A FÁBRICA

Junho 03 2009

O júri do Prémio Camões decidiu atribuir o galardão deste ano ao poeta cabo-verdiano Arménio Vieira.
Arménio Vieira disse que, a título pessoal, já esperava "ganhar" mas sublinhou que era ainda cedo para um autor de Cabo Verde ser distinguido. "A título pessoal, eu esperava o prémio. Mas por causa de ser Cabo Verde, admiti que fosse ainda um bocado cedo. É pequeno em relação à imensidão do Brasil, que tem centenas de escritores óptimos. E Portugal também. Seria muito difícil Cabo Verde apanhar o prémio", disse, visivelmente emocionado.
"É uma honra pessoal. Eu sou o autor dos livros que ganharam o prémio, porque é atribuído à obra e não à pessoa. Acho que é uma honra para Cabo Verde. É histórico, Cabo Verde nunca tinha ganho. Desta vez lembraram-se do nosso pequeno país", acrescentou Arménio Vieira.
O galardoado manifestou a esperança de que, a partir de agora, a sua obra venha a ser estudada em Cabo Verde e no estrangeiro. "Espero bem que sim, será mais estudada. Mas ainda não se estuda. Às vezes as pessoas compram livros mas não os lêem", referiu.
Arménio Vieira, o primeiro cabo-verdiano a receber o Prémio Camões, nasceu na cidade da Praia, na Ilha de Santiago, Cabo Verde, em 24 de Janeiro de 1941.
Arménio Vieira é autor de quatro livros, dois de poemas e dois romances, respectivamente, “Poemas” e “Mitografias, “O Eleito do Sol” e “No Inferno”.
Além de escritor, é jornalista, com colaborações em publicações como o “Boletim de Cabo Verde”, a revista “Vértice”, de Coimbra, “Raízes”, “Ponto & Vírgula”, “Fragmentos” e “Sopinha de Alfabeto”.
Antes, Arménio Vieira foi por diversas vezes galardoado com prémios literários, o primeiro dos quais em 1976, quando conquistou os Jogos Florais. Nos anos noventa, obteve também um dos prémios da Associações dos Escritores de Cabo Verde, AEC.
Contudo, pelo seu valor pecuniário (100 000 euros) e pela sua projecção internacional, o Prémio Camões é, sem dúvida, a mais importante distinção literária deste escritor cabo-verdiano.
Arménio Vieira é o quarto escritor africano distinguido com o Prémio Camões, depois do moçambicano José Craveirinha (1991) e dos angolanos Pepetela (1997) e José Luandino Vieira (2006), tendo este, no entanto, recusado a distinção. É também o regresso da poesia à galeria dos premiados, depois de Eugénio de Andrade (2001), Sophia de Mello Breyner (1999), o já citado Craveirinha, o brasileiro João Cabral de Melo Neto (1990) e Miguel Torga (a inaugurar o Camões, em 1989). Além de poetas e romancistas, foram igualmente premiados dois ensaístas: Eduardo Lourenço (1996) e o brasileiro António Cândido (1998).
O Prémio Camões, instituído pelos governos do Brasil e Portugal em 1988, é atribuído aos autores que tenham contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. E é considerado o mais importante prémio literário destinado a galardoar um autor de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra. (Público)
publicado por armando ésse às 08:25

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