golos.(A Bola).
publicado por armando ésse às 07:48

Abril 28 2008

O internacional português do Manchester United, Cristiano Ronaldo, venceu ontem, pelo segundo ano consecutivo o prémio de melhor jogador da Premiership, igualando o feito alcançado pelo francês Thierry Henry (2003 e 2004), no Arsenal.
Na galeria dos prémios instituídos pela Associação dos Futebolistas Profissionais (PFA), o espanhol Fabregas (Arsenal) foi eleito o melhor futebolista jovem a actuar em Inglaterra.«Sinto-me muito feliz. Quando se treina toda a época para jogar bem, para fazer algo pela equipa, e no final recebemos um prémio como este da PFA, é um grande momento, uma honra e um prazer», comentou Cristiano Ronaldo, o melhor marcador do campeonato inglês, com 28 golos.(A Bola).
publicado por armando ésse às 07:48

Abril 27 2008

Há dias em que me levanto com uma esperança demencial, momentos em que sinto que as possibilidades de uma vida mais humana estão ao alcance das nossas mãos. Hoje é um desses dias.
Então, pus-me a escrever quase às cegas, de madrugada, com urgência, como quem sai à rua a pedir ajuda perante uma ameaça de incêndio, ou como um barco que, prestes a desaparecer, lançasse um último e fervoroso sinal a um porto que sabe próximo mas ensurdecido pelo ruído da cidade e pela quantidade de letreiros que lhe turvam o olhar.
Peço-vos que nos detenhamos a pensar na grandeza a que ainda podemos aspirar se nos atrevermos a valorizar a vida de outra forma. Peço-nos essa coragem que nos situa na verdadeira dimensão do homem. Todos, mais do que uma vez, nos vergamos. Mas há algo que não falha, é a convicção de que unicamente os valores espirituais nos podem salvar deste terramoto que ameaça a condição humana.
1ª Página do livro, Resistir, de Ernesto Sabato, Dom Quixote, 1ª edição, Abril 2005.

Nota: Hoje criei uma etiqueta a que chamo “primeira página”, que não é nada mais que, a edição da primeira página dos livros que li durante a minha vida. Essencialmente, serve para meter alguma ordem na minha biblioteca, que apesar de não ser extensa, já é complicada gerir e também dar-vos a conhecer um pouco mais de mim, pois as pessoas podem ser conhecidas pelos livros que lêem e muito.
publicado por armando ésse às 08:40

Abril 27 2008

Há dias em que me levanto com uma esperança demencial, momentos em que sinto que as possibilidades de uma vida mais humana estão ao alcance das nossas mãos. Hoje é um desses dias.
Então, pus-me a escrever quase às cegas, de madrugada, com urgência, como quem sai à rua a pedir ajuda perante uma ameaça de incêndio, ou como um barco que, prestes a desaparecer, lançasse um último e fervoroso sinal a um porto que sabe próximo mas ensurdecido pelo ruído da cidade e pela quantidade de letreiros que lhe turvam o olhar.
Peço-vos que nos detenhamos a pensar na grandeza a que ainda podemos aspirar se nos atrevermos a valorizar a vida de outra forma. Peço-nos essa coragem que nos situa na verdadeira dimensão do homem. Todos, mais do que uma vez, nos vergamos. Mas há algo que não falha, é a convicção de que unicamente os valores espirituais nos podem salvar deste terramoto que ameaça a condição humana.
1ª Página do livro, Resistir, de Ernesto Sabato, Dom Quixote, 1ª edição, Abril 2005.

Nota: Hoje criei uma etiqueta a que chamo “primeira página”, que não é nada mais que, a edição da primeira página dos livros que li durante a minha vida. Essencialmente, serve para meter alguma ordem na minha biblioteca, que apesar de não ser extensa, já é complicada gerir e também dar-vos a conhecer um pouco mais de mim, pois as pessoas podem ser conhecidas pelos livros que lêem e muito.
publicado por armando ésse às 08:40

