A FÁBRICA

Junho 02 2008

Yves Saint Laurent, um dos maiores costureiros franceses do século XX, morreu ontem à noite, às 23:10 em Paris, anunciou fonte da Fundação Pierre-Bergé-Saint Laurent. O costureiro Yves Saint Laurent, deu, segundo Chanel, uma nova liberdade às mulheres, criando “um guarda-roupa contemporâneo”, baseado num vestuário de inspiração masculina, como o seu célebre “smoking” criado em 1966.
Nascido a 01 de Agosto em Oran (Argélia), Yves-Mathieu Saint Laurent chega a Paris com 17 anos. Desenhador de modelos, torna-se rapidamente colaborador de Christian Dior (1954), e depois seu sucessor, após a morte inesperada do mestre em 1957.
O jovem director artístico conheceu o sucesso logo no seu primeiro desfile, realizado em 1958, graças à linha “Trapézio”, que rompeu com as cinturas de vespa da época.
No auge da sua carreira, foi enviado para a guerra da Argélia, regressando posteriormente do conflito por motivos de doença. Nessa altura, a direcção da casa Dior tinha sido entregue a Marc Bohan. Em desacordo com alguns dos colaboradores da Casa Dior e com a ajuda de Pierre Bergé, seu sócio, fundou a sua própria casa em 1962, evoluindo para um look urbano de linhas clássicas em colecções de vestuário masculino e feminino.
Juntos, um criador, outro gestor, vão construir um império (alta costura, pronto a vestir, perfumes, lojas) que passará em 1993 para as mãos do grupo industrial Elf-Sanofi. É em 1962 que Yves Saint Laurent cria a sua primeira colecção sob um símbolo que permanecerá imutável, YSL: três letras pretas sobre fundo creme. Quatro anos mais tarde, populariza o pronto a vestir com a sua primeira loja, “Rive gauche”. Regularmente, o costureiro que subverteu os cânones, cria acontecimentos, transforma as suas colecções em “happenings”, dá escândalos, como em 1971, com a sua colecção inspirada nos anos 40,ou em 1977, com o lançamento do seu perfume Opium.
Foi Saint Laurent quem mais contribuiu para que as calças se tornassem uma peça do vestuário feminino. É de realçar que, nas décadas de sessenta e setenta, a mulher começava a ganhar um lugar de destaque na sociedade ocidental e que as suas criações eram vistas como as ideais para a nova mulher executiva. O seu estilo é reflector de sentimentos e de uma época de grande emancipação da mulher.
Ao mesmo tempo, Yves Saint Laurent cria figurinos e cenários para os bailados de Roland Petit, para o teatro e para o cinema (“Belle de Jour”, de Buñuel (1967) e « L‘affaire Stavisky », de Resnais (1974). Em 1981, cria o uniforme de Marguerite Yourcenar, a primeira mulher a entrar na Academia Francesa.
Criador genial, Saint Laurent foi uma personalidade da cultura, a quem o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque prestou justa homenagem em 1983, tendo igualmente sido condecorado com a comenda da Ordem da Legião de Honra e, em Junho de 1999, recebido o prémio de carreira, atribuído pelos Conselho dos Designers de Moda da América.
Em 1999, a casa é dividida em duas: o pronto-a-vestir e os perfumes ficam com o grupo Gucci (filial de Pinault-Printemps-Redoute-PPR) e a alta-costura passa para a Artémis, a “holding” pessoal de François Pinault, o patrão do PPR, até ao encerramento da casa em Outubro de 2002.
Em Janeiro de 2002, Yves Saint Laurent, de 65 anos, anunciou a sua retirada do mundo da moda, precisamente na véspera do quadragésimo aniversário da sua casa de alta-costura.
A despedida de Yves Saint Laurent, que se apresentava em público sempre de uma forma muito tímida e atrapalhada, marcou o fim de uma geração de costureiros num momento em que a alta costura, dita exclusivamente parisiense, perdeu, na década de noventa, metade dos seus clientes, tendo os criadores passado de 24, existentes em 1987, a 12 em 2002.
Em 2004, cria a fundação Pierre Bergé-Yves Saint Laurent, o único museu do mundo dedicado ao trabalho de um estilista.
publicado por armando ésse às 07:08
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