A FÁBRICA

Fevereiro 13 2005

Bastou uma simples frase, para que Humberto Delgado, escrevesse o seu destino na história política de Portugal contemporâneo. O episódio a que esta frase se refere, passou-se no café lisboeta, Chave D'Ouro, no dia 10 de Maio de 1958, respondendo a uma pergunta feita pelo jornalista Mário Neves, sobre qual seria o destino do Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, se o general vencesse as eleições, disse: "demito-o, obviamente", a afirmação passaria à história com as palavras em ordem inversa. Sete anos depois de ter perdido, vencendo não fosse uma monumental fraude, as eleições a PIDE assassinaria o general Humberto Delgado em Espanha. Faz hoje precisamente 40 anos. A PIDE, que já no Brasil fizera uma tentativa de assassinar Humberto Delgado, infiltrou certos círculos da oposição mantendo uma apertada vigilância sobre todos os movimentos do líder da oposição portuguesa no exílio. Uma intensa campanha de descrédito e de isolamento alimentada pelos serviços secretos, fomentou gradualmente ao longo de um período de cinco anos, a criação de uma rede de informadores que conseguiu obter a confiança do general. Foi assim que ele anuiu ir ao encontro de Badajoz.Convencido que se ia reunir com oficiais portugueses interessados em derrubar o regime, Delgado foi de facto ao encontro da morte.Uma brigada da PIDE chefiada pelo inspector Rosa Casaco atravessou a fronteira utilizando passaportes falsos, a fim de montar a cilada que vitimaria o general e a sua secretária brasileira, Arajarir Campos Moreira. 13 de Fevereiro de 1965 é a data do encontro fatídico, marcado para os correios de Badajoz, donde aliás enviou quatro postais a quatro amigos em quatro países diferentes e assinados com o nome de sua irmã- Deolinda.O objectivo do envio destes postais correspondia a um código, previamente combinado, que significava: estou vivo e não estou preso. Foi o último sinal de vida e por isso esta data é considerada a data do seu assassinato que se pressupõe ter ocorrido perto de Olivença. O desaparecimento de Humberto Delgado deixa os seus companheiros de exílio mergulhados na inquietação.Passam-se semanas sem qualquer notícia do seu paradeiro. Dois meses e meio, a 26 de Abril, os corpos do general e da secretária são encontrados por duas crianças, em adiantado estado de decomposição. No entanto diversos elementos permitem identificá-los, dando início a um longo e árduo processo judicial, que só terminaria após o 25 de Abril de 1974, com a condenação em tribunal militar dos ex. agentes da PIDE directamente implicados e com a trasladação dos restos mortais do "general sem medo" para o Panteão Nacional. Como diz Severiano Teixeira " A democracia veio finalmente prestar homenagem à sua memória e dar-lhe o lugar que ele merecia na História de Portugal, fazendo-o marechal"
publicado por armando ésse às 19:27

Para nos lembrarmos de agradecer toda a liberdade que temos, hoje, para demitir uns e outros. (Temos, não temos...???)
Angela a 13 de Fevereiro de 2005 às 23:38

Os rapazinhos políticos de hoje deviam ter um décimo da coragem política e pessoal deste indivíduo. Bem lembrada esta homenagem. By the way, o post que comentaste hoje na Razão foi escrito por um jovem judeu e comediante - pareceu-me nas tuas palavras que levaste o texto a sério.
Humor Negro a 14 de Fevereiro de 2005 às 00:27

O assassinato de Humberto Delgado por indicação expressa do chefe do governo fascista de então, cujo nome me recuso pronunciar, nunca ficou bem esclarecido nem os seus executantes foram punidos e esse facto é uma desonra para o regime democrático.
JRD a 14 de Fevereiro de 2005 às 01:25

Fez ontem exactamente 40 anos, da sua morte...Uma figura incontornável da nossa história.
polittikus a 14 de Fevereiro de 2005 às 10:26

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