A FÁBRICA

Maio 29 2009

A editora italiana Einaudi recusou-se a publicar a tradução italiana de "O Caderno", do Nobel português José Saramago, mas o escritor disse ontem que o livro será publicado por outra editora. O livro critica o primeiro-ministro e proprietário da Einaudi, Silvio Berlusconi, comparando-o a um líder mafioso.
Segundo a edição electrónica da revista italiana “L'Espresso”, a mais recente obra de José Saramago, já publicada em Portugal e Espanha, contém "algumas críticas muito duras" acerca de Silvio Berlusconi, definindo-o como "delinquente, corrupto, um líder mafioso".
José Saramago desdramatizou a recusa da Einaudi, revelando compreender a sua decisão, uma vez que a editora, a única em Itália que tem publicado as suas obras, é propriedade do primeiro-ministro italiano. O Prémio Nobel da Literatura adiantou que, ainda este ano, a tradução italiana de "O Caderno", que reúne textos divulgados no seu blogue entre Setembro de 2008 e Março de 2009, será publicada sob a chancela da Bolatti Boringhieri, uma editora importante mas pouco conhecida.
"Uma vez que estou publicado em Itália pela Einaudi, que é propriedade de Berlusconi, fi-lo ganhar algum dinheiro", afirma o escritor em "O Caderno", citado pela revista L'Espresso. "Na terra da Mafia e da Camorra [em Itália], que importância pode ter o facto provado de que o primeiro-ministro seja um delinquente?", questiona Saramago, comparando o chefe do Governo italiano a "um líder mafioso".
Confrontado com a recusa da Einaudi, o escritor respondeu: "Simplesmente acontece que a editora é propriedade de Silvio Berlusconi, compreendo, entendo muito bem que a editora não queira editar livros que atacam o proprietário, atacam ou criticam". "Isto não é nada dramático, é assim", frisou, acrescentando "ter a informação de que a Einaudi sofreu por se ter atrevido a publicar livros contra Silvio Berlusconi".
Questionado sobre se a decisão da editora italiana não seria pouco democrática, Saramago declarou: "Não abusemos da Democracia". José Saramago adiantou que, "ainda este ano", a Bolatti Boringhieri, uma editora importante mas que "não anda nas bocas do mundo", irá publicar a tradução italiana de "O Caderno".
O escritor desconhece se a Einaudi continuará a publicar os seus livros. "Não faço apostas em relação ao futuro", sublinhou.A revista “L'Espresso” noticiou ainda que a Einaudi pediu a Saramago que eliminasse em "O Caderno" as referências a Berlusconi mas que o autor se recusou.
A Einaudi tem editados 20 títulos do autor português. Em Portugal, a obra "O Caderno" foi publicada em Abril pela editora Caminho. A Lusa procurou obter uma reacção da editora mas não conseguiu até ao momento.(Lusa/Público)
publicado por armando ésse às 07:27
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Maio 28 2009

O relatório da Amnistia Internacional sobre Direitos Humanos volta a apontar o dedo a Portugal. A Amnistia refere a brutalidade das forças de segurança e violência doméstica.
O caso está encerrado e o tribunal deu como provadas as agressões a Leonor Cipriano, condenada pela morte da filha, mas absolveu os inspectores da Polícia Judiciária acusados da autoria das agressões. O processo aparece destacado no relatório da Amnistia Internacional (AI) sobre Direitos Humanos relativo a 2008.
O caso de Leonor Cipriano serve para ilustrar a convicção de que em Portugal persistem os casos de maus-tratos e tortura por parte das forças de segurança. A AI entende que, quando chegam a tribunal, esses processos "avançam lentamente".
A violência doméstica é outro dos problemas destacados no relatório. 48 mulheres assassinadas, vítimas de violência doméstica, e mais de 16 000 queixas na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima põem Portugal também na lista dos países em que a violência contra mulheres é preocupante.

