A FÁBRICA

Setembro 18 2008

A família de Federico García Lorca autorizou a abertura da vala comum onde os restos mortais do poeta permanecem desde que foi fuzilado na Guerra Civil da Espanha, há 72 anos.
Os descendentes de Lorca vinham resistindo a autorizar a exumação, mas cederam ante a pressão nos tribunais dos parentes de outros sepultados na mesma vala, mas temem que a exumação se transforme num “espectáculo”.
Desde a criação da Lei da Memória Histórica, em reconhecimento dos mortos na Guerra Civil Espanhola, os descendentes dos fuzilados Galadí Meljar e de Dióscono Galindo, mantiveram uma disputa com a família Lorca durante três anos, para exumar os restos mortais dos seus ascendentes, para lhe fazerem um funeral digno e conhecer os verdadeiros detalhes dos assassinatos.
A mudança de opinião da família Lorca surgiu depois de no dia 12 de Setembro último, os descendentes de Francisco Galadí Meljar e Dióscoro Galindo, fuzilados com Lorca e enterrados na mesma vala que o poeta entrarem com uma acção judicial em Madrid. Foi o último recurso para tentar abrir a vala e recuperar os restos mortais de seus parentes, pois não lograram convencer a família Lorca até então.
O Juiz Baltasar Garzón respondeu que estudaria a possibilidade de ordenar a exumação mesmo que os Lorca se opusessem. A família do famoso poeta e dramaturgo diz temer que a exumação “vire um espectáculo, o que é muito difícil de evitar. Queremos que se faça com muito respeito e de maneira privada”, explicou Laura García Lorca. A exumação também poderá ajudar a esclarecer detalhes sobre a biografia do poeta. Os dados mais divulgados indicam que Garcia Lorca foi assassinado no dia 19 de Agosto de 1936. Tinha 38 anos quando foi preso na cidade de Granada, acusado pelo regime militar de ser subversivo e homossexual. A prisão teria acontecido três dias antes da execução e o poeta ainda teria sido espancado e humilhado em público antes do fuzilamento. Com ele, foram fuzilados o professor Dióscoro Galindo, republicano e acusado de negar a existência de Deus porque ensinava educação laica a famílias pobres e os sindicalistas Francisco Galadí Meljar e Joaquim Arcollas Cabezas, este último não deixou descendentes.
Foram todos enterrados numa vala comum debaixo de uma oliveira, num lugarejo conhecido como o Barranco de Víznar, onde hoje há um pequeno parque em homenagem as vítimas da Guerra Civil.
Falta apenas definir a data da exumação e o futuro dos restos mortais de Lorca, estando a família a estudar várias possibilidades: levá-lo para Nova Iorque para o jazigo do pai dele, para Madrid, onde estão enterradas a mãe e as irmãs, espalhar as cinzas por lugares onde ele morou ou sepultá-lo no mesmo local onde está a vala comum.
Federico Garcia Lorca nasceu em Granada em 1898, sendo considerado um dos mais importantes escritores modernos da língua espanhola. Entre as suas mais famosas peças inclui-se a triologia Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e La Casa de Bernarda Alba (1936). A sua obra Romancero Gitano (1928) mostra a influência das canções andaluzas da região de Granada que o autor combina magistralmente com imagens fortes e surpreendentes.
Da sua obra poética destacam-se, Aire Nocturno, Canción, Canción Menor, Mar, Romance Sonâmbulo e Sueños.
A sua infância e as suas viagens através de Castela inspiraram-lhe um conhecimento do povo espanhol. Dedicou-se à música, à pintura, ao teatro, à poesia. Com a peça Mariana Pineda alcançou a celebridade e com uma compilação de canções ciganas.
Consagrou-se no teatro, enquanto director do grupo ambulante da Barraca e como autor, com peças para teatro de marionetes — O pequeno retábulo de D. Cristóbal, fantasias poéticas — O amor de Perlimplin e de Belisa no seu jardim e uma trilogia dramática — Bodas de sangue.
Apesar de não ser um activista político, nunca deixou de manifestar aversão aos fascistas, que considerava forças opressivas contrárias à criatividade e à liberdade. (Com BBC).
publicado por armando ésse às 15:21
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Setembro 18 2008

A família de Federico García Lorca autorizou a abertura da vala comum onde os restos mortais do poeta permanecem desde que foi fuzilado na Guerra Civil da Espanha, há 72 anos.
Os descendentes de Lorca vinham resistindo a autorizar a exumação, mas cederam ante a pressão nos tribunais dos parentes de outros sepultados na mesma vala, mas temem que a exumação se transforme num “espectáculo”.
