A FÁBRICA

Março 07 2006

Durante séculos, o papel da mulher resumiu-se sobretudo à sua função de mãe, esposa e dona de casa. Ao homem estava destinado um trabalho remunerado no exterior do núcleo familiar. Com o aparecimento da Revolução Industrial, muitas mulheres passaram a exercer uma actividade laboral, embora auferindo uma remuneração inferior à do homem.
Lutando contra essa discriminação, as mulheres encetaram diversas formas de luta na Europa e nos EUA. Numa dessas acções reivindicativas, no dia 8 de Março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para exigirem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, deflagrou um incêndio, e 130 mulheres morreram queimadas.
O dia 8 de Março significou mais do que um dia trágico na história da humanidade, na verdade, elevou ao máximo a violência e a tirania para com as mulheres operárias, que ao ocuparem a fábrica têxtil em que trabalhavam, foram queimadas sem qualquer piedade por estarem a lutar contra a exploração e a desigualdade tanto salarial quanto social em relação aos homens.
Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher".
Passados 149 anos da histórica jornada de luta das mulheres operárias têxteis de Nova Iorque, se, na verdade, perante a lei da maioria dos países, não existe qualquer diferença entre um homem e uma mulher, a prática demonstra que ainda persistem muitos preconceitos em relação ao papel da mulher na sociedade.
Apesar dos progressos feitos desde Conferência de Pequim, em 1995, a discriminação contra as mulheres subsiste em todas as regiões e sociedades e os seus direitos continuam ser objecto de violações flagrantes e sistemáticas. Não existe, actualmente, um único país do mundo onde as mulheres gozem das mesmas oportunidades que os homens.
Apesar de alguns passos dados, em algumas áreas nos últimos anos, muito há a fazer, especialmente, para fazer cumprir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Na Declaração do Milénio, entre várias recomendações, destaca-se uma atenção renovada às questões da igualdade entre os sexos.
Com um empenhamento especial para pôr fim à violência contra a mulher, especialmente à violência doméstica ( a violência contra as mulheres é um crime público, quer seja cometido no seio da família, quer em espaços públicos quer ainda em situações de conflito), ao comércio de mulheres e à mutilação genital.
O Projecto do Milénio pede, um maior acesso das mulheres à educação, emprego e bens, nomeadamente terras e habitação, melhores cuidados de saúde, especialmente serviços de saúde reprodutiva.
No centro dos esforços da comunidade internacional para garantir a igualdade entre os sexos encontram-se, para além da protecção contra a violência, a saúde e os direitos reprodutivos das mulheres. Um tratamento igual e a igualdade de acesso à educação e aos serviços de saúde, ao crédito, emprego, propriedade e herança, e a protecção contra a discriminação, factores essenciais para uma participação plena das mulheres na comunidade, bem como para a sua autonomização.
Só com leis, políticas e práticas não discriminatórias é que as mulheres poderão realizar todo o seu potencial e ter uma vida sadia, produtiva e segura, em termos de bem-estar, de protecção da violência e de plena participação na tomada de decisões, beneficiando a qualidade de vida das suas famílias, das suas comunidades e do mundo em geral.
publicado por armando ésse às 16:15

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