A FÁBRICA

Junho 04 2009

Fotografia: Jeff Widener/AP Photo
Quando as luzes se acenderam às 4h30 da madrugada, para o ataque final das tropas aos manifestantes da Praça de Tiananmen, um homem franzino, com sacos de plástico nas mãos, colocou-se na Avenida da Paz Eterna, em frente de uma coluna de tanques.
O jovem recusou-se a sair da frente do alinhamento dos veículos militares e o condutor do tanque, também se recusou a avançar. Acaba por subir e falar com o condutor. O mito urbano diz que ele gritou: "Não matem mais o meu povo". O seu destino é desconhecido, depois de ter sido levado para o meio da multidão.
Logo a seguir, o sangue correria na Praça de Tiananmen, mas a imagem demonstrou a mais de mil milhões de chineses que a esperança estava viva.
Em 1999, a revista Time colocou o “Rebelde Desconhecido” entre os 20 mais “influentes líderes e revolucionários do século”.
publicado por armando ésse às 09:27

Junho 04 2009

A 3 de Junho de 1989 atinge-se o auge de uma série de manifestações pró-democráticas, lideradas por estudantes chineses.
A 15 de Abril, a seguir à morte do secretário-geral do partido comunista e do reformista democrático Hu Yaobang os estudantes desencadearam manifestações pacíficas em Xangai, Pequim e noutras cidades. Hu tornou-se um herói entre os chineses liberais quando recusou fazer parar os distúrbios em Janeiro de 1987.
As manifestações pró-democráticas continuaram com as pessoas a pedirem a mudança do líder supremo da China, Deng Xiaoping e também a cúpula de todos os funcionários do Partido.
Nos primeiros dias do mês de Maio, havia sinais claros de uma cisão dentro da cúpula do Partido Comunistas Chinês. Enquanto o chefe do partido, Zhao Ziyang, mostrava compreensão para as reivindicações estudantis, o primeiro-ministro, Li Peng, e Deng Xiaoping defendiam a linha dura.
A 13 de Maio, os estudantes reunidos na praça da Paz Celestial iniciaram uma greve de fome, para chamar a atenção a Mikhail Gorbachov, que visitaria a China dois depois.
Li Peng recusa as exigências dos estudantes e a visita de Gorbachov realiza-se normalmente, mas o protocolo tem de ser alterado e é cancelada a visita à praça de Tiananmen.
No dia 20 de Maio Li Peng decretou a lei marcial, e a 23 de Maio Zhao Ziyang foi deposto, selando a vitória da linha-dura do governo chinês.
A cisão começava também a atingir os manifestantes. Os mais radicais negavam-se a seguir a sugestão feita pela Aliança Universitária de Pequim, de encerrar a manifestação. No dia 29, os estudantes de belas-artes fazem uma réplica da Estátua da Liberdade, usando papel e esferovite com 10 metros de altura, a que chamaram a “A Deusa da Democracia”. A imagem corre o mundo e torna-se icónica desta luta.
Durante as sete semanas que duraram as históricas manifestações dos estudantes universitários de Pequim, irradiou da praça da Paz Celestial para o mundo um sopro de entusiasmo e esperança. Eles pediam democracia e fim da corrupção, a justeza das suas reivindicações fez em poucos dias multiplicarem-se os manifestantes, que passaram de 20 mil para quase 2 milhões, envolvendo praticamente todos os sectores da sociedade.
Mas o fim seria trágico.
Depois da tentativa frustrada do Exército controlar Pequim pacificamente, porque os soldados recuaram frente aos apelos dos manifestantes. A cúpula do Partido Comunista e do Exército de libertação, obrigaram os soldados a intervir activamente.
Às 4h30 do dia 4 de Junho, as luzes acendem-se e tropas e tanques desencadeiam o ataque final. O solo da Praça da Paz Celestial fica juncado de cadáveres. O balanço final nunca foi conhecido. Segundo a Amnistia Internacional, foram mortos nessa noite mil manifestantes, segundo dados mais recentes, mas também não definitivos, os mortos dessa noite foram 727 – 14 soldados e 713 manifestantes. Foram feridos, nessa noite dez mil pessoas e presos milhares de estudantes e trabalhadores.
A repressão continuou em todo o país, até hoje, com prisões e execuções sumárias, controle da imprensa e não respeito pelos Direitos humanos.
publicado por armando ésse às 09:03