Desde a criação da Lei da Memória Histórica, em reconhecimento dos mortos na Guerra Civil Espanhola, os descendentes dos fuzilados Galadí Meljar e de Dióscono Galindo, mantiveram uma disputa com a família Lorca durante três anos, para exumar os restos mortais dos seus ascendentes, para lhe fazerem um funeral digno e conhecer os verdadeiros detalhes dos assassinatos.
A mudança de opinião da família Lorca surgiu depois de no dia 12 de Setembro último, os descendentes de Francisco Galadí Meljar e Dióscoro Galindo, fuzilados com Lorca e enterrados na mesma vala que o poeta entrarem com uma acção judicial em Madrid. Foi o último recurso para tentar abrir a vala e recuperar os restos mortais de seus parentes, pois não lograram convencer a família Lorca até então.
O Juiz Baltasar Garzón respondeu que estudaria a possibilidade de ordenar a exumação mesmo que os Lorca se opusessem. A família do famoso poeta e dramaturgo diz temer que a exumação “vire um espectáculo, o que é muito difícil de evitar. Queremos que se faça com muito respeito e de maneira privada”, explicou Laura García Lorca. A exumação também poderá ajudar a esclarecer detalhes sobre a biografia do poeta. Os dados mais divulgados indicam que Garcia Lorca foi assassinado no dia 19 de Agosto de 1936. Tinha 38 anos quando foi preso na cidade de Granada, acusado pelo regime militar de ser subversivo e homossexual. A prisão teria acontecido três dias antes da execução e o poeta ainda teria sido espancado e humilhado em público antes do fuzilamento. Com ele, foram fuzilados o professor Dióscoro Galindo, republicano e acusado de negar a existência de Deus porque ensinava educação laica a famílias pobres e os sindicalistas Francisco Galadí Meljar e Joaquim Arcollas Cabezas, este último não deixou descendentes.
Foram todos enterrados numa vala comum debaixo de uma oliveira, num lugarejo conhecido como o Barranco de Víznar, onde hoje há um pequeno parque em homenagem as vítimas da Guerra Civil.
Falta apenas definir a data da exumação e o futuro dos restos mortais de Lorca, estando a família a estudar várias possibilidades: levá-lo para Nova Iorque para o jazigo do pai dele, para Madrid, onde estão enterradas a mãe e as irmãs, espalhar as cinzas por lugares onde ele morou ou sepultá-lo no mesmo local onde está a vala comum.
Federico Garcia Lorca nasceu em Granada em 1898, sendo considerado um dos mais importantes escritores modernos da língua espanhola. Entre as suas mais famosas peças inclui-se a triologia Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e La Casa de Bernarda Alba (1936). A sua obra Romancero Gitano (1928) mostra a influência das canções andaluzas da região de Granada que o autor combina magistralmente com imagens fortes e surpreendentes.
Da sua obra poética destacam-se, Aire Nocturno, Canción, Canción Menor, Mar, Romance Sonâmbulo e Sueños.
A sua infância e as suas viagens através de Castela inspiraram-lhe um conhecimento do povo espanhol. Dedicou-se à música, à pintura, ao teatro, à poesia. Com a peça Mariana Pineda alcançou a celebridade e com uma compilação de canções ciganas.
Consagrou-se no teatro, enquanto director do grupo ambulante da Barraca e como autor, com peças para teatro de marionetes — O pequeno retábulo de D. Cristóbal, fantasias poéticas — O amor de Perlimplin e de Belisa no seu jardim e uma trilogia dramática — Bodas de sangue.
Apesar de não ser um activista político, nunca deixou de manifestar aversão aos fascistas, que considerava forças opressivas contrárias à criatividade e à liberdade. (Com BBC).
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Setembro 18 2008



Advertising Agency: euro rscg c&o Paris, France
Creative Director: Samuel Kadz
Art Director: Gilles Fanuchi
Copywriters: Pascal Charvet, Camille Najem
Photographer: Jerome Bryon
publicado por armando ésse às 09:44

Setembro 18 2008



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Setembro 15 2008

Se fosse preciso usar de uma só palavra para com ela definir o estado presente da mentalidade portuguesa, a palavra seria “provincianismo”.
Como todas as definições simples esta, que é muito simples, precisa, depois de feita, de uma explicação completa.
Darei essa explicação em dois tempos: direi, primeiro, a que se aplica, isto é, o que deveras se entende por mentalidade de qualquer país, e portanto de Portugal; direi, depois, em que modo se aplica a essa mentalidade.
Por mentalidade de qualquer país entende-se, sem dúvida, a mentalidade das três camadas, organicamente distintas, que constituem a sua vida mental – a camada baixa, a que é uso chamar povo; a camada média, a que não é uso chamar nada, excepto neste caso por engano, burguesia; e a camada alta, que vulgarmente se designa por escol, ou, traduzindo para estrangeiro, para melhor compreensão, por elite.
