A FÁBRICA

Agosto 19 2005

William Jefferson Blythe III à data de nascimento em Hope, Arkansas a 19 de Agosto de 1946. O nome original de Clinton vem do pai, falecido na sequência de um acidente antes do nascimento do filho. A mãe do futuro presidente Virginia Kelley, casou mais tarde com Roger Clinton, vendedor de automóveis, daí o apelido Clinton.
Na escola secundária em Hot Springs, Arkansas, Clinton considerou a possibilidade de se formar em medicina, mas após um encontro com o presidente John.F.Kennedy em Washington, foi determinante para a decisão de Clinton em abraçar a carreira política. Clinton tirou o curso de relações internacionais em 1968, na Georgetown University. No primeiro ano da universidade, Clinton trabalhou para o Senador do Arkansas J.William Fulbright. Mais tarde entre 1968 e 1970 – estudou em Rhodes, na cidade de Oxford. Frequentou ainda a Yale Law School, onde conheceu a futura esposa. Hillary Rodham Clinton. O casal tem uma filha, Chelsea.
Clinton deu aulas na Universidade do Arkansas entre 1974-1976, foi eleito para o posto de Procurador Geral do estado em 1976, e em 1979 tornou – se o mais jovem governador dos Estados Unidos. Mas não conseguiu ser reeleito quatro anos mais tarde, em grande parte devido à ira dos eleitores pelo aumento das licenças de automóveis no estado do Arkansas. Em 1982, no entanto, voltaria a ser eleito. Desta vez, o seu mandato foi marcado por tendências liberais de forma a acomodar a faixa mais conservadora do eleitorado.
Clinton tornou – se o 42º Presidente dos Estados Unidos após uma campanha complicada. Conseguiu ultrapassar os ataques pessoais ao seu carácter e à sua atitude durante a Guerra do Vietname, a que sempre se opôs. Às alegações de infidelidade conjugal, Clinton respondeu numa entrevista na televisão onde acompanhado da esposa, fez passar a imagem de uma relação sólida e impenetrável. Durante os oito anos da sua administração, Clinton enfrentou alegações relacionadas com a fraude imobiliária de Whitewater, processo no qual esteve envolvido juntamente com Hillary antes das eleições de 1992. Apesar de o casal nunca ter sido acusado de qualquer ilegalidade, os seus parceiros na empresa imobiliária foram condenados por fraude e conspiração durante um julgamento que teve lugar em 1996.
Os problemas enfrentados por Clinton foram tão complicados quando variados. Em Janeiro de 1993 envolveu – se numa enorme polémica com a estrutura militar norte-americana relacionada com a permissão de os homossexuais servirem abertamente nas forças armadas, uma promessa que fizera durante a campanha eleitoral. Mais tarde acabaria por aceitar um compromisso, definido como política do “não perguntem, não revelem”. No primeiro ano do seu mandato, Clinton teve que enfrentar duras negociações com o Congresso, de maioria Republicana, para fazer passar as suas propostas de Orçamento e política económica.
No segundo ano da administração Clinton, o Presidente continuou com problemas internos relacionados com os cuidados de saúde, reforma da segurança social e prevenção da criminalidade. Um pacote de reformas para os cuidados de saúde, concebido por Hillary, não conseguiu ganhar o sim do Congresso. O Presidente foi forçado a reduzir o objectivo a que se propunha com esta reforma.
Mas Clinton conquistaria duas enormes vitórias com a aprovação do Acordo de Livre Comércio para a América do Norte (NAFTA), que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 1994, e do Acordo Global de Tarifas e Comércio (GATT), que levou ao estabelecimento da Organização Mundial do Comércio (WTO) em 1995. O Congresso também aprovou uma lei para redução da divida, leis para o estabelecimento de conselheiros para o aborto em clínicas subsidiadas por fundos federais, um produto de espera para a permissão de compra de armas de fogo (a Lei Brady), e um programa nacional de serviços ao utente.
As relações internacionais, inicialmente o ponto fraco para um presidente eleito devido ás suas propostas internas, transformaram - se num campo de testes para Clinton. O Presidente melhorou a sua imagem internacional quando Israel e a Jordânia assinaram o acordo de paz, na casa Branca, em 1994. No Outono desse mesmo ano, a administração Clinton conseguiu restaurar a normalidade no Haiti, com o regresso do deposto Presidente Jean Bertrand Aristide ao poder. Clinton conseguiu ainda reavivar a popularidade do Presidente Russo Boris Yeltsin com promessas de ajuda económica.
