Harold Pinter nasceu a 10 de Outubro de 1930 em Hackney, Londres, tendo abandonado a capital britânica aos nove anos, durante a II Guerra Mundial devido aos constantes bombardeamentos da aviação nazista, regressando três anos depois. Este facto, foi um dos factos mais marcantes da sua vida. Harold Pinter confessaria mais tarde, que a experiência da fuga debaixo dos bombardeamentos nunca o abandonou.
Em 1948, Harold Pinter, filho de pai com ascendência luso-judaica, ingressou na Real Academia de Arte Dramática e dois anos depois publicou os primeiros poemas.
Autor de mais de 30 peças de teatro, Pinter foi também poeta, encenador, e autor de guiões para filmes, entre os quais adaptações de várias das suas obras.
Iniciou-se na escrita de peças de teatro em 1957 com “The Room”, a que se seguiu, no mesmo ano, “The Birthday Party”, considerada no início um fiasco, mas tornando-se depois numa das peças mais representadas.
Entre as suas peças mais conhecidas estão “The Caretaker” (1959), “The Homecoming” (1964), “No Man‘s Land” (1974) e “Ashes to Ashes” (1996).
Nas obras de Harold Pinter destacam-se personagens que se defendem a si próprias contra a intrusão ou contra os seus próprios impulsos, mergulhando numa existência reduzida e controlada. Outro tema predominante é a volatilidade e o carácter esquivo do passado.
De um período inicial de realismo psicológico, Pinter passa depois para uma fase mais lírica com peças como “Landscape” (1967) e “Silence” (1968), e depois para outra ainda, mais política, com “One of the Road” (1984), “Mountain Language” (1988) ou “The New World Order” (1991).
Teve como principais influências, Samuel Beckett, Luis Buñuel, Franz Kafka, Wilfred Owen, Marcel Proust, William Shakespeare e o Surrealismo.
A Academia Sueca atribuiu-lhe em 2005 o prémio Nobel da literatura justificando a atribuição do galardão com o facto de ele ter “recuperado para o teatro os seus elementos básicos: um espaço fechado e um diálogo imprevisível, onde as pessoas estão à mercê umas das outras”.
Foi na altura, considerada pela Academia Sueca um autor que “nas suas peças, revelava o abismo existente nas conversas banais e força a sua entrada nos espaços fechados da opressão”.
Harold Pinter é “visto como o principal representante da dramaturgia britânica da segunda metade do século XX”, uma posição “ilustrada pela adaptação do seu nome para um adjectivo - ‘pinteresco’ - usado para descrever uma atmosfera e ambiência específicas em teatro”, considerou a Academia ao atribuir-lhe o galardão.
Harold Pinter é um escritor de créditos firmados mas como homem é controverso e activista. Pacifista por natureza, opôs-se fortemente à invasão do Iraque em 2003, contestando as políticas de George W. Bush e do homem que então governava a Grã-Bretanha, Tony Blair.
Acusou o então primeiro-ministro britânico de ser “um criminoso de guerra”, e referiu os Estados Unidos como um país “dirigido por um bando de delinquentes”.
Em 10 de Junho de 2000, Pinter profere uma palestra na Conferência pela Paz nos Balcãs, em que se manifestou claramente contra o bombardeamento de civis pela OTAN na Sérvia.
Em 2001 Pinter participa no Comité Internacional de Defesa de Slobodan Milosevic que exigia então um julgamento justo e a libertação do antigo líder sérvio.
Em 2004, assina um manifesto de artistas por Milosevic a quem considera como uma figura digna e um “herói nacional” da Sérvia.(Com agências).