A AI refere ainda o controverso cartaz do Partido Nacional Renovador, apontado como um sinal de racismo e xenofobia, e levanta mais uma vez a questão da passagem de voos da CIA por território português.
A organização entende que é preciso apurar responsabilidades e quer saber mais sobre os passageiros que seguiam a bordo.
Em termos globais, o relatório sublinha que dois terços da população mundial vivem abaixo do limiar da pobreza.
As soluções que os líderes mundiais procuram para resolver a crise económica devem incluir um novo pacto sobre Direitos Humanos, diz a Amnistia Internacional.
publicado por armando ésse às 09:56

Maio 27 2009

A escritora de contos canadiana Alice Munro, de 77 anos ( nasceu a 10 de Julho de 1931), venceu o Prémio Man Booker International.
A escritora foi escolhida de entre uma lista que incluía alguns vultos da literatura mundial, nomeadamente o escritor peruano Mario Vargas Llosa e o italiano Antonio Tabucchi.
Alice Munro já recebeu ao longo da sua longa carreira uma série de prémios literários, entre os quais o National Book Critics Circle e o Commonwealth Writers, apesar de o Nobel da Literatura, para o qual permanece uma eterna candidata, ainda lhe continuar a fugir.
A autora de contos não esconde a sua vontade de produzir um romance grandioso: "Estou sempre a tentar. Entre cada livro que edito, digo sempre, 'bom, vamos lá ao que interessa'", indicou a escritora ao jornal britânico "The Guardian", em 2003.
O prémio, no valor de 60 mil libras, é bianual e vai na sua terceira edição; nas edições anteriores foram vencedores Ismail Kadaré (2005) e Chinua Achebe (2007).
Segundo o site oficial de The Man Booker Prize, Alice Munro revelou estar “completamente surpreendida e muito satisfeita”.A estreia literária de Alice Munro aconteceu em 1968 com a obra "Dance of the Happy Shades".
Actualmente vive em Clinton, Ontario, perto do Lago Huron, e já publicou até ao momento onze colecções de contos e uma "novela", "Lives of Girls and Women", que é considerada antes uma série de pequenos contos co-relacionados.
A sua mais recente colecção de contos, "Too Much Happiness", será publicada em Outubro. (Com jornal Público).
publicado por armando ésse às 09:13

Maio 26 2009

O designer português Jorge Colombo é o autor da capa da prestigiada revista norte-americana "New Yorker", desta semana.
Jorge Colombo, que vive nos Estados Unidos há 25 anos, pintou a ilustração com os dedos recorrendo a uma aplicação do telemóvel iPhone. Nesta aplicação, o visor transforma-se numa tela e o pincel é o dedo do utilizador. O resultado é uma tela digital que se assemelha a uma pintura impressionista.
O autor esteve uma hora em frente ao Museu de Cera de Madame Tussaud, em Nova Iorque, a desenhar pessoas junto de uma banca de venda de comida.
Página de Jorge Colombo.
publicado por armando ésse às 14:55
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Maio 25 2009

Irvine Welsh, o romancista e argumentista escocês, autor do best-seller Trainspotting, levado ao cinema por Danny Boyle em 1996 e que contava com o desempenho de Ewan McGregor no principal papel, vai realizar uma comédia sobre futebol intitulada The Magnificent Eleven, que marca a sua estreia a solo na realização de longas-metragens.
Como informa o site da revista Variety, o argumento do filme é da autoria do próprio Irvine Welsh, e do pai e filho Pete e John Adams.
Segundo Welsh, The Magnificent Eleven é uma modernização cómica do clássico do western de 1960 Os Sete Magníficos de John Sturges, que contava no elenco com os nomes de Eli Wallach, Steve McQueen e Charles Bronson. Os Magníficos Onze serão uma equipa dum clube de futebol amador de Edimburgo, cidade onde decorrerá a rodagem, no segundo semestre do ano. Irvine Welsh fez a curta-metragem, Nuts, em 2007. Já este ano, Irvine Welsh e Helen Grace assinaram a realização da comédia Good Arrows.
publicado por armando ésse às 14:40
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Maio 18 2009

 

O escritor uruguaio Mario Benedetti morreu hoje na sua casa de Montevideu, informou a família. Deixa mais de 80 obras: entre romances, poesia e contos. No ano passado publicou "Testemunha de um mesmo" e em Setembro disse aos jornalistas que estava a terminar um livro de poesia chamado "Biografia  Para Encontrar-se", escreve o site da televisão brasileira Globo.