Abril 26 2008

"Guernica", a obra política mais famosa do século XX foi motivada pelo bombardeamento da cidade do mesmo nome, centro da tradição cultural basca. O quadro é o reflexo da leitura subjectiva que Pablo Picasso faz da Guerra Civil de Espanha e vem provar que o tema da batalha também pode ser tratado pelos artistas modernos.
Conta-se que um oficial das SS lhe perguntou, apontando para a pintura:
-Foi o senhor que fez isso?.
Picasso respondeu:
-Não. Foi o senhor.
O quadro foi pintado para a Exposição Mundial de Paris, em 1937. Está hoje no Museu Rainha Sofia, em Madrid.
.
Na segunda-feira, 26 de Abril de 1937 na cidade de Guernica, no País Basco, que até então permanecera praticamente ao lado da Guerra Civil Espanhola, a vida decorria com a normalidade quotidiana de uma pequena cidade de cinco mil habitantes.
A meio da tarde, por volta das quatro e meia, começa-se a ouvir na cidade algumas detonações isoladas, provocadas pelo lançamento de bombas por parte da força aérea italiana. A população entra em alvoroço, mas nada fazia prever o que viria a seguir.
Entre as seis horas e meia da tarde e as seis horas e quarenta e cinco, em vagas sucessivas, veio o ataque principal dos bombardeiros da nazista Legião Condor que reduziram a cinzas a cidade basca. O ataque aéreo, que teve uma duração total de três horas, custou a vida de 1.645 pessoas.
Calcula-se que, vinte e duas toneladas de explosivos foram lançados sobre aquela pequena cidade, entre pequenas bombas incendiárias e bombas de 250 quilos. Trezentas pessoas morreram imediatamente, milhares ficaram feridas, até porque os aviões alemães perseguiam e abatiam os fugitivos. Três quartos dos prédios foram arrasados e ao mesmo tempo , a rede de canalização da água foi também destruida, fazendo com que, os prédios que não foram dizimados pelos bombardeamentos, fossem consumidos pelas chamas que alastraram livremente, em frente de uma população impotente para as combater.
O criminoso diário de guerra dos franquistas, concluiu: “O tipo de construção das casas fez com que a destruição fosse total. Ainda se vêem os buracos das bombas na rua. Simplesmente fantástico”.
A política da Alemanha nazi, foi utilizar a Guerra Civil Espanhola como campo de testes para os pilotos e os aviões da Luftwaffe. O ataque da Legião Condor foi o primeiro bombardeamento aéreo massivo contra a população civil na história europeia. A partir daí, e principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, o terror contra civis tornou-se um princípio.
publicado por armando ésse às 09:19

Abril 26 2008

"Guernica", a obra política mais famosa do século XX foi motivada pelo bombardeamento da cidade do mesmo nome, centro da tradição cultural basca. O quadro é o reflexo da leitura subjectiva que Pablo Picasso faz da Guerra Civil de Espanha e vem provar que o tema da batalha também pode ser tratado pelos artistas modernos.
Conta-se que um oficial das SS lhe perguntou, apontando para a pintura:
-Foi o senhor que fez isso?.
Picasso respondeu:
-Não. Foi o senhor.
O quadro foi pintado para a Exposição Mundial de Paris, em 1937. Está hoje no Museu Rainha Sofia, em Madrid.
.
Na segunda-feira, 26 de Abril de 1937 na cidade de Guernica, no País Basco, que até então permanecera praticamente ao lado da Guerra Civil Espanhola, a vida decorria com a normalidade quotidiana de uma pequena cidade de cinco mil habitantes.
A meio da tarde, por volta das quatro e meia, começa-se a ouvir na cidade algumas detonações isoladas, provocadas pelo lançamento de bombas por parte da força aérea italiana. A população entra em alvoroço, mas nada fazia prever o que viria a seguir.
Entre as seis horas e meia da tarde e as seis horas e quarenta e cinco, em vagas sucessivas, veio o ataque principal dos bombardeiros da nazista Legião Condor que reduziram a cinzas a cidade basca. O ataque aéreo, que teve uma duração total de três horas, custou a vida de 1.645 pessoas.
Calcula-se que, vinte e duas toneladas de explosivos foram lançados sobre aquela pequena cidade, entre pequenas bombas incendiárias e bombas de 250 quilos. Trezentas pessoas morreram imediatamente, milhares ficaram feridas, até porque os aviões alemães perseguiam e abatiam os fugitivos. Três quartos dos prédios foram arrasados e ao mesmo tempo , a rede de canalização da água foi também destruida, fazendo com que, os prédios que não foram dizimados pelos bombardeamentos, fossem consumidos pelas chamas que alastraram livremente, em frente de uma população impotente para as combater.
O criminoso diário de guerra dos franquistas, concluiu: “O tipo de construção das casas fez com que a destruição fosse total. Ainda se vêem os buracos das bombas na rua. Simplesmente fantástico”.
A política da Alemanha nazi, foi utilizar a Guerra Civil Espanhola como campo de testes para os pilotos e os aviões da Luftwaffe. O ataque da Legião Condor foi o primeiro bombardeamento aéreo massivo contra a população civil na história europeia. A partir daí, e principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, o terror contra civis tornou-se um princípio.
publicado por armando ésse às 09:19

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