O que caracteriza a primeira camada mental é, aqui e em toda a parte, a incapacidade de reflectir. O Povo, saiba ou não saiba ler, é incapaz de criticar o que lê ou lhe dizem. As suas ideias não são actos críticos, mas actos de fé ou de descrença, o que não implica, aliás, que sejam sempre erradas.
Por natureza, forma um bloco, onde não há mentalmente indivíduos; e o pensamento é individual.
O que caracteriza a segunda camada que não é a burguesia, é a capacidade de reflectir, porém sem ideias próprias; de criticar, porém, com ideias de outrem. Na classe média mental, o indivíduo, que mentalmente já existe, sabe já escolher – por ideias e não por instinto – entre duas ideias ou doutrinas que lhe apresentem; não sabe, porém, contrapor ambas a uma terceira, que seja própria. Quando, aqui e ali, neste ou naquele, fica uma opinião média entre duas doutrinas, isso não representa um cuidado crítico, mas uma hesitação mental.
O que caracteriza a terceira camada, o escol, é, como é de ver por contraste com as outras duas, a capacidade de criticar com ideias próprias. Importa, porém, notar que essas ideias próprias podem não ser fundamentais. O indivíduo do escol pode, por exemplo, aceitar inteiramente uma doutrina alheia; aceita-a, porém, criticamente, e, quando a defende, defende-a com argumentos seus – os que o levam a aceitá-la – e não, como fará o mental da classe média, com os argumentos originais dos criadores ou expositores dessas doutrinas.
Esta divisão em camadas mentais, embora coincida em parte com a divisão em camadas sociais – económicas ou outras -, não se ajusta exactamente a essa. Muita gente das aristocracias de história e de dinheiro, pertence ao povo. Bastantes operários, sobretudo das cidades, pertencem à classe média mental. Um homem de génio ou de talento, ainda que nascido de camponeses, pertence de nascença ao escol.
Quando, portanto, digo que a palavra “provincianismo” define, sem outra que a condicione, o estado mental presente do povo português, digo que essa palavra “provincianismo”, que mais adiante definirei, define a mentalidade do povo português em todas as três camadas que a compõem. Como, porém, a primeira e a segunda camadas mentais não podem por natureza ser superiores ao escol, basta que eu prove o provincianismo do nosso escol presente, para que fique provado o provincianismo mental da generalidade da nação.
Os homens, desde que entre eles se levantou a ilusão ou realidade chamada civilização, passaram a viver em relação a ela, de uma de três maneiras, que definirei por símbolos, dizendo que vivem ou como os campónios, ou como os provincianos, ou como os citadinos.
Não se esqueça que trato de estados mentais e não geográficos, e que portanto o campónio ou o provinciano pode ter vivido sempre em cidade, e o citadino sempre no que lhe é natural desterro.
Ora a civilização consiste simplesmente na substituição do artificial ao natural no uso e correnteza da vida. Tudo quanto constitui a civilização, por mais natural que nos hoje pareça, são artifícios: o transporte sobre rodas, o discurso disposto em verso escrito, renega a naturalidade original dos pés e da prosa falada.
A artificialidade, porém, é de dois tipos. Há aquela, acumulada através das eras, e que, tendo-a já encontrado quando nascemos, achamos natural; e há aquela que todos os dias se vai acrescentando à primeira. A esta segunda é uso chamar “progresso” e dizer que é “moderno” o que vem dela.
Ora o campónio, o provinciano e o citadino diferenciam-se entre si pelas suas diferentes reacções a esta segunda artificialidade.
O que chamei campónio sente violentamente a artificialidade do progresso; por isso se sente mal nele e com ele, e intimamente o detesta. Até das conveniências e das comodidades do progresso se serve constrangido, a ponto de, por vezes, e em desproveito próprio, se esquivar a servir-se delas. É o homem dos “bons tempos”, entendendo-se por isso os da sua mocidade, se já é idoso, ou os da mocidade dos bisavôs, se é simplesmente párvuo.
No pólo oposto, o citadino não sente a artificialidade do progresso. Para ele é como se fosse natural. Serve-se do que é dele, portanto, sem constrangimento nem apreço. Por isso o não ama nem desama: é-lhe indiferente. Viveu sempre (física ou mentalmente) em grandes cidades; viu nascer, mudar e passar (real ou idealmente) as modas e a novidade das invenções; são pois para ele aspectos correntes, e por isso incolores, de uma coisa continuamente já sabida, como as pessoas com quem convivemos, ainda que de dia para dia sejam realmente diversas, são todavia para nós idealmente sempre as mesmas.
Situado mentalmente entre os dois, o provinciano sente, sim, a artificialidade do progresso, mas por isso mesmo o ama. Para o seu espírito desperto, mas incompletamente desperto, o artificial novo, que é progresso, é atraente como novidade, mas ainda sentido como artificial. E, porque é sentido simultaneamente como artificial é sentido como atraente, e é por artificial que é amado.