Tinha 88 anos(n. em Paso de los Toros em 20 de Setembro de 1920) e estava doente – a última hospitalização devera-se a problemas nos intestinos. Mas, descreve o jornal espanhol “El País”,“tinha começado a morrer muito antes; há três anos faleceu a sua mulher, Luz, com que viveu toda a vida, na liberdade e no desterro”.

Benedetti dizia que o prémio mais importante era ter leitores, conta o diário  “El Mundo”. Mas o uruguaio foi reconhecido com vários, incluindo Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana, em 1999, em Espanha, ou  Iberoamericano José Martí, em 2001. 
O romance que o tornou conhecido em todo o mundo, "A Trégua", foi  publicado em 1960, mas só em 2007 seria traduzido para português, pela Cavalo de Ferro. Soma mais de uma centena de edições em 19 línguas e foi adaptado ao cinema, televisão, teatro e rádio. É uma história de amor: um homem que ao chegar à reforma descobre um amor louco com uma mulher com  metade da sua idade. Mario Benedetti nasceu no Uruguai em 1920. Começaria a publicar 29 anos depois e a sua obra é uma das mais importantes da literatura sul-americana. Forçado ao exílio pela ditadura militar, viveu na Argentina, no Peru, em Cuba e em Espanha.
 “Era afinal (e esta expressão cunhou-a ele) um desexilado. Mas a sua alma sofreu as feridas de todos os exílios”, escreve Juan Cruz num artigo  publicado no site do “El País”. E face às feridas da doença e do exílio,continua Cruz, manteve-se sempre “na defesa da alegria”.(Público).
publicado por armando ésse às 02:20

