João José Silva Abranches Garcia nasceu no dia 11 de Junho de 1967 na cidade de Lisboa. Iniciou-se na escalada em rocha na Serra da Estrela, quando tinha 16 anos, através de um contacto com o Clube de Montanhismo da Guarda. Passou à escalada em neve e gelo em 1983, nos Alpes, e, dez anos mais tarde, integrou uma expedição internacional ao monte Cho – Oyo (8201 metros), no Tibete. Chegou ao topo sem recorrer a oxigénio e, no ano seguinte, decidiu repetir o feito numa outra expedição internacional, desta feita ao monte Dhaulagiri (8167 metros), no Nepal. Tornou-se, por isso, no primeiro português a escalar duas montanhas com mais de oito mil metros de altitude sem oxigénio artificial. Em 1997 tentou, pela primeira vez, escalar o monte Evereste (8848 metros) – pisado pela primeira vez em 29 de Maio de 1953, pelo neo-zelandês Sir Edmund Hillary e pelo nepalês Tenzing Norgay- mas o mau tempo impediu-o de chegar ao topo. No ano seguinte voltou a tentar, mas apenas conseguiu chegar aos 8200 metros e, mesmo assim, ficou com geluras (queimaduras provocadas pelo frio) no nariz. Em 1999, juntamente com o belga Pascal Debrouwer, João Garcia voltou a tentar chegar ao topo do Evereste e, desta vez, conseguiu atingi-lo e sem a ajuda de oxigénio. Pascal Debrouwer, no entanto, caiu numa ravina durante a descida e morreu. João Garcia teve de ser internado num hospital de Saragoça, em Espanha, especializado em queimaduras de segundo e terceiro grau, onde lhe amputaram alguns dedos de uma mão. Este feito colocou João Garcia na galeria de alpinistas que subiram ao monte mais alto do mundo e que é composta por oito centenas de pessoas, fazendo com que o seu nome figurasse entre as seis dezenas de escaladores que lá chegaram sem oxigénio. Destes 60, metade morreu.
João Garcia já subiu várias vezes o Monte Branco, nos Alpes. Escala frequentemente em Yosemite, no Alasca, nos Andes e no Atlas. Entre os montes mais importantes que já escalou, para além das três montanhas já referidas com mais de oito mil metros, estão o Shishapangma, face sul, (7500 metros), nos Himalaias, em 1993, o Nanga Parbat (7600 metros), também nos Himalaias, em 1996, o Aconcágua (6959 metros), nos Andes, em 1996, e o Ama Dablam (6856 metros), igualmente nos Himalaias, em 1997, em 2001 o Gasherbrum II, Em 2002 o Pumori (7120 metros), em 2003 o Vinson, na Antártica, Mimlung Himal (7167 metros), em 2004 o Gasherbrum I (8064 metros), o Aconcagua e o Amadablam (6954 metros), em 2005 o Lothse (8516 metros).
A sedução pelas montanhas, que conheceu desde muito novo com o pai, que é piloto de aviação, fez com que fizesse do alpinismo o seu modo de vida. Foi militar ao serviço da Nato, tendo passado duas comissões nos Alpes, o que lhe valeu alguma experiência em matéria de alpinismo. Desde 1998, é guia de alta montanha da agência «Montagnes du Monde», com sede na Bélgica e escritório em Kathmandu, a capital do Nepal.
Depois de ter conseguido chegar ao topo do Evereste, a Secretaria de Estado do Desporto portuguesa decidiu atribuir-lhe uma Medalha de Mérito Desportivo e um apoio financeiro idêntico ao que recebem os campeões do mundo noutras modalidades, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou-o no dia 18 de Janeiro de 2000. É sócio Honorário do Clube de Montanhismo da Guarda e tem a Carta de Montanheiro honorífica por parte da Federação Portuguesa de Campismo – Escola Nacional de Montanhismo. Recebeu o prémio “Fair-Play” referente ao ano de 1999, atribuído por deliberação da Comissão Executiva do Comité Olímpico de Portugal e o galardão de desportista do ano de 1999 da Confederação dos Desportos.