O amor às grandes cidades, às novas modas, às “últimas novidades”, é o característico distintivo do provinciano.
Se daqui se concluir que a grande maioria da humanidade civilizada é composta de provincianos, ter-se-á concluído bem, porque assim é.Nas nações deveras civilizadas, o escol escapa, porém, em grande parte, e por sua mesma natureza, ao provincianismo.
A tragédia mental de Portugal presente é que, como veremos, o nosso escol é estruturalmente provinciano.
Não se estabeleça, pois seria erro, analogia, por justaposição, entre duas classificações, que se fizeram, de camadas e tipos mentais.
A primeira, de sociologia estática, define estados mentais em si mesmos; a segunda, de sociologia dinâmica, define estados de adaptação mental ao ambiente.
Há gente do povo mental que é citadina em suas relações com a civilização.
Há gente do escol, e do melhor escol – homens de génio e de talento - , que é campónio nessas relações.
Pelas características indicadas como as do provinciano, imediatamente se verifica que a mentalidade dele tem uma semelhança perfeita com a da criança.
A reacção do provinciano, às suas artificialidades, que são as novidades sociais, é igual à da criança às suas artificialidades, que são os brinquedos.Ambos as amam espontaneamente, e porque são artificiais.
Ora o que distingue a mentalidade da criança é, na inteligência, o espírito de imitação: na emoção, a vivacidade pobre; na vontade, a impulsividade incoordenada.
São estes, portanto, os característicos que iremos achar no provinciano; fruto, na criança, da falta de desenvolvimento civilizacional, e assim ambos feitos da mesma causa – a falta de desenvolvimento.
A criança é, como o provinciano, um espírito desperto, mas incompletamente desperto.
São estes característicos que distinguirão o provinciano do campónio e do citadino.No campónio, semelhante ao animal, a imitação existe, mas à superfície, e não, como na criança e no provinciano, vinda do fundo da alma; a emoção é pobre, porém não é vivaz, pois é concentrada e não dispersa; a vontade, se de facto é impulsiva, tem contudo a coordenação fechada do instinto, que substitui na prática, salvo em matéria complexa, a coordenação aberta da razão.
No citadino, semelhante ao homem adulto, não há imitação, mas aproveitamento dos exemplos alheios, e a isso se chama, quando prático, experiência, quando teórico, cultura; a emoção, ainda quando não seja vivaz, é contudo rica, porque complexa, e é complexa por ser complexo quem a terá; a vontade, filha da inteligência e não do impulso, é coordenada, tanto que, ainda quando faleça, falece coordenadamente, em propósitos frustres mas idealmente sistematizados.
Comecemos por não deixar de ver que o escol se compõe de duas camadas – os homens de inteligência, que formam a sua maioria, e os homens de génio e de talento, que formam a sua minoria, o escol do escol, por assim dizer.
Aos primeiros exigimos espírito crítico; aos segundos exigimos originalidade, que é, em certo modo, um espírito crítico involuntário.
Façamos pois incidir a análise que nos propusemos fazer, primeiro sobre o pequeno escol, que são os homens de génio e de talento, depois sobre o grande escol.
Temos, é certo, alguns escritores e artistas que são homens de talento; se algum deles o é de génio, não sabemos, nem para o caso importa.
Nesses, evidentemente, não se pode revelar em absoluto o espírito de imitação, pois isso importaria a ausência de originalidade, e esta a ausência de talento.
Esses nossos escritores e artistas são, porém, originais uma só vez, que é a inevitável. Depois disso, não evoluem, não crescem; fixado esse primeiro momento, vivem parasitas de si mesmos, plagiando-se indefinidamente.
A tal ponto isto é assim, que não há, por exemplo, poeta nosso presente – dos célebres, pelo menos – que não fique completamente lido quando incompletamente lido, em que a parte não seja igual ao todo.
E se em um ou outro se nota, em certa altura, o que parece ser uma modificação da sua “maneira”, a análise revelará que a modificação foi regressiva; o poeta, ou perdeu a originalidade e assim ficou diferente pelo processo simples de ficar inferior, ou decidiu começar a imitar outros por impotência de progredir de dentro, ou resolveu, por cansaço, atrelar a carroça do seu estro ao burro de uma doutrina externa, como o catolicismo ou o internacionalismo.
Descrevo abstractamente, mas os casos que descrevo são concretos; não preciso de explicar porque não junto a cada exemplo o nome do indivíduo que mo fornece.