Maio 07 2009

Caro amigo, nas horas poeirentas e intemporais da cidade, agora que as ruas jazem negras e exalam nuvens de vapor na esteira dos camiões-cisterna e agora que os bêbedos e os sem-abrigo desaguaram nas vielas e nos terrenos baldios, abrigados junto aos muros, e os gatos vagueiam nas soturnas cercanias, esguios e de espáduas altaneiras, agora nestas galerias empedradas ou de tijolos enegrecidos de fuligem onde as sombras dos fios eléctricos formam uma harpa espectral nas portas das caves, ninguém caminhará senão tu.
Velhos muros de pedra que resistiram, indemnes, às intempéries, com ossos fossilizados ocultos nas suas estrias, escaravelhos calcários alojados nas pregas desta planura, outrora leito de um mar interior. Árvores magras e escuras que se avistam através da estacaria metálica, mais, além, onde os mortos habitam uma pequena metrópole só sua. Uma curiosa arquitectura de mármore, estelas e obeliscos e cruzes e pequenas lápides gastas pela chuva em cuja face os nomes se esbatem com o passar dos anos. A terra repleta de amostras da arte do fabricante de ataúdes, ossos reduzidos a pó e seda apodrecida, as vestes dos mortos manchados de carne putrefacta. Lá adiante, à luz azul dos candeeiros, os carris do eléctrico perdem-se nas trevas, curvos como esporões de galo ao lusco-fusco de ouropel. O aço exala o calor do dia, podes senti-lo através das solas dos sapatos. Deixa para trás as paredes de chapa ondulada destes armazéns e percorre as ruelas arenosas onde carros esventrados repousam, sorumbáticos, sobre pedestais de tijolos de cimento. Atravessa maciços labirínticos de sumagre e erva-tintureira e madressilva ressequida que dão para os taludes barrentos do caminho-de-ferro, cobertos de sulcos e entalhes. Trepadeiras cinzentas enroscadas para a esquerda neste hemisfério setentrional, torcidas pela mesma força que molda a concha do burrié. Ervas daninhas que brotaram da cinza, entre tijolos. Uma escavadora a vapor de pá erguida, recortada sobre o céu nocturno num abandono solitário. Atravessa aqui. Sobre carris bifurcados e eclises onde as automotoras roncam como leões na escuridão do parque ferroviário. Penetra numa cidade mais sombria, deixa para trás candeeiros de lâmpadas partidas à pedrada, choupanas fumegantes de paredes oblíquas e cães de porcelana e pneus pintados onde crescem flores sujas. Percorre pavimentos lacerados pela devastação, o lento cataclismo do abandono, os fios eléctricos que pendem, barrigudos e envoltos em cordéis de papagaios-de-papel, de poste em poste, por entre as constelações, adornados com toscas gravatas feitas de garrafas atadas aos pares pelos gargalos ou brinquedos de petizes. O acampamento dos danados. Terrenos, quiçá, onde leprosos de lábios gotejantes deambulam sem sineta.
Primeira página do livro “Suttree” de Cormac McCarthy, traduzido por Paulo Faria e editado pela Relógio D’Água Editores, Fevereiro de 2009.
Quarto romance publicado por McCarthy (originalmente em 1979), é o seu livro mais extenso e aquele que mais tempo de escrita lhe consumiu: pelo menos vinte anos (período durante o qual escreveu também e publicou outros três romances). Será igualmente o mais "autobiográfico", tomando por cenário a provinciana "metrópole" de Knoxville (onde McCarthy cresceu e passou parte da sua vida de adulto) e arredores. Não há em "Suttree" uma progressão dramática que lisonjeie a atenção do leitor, mas antes uma sucessão (não linear cronologicamente, nem evidente do ponto de vista da enunciação) de episódios, de quadros, da vida do protagonista entre 1950 e 1955. Cornelius Suttree é alguém que abandonou tudo - o privilegiado estauto social familiar, a mulher e o filho pequeno (que depois morre) -para viver solitariamente ao sabor da corrente (literal e metaforicamente). Não sabemos por que o fez, que idade terá, o que procura (se é que procura algo); sabemos que se abriga numa miserável casa flutuante no rio, que se dedica preguiçosa e altivamente à pesca à linha para arranjar os poucos tostões de que necessita para sobreviver, sabemos que esteve preso (e é quando encontra outra entranhável personagem deste livro, Harrogate, um adolescente fornicador de melancias), sabemos que vagueia melancolicamente sem destino nem premeditação, que confraterniza com pobres e marginais, humilhados e ofendidos, rameiras e travestis (mas não com banqueiros e corretores), com os quais é alheiamente generoso e bom. São anos "na companhia de larápios, desvalidos, celerados, párias, poltrões, tratantes, rústicos, sandeus, homicidas, tavolageiros, alcouceiras, marafonas, rascoeiras, salteadores, beberrões, bebedanas, borrachos e arquiborrachos, labrostes, lúbricos, vagabundos, bargantes e tantos outros debochados, vá lá saber-se qual deles mais perverso" (continuo sem saber se a por vezes estonteante riqueza lexical de McCarthy tem origem no seu gosto afiado pela descrição minuciosa e exacta, seja da fauna ou da flora, seja de ofícios ou artefactos, ou se é o inverso).( Ípsilon).
publicado por armando ésse às 15:16

Maio 06 2009

O escritor Cormac McCarthy é o segundo norte-americano a ser galardoado com o prémio de carreira PEN/Saul Bellow ,depois de em 2007 Philip Roth ter ganho este prémio bienal.
O júri composto por Claudia Roth Pierpont, Philip Roth, e Benjamin Taylor, distinguiu "um notável autor norte-americano de ficção vivo cuja obra possui qualidades de excelência, ambição e êxito ao longo de uma carreira uniforme que o colocam no mais alto lugar da literatura norte-americana", atribuindo-lhe o prémio PEN/Saul Bellow no valor de 25.000 dólares.
Cormac McCarthy junta este prémio ao Pulitzer de 2007 pelo romance apocalíptico “A Estrada” e ao National Book Award por “Belos Cavalos”.
O seu livro “Estes País Não é Para Velhos” foi adaptado ao cinema pelos irmãos Coen, tendo ganho o Óscar de Melhor Filme do ano 2007.
Cormac McCarthy nasceu em Rhode Island, a 20 de Julho de 1933. Na juventude foi viver para Knoxville, no Tennessee que virá a ser o pano de fundo dos seus primeiros romances. Estudou Artes na Universidade do Tennessee e por incompatibilidades com a família, alistou-se na Força Aérea dos Estados Unidos onde serviu quatro anos. Em 1976 mudou-se para El Paso, Texas e actualmente vive em Santa Fé, Novo México, com a mulher e o filho.
Em 40 anos de carreira literária, editou nove romances, estando editados em Portugal, os seguintes livros: O Guarda do Pomar, Filho de Deus, Belos Cavalos, Meridiano de Sangue, Este País Não é Para Velhos, A Estrada e Suttree.
O escritor é considerado um dos grandes nomes do romance contemporâneo norte-americano, ao lado de nomes, como Don DeLillo, Philip Roth e Thomas Pynchon.
publicado por armando ésse às 15:58

