Estreou ontem nos cinemas portugueses o filme “ Mar Adentro” do espanhol Alejandro Amenábar , que conta a história verídica de Ramón Sampedro que no dia 23 de Agosto de 1968 deu um mergulho de uma rocha e bateu no fundo do mar. Ficou tetraplégico, sobrou um corpo absolutamente inerte com uma cabeça absolutamente viva. Ramón era inteligente, culto, tinha sentido de humor, escrevia poemas, e as mulheres apaixonavam-se por ele. Decidiu que queria morrer, por isso solicitou à justiça espanhola o direito de morrer, por não mais suportar viver. A sua luta judicial demorou cinco anos. O direito à eutanásia activa voluntária não lhe foi concedido, pois a lei espanhola, considera esta acção como homicídio de primeiro grau. Tinha a assistência diária dos seus amigos, pois não era capaz de realizar qualquer actividade devido à sua paralisia total. Foi encontrado morto na madrugada de 12 Janeiro de 1998 por uma das amigas que o auxiliava, tinha 55 anos. A autópsia indicou que a sua morte foi causada por ingestão de cianeto. Os últimos momentos – uma agonia de 20 minutos - ficaram registados em vídeo. Nesta gravação fica evidente que os amigos colaboraram colocando o copo com um canudo ao alcance da sua boca, porém fica igualmente documentado que foi ele quem fez a acção de colocar o canudo na boca e sugar o conteúdo do copo. A repercussão do caso foi mundial, tendo tido destaque na imprensa como morte assistida. Ramona Maneiro a amiga que encontrou o corpo de Ramón Sampedro, foi acusada pela polícia como sendo responsável por um homicídio. Um movimento internacional de pessoas enviou cartas confessando ter cometido o mesmo crime. A justiça, alegando impossibilidade de clarificar todas as evidências, acabou por arquivar o processo. Inúmeros outros casos, em diferentes locais do mundo tem trazido à discussão a eutanásia, com posições extremadas em ambos os campos de pró ou contra a eutanásia. Se por um lado os que são a favor da eutanásia, pretender que a eutanásia seja um direito a morrer dignamente e sem dor, do outro lado retaliam dizendo que é legalizar o homicídio, e que o direito sobre a vida é um direito divino. Direito de morrer ou direito de matar?
publicado por armando ésse às 13:34
Direito à morte? Não me lembro de ver esse direito consagrado na nossa vasta legislação.
Direito a uma morte clinicamente assistida? Quem é que faz a "assistência"? O médico? Mas não é o médico que tem como grande objectivo o preservar a vida dos seus pacientes?
Não, não estou a ser irónico. Compreendo o drama destes casos, mas tenho o DIREITO de ser totalmente contra a Eutanásia.
Conservador? Pensem o que quiserem.
P.S.: Espero ter oportunidade para ver o filme.
Stickman a 25 de Fevereiro de 2005 às 20:14
muito, muito complexo...no entanto, qualquer pessoa se pode suicidar se quiser, mas não quando está impedido...
Sabe Armando, li e reli a citação que fez do comentário da sua mulher, estou no mesmo barco...
Um abraço
LS a 25 de Fevereiro de 2005 às 23:01
Tenho sérias dificuldades em dizer sim ou não à eutanásia. O seu carácter definitivo deixa-me numa reflexão paralizante. Não vejo modo de generalizar aprovando ou não uma lei sobre o assunto. Aceitaria contudo reflectir sobre 1, caso em particular, principalmente se, as condições de vida oferecidas a quem está totalmente dependente e em sofrimento, são escassas e abaixo do que se considere, um mínimo de dignidade. Talvez, que se numa situação em que a sociedade foi incapaz de fornecer esse mínimo, se deva abster de julgar, quem escolhe morrer e quem lhe dá assistência. Prefiro claramente, reclamar por uma assistência condigna, o que, como bem sabemos, em muitos casos, não acontece.
Uma coisa eu dou como certa,é que cada um deve saber o que fazer com a sua vida.
Por isso sou a favor da eutanásia,mas não do suicidio.
Acho que são coisas muito diferentes.
Uma é uma opção por circunstância especiais de vida,a outra é pura cobardia.
Bom fds.
Abraço.
Entendeste agora?...
Jinho... :-)
A tua nota final dá realmente que pensar. Concordo com a tua senhora e espero que nenhum de nós tenha que passar por semelhante agonia.
Um grande abraço e um grande fim-de-semana. (Já agora, uma 2º feira ainda melhor!)
francis a 26 de Fevereiro de 2005 às 11:17
O direito a morrer é um direito como qualquer outro.
Se não houver estúpidos preconceitos religiosos.
Este é um tema tremendo!!!
O comentário da sua senhora diz bem do que será viver um drama dessa complexidade.
boavida a 26 de Fevereiro de 2005 às 14:24
Só estando a viver ou a lidar uma situação extrema como essa é que se pode eventualmente ter uma posição acerca da eutanásia. Duvido que alguém à distância possa estar seguro de qualquer das opções...
123de4 a 26 de Fevereiro de 2005 às 16:56