O mesmo provincianismo se nota na esfera da emoção. A pobreza, a monotonia da emoção dos nossos homens de talento literário e artístico, salta ao coração e confrange a inteligência. Emoção viva, sim, como aliás era de esperar, mas sempre a mesma, sempre simples, sempre simples emoção, sem auxílio crítico da inteligência ou da cultura. A ironia emotiva, a subtileza passional, a contradição no sentimento – não as encontrareis em nenhum dos nossos poetas emotivos, e são quase todos emotivos. Escrevem, em matéria do que sentem, como escreveria o Pai Adão, se tivesse dado à humanidade, além do mau exemplo já sabido, o, ainda pior, de escrever.
A demonstração fica completa quando conduzimos a análise à região da vontade. Os nossos escritores e artistas são incapazes de meditar uma obra antes de a fazer, desconhecem o que seja a coordenação, pela vontade intelectual, dos elementos fornecidos pela emoção, não sabem o que é a disposição das matérias, ignoram que um poema, não é mais que uma carne de emoção cobrindo um esqueleto de raciocínio. Nenhuma capacidade de atenção e concentração, nenhuma faculdade de inibição. Escrevem ou artistam ao sabor da chamada “inspiração”, que não é mais que um impulso complexo do subconsciente que cumpre sempre submeter, por uma aplicação centrípeta da vontade, à transmutação alquímica da consciência. Produzem como Deus é servido, e Deus fica mal servido. Não sei de poeta português de hoje que, construtivamente, seja de confiança para além do soneto.
Ora, feitos estes reparos analíticos quanto ao estado mental dos nossos homens de talento, é inútil alongar este breve estudo, tratando com igual pormenor a maioria do escol.
Se o escol é assim, como será o não-escol do escol?
Há, porem, um característico comum a ambos esses elementos da nossa camada mental superior, que aos dois irmana, e, irmanados, os dois define: é a ausência de ideias gerais e, portanto, do espírito crítico e filosófico que provém de as ter.
O nosso escol político não tem ideias excepto sobre política, e as que tem sobre política são servilmente plagiadas do estrangeiro – aceites, não porque sejam boas, mas porque são francesas ou italianas, ou russas, ou o que quer que seja.
O nosso escol literário é ainda pior: nem sobre literatura tem ideias. Seria trágico, à força de deixar de ser cómico, o resultado de uma investigação sobre, por exemplo, as ideias dos nossos poetas célebres.
Já não quero que se submetesse qualquer deles ao enxovalho de lhe perguntar o que é a filosofia de Kant ou a teoria da evolução. Bastaria submetê-lo ao enxovalho maior de lhe perguntar o que é o ritmo.
Fernando Pessoa.
Publicado em 1932 na revista Fama, dirigida por Augusto Ferreira Gomes.
publicado por armando ésse às 10:27
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Setembro 15 2008

Se fosse preciso usar de uma só palavra para com ela definir o estado presente da mentalidade portuguesa, a palavra seria “provincianismo”.
Como todas as definições simples esta, que é muito simples, precisa, depois de feita, de uma explicação completa.
Darei essa explicação em dois tempos: direi, primeiro, a que se aplica, isto é, o que deveras se entende por mentalidade de qualquer país, e portanto de Portugal; direi, depois, em que modo se aplica a essa mentalidade.
Por mentalidade de qualquer país entende-se, sem dúvida, a mentalidade das três camadas, organicamente distintas, que constituem a sua vida mental – a camada baixa, a que é uso chamar povo; a camada média, a que não é uso chamar nada, excepto neste caso por engano, burguesia; e a camada alta, que vulgarmente se designa por escol, ou, traduzindo para estrangeiro, para melhor compreensão, por elite.
O que caracteriza a primeira camada mental é, aqui e em toda a parte, a incapacidade de reflectir. O Povo, saiba ou não saiba ler, é incapaz de criticar o que lê ou lhe dizem. As suas ideias não são actos críticos, mas actos de fé ou de descrença, o que não implica, aliás, que sejam sempre erradas.
Por natureza, forma um bloco, onde não há mentalmente indivíduos; e o pensamento é individual.
O que caracteriza a segunda camada que não é a burguesia, é a capacidade de reflectir, porém sem ideias próprias; de criticar, porém, com ideias de outrem. Na classe média mental, o indivíduo, que mentalmente já existe, sabe já escolher – por ideias e não por instinto – entre duas ideias ou doutrinas que lhe apresentem; não sabe, porém, contrapor ambas a uma terceira, que seja própria. Quando, aqui e ali, neste ou naquele, fica uma opinião média entre duas doutrinas, isso não representa um cuidado crítico, mas uma hesitação mental.
O que caracteriza a terceira camada, o escol, é, como é de ver por contraste com as outras duas, a capacidade de criticar com ideias próprias. Importa, porém, notar que essas ideias próprias podem não ser fundamentais. O indivíduo do escol pode, por exemplo, aceitar inteiramente uma doutrina alheia; aceita-a, porém, criticamente, e, quando a defende, defende-a com argumentos seus – os que o levam a aceitá-la – e não, como fará o mental da classe média, com os argumentos originais dos criadores ou expositores dessas doutrinas.
