A FÁBRICA

Maio 04 2009

Vasco Granja, divulgador de banda desenhada e do cinema de animação em Portugal, morreu esta madrugada em Cascais. Tinha 83 anos.
Autodidacta e com múltiplos interesses culturais ao longo da sua vida, Vasco Granja nasceu em Campo de Ourique (Lisboa) a 10 de Julho de 1925.
Começou a trabalhar, ainda muito novo, nos antigos Grandes Armazéns do Chiado, e depois ao balcão da Tabacaria Travassos, na baixa lisboeta, que consideraria, anos mais tarde, a sua universidade. O seu interesse pelo cinema surge na adolescência e aos 16 anos chegaria a ser admitido como segundo assistente de fotografia no filme “A Noiva do Brasil”, de Santos Neves.
No início da década de 50 envolve-se no movimento cineclubista, tendo desempenhado funções directivas no Cine-Clube Imagem.
Granja foi preso pela primeira vez pela polícia política do Estado Novo em Novembro de 1954, quando militava clandestinamente no PCP. Esteve preso sem julgamento seis meses e quando foi libertado voltou às suas actividades cineclubísticas e à divulgação cultural na imprensa.
Datam de 1958 os seus primeiros artigos sobre o cinema de animação, nomeadamente na sequência da descoberta dos filmes experimentais do canadiano Norman McLaren.
No início da década de 60 arranja trabalho na Livraria Bertrand, onde se manteve até à reforma.É preso de novo em 1963, julgado e condenado a 18 meses de prisão. Quando foi libertado, em 1965, Vasco Granja retoma a sua actividade cultural, com artigos nos media sobre cinema e literatura.O seu nome é habitualmente associado à divulgação da banda desenhada em Portugal.
O termo “banda desenhada” é, aliás, utilizado pela primeira vez por Granja num artigo publicado pelo Diário Popular em 19 de Novembro de 1966.
Integra a equipa fundadora da revista francesa de crítica e ensaio de banda desenhada Phénix, nos anos 60 e participa regularmente no Salone Internazionale dei Comics, em Lucca (Itália), o mais importante encontro do género nos anos 70.
Em Portugal, a sua actividade de divulgação da banda desenhada intensifica-se a partir do aparecimento da edição portuguesa da revista Tintin, em Junho de 1968, onde escrevia e traduzia artigo, além de ter a responsabilidade da secção de cartas aos leitores.
Em 1974 e 1975 integra o júri do Salão Internacional de BD de Angoulême. Depois de 25 de Abril de 1974, Vasco Granja mantém um programa regular sobre cinema de animação na RTP, que teve mais de 1000 emissões e divulgou sistematicamente as grandes escolas internacionais do género. Estava reformado desde 1990.(Público).
Vasco Granja marcou profundamente a minha geração; foi ele que me inculcou, a mim e a muitos milhares de portugueses, o "bichinho" da banda desenhada e dos desenhos animados. É com muita tristeza que leio esta notícia no Público. Fica a recordação e o reconhecimento de todo um basto trabalho realizado em prol da banda desenhada e do cinema de animação em Portugal.
Até sempre.
Link Uma Vida Cheia de Animação
publicado por armando ésse às 14:36

Por uma infeliz coincidência, ainda hoje, sem saber da notícia, publiquei um artigo no meu blog onde falo do Vasco Granja e do seu Cinema de Animação.
A nossa sentida homenagem a um grande homem da televisão e de modo especial do cinema de animação, que ajudou a divertir milhares de crianças deste Portugal.
Santa Nostalgia a 4 de Maio de 2009 às 15:43

Fiquei mesmo triste, agora.
Marcou-me a infância. De forma positiva. Tão bons momentos a ver os desenhos animados que nos trazia.
Marta a 4 de Maio de 2009 às 15:58

Eu lembro-me. Um dia enviei um desenho meu para o programa e ele mostrou-o ...tive os meus 5 segundos de FAMA!!! Era o Nosso momento preferido...Fez as delícias da pequenada ( eu , incluída).

Bj

BShell
BlueShell a 4 de Maio de 2009 às 21:31

Que dizer de um Homem com o qual tive o privilégio de conversar muitas vezes? Que era um tipo bué da fixe, não vale a pena. Era.

Histórias aos códradinhos e desenhos animados, como se dizia quando eu era puto - palavra de honra que já fui e lembro-me... - elevámo-los à enésima potência.

Ele, um especialista, melhor dizendo, O especialista. Eu, o semi, isto é um aprendiz de ajudante de auxiliar de praticante...

Ñão costumavamos falar de política para não nos chatearmos. Mas, comunista ou não, o Vasco trouxe até nós bonecos do Leste ainda satelitizado. Foi um deslumbramento; foi um desfloramento.

Um abração, Vasco, até logo.

Abs
Henrique ANTUNES FERREIRA a 5 de Maio de 2009 às 17:22

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