A FÁBRICA

Maio 06 2008

Para um homem da sua idade, cinquenta e dois anos, tem resolvido bastante bem, segundo ele, o problema do sexo. Nas tardes de quinta-feira vai de carro até Green Point. Pontualmente, às duas da tarde, carrega na campainha da entrada para a Windsor Mansions, diz o nome e entra. À sua espera, á porta do 113, está Soraya. Dirige-se directamente para o quarto, que tem um cheiro agradável e uma iluminação suave, e despe-se. Soraya, da casa de banho, deixa cair o robe e, deslizante, deita-se na cama a seu lado. – Tivestes saudades minhas? - pergunta ela. – Tenho sempre saudades tuas - responde ele. Acaricia-lhe o corpo cor de mel no qual o sol não deixou marca; estende-a e beija-lhe os seios; fazem amor.
Soraya é alta e esguia, de longos cabelos negros e olhos escuros e húmidos. Tecnicamente, ele tem idade suficiente para ser pai dela; mas, também, é possível ser-se pai aos doze anos. Há mais de um ano que ele a visita; considera-a completamente satisfatória. No deserto da semana, a quinta-feira tornou-se um oásis de luxe et volupté.
Na cama Soraya não é exuberante. Na verdade, o seu temperamento é bastante reservado, reservado e dócil. As suas opiniões são, surpreendentemente, moralistas. Fica ofendida com as turistas que mostram os seios (as “tetas” como ela lhes chama) nas praias públicas; acha que os vagabundos deveriam ser presos e mandados varrer as ruas. A ele pouco lhe importa como ela consegue conciliar tais opiniões com a profissão que tem.
Já que ela lhe dá prazer, já que o seu prazer é contínuo, afeiçoou-se-lhe bastante. Acredita que, até certo ponto, esta afeição é recíproca. A afeição pode não ser igual ao amor, mas anda lá perto. Olhando para as suas origens pouco prometedoras, ambos tiveram sorte: ele por tê-la encontrado, ela por tê-lo encontrado a ele.
Os sentimentos dele, está consciente, são complacentes, até excessivamente ternos. Não obstante, não deixa de se agarrar a eles.
1ª Página do livro, Desgraça, de J. M. Coetzee, Publicação Dom Quixote, 1ª edição: Abril de 2000
publicado por armando ésse às 07:45

Maio 06 2008

Para um homem da sua idade, cinquenta e dois anos, tem resolvido bastante bem, segundo ele, o problema do sexo. Nas tardes de quinta-feira vai de carro até Green Point. Pontualmente, às duas da tarde, carrega na campainha da entrada para a Windsor Mansions, diz o nome e entra. À sua espera, á porta do 113, está Soraya. Dirige-se directamente para o quarto, que tem um cheiro agradável e uma iluminação suave, e despe-se. Soraya, da casa de banho, deixa cair o robe e, deslizante, deita-se na cama a seu lado. – Tivestes saudades minhas? - pergunta ela. – Tenho sempre saudades tuas - responde ele. Acaricia-lhe o corpo cor de mel no qual o sol não deixou marca; estende-a e beija-lhe os seios; fazem amor.
Soraya é alta e esguia, de longos cabelos negros e olhos escuros e húmidos. Tecnicamente, ele tem idade suficiente para ser pai dela; mas, também, é possível ser-se pai aos doze anos. Há mais de um ano que ele a visita; considera-a completamente satisfatória. No deserto da semana, a quinta-feira tornou-se um oásis de luxe et volupté.
Na cama Soraya não é exuberante. Na verdade, o seu temperamento é bastante reservado, reservado e dócil. As suas opiniões são, surpreendentemente, moralistas. Fica ofendida com as turistas que mostram os seios (as “tetas” como ela lhes chama) nas praias públicas; acha que os vagabundos deveriam ser presos e mandados varrer as ruas. A ele pouco lhe importa como ela consegue conciliar tais opiniões com a profissão que tem.
Já que ela lhe dá prazer, já que o seu prazer é contínuo, afeiçoou-se-lhe bastante. Acredita que, até certo ponto, esta afeição é recíproca. A afeição pode não ser igual ao amor, mas anda lá perto. Olhando para as suas origens pouco prometedoras, ambos tiveram sorte: ele por tê-la encontrado, ela por tê-lo encontrado a ele.
Os sentimentos dele, está consciente, são complacentes, até excessivamente ternos. Não obstante, não deixa de se agarrar a eles.
1ª Página do livro, Desgraça, de J. M. Coetzee, Publicação Dom Quixote, 1ª edição: Abril de 2000
publicado por armando ésse às 07:45