Junho 04 2009

As autoridades chinesas expressaram hoje “profundo descontentamento” sobre o apelo lançado na véspera pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que instou à publicação dos nomes de todas as pessoas mortas, desaparecidas ou detidas na repressão das manifestações pró-democracia de 1989, na Praça de Tiananmen, há exactamente 20 anos.
“Este acto dos Estados Unidos ignora os factos e comporta acusações sem fundamento contra o Governo chinês”, avançou ainda o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, considerando ainda que as declarações da chefe da diplomacia norte-americana constituem uma “interferência chocante nos assuntos internos da China”.
Num comunicado emitido ontem, Clinton urgira o regime de Pequim a fornecer um balanço sobre a repressão de há duas décadas e a “examinar abertamente as páginas sombrias do seu passado”. Era feito apelo à libertação de todos quantos se encontram ainda presos em ligação às manifestações de Tiananmen, ao fim da perseguição daqueles que nelas participaram e ainda à abertura de um diálogo com as famílias das vítimas.
Centenas, se não mesmo milhares, de manifestantes, estudantes e cidadãos solidários com os protestos foram mortos na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, depois de os carros blindados terem invadido as ruas de Pequim com o propósito de pôr termo a uma vaga de manifestações pacíficas na capital – que se arrastavam há sete semanas – e que as autoridades chinesas qualificaram como uma “rebelião contra-revolucionária”.
O regime chinês nunca divulgou qualquer balanço oficial sobre o número de mortos no esmagamento dos protestos de Tiananmen, posição uma vez mais reiterada hoje, com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros a recusar responder a quaisquer perguntas relacionadas com este facto. “Em relação ao incidente político que teve lugar no final dos de 1980, o partido e o Governo já anunciaram as suas conclusões”, afirmou Qin Gang em conferência de imprensa aludindo à terminologia oficial sobre Tiananmen.(Público)
publicado por armando ésse às 07:50

Junho 04 2009

Numa crítica invulgarmente dura, os Estados Unidos exigiram ontem a Pequim que publique os nomes dos que morreram ou desapareceram na sequência das manifestações em Tiananmen, há exactamente 20 anos. "Uma China que fez enormes progressos económicos e está a emergir para ocupar o seu lugar de direito na liderança mundial deve examinar abertamente os acontecimentos mais escuros do passado e dar uma satisfação pública dos que morreram, foram detidos ou desapareceram tanto para aprender, como para sarar", declarou a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, citada pela Reuters. "Este aniversário dá uma oportunidade às autoridades chinesas de libertar da prisão todos os que ainda cumprem penas relacionadas com os acontecimentos de 4 de Junho de 1989.
"As forças de segurança chinesas colocaram a Praça de Tiananmen sob pesadíssima vigilância para evitar que seja assinalado o aniversário do massacre, que resultou na morte de milhares de manifestantes pró-democracia. Centenas de agentes da polícia vigiam o local.
O controlo de vozes críticas ao regime também tem sido apertado. Nos últimos dias, vários dissidentes foram levados para fora da capital; outros obrigados a ficar em casa, relata a agência AFP. Por exemplo, Qi Zhiyong, que perdeu a perna esquerda na repressão, foi levado à força para fora de Pequim depois de ter recusado sair por sua iniciativa. A vigilância não se faz só na rua. A rede social Twitter e outros serviços e sites da Internet, como o Hotmail, foram bloqueados. (Público)
publicado por armando ésse às 07:41

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