A FÁBRICA

Fevereiro 14 2005

Morte da Irmã Lúcia - Lúcia de Jesus dos Santos a última sobrevivente dos três pequenos pastores que em 1917, afirmaram ter visto a Virgem na Cova da Iria, morreu ontem com 97 anos de idade. Nascida a 22 de Março de 1907, numa povoação perto de Fátima, lúcia tinha dez anos quando afirmou ter visto pela primeira vez, Nossa Senhora na Cova da Iria, juntamente com os primos Jacinta e Francisco, tendo sido a única a alegar ter ouvido as palavras da Virgem.Inicialmente a Igreja encarou cepticismo os relatos dos três pequenos pastores e só em 13 de Outubro de 1930 o bispo de Leiria proclamou aficialmente que as aparições eram dignas de crédito.Procurando recato, Lúcia entrou em 1921 num colégio de doroteias no Porto, vindo a professorar como doroteia em Tuy, Espanha. Em 1946 regressou a Portugal, entrando dois anos mais tarde, em 25 de Março de 1948 para o Carmelo de Santa Tersa, em Coimbra, tendo aí vivido até à sua morte, ocorrida ontem.
Os políticos - O PSD e o PP cancelaram ontem todas as acções de campanha eleitoral previstas para hoje e para amanhã, depois de saberem da morte da Irmã Lúcia. O primeiro-ministro, que já tinha suspenso as acções de campanha eleitoral durante o dia de Carnaval, fez ainda saber que vai propor que seja decretado luto nacional pela morte da Irmã Lúcia. O PP, que pelo seu líder, deu a conhecer aos portugueses que a, Irmã Lúcia é uma figura ímpar do século XX português, anulou todas as acções de campanha "em forma de respeito e recolhimento". O PS, vá-se lá saber porquê, foi a reboque do PSD e do PP, e decidiu não fazer campanhas de rua e condicionou algumas das suas acções de campanha. O PCP e BE, deram um voto de pesar, mas baseados, e na minha opinião certos, na salutar separação institucional entre o Estado e a Igreja, decidiram continuar com as acções de campanha agendadas para hoje e para amanhã.
Os Oportunistas- D. Manuel Martins, bispo resignatário de Setúbal, faz uma crítica feroz aos partidos que alteraram as acções de campanha eleitoral. Em declarações à TSF, não esconde a sua indignação e considera um absurdo interromper a campanha eleitoral em homenagem à irmã Lúcia. "Não tem nada a ver uma coisa com a outra e a campanha eleitoral devia continuar. Não tenho dúvidas nenhumas" adiantou. D Manuel Martins considera que se está a verificar " um oportunismo político" e que " não fiquei nada contente nem convencido da sinceridade no tocante à suspensão de actividades políticas" Mais uma vez estes políticos, recorrem a truques baixos, para uma exploração oportunista dos sentimentos mais profundos dos portugueses.
publicado por armando ésse às 13:32

Uma vida inteira de reclusão, não deve ter sido fácil. (Não comento os oportunistas)
Angela a 14 de Fevereiro de 2005 às 14:07

Apesar de tudo isto me passar ao lado,acho que esta posição dos partidos é uma verdadeira "Blasfémia"; é a hipocrisia e o despudor levados até ao extremo.Lamentável
JRD a 14 de Fevereiro de 2005 às 14:36

A crença, a fé... acreditar ou não, isto é, religião ou outra qualquer forma de se encontar uma justificação para minimizar as mágoas ou os medos constituem uma opção individual. Aproveitar cínicamente episódios desta natureza na tentativa de manipular porcamente os pontos fracos e sensíveis é nojento.Atitudes destas encontra-se frequentemnete na direita. Ela é assim...
hamy-pros-friends a 14 de Fevereiro de 2005 às 14:41

Subscrevo.
PF a 14 de Fevereiro de 2005 às 14:59

O aproveitamento da morte, para contabilizar mais alguns votos, só pode ser feito por pessoas que são indignas de estar à frente dos destinos do nosso país. Esta atitude deveria envergonhar os políticos.
Anónimo a 14 de Fevereiro de 2005 às 16:19

Admiro a lucidez do Bispo de Setúbal!
E concordo com os teus comentários, nomeadamente no que diz respeito à separação entre o poder político e religioso. Mas recordo que este é o país onde uma Assembleia da República já ficou em silêncio pela morte (mediática) de um futebolista!?

É claro que o que está em causa não é o valor dos que partem, mas o aproveitamento sem escrúpulos das emoções do "povo" para ganhar mais alguns votos.
MRF a 14 de Fevereiro de 2005 às 17:46

A igreja que agora critica os partidos é exactamente a mesma que no Estado Novo pactuou com os políticos do partido único para fazer acreditar a um povo de crédulos uma série de disparates e de supostas revelações divinas. Tão hipócritas são uns como são outros. Aliás, acho a Igreja mais hipócrita, porque já dura há mais tempo com expedientes deste tipo.
Humor Negro a 14 de Fevereiro de 2005 às 19:16

O teu post é oportuno. Sou ateu, lamento a morte da Irmã Lúcia acima de tudo como ser humano.
O aproveitamento político que está a ser feito desta circunstância é bastante revelador em relação ao tipo de pessoas que vamos colocar à frente dos destinos do nosso país.
Acho que a própria Irmã Lúcia não merecia ser tratada desta maneira.
francis a 14 de Fevereiro de 2005 às 21:11

Não vou falar na suposta aparição mas o facto de alguns partidos se aproveitarem da morte de seja de quem for para conquistar votos e simpatias entre os eleitores é lamentavel e hipocrita.
speak_easy a 14 de Fevereiro de 2005 às 21:36

Não poderia estar mais de acordo com o que dizes neste post, independentemente de quem acredita ou não na "aparição". Aproveito para chamar a atenção para as palavras do "bispo de setúbal" na revista do expresso de 05/02/05. ... Não resisto, ainda que um pouco fora de contexto a transcrever uma pequena passagem: "Uma vez, pelo Natal, quando ia a entrar na Catedral, estava lá um sem abrigo, envolto em trapos e papéis. Aquilo incomodou-me tanto que não me apetecia celebrar a missa de Natal. Pensei que, afinal, iamos celebrar o nascimento de Jesus, e o Natal estava alí à porta. Achei que o que íamos fazer alí era tudo uma mentira. O menino-rei fez-se um de nós, veio dizer-nos que somos todos irmãos, que todos devemos amar, e, ao fim e ao cabo, o presépio estava ali à porta. Fiquei muito incomodado. Os Natais estão tão perto de nós e corremos o risco de andar embrulhados numa grande mentira."
Fui buscar este excerto aparentemente fora de contexto, porque muitos de nós, andamos entretidos a apostar no nosso candidato, a assistir a debates que mais parecem combates, damos-lhes audiências e legitimidade, esperando que se resolvam as coisas que queremos acreditar nos incomodam e, contudo não mexemos uma palha para ajudar a resolver os pequenos problemas que nos tocam à porta. Igrejas, religiões e partidos à parte o que o povo nunca deveria esquecer e tem esquecido é, a solidariedade.
uivomania a 15 de Fevereiro de 2005 às 01:11

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