Maio 06 2009

Segundo o jornal inglês The Guardian, numa votação levada a cabo pela empresa One Poll, o livro “Por Favor Não Matem a Cotovia” da norte-americana Harper Lee foi considerado o livro mais inspirado de todos os tempos, tendo a Bíblia ficado em segundo lugar.
O clássico dos anos 60, escrito por Harper Lee já vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo. A história passa-se nos anos da Grande Depressão, onde Atticus Finch, um advogado de uma pequena cidade, Maycomb, situada no sul dos Estados Unidos, recebe a dura tarefa de defender um homem negro injustamente acusado de violar uma jovem branca. Através do olhar de uma criança, Harper Lee descreve-nos o dia-a-dia de uma comunidade conservadora onde o preconceito e o racismo caracterizam as relações humanas, revelando-nos, ao mesmo tempo, o processo de crescimento, aprendizagem e descoberta do mundo típicos da infância. Com esta obra a autora foi galardoada com o Prémio Pulitzer.
O livro foi passado a filme pelo realizador norte-americano Robert Mulligan, pelo qual foi nomeado para o Óscar de melhor realizador em 1962, perdendo para David Lean. Apesar de ter perdido, o actor Gregory Peck, dirigido por si, no papel de Atticus Finch, ganhou o Óscar de Melhor Actor.
Da Bíblia quase tudo foi dito, traduzido em 2454 línguas, é considerado pelos cristãos o seu livro sagrado e acreditam que os homens que a escreveram foram inspirados por Deus. Estima-se que tenha vendido mais de 2 mil e 500 milhões de cópias.
O terceiro lugar foi para o “best-seller”, "Uma Criança Chamada “Coisa”", de Dave Pelzer.
Uma história real vivida pelo autor, que num testemunho impressionante relata os primeiros anos da sua terrível infância. A transformação de uma progenitora carinhosa, através do álcool, num monstro frio e cruel que altera totalmente a vida de uma criança e toda a família.Um best-seller não só nos Estados Unidos como nos principais países europeus.
Em quarto lugar aparece o livro de auto-ajuda do canadiano John Gray, “Os Homens São de Marte e as Mulheres são de Vénus”. John Gray, especialista em aconselhamento de familiar, explica as diferenças entre os sexos usando uma metáfora para ilustrar os conflitos que ocorrem frequentemente entre homens e mulheres. O top cinco é fechado com o famoso “Diário de Anne Frank”, que comoveu o mundo, como um documento pungente do Holocausto. De 12 de Junho de 1942, dia do seu 13.º aniversário, a 4 de Agosto de 1944, quando a família Frank foi mandada para o campo de concentração de Auschwitz, Anne escreveu diariamente no seu diário. O livro foi lançado em 1947 e está traduzido em 58 idiomas e vendeu mais de 30 milhões cópias.
Em sexto lugar aparece a sátira política de George Orwell, “1984”, seguido da autobiografia de Nelson Mandela, “ Longo Caminha para a Liberdade”. A autobiografia daquele que foi um dos maiores exemplos da história da Humanidade, escrita secretamente, durante os 27 anos que este encarcerado nas prisões sul-africanas, durante o regime do apartheid.. Uma personalidade incomparável, um grande defensor da igualdade e da luta pelos direitos humanos e cívicos.
Em oitavo lugar aparece o livro de Alex Garland, “A Praia” e em nono, o livro de Audrey Niffenegger’s, “ A Mulher do Viajante no Tempo”.
A lista é fechada com o clássico dos anos 50 de JD Salinger, que revolucionou a literatura norte americana: “Uma Agulha no Palheiro”. O livro conta as aventuras de Holden Caulfield, um rapaz de 16 anos, que ao ter de deixar o colégio interno que frequenta, mas receoso de enfrentar a fúria dos pais, decide passar uns dias em Nova Iorque até começarem as férias de Natal e poder voltar para casa.
Confuso, inseguro, incapaz de reconhecer a sua própria sensibilidade e fragilidade, Holden percorre nesses dias um intrincado labirinto de emoções e experiências, encontrando as mais diversas pessoas, como taxistas, freiras e prostitutas, e envolvendo-se em situações para as quais não está preparado.
Nesta lista, apenas não li os livros de Alex Garland e Audrey Niffenegger, e apesar de razões diferentes terem inspirado os autores, qualquer um destes livros “agarra-nos” até à última página, notando-se implicitamente uma grande dose de inspiração.
publicado por armando ésse às 10:40
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Maio 04 2009