Maio 06 2008

Fotografia de Nick Ut, Associated Press.
Esta fotografia de Nick Ut, Associated Press, tirada em 8 de Junho de 1972, simboliza toda a tragédia que foi a Guerra do Vietname .
O fotógrafo Huynh Cong "Nick" Ut estava a sessenta quilómetros de Saigão quando aviões americanos borbadearam por engano uma aldeia que suspeitavam ser um refúgio vietcong.
Um minuto depois, a pequena Kim Phuc, a rapariga nua no centro da fotografia e outras crianças, correram na sua direcção. Depois de tirar a fotografia, Nick Ut, borrifou com água o corpo de Kim Phuc e levou-a imediatamente ao hospital.
Kim Phuc tinha na altura nove anos e mostra com os seus braços estendidos todo o terror, impotência, dor e sofrimento, infligido pelos bombardeamentos americanos.
Nick Ut ganhou o Prémio Pullitzer, com esta fotografia.
publicado por armando ésse às 07:30

Maio 06 2008

Fotografia de Nick Ut, Associated Press.
Esta fotografia de Nick Ut, Associated Press, tirada em 8 de Junho de 1972, simboliza toda a tragédia que foi a Guerra do Vietname .
O fotógrafo Huynh Cong "Nick" Ut estava a sessenta quilómetros de Saigão quando aviões americanos borbadearam por engano uma aldeia que suspeitavam ser um refúgio vietcong.
Um minuto depois, a pequena Kim Phuc, a rapariga nua no centro da fotografia e outras crianças, correram na sua direcção. Depois de tirar a fotografia, Nick Ut, borrifou com água o corpo de Kim Phuc e levou-a imediatamente ao hospital.
Kim Phuc tinha na altura nove anos e mostra com os seus braços estendidos todo o terror, impotência, dor e sofrimento, infligido pelos bombardeamentos americanos.
Nick Ut ganhou o Prémio Pullitzer, com esta fotografia.
publicado por armando ésse às 07:30

Maio 06 2008

Kim Phuc, em 1997 com o seu primeiro filho. Hoje tem 45 anos e vive em Toronto, Canadá, com o seu marido e os seus dois filhos. Kim Phuc passou catorze meses num hospital de Saigão para curar as queimaduras, que sofreu em mais de 90% do corpo. Em 1996, o reverendo John Plummer, que reivindicou a autoria do ataque, pediu-lhe perdão.
Nick Ut e Kim Phuc, encontraram-se em 1989 na cidade de Havana, Cuba, e esta garantiu que o fotógrafo lhe salvou a vida.
publicado por armando ésse às 06:50

Maio 06 2008

Kim Phuc, em 1997 com o seu primeiro filho. Hoje tem 45 anos e vive em Toronto, Canadá, com o seu marido e os seus dois filhos. Kim Phuc passou catorze meses num hospital de Saigão para curar as queimaduras, que sofreu em mais de 90% do corpo. Em 1996, o reverendo John Plummer, que reivindicou a autoria do ataque, pediu-lhe perdão.
Nick Ut e Kim Phuc, encontraram-se em 1989 na cidade de Havana, Cuba, e esta garantiu que o fotógrafo lhe salvou a vida.
publicado por armando ésse às 06:50

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