A FÁBRICA

Março 23 2005

" No ano dos meus noventa anos quis oferecer a mim mesmo uma noite de amor louco com uma adolescente virgem.Lembrei-me de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar os seus bons clientes quando tinha uma novidade disponível.Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma das suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza dos meus princípios.A moral também é uma questão de tempo, dizia com um sorriso maligno, tu verás."

Com este relato, começa o romance Memória das Minhas Putas Tristes, que é a história de um velho jornalista, que no dia do seu nonagésimo aniversário deseja festejar a sua longa existência de prostitutas, livros e crónicas com uma noite de amor com uma jovem virgem. Este nonagenário nunca teve uma relação sexual sem pagar por ela, frequentador assíduo de bordeis, esteve um dia para casar, mas resolveu não comparecer, à última da hora, no seu casamento. Jornalista, ex.professor de castelhano e latim, reformado de uma carreira de "inflacionador de telegramas" no El Diário de la Paz, este nonagenário conta-nos a condição de alguém que perto da morte, ainda está disponível para descobrir novas formas de amar.Mais do que uma reflexão sobre a velhice, Memória das Minhas Putas Tristes é o relato de uma experiência de paixões e a celebração das alegrias/tristezas do amor.
Não sendo uma obra maior de Gabriel García Márquez, as 114 páginas do livro lêem-se sem que se dê conta de que está a chegar ao final.
Gabriel García Márquez nasceu em 1928, em Aracataca na Colômbia, e tem uma basta produção literária da qual destaco como obras maiores, Cem Anos de Solidão e O Amor em Tempos de Cólera. Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1982.
publicado por armando ésse às 10:03

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