Esta divisão em camadas mentais, embora coincida em parte com a divisão em camadas sociais – económicas ou outras -, não se ajusta exactamente a essa. Muita gente das aristocracias de história e de dinheiro, pertence ao povo. Bastantes operários, sobretudo das cidades, pertencem à classe média mental. Um homem de génio ou de talento, ainda que nascido de camponeses, pertence de nascença ao escol.
Quando, portanto, digo que a palavra “provincianismo” define, sem outra que a condicione, o estado mental presente do povo português, digo que essa palavra “provincianismo”, que mais adiante definirei, define a mentalidade do povo português em todas as três camadas que a compõem. Como, porém, a primeira e a segunda camadas mentais não podem por natureza ser superiores ao escol, basta que eu prove o provincianismo do nosso escol presente, para que fique provado o provincianismo mental da generalidade da nação.
Os homens, desde que entre eles se levantou a ilusão ou realidade chamada civilização, passaram a viver em relação a ela, de uma de três maneiras, que definirei por símbolos, dizendo que vivem ou como os campónios, ou como os provincianos, ou como os citadinos.
Não se esqueça que trato de estados mentais e não geográficos, e que portanto o campónio ou o provinciano pode ter vivido sempre em cidade, e o citadino sempre no que lhe é natural desterro.
Ora a civilização consiste simplesmente na substituição do artificial ao natural no uso e correnteza da vida. Tudo quanto constitui a civilização, por mais natural que nos hoje pareça, são artifícios: o transporte sobre rodas, o discurso disposto em verso escrito, renega a naturalidade original dos pés e da prosa falada.
A artificialidade, porém, é de dois tipos. Há aquela, acumulada através das eras, e que, tendo-a já encontrado quando nascemos, achamos natural; e há aquela que todos os dias se vai acrescentando à primeira. A esta segunda é uso chamar “progresso” e dizer que é “moderno” o que vem dela.
Ora o campónio, o provinciano e o citadino diferenciam-se entre si pelas suas diferentes reacções a esta segunda artificialidade.
O que chamei campónio sente violentamente a artificialidade do progresso; por isso se sente mal nele e com ele, e intimamente o detesta. Até das conveniências e das comodidades do progresso se serve constrangido, a ponto de, por vezes, e em desproveito próprio, se esquivar a servir-se delas. É o homem dos “bons tempos”, entendendo-se por isso os da sua mocidade, se já é idoso, ou os da mocidade dos bisavôs, se é simplesmente párvuo.
No pólo oposto, o citadino não sente a artificialidade do progresso. Para ele é como se fosse natural. Serve-se do que é dele, portanto, sem constrangimento nem apreço. Por isso o não ama nem desama: é-lhe indiferente. Viveu sempre (física ou mentalmente) em grandes cidades; viu nascer, mudar e passar (real ou idealmente) as modas e a novidade das invenções; são pois para ele aspectos correntes, e por isso incolores, de uma coisa continuamente já sabida, como as pessoas com quem convivemos, ainda que de dia para dia sejam realmente diversas, são todavia para nós idealmente sempre as mesmas.
Situado mentalmente entre os dois, o provinciano sente, sim, a artificialidade do progresso, mas por isso mesmo o ama. Para o seu espírito desperto, mas incompletamente desperto, o artificial novo, que é progresso, é atraente como novidade, mas ainda sentido como artificial. E, porque é sentido simultaneamente como artificial é sentido como atraente, e é por artificial que é amado.
O amor às grandes cidades, às novas modas, às “últimas novidades”, é o característico distintivo do provinciano.
Se daqui se concluir que a grande maioria da humanidade civilizada é composta de provincianos, ter-se-á concluído bem, porque assim é.Nas nações deveras civilizadas, o escol escapa, porém, em grande parte, e por sua mesma natureza, ao provincianismo.
A tragédia mental de Portugal presente é que, como veremos, o nosso escol é estruturalmente provinciano.
Não se estabeleça, pois seria erro, analogia, por justaposição, entre duas classificações, que se fizeram, de camadas e tipos mentais.
A primeira, de sociologia estática, define estados mentais em si mesmos; a segunda, de sociologia dinâmica, define estados de adaptação mental ao ambiente.
Há gente do povo mental que é citadina em suas relações com a civilização.
Há gente do escol, e do melhor escol – homens de génio e de talento - , que é campónio nessas relações.
Pelas características indicadas como as do provinciano, imediatamente se verifica que a mentalidade dele tem uma semelhança perfeita com a da criança.