Os problemas na Europa de Leste apresentaram – se como o próximo grande desafio de Clinton. Apesar de tencionar acabar definitivamente com a brutal limpeza étnica em curso na Bósnia, não quis soldados Americanos para o terreno. Um acordo de paz que previa o envolvimento de forças de manutenção de paz acabou por ser assinado em Dayton, Ohio, em Novembro de 1995.
Das eleições de 1994 saiu um Congresso controlado pelo Partido Republicano, e 1995 marcou um período de guerra aberta entre a Casa Branca e o Capitólio devido à discussão de um Orçamento controlado e outros factores muito importantes do programa “Contrato com a América” delineado pelo Partido Republicano, sobretudo pelo líder da maioria Newt Gingrich. Em 1996, a pensar já nas eleições presidenciais do Outono, Clinton fez uma viragem para o centro político aparecendo aprovando diversas medidas legislativas de grande importância e não menos popularidade. Incluída nestas medidas estava a reforma da segurança social, que alterou décadas e décadas de políticas federais.
Os assuntos externos voltaram a dar dores de cabeça a Clinton em 1996. Na Rússia, o apoio da Casa Branca a Yeltsin levantou enormes criticas numa altura em que teve início a guerra na Chechénia. No Médio Oriente continuava o braço de ferro Israelo – Palestiniano e o Iraque invadiu o território Curdo. Clinton respondeu à agressão Iraquiana com uma série de ataques aéreos contra estruturas e equipamento militar Iraquiano.
A excelente vitalidade da economia norte-americana facilitou o acordo para a aprovação do Orçamento controlado proposto por Clinton em 1997. No entanto, as relações políticas estavam longe de serem as ideais, há medida que as questões de carácter que perseguiram Clinton durante anos voltaram a surgir. Uma série de investigações ao Presidente e a Al Gore sobre a participação de ambos em operações de angariação de fundos duvidosas durante a campanha presidencial de 1996, causaram um clima político de enorme tensão.
Clinton conseguiu, mais uma vez, fortalecer a sua posição nos assuntos externos em 1998. Em Abril, o ex-líder da maioria no Congresso George Mitchell, escolhido pessoalmente por Clinton para ajudar a mediar o conflito entre Católicos e Protestantes na Irlanda do Norte, conseguiu acabar com um conflito que durava há décadas. Em Maio e Junho Clinton efectuou uma viagem controversa à China. Apesar das críticas que precederam a viagem, Clinton acabou por receber rasgados elogios pelos avanços conseguidos, sobretudo nas relações entre os estados Unidos e a China, sem no entanto deixar cair as críticas à situação dos direitos humanos naquele país comunista.
No plano interno, Clinton enfrentava a pressão cada vez maior de Kenneth Starr, o investigador independente que em 1994 assumiu as investigações do caso Whitewater. O papel de Starr foi ampliado mais tarde passando a incluir o apuramento de responsabilidades em outros aspectos igualmente complicados da vida dos Clinton: o falecimento do Advogado da Casa Branca Vincent Foster, a forma como se despediam funcionários no departamento de viagens da casa Branca e as alegações de conduta sexual imprópria do Presidente dos Estados Unidos.
O Presidente parece ter ganho pontos em Abril de 1998, quando um juiz federal do Arkansas anulou um caso de assédio sexual que se arrastava há vários anos, interposto por Paula Jones, ex-funcionária do estado do Arkansas. Mas Starr já investigava a possibilidade de Clinton ter cometido perjúrio durante o seu testemunho no caso Jones sobre uma alegada relação menos própria com uma jovem estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky. Meses antes, Clinton negara ter mantido relações sexuais com Lewinsky, ou ter pedido a alguém que mentisse de forma a encobrir a relação. Apesar destas acusações, a popularidade de Clinton entre os Americanos continuava muito alta. O povo Americano parecia preferir ignorar estes escândalos do Presidente em troca da estabilidade económica, da sua orientação política muito popular e da força externa do país.
A 17 de Agosto de 1998, Clinton entrou para a história como o primeiro Presidente a testemunhar frente a um grande júri, durante uma investigação sobre a sua própria conduta pessoal. Numa declaração à nação nessa mesma noite, Clinton admitiu pela primeira vez a existência de uma “relação imprópria” com Lewinsky, mas disse não ter pedido a ninguém para mentir sobre isso.
Em Agosto, o escândalo Lewinsky dominou de tal forma a agenda de Clinton que ao responder ao ataque terrorista a duas embaixadas Americanas em África com um ataque com mísseis de cruzeiro contra alegadas posições terroristas no Sudão e no Afeganistão, muita gente considerou que se tratou de uma iniciativa para desviar a atenção dos seus problemas internos.