Vasco Granja, divulgador de banda desenhada e do cinema de animação em Portugal, morreu esta madrugada em Cascais. Tinha 83 anos.
Autodidacta e com múltiplos interesses culturais ao longo da sua vida, Vasco Granja nasceu em Campo de Ourique (Lisboa) a 10 de Julho de 1925.
Começou a trabalhar, ainda muito novo, nos antigos Grandes Armazéns do Chiado, e depois ao balcão da Tabacaria Travassos, na baixa lisboeta, que consideraria, anos mais tarde, a sua universidade. O seu interesse pelo cinema surge na adolescência e aos 16 anos chegaria a ser admitido como segundo assistente de fotografia no filme “A Noiva do Brasil”, de Santos Neves.
No início da década de 50 envolve-se no movimento cineclubista, tendo desempenhado funções directivas no Cine-Clube Imagem.
Granja foi preso pela primeira vez pela polícia política do Estado Novo em Novembro de 1954, quando militava clandestinamente no PCP. Esteve preso sem julgamento seis meses e quando foi libertado voltou às suas actividades cineclubísticas e à divulgação cultural na imprensa.
Datam de 1958 os seus primeiros artigos sobre o cinema de animação, nomeadamente na sequência da descoberta dos filmes experimentais do canadiano Norman McLaren.
No início da década de 60 arranja trabalho na Livraria Bertrand, onde se manteve até à reforma.É preso de novo em 1963, julgado e condenado a 18 meses de prisão. Quando foi libertado, em 1965, Vasco Granja retoma a sua actividade cultural, com artigos nos media sobre cinema e literatura.O seu nome é habitualmente associado à divulgação da banda desenhada em Portugal.
O termo “banda desenhada” é, aliás, utilizado pela primeira vez por Granja num artigo publicado pelo Diário Popular em 19 de Novembro de 1966.
Integra a equipa fundadora da revista francesa de crítica e ensaio de banda desenhada Phénix, nos anos 60 e participa regularmente no Salone Internazionale dei Comics, em Lucca (Itália), o mais importante encontro do género nos anos 70.
Em Portugal, a sua actividade de divulgação da banda desenhada intensifica-se a partir do aparecimento da edição portuguesa da revista Tintin, em Junho de 1968, onde escrevia e traduzia artigo, além de ter a responsabilidade da secção de cartas aos leitores.
Em 1974 e 1975 integra o júri do Salão Internacional de BD de Angoulême. Depois de 25 de Abril de 1974, Vasco Granja mantém um programa regular sobre cinema de animação na RTP, que teve mais de 1000 emissões e divulgou sistematicamente as grandes escolas internacionais do género. Estava reformado desde 1990.(Público).
Vasco Granja marcou profundamente a minha geração; foi ele que me inculcou, a mim e a muitos milhares de portugueses, o "bichinho" da banda desenhada e dos desenhos animados. É com muita tristeza que leio esta notícia no Público. Fica a recordação e o reconhecimento de todo um basto trabalho realizado em prol da banda desenhada e do cinema de animação em Portugal.
Até sempre.
Link Uma Vida Cheia de Animação
publicado por armando ésse às 14:36

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