A reacção do provinciano, às suas artificialidades, que são as novidades sociais, é igual à da criança às suas artificialidades, que são os brinquedos.Ambos as amam espontaneamente, e porque são artificiais.
Ora o que distingue a mentalidade da criança é, na inteligência, o espírito de imitação: na emoção, a vivacidade pobre; na vontade, a impulsividade incoordenada.
São estes, portanto, os característicos que iremos achar no provinciano; fruto, na criança, da falta de desenvolvimento civilizacional, e assim ambos feitos da mesma causa – a falta de desenvolvimento.
A criança é, como o provinciano, um espírito desperto, mas incompletamente desperto.
São estes característicos que distinguirão o provinciano do campónio e do citadino.No campónio, semelhante ao animal, a imitação existe, mas à superfície, e não, como na criança e no provinciano, vinda do fundo da alma; a emoção é pobre, porém não é vivaz, pois é concentrada e não dispersa; a vontade, se de facto é impulsiva, tem contudo a coordenação fechada do instinto, que substitui na prática, salvo em matéria complexa, a coordenação aberta da razão.
No citadino, semelhante ao homem adulto, não há imitação, mas aproveitamento dos exemplos alheios, e a isso se chama, quando prático, experiência, quando teórico, cultura; a emoção, ainda quando não seja vivaz, é contudo rica, porque complexa, e é complexa por ser complexo quem a terá; a vontade, filha da inteligência e não do impulso, é coordenada, tanto que, ainda quando faleça, falece coordenadamente, em propósitos frustres mas idealmente sistematizados.
Comecemos por não deixar de ver que o escol se compõe de duas camadas – os homens de inteligência, que formam a sua maioria, e os homens de génio e de talento, que formam a sua minoria, o escol do escol, por assim dizer.
Aos primeiros exigimos espírito crítico; aos segundos exigimos originalidade, que é, em certo modo, um espírito crítico involuntário.
Façamos pois incidir a análise que nos propusemos fazer, primeiro sobre o pequeno escol, que são os homens de génio e de talento, depois sobre o grande escol.
Temos, é certo, alguns escritores e artistas que são homens de talento; se algum deles o é de génio, não sabemos, nem para o caso importa.
Nesses, evidentemente, não se pode revelar em absoluto o espírito de imitação, pois isso importaria a ausência de originalidade, e esta a ausência de talento.
Esses nossos escritores e artistas são, porém, originais uma só vez, que é a inevitável. Depois disso, não evoluem, não crescem; fixado esse primeiro momento, vivem parasitas de si mesmos, plagiando-se indefinidamente.
A tal ponto isto é assim, que não há, por exemplo, poeta nosso presente – dos célebres, pelo menos – que não fique completamente lido quando incompletamente lido, em que a parte não seja igual ao todo.
E se em um ou outro se nota, em certa altura, o que parece ser uma modificação da sua “maneira”, a análise revelará que a modificação foi regressiva; o poeta, ou perdeu a originalidade e assim ficou diferente pelo processo simples de ficar inferior, ou decidiu começar a imitar outros por impotência de progredir de dentro, ou resolveu, por cansaço, atrelar a carroça do seu estro ao burro de uma doutrina externa, como o catolicismo ou o internacionalismo.
Descrevo abstractamente, mas os casos que descrevo são concretos; não preciso de explicar porque não junto a cada exemplo o nome do indivíduo que mo fornece.
O mesmo provincianismo se nota na esfera da emoção. A pobreza, a monotonia da emoção dos nossos homens de talento literário e artístico, salta ao coração e confrange a inteligência. Emoção viva, sim, como aliás era de esperar, mas sempre a mesma, sempre simples, sempre simples emoção, sem auxílio crítico da inteligência ou da cultura. A ironia emotiva, a subtileza passional, a contradição no sentimento – não as encontrareis em nenhum dos nossos poetas emotivos, e são quase todos emotivos. Escrevem, em matéria do que sentem, como escreveria o Pai Adão, se tivesse dado à humanidade, além do mau exemplo já sabido, o, ainda pior, de escrever.
A demonstração fica completa quando conduzimos a análise à região da vontade. Os nossos escritores e artistas são incapazes de meditar uma obra antes de a fazer, desconhecem o que seja a coordenação, pela vontade intelectual, dos elementos fornecidos pela emoção, não sabem o que é a disposição das matérias, ignoram que um poema, não é mais que uma carne de emoção cobrindo um esqueleto de raciocínio. Nenhuma capacidade de atenção e concentração, nenhuma faculdade de inibição. Escrevem ou artistam ao sabor da chamada “inspiração”, que não é mais que um impulso complexo do subconsciente que cumpre sempre submeter, por uma aplicação centrípeta da vontade, à transmutação alquímica da consciência. Produzem como Deus é servido, e Deus fica mal servido. Não sei de poeta português de hoje que, construtivamente, seja de confiança para além do soneto.