A 9 de Setembro, Starr- um Republicano conservador cuja investigação era considerada uma vingança política pelos apoiantes de Clinton - entregou o seu relatórios final na Câmara de Representantes. Apesar deste relatório considerar a existência de 11 acusações passíveis de justificar o afastamento do Presidente, nenhuma se apoiou nos motivos iniciais que se propunha investigar, incluindo o escândalo Whitewater. O verdadeiro conteúdo das acusações centrava – se na conduta moral do presidente, e o “Relatório Starr” descrevia com detalhes gráficos o seu relacionamento sexual com Lewinsky.
Apesar de a maioria da população desaprovar o julgamento (facto que se reflectiu em quase todas as sondagens da altura), o Congresso avançou com o processo de limitação de poderes, marcado por uma enorme carga partidária. Em Dezembro, a Comissão Judicial do Congresso aprovou quatro artigos justificativos de uma limitação de poderes: perjúrio em declarações ao grande júri, processo civil de perjúrio, obstrução de justiça e abuso de poder. Os republicanos rejeitaram o pedido dos Democratas de uma acção de censura ao Presidente por “conduta repreensível”, e decidiram prosseguir com a acção.
A 19 de Dezembro, Clinton tornou - se o segundo Presidente dos Estados Unidos a ver os seus poderes limitados. Dois dos quatro artigos foram aprovados (Artigo 1: perjúrio frente a um grande júri e o Artigo III: obstrução de justiça), com os votos a reflectirem a sua carga partidária. Apesar de o julgamento ter ensombrado toda a restante actividade em Washington durante grande parte do ano de 1998, Clinton foi forçado a lidar com problemas contínuos no Iraque nos últimos meses do ano. Em Dezembro, Saddam Hussein bloqueou todas as inspecções de armamento das Nações Unidas no seu país. A ONU respondeu com ataques aéreos que se manteriam durante quase todos os dias durante os três meses seguintes, e mais tarde mais espaçados durante a Primavera e o Verão, à medida que o Iraque continuava a irritar os Estados Unidos e os seus aliados disparando sobre os aviões em patrulha nas zonas em que não são permitidos voos Iraquianos, estabelecidas após a Guerra do Golfo. Na Primavera de 1999, o Médio Oriente passou para segundo plano devido aos acontecimentos nos Balcãs. Relatórios de actividades continuadas de limpeza étnica, perpetrada pelos Sérvios no Kosovo, fizeram com que Clinton e o Primeiro-Ministro Britânico Tony Blair pressionassem a NATO para intervir no território. A NATO iniciou então, em Março, uma operação de bombardeamentos aéreos de grande envergadura. Durante 78 dias os aviões da Aliança Atlântica bombardearam quase diariamente a Sérvia. As divergências políticas para o envio de tropas terrestres para a região valeram fortes críticas a Clinton por adiar constantemente a intervenção terrestre. A atitude de Clinton acabou por ser justificada pela cedência do presidente Slobodan Milosevic, que aceitou assinar um tratado de paz a 9 de Junho. Após o conflito do Kosovo, Clinton enfrentou novo desafio: acalmar a tensão nas relações externas. A Rússia, aliada tradicional da Sérvia, opusera – se à intervenção da NATO desde o início. A frágil relação entre os Estados Unidos e a China atravessava um período complicado, provocado pelo bombardeamento acidental da embaixada Chinesa em Belgrado, por aviões da NATO, em que morreram 3 jornalistas.
No Verão de 1999, Washington procurava saber o que fazer com um enorme excedente no Orçamento federal. O Presidente, que continuava a marcar muitos pontos nas sondagens após um relatório que revelava que as alterações do sistema de segurança social registavam um enorme sucesso, forçou a aprovação de novas reformas sociais - no sistema de saúde e na tributação fiscal. Os Republicanos, ainda com maioria no Congresso, responderam com exigências de reduções nos impostos.
No Outono do ano 2000, o Médio Oriente voltou a dar dores de cabeça a Bill Clinton. Depois dos acordos de Camp David, assinados no Verão por Arafat e Barak, terem entrado num impasse, numa sangrenta onda de violência iniciada em fins de Setembro coloca em risco todo o processo de paz.
No último dia da sua presidência, a 19 de Janeiro de 2001, Bill Clinton viu retirados todos os processos judiciais contra si, pelo substituto de Tony Starr. Clinton escreveu uma declaração ao país onde confessou ter mentido sobre a sua relação com Monica Lewinsky.
publicado por armando ésse às 05:39
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