O Procurador do Tribunal Penal Internacional na ex-Jugoslávia suspeita que o antigo líder sérvio-bósnio conseguiu iludir a justiça e evitar a detenção porque teve a ajuda dos nacionalistas bósnios-sérvios e usando uma apurada arte de disfarces.
Há muito tempo que a comunidade internacional pressionava as autoridades sérvias a deterem o alegado criminoso de guerra. Radovan Karadzic e o seu lugar-tenente militar Ratko Mladic – que continua ainda desaparecido não se conhecendo o seu paradeiro –, são acusados dos piores crimes levados a cabo em território europeu depois da segunda guerra mundial.
Vuk permaneceu preso durante a maior parte da infância do filho. Sua mãe, Jovanka Karadzic, qualificou o filho como leal e trabalhador, dizendo que ele ajudava, nos trabalhos de casa e no campo. Segundo ela, o filho era um menino sério que respeitava os mais velhos e ajudava os colegas de escola com os trabalhos de casa.
Em 1960, Karadzic foi morar para Sarajevo, onde mais tarde conheceu Ljiljana Zelen, com quem se casou.
Formou-se em medicina e começou a trabalhar como psiquiatra. Radovan Karadzic também se tornou um poeta e foi influenciado pelo escritor nacionalista sérvio Dobrica Cosic, que o encorajou a entrar para a política. Após uma breve passagem pelo Partido Verde, Karadzic ajudou a criar o Partido Democrático Sérvio, em 1990, numa resposta ao crescimento de partidos croatas na Bósnia. O PDS tinha como objectivo a criação da Grande Sérvia.
Em 1992, quando a Bósnia-Herzegovina foi reconhecida como um Estado independente, Karadzic declarou a criação de uma República Sérvia da Bósnia e Herzegovina, com a capital em Sarajevo e com ele mesmo, na posição de chefe de Estado.
Em 1995, foi indiciado por supostos crimes que cometeram durante a guerra, que durou de 1992 a 1995. Em 1996, abandonou todos os cargos que tinha e entrou na clandestinidade, para fugir a um mandado de captura internacional. Ontem, foi o fim de linha para Karadzic.
· Um crime de Genocídio;
· Um crime de cumplicidade em Genocídio;
· Um crime de exterminação, crime contra a humanidade;
· Homicídio como crime contra a humanidade;
· Homicídio em violação das leis e usos da Guerra;
· Perseguição;
· Deportações e outros actos desumanos
· Infligir terror em civis;
· Tomada de reféns.
De todos estes crimes de que Radovan Karadzic é acusado, destaca-se, o massacre em 1995 de mais de 8.000 muçulmanos bósnios de Srebrenica.
A 11 de Julho 1995, Srebrenica foi conquistada pelas forças sérvias comandadas por Ratko Mladic (um dos mais procurados suspeitos do conflito na Bósnia, acusado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex. Jugoslávia de genocídio e outros crimes contra a humanidade). Cerca de 15 mil muçulmanos conseguem fugir para as montanhas. Outros 25 mil tentam refugiar-se na base do contingente holandês, em Potocari. Cerca de cinco mil conseguem entrar, antes de os holandeses fecharem os portões. Os refugiados encontravam-se sob a protecção de 450 capacetes azuis holandeses naquela que foi decretada “zona de segurança” pelas Nações Unidas. O bombardeamento das posições sérvias, naquele dia, por parte da aviação holandesa, teve que ser suspenso, porque as forças comandadas por Ratko Mladic ameaçaram assassinar os 30 capacetes azuis que tinham sequestrado, deixando os soldados da ONU a assistir, impotentes, à separação dos refugiados por parte das forças sérvias. Mulheres e crianças para um lado, homens e rapazes para outro. As mulheres são metidas em autocarros e enviadas para território sob controlo muçulmano. Os outros, com idades entre os 12 e os 92 anos, sim, entre 12 e 92 anos, seguem para a morte. Cerca de oito mil muçulmanos foram executados sumariamente pelas forças sérvias nos dias seguintes, em Srebrenica, naquele que foi o pior massacre na Europa desde a II Guerra Mundial.
Acima de tudo, para se fazer justiça aos massacrados e chacinados em Srebrenica, que levianamente foram mortos, apenas por pertencerem a uma etnia diferente. Por outro lado, fazer uma chamada de atenção a estes crápulas, que proliferam anacronicamente no mundo, que quando cometerem actos criminosos, no exercício do poder ou num campo de batalha, não passarão impunes. A única coisa que devemos almejar, é que o TPI não seja demasiado lento - como foi o caso de Slobodan Milosevic, em que este morreu sem ser julgado - para julgar todas as atrocidades cometidas durante a guerra civil na Bósnia.
Devemos sempre alegrar-nos quando um criminoso de guerra é preso, então, no presente caso, com um criminoso tão importante, ficamos mais optimistas e esperançados, no triunfo da Humanidade.