Ora, feitos estes reparos analíticos quanto ao estado mental dos nossos homens de talento, é inútil alongar este breve estudo, tratando com igual pormenor a maioria do escol.
Se o escol é assim, como será o não-escol do escol?
Há, porem, um característico comum a ambos esses elementos da nossa camada mental superior, que aos dois irmana, e, irmanados, os dois define: é a ausência de ideias gerais e, portanto, do espírito crítico e filosófico que provém de as ter.
O nosso escol político não tem ideias excepto sobre política, e as que tem sobre política são servilmente plagiadas do estrangeiro – aceites, não porque sejam boas, mas porque são francesas ou italianas, ou russas, ou o que quer que seja.
O nosso escol literário é ainda pior: nem sobre literatura tem ideias. Seria trágico, à força de deixar de ser cómico, o resultado de uma investigação sobre, por exemplo, as ideias dos nossos poetas célebres.
Já não quero que se submetesse qualquer deles ao enxovalho de lhe perguntar o que é a filosofia de Kant ou a teoria da evolução. Bastaria submetê-lo ao enxovalho maior de lhe perguntar o que é o ritmo.
Fernando Pessoa.
Publicado em 1932 na revista Fama, dirigida por Augusto Ferreira Gomes.
publicado por armando ésse às 10:27
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Setembro 15 2008

O alemão Sebastian Vettel, piloto da equipa Toro Rosso, com 21 anos e 73 dias, tornou-se ontem no mais jovem piloto, a vencer um Grande Prémio de Fórmula 1, ao vencer o GP de Itália de Fórmula 1.
Vettel que na véspera se tinha tornado o mais jovem piloto a conquistar uma pole position, fez uma corrida de sonho, marcada pela muita chuva que caiu no circuito de Monza. Os recordes anteriores estavam na posse do espanhol Fernando Alonso.
O corredor da Toro Rosso superou o finlandês Heikki Kovalainen (McLaren-Mercedes), segundo classificado, e o polaco Robert Kubica (BMW-Sauber), que assegurou o último lugar do pódio.
O espanhol Fernando Alonso (Renault) terminou a prova italiana na quarta posição, à frente do alemão Nick Heidfeld (BMW-Sauber), do brasileiro Filipe Massa (Ferrari) e do inglês Lewis Hamilton (McLaren-Mercedes), quinto, sexto e sétimo classificados, respectivamente.
publicado por armando ésse às 08:56

Setembro 15 2008

O alemão Sebastian Vettel, piloto da equipa Toro Rosso, com 21 anos e 73 dias, tornou-se ontem no mais jovem piloto, a vencer um Grande Prémio de Fórmula 1, ao vencer o GP de Itália de Fórmula 1.
Vettel que na véspera se tinha tornado o mais jovem piloto a conquistar uma pole position, fez uma corrida de sonho, marcada pela muita chuva que caiu no circuito de Monza. Os recordes anteriores estavam na posse do espanhol Fernando Alonso.
O corredor da Toro Rosso superou o finlandês Heikki Kovalainen (McLaren-Mercedes), segundo classificado, e o polaco Robert Kubica (BMW-Sauber), que assegurou o último lugar do pódio.
O espanhol Fernando Alonso (Renault) terminou a prova italiana na quarta posição, à frente do alemão Nick Heidfeld (BMW-Sauber), do brasileiro Filipe Massa (Ferrari) e do inglês Lewis Hamilton (McLaren-Mercedes), quinto, sexto e sétimo classificados, respectivamente.
publicado por armando ésse às 08:56

Setembro 15 2008
O último poster de promoção do filme Ensaio Sobre a Cegueira.
Título: Ensaio Sobre a Cegueira
Origem: Canadá, Brasil e Japão (Miramax Films)
Data de estreia (Portugal): 13 Novembro 2008
Realização: Fernando Meirelles
Argumento: Don McKellar, adaptado do romance Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago.
Fotografia: César Charlone, ABC
Música: Marco António Guimarães
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Yusuke Iseya, Yoshino Kimura, Danny Glover e Gael Garcia Bernal.
Duração: 118 minutos.
Link.
publicado por armando ésse às 07:36
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Setembro 15 2008
O último poster de promoção do filme Ensaio Sobre a Cegueira.
Título: Ensaio Sobre a Cegueira
Origem: Canadá, Brasil e Japão (Miramax Films)
Data de estreia (Portugal): 13 Novembro 2008
Realização: Fernando Meirelles
Argumento: Don McKellar, adaptado do romance Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramago.
Fotografia: César Charlone, ABC
Música: Marco António Guimarães
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Yusuke Iseya, Yoshino Kimura, Danny Glover e Gael Garcia Bernal.
Duração: 118 minutos.
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